Em tempos onde a acefalia ou mesmo a falta de convicção sobre qualquer assunto que fuja do que se estabelece dentro das quatro linhas é a tônica em meio a boleirada, há de se lamentar a perda de um sujeito cujo nome remete a um grande pensador, mas que poderia facilmente se chamar João, José, Osmar e mesmo assim o referencial do pensador que viveu há milênios seria justa.

O seu título de Doutor legitimado não apenas no diploma, mas na condução de temas tão mais complexos e importantes do que aquele onde escreveu sua trajetória a passos largos, a passes – de calcanhares – calculados com a mesma destreza que calculava seu posicionamento político, crítico e de vida.

Ídolo de uma torcida. Exemplar para todas as outras.

Sábado foi dia de bater uma bolinha com alguns amigos de longa data, fazer um churrasco, comemorar mais um ano na trajetória de nossas vidas.

Palmeirenses, corintianos, são paulinos, santistas, amigos. Na véspera da última rodada do Brasileirão, quando a tendência era fazer apontamentos, indicar preferências, o assunto era a triste constatação de que o fim da trajetória de uma vida cheia de bons exemplos se aproximava.

-Todos temos aquele ídolo do rival pelo qual se tem enorme carinho, respeito e admiração e o qual gostaríamos também que sua história tivesse sido escrita com as cores de nosso clube de coração.

Foi a discussão disseminada a certa altura de nosso festejo.

Relembrar agora seus feitos e suas convicções, de uma democracia instaurada dentro de um clube de futebol, colocando em pé de igualdade do porteiro ao presidente do clube, chegando ao seu ativismo nas Diretas Já em um país mergulhado em trevas ditatoriais, é chover em um molhado que vem sendo merecidamente exaltado desde o anúncio do fim de seu jogo nos gramados da vida.

Eu que admiro as rivalidades, as antíteses que se complementam, a medição do tamanho de um baseado no tamanho da rivalidade que se tem com o outro, devo minha reverência ao Sócrates “Corintiano” Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira.

Um enorme símbolo a exaltação da paixão cívica e clubística. Um espelho para qualquer geração de torcedor. Um exemplo cívico e uma perda para brasileiros de todas as cores, de todas as bandeiras.