UM 04 DE DEZEMBRO DE 2011 COM CARA DE 21 DE JUNHO DE 2000.

Costumo dizer que de todos os grandes festejos futebolísticos que vivenciei, o maior de todos eles aconteceu no 21 de junho 2000. Naquela noite nenhum grande clube brasileiro conquistou uma taça. Mas todos os torcedores que não eram palmeirenses festejaram com um foguetório que eu nunca mais vi repetir.

Naquela noite, nos pênaltis, o Palmeiras perdeu a chance de ser bicampeão da Libertadores. O Boca Jrs não só ganhou o título, como teve por um breve momento a adesão de todo o resto da massa de torcedores paulistas. Mas uma parte dela continuou simpatizante ao clube argentino até os dias de hoje. Afinal de contas, os próprios gostam de afirmar que os corintianos possuem grande identificação com o Boca. Fato que comprovei em duas viagens recentes que fiz para Buenos Aires.

Depois essa ligação foi fortalecida pela passagem de Carlitos Tevez pelo Parque São Jorge e também pelas eliminações que o maior rival do Boca, o River Plate, impôs ao alvinegro paulista em edições recentes da Libertadores. Mas tudo começou naquele 21 de junho de 2000.

O Palmeiras perdeu a chance do bi. O Corinthians até hoje não foi campeão da competição. Mas nenhum dos dois deixaram de ser enormes como sempre foram e sempre serão. Mas o que cresceu naquela noite de 21 de junho de 2000 foi a rivalidade entre eles. Ainda que o Corinthians não tivesse absolutamente nada a ver com aquela final. Assim como Palmeiras não tem agora nesse quase título corintiano no BR11.

E tudo isso só acontece por que no futebol, mais do que em qualquer outro esporte ou esfera das relações humanas, a rivalidade é a essência do esporte. É ela quem transforma clubes em instituições religiosas. É ela quem transforma torcedores em apaixonados enlouquecidos e ensandecidos.

E qualquer torcedor deve, antes de qualquer outra coisa, respeitá-la e entendê-la. Caso contrário o sujeito torna-se apenas um simpatizante, como temos em muitos esportes digníssimos, mas nenhum deles futebol.

O porquê dessa explanação?

Para mostrar o quanto é legítimo torcer contra. O quanto é importante para esse esporte que não haja “simpatia” pela glória do adversário. Para que haja sim respeito pela história que determinado clube escreveu ao lado do seu. Mas que só existe tal história porque aquele clube é a antítese do seu.

Posto isso, vamos reduzir o universo da análise para este Brasileirão que termina no próximo dia 04. Um BR11 de nível técnico aquém dos clubes que o disputam, mas emocionante como somente um BR consegue ser. Pelo tamanho de seus clubes, pela força de suas torcidas. Pela imensa rivalidade que alimenta e sustenta o futebol.

Não compreender isso é não entender o futebol. Que me desculpem os torcedores de bocha.

Termina dia 04 e tudo indica que o campeão seja o Corinthians. Dono da liderança por 25 rodadas. Time com maior regularidade na competição e que voltou a encaixar uma sequencia importantíssima de bons resultados justamente no momento em que um legítimo campeão precisa mostrar sua força.

O Corinthians mostrou a força de um campeão.  Dentro do que pode se esperar do nível desse BR, o time mostra futebol de campeão. Está com pinta de campeão e deve confirmar esse título no próximo dia 04.

O Vasco da Gama é o time mais impressionante do ano. De campanha vexatória no Cariocão, a Campeão da Copa do Brasil, semifinalista da Sulamericana e agora chega a última rodada podendo ser campeão brasileiro.

Uma missão mais do que ingrata, quase que improvável. Só não é impossível por que se trata de um time que vem fazendo das improbabilidades o seu combustível de superação.

E a superação para o Vasco, nesse próximo incrível dia 04, passa também pela rivalidade entre Corinthians e Palmeiras. Uma rivalidade que extrapola as quatro linhas.

Um jogo que aparentemente tem um favorito destacado. Afinal é o líder contra o 11º. É um quase campeão contra um time que beirou a zona do rebaixamento. Um time que vive a tranqüilidade da campanha quase irretocável contra um turbilhão de crises e polêmicas.

Mas é um Corinthians X Palmeiras. Um clássico que mais do que qualquer outro clássico costuma igualar os desiguais.

Mas ainda assim, mesmo que a desigualdade seja anulada pelas camisas, ainda cabe ao Vasco vencer o seu também maior rival. E esse ainda brigando por vaga em Libertadores.

Uma mão e 4 dedos corintianos estão na taça do BR11. Agarram-se ao mindinho alvinegro o sonho vascaíno e a rivalidade alviverde. Feliz de quem entende e respeita isso.

Viva o emocionante BR11. Viva as rivalidades históricas. Viva o futebol.

Cheers,

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