A ITÁLIA REVERENCIA SÓCRATES

 

Sócrates lembrado em Florença

Não passou despercebido o falecimento do Dr. Sócrates no exterior. E não é para menos, afinal o Magrão esteve em terras italianas na temporada 1984-1985, quando foi contratado pela Fiorentina junto ao Corinthians.

O mundo vivia a primeira metade dos anos 80. Época repleta de fatos marcantes na história mundial que ainda assistia a guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética.

Os americanos vivenciavam a era Reagan, quando o ex-ator de Hollywood elegera-se presidente em 1980. Sob o comando do conservador Ronald Reagan, o planeta presenciou desde momentos de recrudescimento nas relações com os soviéticos, passando pelo fim das relações diplomáticas com o Irã, que passara pela revolução dos aiatolás, quando líderes religiosos locais promoveram a invasão da embaixada americana em Teerã, mantendo reféns por longo período, sem mencionar a promoção tresloucada do programa espacial e bélico chamado “Guerra nas Estrelas”

No lado soviético, a guerra no Afeganistão era uma realidade. Um verdadeiro atoleiro militar da gigante nação socialista. As coisas mudariam radicalmente naquele país a partir de 1985 com a chegada de Mikhail Gorbatchev ao poder.

O início dos anos 80 marcou também o apogeu do crescimento econômico da Itália no pós-guerra, chegando a quase ultrapassar os britânicos no seu Produto Interno Bruto.

Tempos de ouro para os italianos que não tardaram em refletir também no futebol. Equipes da bota começaram a contratar a rodo os principais craques mundo afora.

Já o Brasil vivia o período final de sua ditadura militar de 20 anos. O preço da ausência de democracia no período não ficou barato. Deterioração das condições econômicas do País e explosão da violência urbana compunham o quadro tupiniquim da época.

Em 1982, sob a liderança de Sócrates, surgia no futebol nacional algo de diferente, a chamada “Democracia Corintiana”, que consistia na auto-gestão dos jogadores profissionais. Na prática, significava a abolição das concentrações pré-jogo e a participação dos jogadores nas decisões do clube.

Na carona do movimento corintiano, eis que surge o movimento de abertura política nacional, exemplificado pelo movimento “Diretas Já”, com comícios nas principais cidades brasileiras a favor de eleições presidenciais diretas para presidente. Lá estava Sócrates Brasileiro, juntamente com outros companheiros corintianos manifestando-se.

Só que as eleições diretas não vieram tão cedo (chegariam somente em 1989).

Eis o quadro geral: Itália no auge bombando, Brasil decadente e sem eleições plenas, além de craques como Zico e Falcão já transferidos para o futebol da bota.

Não restava alternativa para o intelectualizado “Doutor” a não ser partir.

E foi o que se concretizou em 1984. Sócrates Brasileiro era jogador da Fiorentina.

Foi somente uma temporada para Sócrates em terras italianas. O craque enfrentaria dificuldades de relacionamento no elenco, completamente rachado em duas facções, e sentiria aquele banzo da terrinha.

A passagem de Sócrates pelo time toscano não foi das mais brilhantes, ainda assim sua morte não foi esquecida. Sua imagem no telão do Estádio Artemio Franchi de Florença, vestindo a camisa do time da casa, e o minuto de silêncio mostram o respeito dos italianos pelo craque.

Como lembraria Fulvio Collovati, campeão do mundo pela Itália em 1982, no programa “Domenica Sportiva” da RAI, Sócrates era o capitão da seleção brasileira que tinha Zico, Cerezo, Falcão e Junior no elenco, por aí percebe-se a importância do jogador. A seguir, o trecho do programa.

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Homenageando o Dr. Sócrates, a coluna encerra com “Gone” do U2.

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