O técnico do Ituano, Roberto Fonseca, teria chamado o atacante Neymar de “macaco”, segundo o próprio jogador. Após a partida Neymar meio que retirou o que disse. Já o técnico disse que ele entendeu errado. Fato é que ficou por isso.
O ocorrido só nos serve aqui como ponto de partida para a discussão. Nada a seguir diz respeito a Neymar ou Roberto Fonseca. A não ser que lá na frente se prove que houve mesmo a ofensa.
Mas a polêmica foi criada e chegou inclusive ao grupo de discussões do Ferozes FC.
Transcrevo o que comentei nos canais FFC no facebook:
Acho que há situações e situações.
Que futebol anda muito coxinha dentro e fora de campo, não restam dúvidas. Mas da mesma forma que defendemos que o futebol é moldado e ajuda a moldar a sociedade, acho que tem que existir um cuidado especial no limitar do que é de jogo e do que é de índole.
Chamar de babaca, de “FDP” ou mandar pra “PQP”, são termos chulos. Você pode até achar o cara um babaca, mas isso é uma característica pessoal dele, não de um contexto geral do qual ele faz parte. Você não quer mesmo que o cara vá praticar o ato que o “mandou” fazer e nem mesmo acha que a mãe do sujeito é o que o termo empregado sugere.
Mas quando se usa de alguma característica física, religiosa, sexual e disso tira a argumentação de sua crítica ou ofensa, dai já acho bem perigoso.
É diferente mandar marcar “esse babaca” de mandar marcar “esse macaco”.
O Márcio Viana, também dos Canais FFC, foi além e citou a regulamentação profissional a qual está inserido o atleta de futebol.
O jogador de futebol é um profissional e deve estar adequado a isso. E olhando por esse prisma, mesmo as ofensas mais banais acabam por se tornar passíveis de punição. Ou você chama seu colega de trabalho de “FDP” e fica por isso mesmo?
O futebol vem sendo readequado dentro dos novos padrões da sociedade e isso o tem tornado menos excitante que em outrora. Não queremos que o jogador jogue mudo ou não se envolva no calor da emoção. Tem sim que se envolver e extrapolar. Mas se ao extrapolar ele mostrar sua boçalidade, então o meio deve readequá-lo. E em último caso, afastá-lo.
Antes de ser uma profissão, futebol é um esporte e mais do que qualquer outro esporte, carrega consigo os anseios de seus pares, de seus seguidores. Ele reflete tudo isso na sua prática. Torna-se espelho, mas também referencial de tudo o que é bom, mas também de muita coisa que não é tão agradável assim nas pessoas.
É importante que possamos evidenciar no esporte Rei tudo aquilo que é bom e ao mesmo tempo diminuir aquilo que é desprezível.