Em 1979 era disputada mais uma Copa América no Continente Sul Americano.
Diferentemente dos tempos atuais, o torneio da Conmebol era disputado sem sede fixa.
No dia 2 de agosto daquele ano, Brasil e Argentina se enfrentavam para público de 120 mil pessoas no Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro.
Sem mencionar o público espetacular (normal para o Velho Maracanã), o ex-maior do mundo recebia dois gênios da bola: Artur Antunes Coimbra “Zico” e Diego Armando Maradona.
Não foi um primor de partida, mais é sempre nostálgico ver o futebol setentista com seus grandes craques que atuavam em seus próprios países de origem (ausências somente por lesão ou suspensão), os repórteres com liberdade para entrevistarem os treinadores (Cláudio Coutinho e César Luis Menotti) momentos antes do apito inicial, a sobriedade de entrevistados, jornalistas e do locutor, no caso o saudoso Luciano do Valle, astros como Paulo César Carpegiani (atual técnico do Flamengo) ou Daniel Passarela em campo, além de grande defesa de Émerson Leão e belo gol de Tita.
Os gols foram marcados por Zico, logo aos 2 minutos de jogo, Hugo Coscia empatou aos 32 minutos e Tita definiu o placar já no 2º tempo aos 54 minutos de jogo.
A propósito, aquela longínqua edição da Copa América foi vencida pelo Paraguai.
O Brasil jogou com Émerson Leão; Toninho, Amaral, Edinho e Pedrinho; Paulo César Carpegiani, Zenon (Batista) e Zico; Tita, Palhinha (Juari) e Zé Sérgio. Técnico: Claudio Coutinho.
A escalação da Argentina contou com Enrique Vidallé; Juan Barbas, Jose Van Tuyne, Daniel Passarella e Ramón Bordon; Jose Luis Gaitan (Carlos Lopez), Pedro Larraqui e Jorge Gaspari; Roberto Díaz (Jose Castro), Diego Maradona e Hugo Coscia. Técnico: Jose Luiz Menotti.
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MARADONA MELHOR QUE PELÉ? NÃO! ROMÁRIO MELHOR QUE MARADONA!
A velha rivalidade Brasil x Argentina tem sido trazida à tona no andamento desta descoladíssima Copa do Mundo Brasileira.
Seja por conta do enorme contingente de fãs argentinos em território brasileiro em missão de apoio à sua seleção com direito a cantorias envolvendo uma suposta superioridade técnica de Diego Maradona sobre Édson Pelé, seja pela crescente expectativa de uma hipotética final entre as potências sul-americanas.
Se Maradona é melhor que Pelé ou não (logicamente que a coluna agarra-se firmemente ao não), este breve texto não poderá decretar. Não, muito aquém de tal presunção.
Entretanto, há fortes indícios históricos que Romário de Souza Faria é melhor que Don Diego.
Se não acredita caro leitor, então confira o lance da partida Brasil 2×0 Argentina no Maracanã, Rio de Janeiro, válida pela Copa América de 1989.
Sem medo de ser feliz e de forma providencial, Romário lançou o expediente de canetar Diego.
A vitória brasileira veio com gols da dupla dinâmica Bebeto e o próprio Romário.
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HEY CITY!
Foi com este trocadilho do sucesso beatlemaníaco de Hey Jude que os fãs, de modo emocional, comemoraram a grande e nova vitória do Manchester City sobre o arquirrival Manchester United por 1×0 em partida válida pela 36ª rodada da English Premier League.
Vitória que teve significado prático que vai muito além da rivalidade, pois devolveu a liderança aos Citizens, deixando para trás o próprio United na classificação, quando a conquista do título já era dada como perdida para muitos.
Vitória emocional, pois ratificou a condição de melhor liga nacional do mundo para a Inglaterra. De fato, em nenhum outro lugar do mundo da bola atual há um campeonato nacional com jogos tão intensos, sejam as partidas boas ou nem tanto do ponto de vista técnico.
Vitória dos Citizens que teve ingredientes que deram gosto ainda mais especial à partida. A começar pelo público de mais de 47 mil pessoas que lotou de azul os lugares do Etihad Stadium e que teve os reforços de peso do astro do rock Liam Gallagher – ex-frontman do Oasis, banda hegemônica do rock britânico desde os anos 90 até seu recente final, e atual vocalista do Beady Eye – e do supercraque argentino Diego Maradona, ao lado da filha e namorada de Sergio Kun Aguero. Dupla idolatrada e polêmica para torcer pelos anfitriões.
Vitória que teve discussão rude entre os treinadores Alex Ferguson e Roberto Mancini. Tudo devido a falta que Nigel de Jong cometeu em Danny Walbeck e enfureceu Ferguson, fazendo com que Mancini tomasse as dores do City.
Vitória que teve gol único em belo cabeceio do zagueiro capitão belga Vincent Kompany que aproveitou escanteio cobrado por David Silva no final do 1º tempo.
E, finalmente, vitória celebrada com festa digna da intensidade que o jogo teve. Em coro, os mais de 47 mil fãs entoaram Hey City, utilizando-se do sucesso dos Beatles. Impressionantes os rostos de joia e satisfação de Liam Gallagher e Diego Maradona. Gallagher, como bom filho do rock, ainda protagonizaria outra cena divertida ao invadir a sala de imprensa do clube e sentar-se no lugar reservado a Roberto Mancini e os jogadores.
Toda essa emoção em meio ao anúncio do novo técnico da Seleção Inglesa para a Eurocopa: Roy Hodgson, do West Bromwich. Algo que está longe de ser unanimidade no país.
Intensidade, essa foi a palavra de ordem na semana inglesa de futebol. E ainda não acabou, afinal City e United estão ambos com 83 pontos na classificação a duas rodadas do final da temporada.
QUANDO A METAFÍSICA ENTRA EM CAMPO
A filosofia aristotélica já tratava do assunto há séculos. Etimologicamente, metafísico é algo que vai além da física. Em sentido mais coloquial, popular, trata-se de algo abstrato, sutil e dotado de razão oculta. Traduzindo: quando o improvável acontece por alguma razão qualquer.
Agora, imagine tudo isso aplicado à inexatíssima ciência do futebol. É prato cheio para o imponderável. E foi exatamente o que aconteceu no final de semana. Seja na Copa América, seja na Copa do Mundo feminina, os deuses do futebol deram as caras para determinar finais que desafiariam a vã e falível lógica humana.
Copa América: favoritos fora
Nas quartas-de-final da Copa América, alegria para Peru, Uruguai, Paraguai e Venezuela.
Colômbia 0x2 Peru
Que tal uma seleção chegando às quartas-de-final invicta e sem gols sofridos? Ainda mais quando essa seleção sai do grupo dos favoritíssimos anfitriões do evento, após tê-los enfrentado de igual para igual e, em muitos momentos, jogando melhor. Barbada! É a favorita. Bom, não é bem assim, não é Colômbia?
Jogando em Córdoba, os colombianos entraram em campo com o mesmo planejamento de jogo de partidas anteriores, especialmente contra a Argentina. Só que esqueceram de avisá-los que o adversário do dia, o Peru, não era a Argentina e sequer jogava em casa. Portanto, o jogo colombiano de esperar o adversário no seu campo não funcionaria contra um time que também não queria saber de sair para jogar.
A Colômbia se ligou da nova realidade somente no 2º tempo quando resolveu ir à luta e se lançar.
Aos 20 minutos, Falcão García desperdiça pênalti. Dayro Moreno e Fredy Guarín bombardearam o gol peruano. Nada de gol. Prorrogação neles.
No tempo extra, o Peru começou a gostar do jogo. Principalmente, quando Carlos Lobatón abre o placar aos 10 minutos, ainda na 1ª parte. Juan Vargas fechou o caixão colombiano aos 6 minutos do 2º tempo.
Encerrada a aventura colombiana por terras porteñas. Outra vez, nadou e morreu na praia. A velha história de sempre: quando se imagina ser possível confiar na Colômbia, vem o tombo fatal. Peru classificado.
Argentina 1 x 1 Uruguai
O clássico mais antigo do mundo. Eis a reputação do duelo na cidade de Santa Fé que revivia a Copa América de 1987 disputada na própria Argentina. Clássico antigo, porém precoce nesta edição do evento, já que ambos passaram apenas em segundo lugar em seus grupos.
E foi jogão. Digno de todas as tradições de Argentina e Uruguai.
Os visitantes abrem o placar com Diego Pérez logo aos 5 minutos de jogo. A partida prometia.
Os argentinos não tardariam na reação. O gol de empate chegaria com Gonzalo Higuaín aos 17 minutos, de cabeça, após tentativa de Lionel Messi. O jogo pega fogo definitivamente.
O Uruguai faz jus às suas tradições de garra e não se intimida com a atmosfera de pressão de Santa Fé.
Aos 35 minutos, os uruguaios têm gol anulado. Aos 38, o autor do gol inicial, Diego Pérez, é expulso com segundo cartão amarelo. Aos 44 minutos, Diego Lugano encerra 1º tempo de gala com cabeceio no travessão.
No 2º tempo, a Argentina volta com mais atitude. Lionel Messi, em boa apresentação, testa o goleiro Fernando Muslera. Angel di María faz o mesmo logo a seguir. O Uruguai era perigoso no jogo aéreo. Lugano quase chega lá com outro cabeceio aos 40 minutos. A seguir, Javier Mascherano é expulso. Fim dos 90 minutos de tirar o fôlego.
Na prorrogação, os uruguaios voltaram a colocar as mangas de fora em duas oportunidades com Álvaro Pereira e Luis Suarez.
Nos pênaltis, Carlos Tevez, que entrara no 2º tempo regulamentar, perde sua cobrança. Uruguai classificado, Argentina fora. Assim como em 1987, quando o Uruguai encarou e derrotou por 1 a 0 a Argentina de Diego Maradona através de gol de Antonio Alzamendi que pode ser revisto abaixo.
Para a Argentina fica a indagação: Demitir Sergio Batista? Recolocar Diego Maradona no cargo? Nada contra Maradona, mas o “Pibe” mostrou-se perdido nas convocações e escalações em diversas ocasiões nas últimas eliminatórias. A Argentina de Batista venceu importantes amistosos contra Espanha e Brasil. Precipitação no calor da eliminação.
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Time da CBF 0x0 Paraguai
La Plata mais uma vez recebia o time da CBF. Mais uma vez os brasileiros enfrentariam os paraguaios. Empate por 2 a 2 na fase de grupos em jogo equilibrado.
Mas, se naquela oportunidade o Paraguai fizera frente aos brasileiros, o que se viu no último domingo foi um bombardeio amarelo no gol de Justo Villar. E foi Villar, e somente ele, que fez frente aos brasileiros dessa vez.
Chances de gol criadas com Alexandre Pato, Neymar, assistências de Paulo Henrique Ganso, egoísmo de André Santos. Todas as investidas brasileiras paradas nos pés e nas mãos de Villar ou na trave paraguaia.
Justiça seja feita, o time da CBF fez boa partida. Só que futebol não é apenas isso. A bola tem que entrar. E os brasileiros pecaram na conclusão a gol. Final 0 a 0.
As penalidades foram episódio à parte na odisseia brasileira em terras argentinas. Sim, gramado ruim, região da área onde está a marca penal ainda pior. Areia demais em campo para esconder defeitos no gramado. Fato surpreendente em se tratando de Argentina. Afinal, não é o que se vê em partidas do campeonato local ou da Libertadores. Clima de inverno adverso? Pode ser, mas sempre foi assim lá nesta época do ano. Portanto, sem desculpas para o gramado. Falha de organização.
Elano jogou a bola em Plutão. Coisa para os astronautas da Atlantis chamarem a base na Terra ao melhor estilo “Houston, we have a problem!”. Falharam também Thiago Silva, André Santos e Fred. Foi o grotesco em exposição. Se houve algo digno de vergonha para os brazucas, que fique claro, foram as penalidades toscas.
Os paraguaios se adaptaram mais rapidamente ao gramado. Na dúvida, bateram forte. Nada de chutes colocados com pose de firula à brasileira. Foram duas cobranças na raça de Cristian Riveros e Marcelo Estigarribia. Paraguai classificado para delírio de Larissa Riquelme. A metafísica entrou em ação, quiseram os deuses do futebol que passasse o Paraguai sem ter sido o melhor.
Time da CBF fora e vem o de sempre no pós-eliminação: avalanche de críticas. Assim como no caso argentino, pontos a ponderar: demitir Mano Menezes? Exagero. Menezes mostrou serviço no Corinthians e no Grêmio. Passa pelas agruras de técnico-funcionário da CBF como todos os seus antecessores. Todos questionados em algum momento. É o preço do cargo. Talvez seja o caso de admitir que o futebol brasileiro não seja mais o melhor tecnicamente. Não pela partida contra o Paraguai do último domingo. Tivesse passado o time da CBF, a conversa geral seria outra agora. A questão é o processo de assassinato da galinha dos ovos de ouro a conta-gotas. O modelo brasileiro de fabricação de talentos para exportação começa a se esgotar. Algo deve ser feito para reverter o fluxo. A economia do País já permite passos iniciais. Falta livrar-se de mazelas políticas do futebol local.
Chile 1×2 Venezuela
O jogo entre a seleção visitante com torcida mais apaixonada contra a seleção sensação do torneio. Era o que prometia o jogo de San Juan.
A Venezuela foi melhor no 1º tempo, justificando a boa fase. O gol do time ex-cachorro morto da América do Sul veio aos 34 minutos com Oswaldo Vizcarrendo em cabeceio preciso.
O Chile não tinha ligação para o ataque. Problema corrigido pelo técnico Cláudio Borghi na 2ª etapa com o palmeirense Jorge Valdívia em campo.
Os chilenos passaram a dominar o jogo. Valdívia quase fez ao acertar o travessão. Em seguida, Humberto Suazo recebe na área e acerta o alvo. Tudo igual em San Juan.
Mas era dia venezuelano novamente. Gabriel Cíchero, aos 35 minutos, aproveita sobra de bola após falta de Arango, ninguém tocar na bola e o goleiro Claudio Bravo rebater. Gol fortuito, mas que garantiu a manutenção da surpresa. Venezuela nas semifinais.
Copa do Mundo feminina: Japão campeão na superação
Estados Unidos e Japão fizeram a final da disputada Copa do Mundo feminina na cidade de Frankfurt, Alemanha.
Liderada pela bela e competente goleira Hope Solo, a seleção estadunidense entrou em campo com o favoritismo de bicampeãs do mundo e notória aplicação tática em campo.
As japonesas eliminaram a favorita e anfitriã Alemanha e a boa seleção da Suécia.
E foi domínio total dos Estados Unidos no 1º tempo. Diversas oportunidades perdidas. Seleção americana jogando de forma diferente dos jogos contra Brasil e França. Se antes as americanas esperaram as adversárias no seu campo e marcaram muito, contra o Japão a iniciativa de jogo foi a tendência.
Terminar o 1º tempo no 0 a 0 foi o primeiro grande pecado americano na final. O jogo poderia ter sido definido em 45 minutos. Não foi o que aconteceu.
As estadunidenses continuaram melhores na 2ª etapa, mas as japonesas começaram a gostar do jogo também e já davam sinais de vida. Hope Solo, que não viu a bola no 1º tempo, começou a se movimentar.
Os Estados Unidos abriram o placar aos 24 minutos em bela conclusão de Alex Morgan aproveitando lançamento de longa distância. Parecia o fim do Japão.
Mas, a defesa americana, sólida até então, bateu cabeça e Aya Miyama pôs para o gol aos 35 minutos. O Japão conseguira sobrevida e novo ânimo.
Na prorrogação, os Estados Unidos ainda atacavam, mas não mais tão incisivamente como antes. Abby Wambach, mestre no jogo aéreo, fez mais um de cabeça. Parecia novamente o fim das japonesas.
Aí surgiu o talento de Homare Sawa. Gol marcado após corner. Quase sem ângulo. Tudo isso a 3 minutos do final. As japonesas conseguiram levar o jogo para as penalidades.
Neste momento, o lado metafísico deu as caras em Frankfurt. É como se o poder superior dissesse: “ei Estados Unidos, todos viram que vocês têm o melhor time, mas hoje vai dar Japão, afinal o país já sofreu demais neste ano! Elas merecem!”
E foi o que aconteceu. Shannon Boxx, Carli Lloyd e Tobin Heath erraram as cobranças. Hope Solo ainda fez sua mágica ao defender penalidade de Yuki Nagasato. Em vão. Japão campeão.
Méritos para a seleção que enfrentou e derrotou ao menos três seleções favoritas no mundial. Que o título traga alento para o país do sol nascente, vitimado por tragédias naturais (terremotos e tsunami) e nucleares (vazamento da usina de Fukushima).