Arquivo da tag: Campeonato Brasileiro 2011

É PENTA!

“A grande força do Corinthians é a emoção que a torcida passa para o time, algo numa dimensão que nenhuma outra passa”

Sócrates, 1954-2011

A torcida no Pacaembu pôde comemorar o Pentacampeonato, apesar do empate. (foto: Lancenet)

Teve de tudo. Palmeiras dominando o jogo boa parte do primeiro tempo, Vasco abrindo o placar no Rio, expulsão do Valdivia, chute no vácuo (mas de corintiano, Jorge Henrique), briga, lances considerados duvidosos para ambos os lados. Renato, ex-Corinthians, empatando o jogo para o Flamengo. “Tem que ser sofrido”, dizem todos aqueles que conhecem o Corinthians. Deve ser essa a razão dessa dor de cabeça que me acompanha desde cedo.

O sofrimento começou logo de manhã, com a notícia do falecimento do grande ídolo Sócrates. O Magrão vinha de uma batalha contra problemas no fígado, e dessa vez não suportou a crise deflagrada por uma bactéria. Uma pena. Mas o Doutor disse certa vez que queria morrer em um domingo, com o Corinthians campeão. Não reverte a situação, mas ameniza esse sentimento pela perda precoce do meu primeiro ídolo no futebol.

Teve homenagem a Sócrates antes do início da partida.

Apesar de o jogo contra o Palmeiras não ter sido marcado pelo futebol bem jogado – pelo contrário, foi um jogo “amarrado”, em que o Corinthians ficou marcado pelo futebol “de resultado”, e o Palmeiras por um time altamente irregular, apesar de dominar o jogo em alguns momentos. Mas é bom frisar: mesmo com muitos jogadores fracos, o Palmeiras lutou até o final, e deu trabalho. É um time mais leve após a resolução de alguns problemas no elenco.

O Magrão sempre fará falta ao futebol brasileiro.

Venceu o grupo, o espírito de equipe, a tranquilidade de Adenor, tantas vezes criticado aqui neste espaço. Poderia ter sido mais fácil, mas não poderia ter sido melhor.

Sendo assim, neste momento este vos escreve levanta a bandeira branca e se rende à “treinabilidade” de Tite. Até porque não havia outro técnico que pudesse ter feito melhor.

A briga no final teve um quê de equivocada, a começar pelas atitudes equivocadas de ambos os lados. Mas não chegou a tirar o brilho da festa.

Enquanto escrevo, ainda ouço as buzinas, gritaria e fogos de uma comemoração que provavelmente durará a noite inteira. É Corinthians!

Aproveito este espaço para mandar um abraço ao amigo Felipe Phil, que dividiu esta coluna comigo ao longo deste ano, e também para todos os amigos corintianos que acompanham o Ferozes FC.

E nesse clima de festa, aproveito para homenagear o Timão pela conquista e o grande Doutor Sócrates, fazendo seu gesto característico. Um grande abraço a todos!

Música clássica pra terminar:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=XHqVS5sy3rw[/youtube]

Por um fio!

Foi por pouco. Era grande a possibilidade de cerca de seis mil torcedores  corintianos presentes no estádio Orlando Scarpelli soltarem o grito de campeão brasileiro de 2011. Mas tinha um clássico carioca no meio do caminho, no meio do caminho tinha um clássico carioca. E a emoção resolveu dar as cartas bem no final do campeonato contra todos os que defendem a volta do mata-mata. A rodada final promete ser explosiva, e este que vos escreve cogita até se refugiar em algum lugar sem TV, sem sinal de internet, longe de qualquer ruído que possa anunciar resultado positivo ou negativo. Balela: isso vai trazer ainda mais nervosismo e ansiedade.

Liedson marcou o único gol do jogo, depois de belo passe de Alex.

Fato é que o Corinthians fez seu papel. Embora tenha tomado um sufoco do Figueirense, que lutava por uma vaga na Libertadores, o Timão conseguiu ser mais eficiente (ou ao menos eficaz), com o gol de Liedson, após belíssima jogada de Alex (inexplicavelmente relegado por Tite ao banco de reservas, entrando apenas no segundo tempo, no lugar de Willian). O meia, que ontem foi o melhor em campo, ainda levou perigo em uma cobrança de falta bem na entrada da área. Mas o 1 x 0 foi suficiente para garantir ao Corinthians a liderança. Só não foi suficiente para garantir o campeonato, já que no duelo eletrizante entre Vasco e Fluminense, Bernardo conseguiu manter o time cruz-maltino na briga.

A emoção vai continuar na última rodada, já que arquirrivais podem definir o rumo dos candidatos ao título. Em São Paulo, o Palmeiras lutará como se fosse uma final para não proporcionar ao Timão a conquista do campeonato. Já no Rio de Janeiro, além da motivação de tirar o título do rival, o Flamengo ainda espera garantir sua vaga na Libertadores.

Segundo os números, o Corinthians tem 88% de chances de conquistar o pentacampeonato, e entre nove combinações, oito lhe são favoráveis. Pronto, agora pode amassar o papel onde foram feitas estas contas e desligar a calculadora. Estamos falando de clássicos, e tudo pode acontecer.

Como grande fator de desvantagens, haverá o desfalque de Ralf, suspenso. Além dele, também não teremos Danilo, mas este não tem feito a diferença nos últimos jogos, e o momento é mesmo de Alex. Vamos esperar que Tite não resolva inventar, escalando alguém diferente e mantendo Alex como elemento-surpresa. Já para o lugar de Ralf não há muito o que fazer: temos que nos contentar com Moradei (e um Pai Nosso) ou quando muito, Edenilson improvisado. Mas este último tem características mais ofensivas, não deve ser a melhor escolha.

Uma certeza: para os corintianos, esta deverá ser a semana mais longa do ano de 2011. #VaiCorinthians!

Por último, uma campanha: colem um esparadrapo na boca de Luís Paulo Rosenberg!

Deixo vocês com um som do projeto Record Club, do cantor Beck. Aqui, o grupo, que regravou o disco do INXS, “Kick”, na íntegra, faz uma bela versão de “Calling all nations”. Abraços!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=I3GmMt3WrEs[/youtube]

UM 04 DE DEZEMBRO DE 2011 COM CARA DE 21 DE JUNHO DE 2000.

Costumo dizer que de todos os grandes festejos futebolísticos que vivenciei, o maior de todos eles aconteceu no 21 de junho 2000. Naquela noite nenhum grande clube brasileiro conquistou uma taça. Mas todos os torcedores que não eram palmeirenses festejaram com um foguetório que eu nunca mais vi repetir.

Naquela noite, nos pênaltis, o Palmeiras perdeu a chance de ser bicampeão da Libertadores. O Boca Jrs não só ganhou o título, como teve por um breve momento a adesão de todo o resto da massa de torcedores paulistas. Mas uma parte dela continuou simpatizante ao clube argentino até os dias de hoje. Afinal de contas, os próprios gostam de afirmar que os corintianos possuem grande identificação com o Boca. Fato que comprovei em duas viagens recentes que fiz para Buenos Aires.

Depois essa ligação foi fortalecida pela passagem de Carlitos Tevez pelo Parque São Jorge e também pelas eliminações que o maior rival do Boca, o River Plate, impôs ao alvinegro paulista em edições recentes da Libertadores. Mas tudo começou naquele 21 de junho de 2000.

O Palmeiras perdeu a chance do bi. O Corinthians até hoje não foi campeão da competição. Mas nenhum dos dois deixaram de ser enormes como sempre foram e sempre serão. Mas o que cresceu naquela noite de 21 de junho de 2000 foi a rivalidade entre eles. Ainda que o Corinthians não tivesse absolutamente nada a ver com aquela final. Assim como Palmeiras não tem agora nesse quase título corintiano no BR11.

E tudo isso só acontece por que no futebol, mais do que em qualquer outro esporte ou esfera das relações humanas, a rivalidade é a essência do esporte. É ela quem transforma clubes em instituições religiosas. É ela quem transforma torcedores em apaixonados enlouquecidos e ensandecidos.

E qualquer torcedor deve, antes de qualquer outra coisa, respeitá-la e entendê-la. Caso contrário o sujeito torna-se apenas um simpatizante, como temos em muitos esportes digníssimos, mas nenhum deles futebol.

O porquê dessa explanação?

Para mostrar o quanto é legítimo torcer contra. O quanto é importante para esse esporte que não haja “simpatia” pela glória do adversário. Para que haja sim respeito pela história que determinado clube escreveu ao lado do seu. Mas que só existe tal história porque aquele clube é a antítese do seu.

Posto isso, vamos reduzir o universo da análise para este Brasileirão que termina no próximo dia 04. Um BR11 de nível técnico aquém dos clubes que o disputam, mas emocionante como somente um BR consegue ser. Pelo tamanho de seus clubes, pela força de suas torcidas. Pela imensa rivalidade que alimenta e sustenta o futebol.

Não compreender isso é não entender o futebol. Que me desculpem os torcedores de bocha.

Termina dia 04 e tudo indica que o campeão seja o Corinthians. Dono da liderança por 25 rodadas. Time com maior regularidade na competição e que voltou a encaixar uma sequencia importantíssima de bons resultados justamente no momento em que um legítimo campeão precisa mostrar sua força.

O Corinthians mostrou a força de um campeão.  Dentro do que pode se esperar do nível desse BR, o time mostra futebol de campeão. Está com pinta de campeão e deve confirmar esse título no próximo dia 04.

O Vasco da Gama é o time mais impressionante do ano. De campanha vexatória no Cariocão, a Campeão da Copa do Brasil, semifinalista da Sulamericana e agora chega a última rodada podendo ser campeão brasileiro.

Uma missão mais do que ingrata, quase que improvável. Só não é impossível por que se trata de um time que vem fazendo das improbabilidades o seu combustível de superação.

E a superação para o Vasco, nesse próximo incrível dia 04, passa também pela rivalidade entre Corinthians e Palmeiras. Uma rivalidade que extrapola as quatro linhas.

Um jogo que aparentemente tem um favorito destacado. Afinal é o líder contra o 11º. É um quase campeão contra um time que beirou a zona do rebaixamento. Um time que vive a tranqüilidade da campanha quase irretocável contra um turbilhão de crises e polêmicas.

Mas é um Corinthians X Palmeiras. Um clássico que mais do que qualquer outro clássico costuma igualar os desiguais.

Mas ainda assim, mesmo que a desigualdade seja anulada pelas camisas, ainda cabe ao Vasco vencer o seu também maior rival. E esse ainda brigando por vaga em Libertadores.

Uma mão e 4 dedos corintianos estão na taça do BR11. Agarram-se ao mindinho alvinegro o sonho vascaíno e a rivalidade alviverde. Feliz de quem entende e respeita isso.

Viva o emocionante BR11. Viva as rivalidades históricas. Viva o futebol.

Cheers,

A nova onda do Imperador

Finalmente Adriano foi decisivo.

Às vezes eu fico pensando se tem mesmo que ser assim. A vitória do Timão de virada sobre o Atlético-MG por 2 x 1 teve aquela famosa “cara de Corinthians”: sofrida, com emoção, decidida nos minutos finais, fazendo com que os corintianos pudessem testar a saúde do coração. Muitos inclusive se lembraram do confronto de 1990, época em que Neto era o salvador da pátria da Fiel.

Guardadas as proporções, foi parecido. Timão e Galo fizeram um primeiro tempo morno, em que mais defenderam do que atacaram, e mesmo com as duas avenidas montadas pelo emotivo Cuca nas laterais, o ataque corintiano não conseguiu ser efetivo. E o Atlético acabou crescendo no jogo e ameaçando a liderança do Corinthians.

Eis que no segundo tempo, em jogada ensaiada, Leonardo Silva abriu o placar para o Galo, aliviando um pouco a situação dos mineiros, que ainda lutam contra o rebaixamento. Parecia mesmo que o Corinthians perderia a liderança e consequentemente o campeonato, já que seria muito difícil recuperá-la nos próximos jogos. Aliás, a matemática deste campeonato está bem mais complexa do que a dos anos anteriores, principalmente entre os times candidatos à vaga da Libertadores. Mas existem momentos em que os erros viram acertos. Foi assim quando Tite resolveu trocar Willian por Adriano. A Fiel chiou. Era possível ver na cara dos torcedores a insatisfação pela escolha. Aos olhos deles, quem merecia sair naquele momento era Liedson, há algum tempo apagado em campo. Willian ao menos mostrava mais empenho, embora visivelmente cansado.

Mas o jogo mudou com a entrada do Imperador: mesmo ainda estando pesado e sem ritmo, Adriano acabou atraindo a marcação para si, deixando Liedson livre para marcar, após bom cruzamento de Alessandro.

E não parou por aí. Já no finalzinho, naquele teste cardíaco que citei no início do texto, Emerson deu uma bela arrancada e encontrou Adriano livre para mostrar que sua canhota continua calibrada, apesar do longo período (ainda não terminado) de recuperação.  Feliz pelo gol, ainda deu tempo de tomar cartão por tirar a camisa na comemoração (uma forma de mostrar que emagreceu?).

Terminado o jogo, a pergunta que muitos comentaristas esportivos já começaram a fazer: Adriano já fez valer o investimento que o Corinthians fez ao contratá-lo. É claro que não. Acho até que seja um comentário um tanto ingênuo, mais para causar impacto do que uma avaliação precisa. É claro que o golaço que marcou foi importante, mas o Imperador ainda precisa provar que não é jogador de apenas um tempo. Se tivesse se preparado melhor, poderia inclusive ser opção ao visivelmente esgotado Liedson.

Agora temos que torcer por uma vitória contra o empenhado Figueirense, para garantir de vez as chances do Timão chegar ao pentacampeonato, já que o último jogo é contra o Palmeiras, que deve se esforçar ao máximo para evitar o título corintiano.

Para finalizar, vou repetir a dose de Mad Season, já que gostei tanto de relembrar esta banda. Aqui, uma versão ao vivo de “I don´t know anything”. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=f153VyiZpmw[/youtube]

Na hora certa e no lugar certo

Já houve momentos em que esqueci que Ramirez está no elenco do Corinthians.

Quem escreve sobre futebol tem que se preparar para cair em contradição a qualquer momento. Por exemplo: recentemente eu disse que a noção que se tem de equilíbrio no Corinthians não é verdadeira (e ainda acredito nisso, de certo modo). Também sempre critico neste espaço, as más decisões do treinador Tite ao longo dos jogos, o que às vezes prejudica a equipe.

Pois bem. No confronto contra a equipe do Ceará, que o Corinthians venceu pelo humilde resultado de 1 a 0, o nobre Adenor, além de fazer uma boa substituição, fazendo entrar em campo o peruano Ramirez, responsável pelo gol que garantiu os três pontos que podem ser importantes na escalada rumo ao título do Campeonato Brasileiro 2011, ainda conseguiu manter um pouco do tão apregoado “equílibrio”  de que gosta tanto.

No decorrer do jogo, o que vimos foi o Corinthians tentando segurar os avanços do time do Ceará, que tinha no atacante Oswaldo, aquele pretendido por boa parte dos grandes times da série A (inclusive o próprio Corinthians), a principal opção ofensiva. E foi aí que entrou em ação a estrela do goleiro Julio César,  que com boas defesas, impediu que o Ceará atrapalhasse o caminho do Timão rumo ao título.

Falando sobre a suposta “união” do grupo em torno do objetivo de chegar ao título, no final do jogo, os jogadores Alessandro e Paulo André foram os responsáveis por conversar com a imprensa, de modo a aliviar a pressão sobre Tite. Pareceu sincera a atitude.

Sobre a entrada de Cachito Ramirez, é importante notar o contexto em que ele entrou. Era necessário um jogador que tivesse a característica um pouco parecida com a de Paulinho, suspenso para este jogo, e substituído por Edenilson, que embora seja da mesma posição, especialmente contra o Ceará adotou um comportamento mais defensivo, tirando um pouco o poder de finalização e dos chutes de fora da área. Ramirez teve estrela para mudar a postura da equipe.

Mas Ramirez é craque? Não, certamente. Até acredito que o jogador não reúne condições para um dia chegar à titularidade, e talvez tenha menos chances ainda no próximo ano, caso cheguem novos reforços. Mas é um bom jogador, e estava no lugar certo e na hora certa.

O empate do Vasco com o Palmeiras, que deve ter desagradado a uma parte da torcida do Verdão, embora não houvesse escolha, acabou sendo benéfico ao aumentar um pouco a distância do Timão e do time cruz-maltino. Mas ainda não está nada decidido no campeonato, e temos três jogos que não serão fáceis, sendo bem sincero. Nos resta torcer. Para o jogo contra o Atlético-MG, teremos casa cheia. Isso é importante.

Pra terminar, aproveitando a vinda do Alice in Chains ao Brasil (não deixe de ler aqui o relato de João Paulo Tozo sobre o show da banda no SWU), vamos relembrar um som da banda paralela do saudoso vocalista Layne Stayley com o guitarrista Mike McCready do Pearl Jam (outro que esteve no país recentemente), o Mad Season, com “River of Deceit”. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Fm72DPJCX58[/youtube]