Como de praxe e sempre naquele ritmo festivo padrão Papai Noel, além daquele sentimento já nostálgico-saudosista de mais um ano que se vai em velocidade de dobra espacial, o time “Ferozes Futebol Clube” vem a público dar a cara para bater e escolher os melhores do Campeonato Brasileiro de 2017 após 38 rodadas disputadas que finalizaram a competição mais importante do futebol profissional brazuca.
Sem delongas, rodeios e devaneios, vamos ao âmago da questão e iniciemos a lista de aprovados no vestibular de cada um de nossos analistas.
João Paulo Tozo
Em formação 4-3-3:
Goleiro: Vanderlei (Santos)
Lateral direito: Edílson (Grêmio)
Zagueiro: Balbuena (Corinthians)
Zagueiro: Geromel (Grêmio)
Lateral esquerdo: Guilherme Arana (Corinthians)
Volante: Arthur (Grêmio)
Meia: Hernanes (São Paulo)
Meia: Thiago Neves (Cruzeiro)
Atacante: Bruno Henrique (Santos)
Atacante: Luan (Grêmio)
Atacante: Jô (Corinthians)
Técnico: Renato Gaúcho
Revelação: Arthur (Grêmio)
Craque: Hernanes (São Paulo)
Márcio Viana
Em formação 4-4-2
Goleiro: Vanderlei (Santos)
Lateral direito: Fágner (Corinthians)
Zagueiro: Balbuena (Corinthians)
Zagueiro: Geromel (Grêmio)
Lateral esquerdo: Guilherme Arana (Corinthians)
Volante: Gabriel (Corinthians)
Volante: Arthur (Grêmio)
Meia: Hernanes (São Paulo)
Meia: Thiago Neves (Cruzeiro)
Atacante: Luan (Grêmio)
Atacante: Jô (Corinthians)
Treinador: Fábio Carille
Craque do campeonato: Vanderlei (Santos)
Revelação: Zé Rafael (Bahia)
Felipe Oliveira
Goleiro: Cássio (Corinthians)
Lateral direito: Edílson (Grêmio)
Zagueiro: Balbuena (Corinthians)
Zagueiro: Veríssimo (Santos)
Lateral esquerdo: Guilherme Arana (Corinthians)
Volante: Gabriel (Corinthians)
Meia: Hernanes (São Paulo)
Meia: Thiago Neves (Cruzeiro)
Atacante: Bruno Henrique (Santos)
Atacante: Luan (Grêmio)
Atacante: Jô
Técnico: Fábio Carille (Corinthians)
Revelação: Arthur (Grêmio)
Craque: Hernanes (São Paulo)
Pedro Molina
Goleiro: Vanderlei (Santos)
Lateral direito: Fágner (Corinthians)
Lateral esquerdo: Guilherme Arana (Corinthians)
Zagueiro: Balbuena (Corinthians)
Zagueiro: Geromel (Grêmio)
Meia: Hernanes (São Paulo)
Meia: Zé Rafael (Bahia)
Meia: Thiago Neves (Cruzeiro)
Atacante: Jô (Corinthians)
Atacante: Luan (Grêmio)
Atacante: Túlio de Melo (Chapecoense: essa vai pelo gol que classificou a Chape pra Libertadores depois de uma ano em que se reergueu depois de perder elenco, comissão técnica e diretoria inteiros, pra coroar uma temporada incrível)
Revelação: Vinícius Jr. (Flamengo)
Craque: Jô (Corinthians)
Técnico: Fábio Carille
Almir Breviglieri Jr.
Em formação 4-4-2.
Goleiro: Cássio (Corinthians)
Lateral direito: Fágner (Corinthians)
Zagueiro: Walter Kannemann (Grêmio)
Zagueiro: Pedro Geromel (Grêmio)
Lateral esquerdo: Gulherme Arana (Corinthians)
Volante: Hudson (Cruzeiro)
Meia: Hernanes (São Paulo)
Meia: Moisés (Palmeiras)
Meia: Rodriguinho (Corinthians)
Atacante: Luan (Grêmio)
Atacante: Jô (Corinthians)
Técnico: Fábio Carille
Revelação: Arthur (Grêmio)
Craque: Hernanes (São Paulo)
E aí? Concordou, discordou? Mais ou menos? Comente e dê sua seleção também.
A esmagadora vitória do Barcelona sobre o Santos, bem como a excursão são-paulina por terras europeias, ainda que não totalmente negativa, tiveram o mérito de retrazer à tona a importante discussão a respeito da abissal diferença técnica que se instalou no futebol praticado no Velho Continente e no Brasil, algo que, se ainda não era, deve ter se tornado unânime. E as perguntas que ficam são: Por que ficou e até quando permanecerá assim?
O bombardeio do Bayern no gol do São Paulo, que apenas ficou no 2×0 graças ao ferrolho monstruoso armado por Paulo Autuori e às defesas de Rogério Ceni, bem como o passeio do Barcelona sobre o Santos que resultaram no cataclísmico 8×0 foram estopim na semana última para colocar o ex-país do futebol no seu atual devido lugar: a completa submissão à Europa no clássico estilo relação centro-periferia entre colonizadores e colonizados.
Se as coisas sempre foram assim na vida, ao menos no futebol os sul-americanos tinham a seu favor os aspectos talento e técnica como forma de pequena vingança para o terrível complexo de inferioridade, não à toa existente nos corações e mentes dos americanos meridionais.
Não mais, e várias são as teorias. Alguns motivos são de dedução óbvia.
A última vez que viu-se, em Copas do Mundo, a Seleção Brasileira formada por jogadores majoritariamente atuando em clubes brasileiros foi na já longínqua Copa da Espanha de 1982. Lá, somente Paulo Roberto Falcão atuava em terras europeias (AS Roma) entre os titulares de Telê Santana.
Em seguida, vieram a abertura gradativa do mercado europeu para jogadores extra comunitários, o recrudescimento do panorama econômico brasileiro, sem mencionar a desorganização interna do futebol profissional tupiniquim.
O resultado não poderia ter sido outro além do êxodo em massa dos maiores talentos brasileiros rumo ao Velho Continente. Com isso, a Seleção Brasileira começaria a ser esmagadoramente desfalcada de jogadores atuando em terras locais. O Brasil tornara-se apenas exportador de força de trabalho com um modelo bem claro baseado em Seleção Nacional forte à base de grandes nomes de brasileiros brilhando em grandes agremiações europeias e clubes fracos.
Tal quebra de espinha dorsal foi perversa para o futebol interno praticado no Brasil. Evidentemente, as explicações dos problemas de defasagem não ficam por aí. Ora, todos sabem das questões referentes a desorganização, calendário e assim por diante.
Eis que, esporadicamente, surgem oportunidades do País assistir representações nacionais enfrentando os badalados e midiáticos europeus como aquelas da semana que passou. E, para decepção geral, os resultados não são bons ou, quando são, os goleiros das equipes brasileiras são, via de regra, escolhidos como os melhores em campo. Nada de tão auspicioso, apesar da capacidade demonstrada pelos guarda-redes em questão.
O que se vê atualmente são clubes europeus que formam verdadeiras seleções mundiais de futebol sim, mas também equipes com incrível disciplina tática e busca incessante pela perfeição, precisão de passes e velocidade no jogo. Algo anos-luz à frente do cadenciado, lento jogo brasileiro.
Para muitos profissionais da bola, pesa a questão do poder de fogo dos europeus em termos de contratações. Resumidamente: o treinador na Europa pode montar a equipe taticamente a seu critério. A partir do momento que o técnico desenha o plano tático que deseja implantar na equipe, os dirigentes vão atrás de jogadores para suprir àquelas mesmas necessidades táticas. Já no Brasil, o treinador monta a equipe como pode de acordo com os jogadores que possui em mãos para trabalhar.
Já outros bem ressaltam a questão da educação do jogador brasileiro, muitas vezes indisciplinado.
Argumentos que pesam, sem dúvida. Aspectos levantados que muito poucas equipes executam no Brasil. O Corinthians é um dos poucos. O plano tático do técnico Adenor Bacchi Tite é seguido à risca dentro de campo. Já fora dele, quem não se adequa à disciplina criada no futebol do clube é, geralmente, expurgado. Ainda assim, o Timão, apesar do alto nível de competitividade apresentado contra o Chelsea inglês na final do Mundial de Clubes da FIFA de 2012, necessitou do excelente trabalho do goleiro Cássio para garantir a vitória por 1×0 e o título.
Um São Paulo, em crise é verdade, acuado em campo contra o Bayern em Munique, é o que se viu. Houve maior equilíbrio contra o Milan sim, mas o Milan não é mais o mesmo de outrora. Já contra o Benfica, pelo menos o time brasileiro venceu por 2×0, sendo sufocado no 1º tempo e partindo para o ataque na etapa final.
Já o Santos sofreu triste humilhação em Barcelona.
Olhando o futebol europeu atual e comparando-o com o brasileiro, paixões clubísticas nacionais à parte, vê-se enorme involução pelos lados de cá do Atlântico. Os brasileiros desaprenderam? Só crescem quando partem para a Europa?
Eis o desafio maior a partir de agora. Como correr atrás de tal déficit?
Obviamente, o processo de crescimento passa pela melhora e maior profissionalização do gerenciamento dos clubes brasileiros, bem como dos campeonatos disputados por essas terras. A equação campeonatos estaduais versus campeonatos brasileiros deve ser resolvida urgentemente. É mais ou menos assim: o futebol brasileiro é um grande negócio em potencial, porém muito mal explorado.
Categorias de base? Como funciona de fato o setor de descobrimento de talentos no País?
Educação de cunho profissional dos atletas com o intuito de torná-los mais conscientes a respeito do aspecto da obediência tática. Futebol profissional tem se tornado sempre menos coisa de boleiro e mais coisa de atleta. O brasileiro deve se tornar um alemão com isso? Logicamente que não. Contudo, reside aí grande desafio comportamental para a própria sociedade brasileira. Como adquirir maior seriedade no trato das questões profissionais sem deixar de lado a afabilidade brazuca?
Com vontade é possível. Exemplos? Telê Santana era em certo ponto. Apesar dos aspectos extra campo jogarem contra, o saudoso Mestre Telê primava pela obsessão da busca do jogo rápido de passes. Algo que seria obtido com muito treinamento visando o aprimoramento de fundamentos. Assim foi montada a Seleção de 82 ou o São Paulo de 92, para ficar em dois exemplos.
As necessidades do futebol brasileiro são urgentes. Enquanto nada é feito, resta a indagação: até quando deveremos amargar tamanho abismo técnico entre europeus e brasileiros?
A palavra mito possui uma série de significados que vão desde os mais simples e óbvios aos mais elaborados filosoficamente. Entre as diversas interpretações do vocábulo em questão, pode-se dizer que se trata de uma personalidade ou fato que, por ser irreal, simboliza algo possível apenas por hipótese.
Pois bem, é exatamente o que a imprensa brasileira criou ao longo do semestre – um mito chamado Barcelona x Santos, o jogo do ano.
Os 4×0 do Barça sobre o Peixe deste domingo em partida decisiva do mundial de clubes da FIFA evidenciou o patamar ao qual pertence cada equipe.
Talvez a dura realidade de Yokohama não teria sido tão dura se o Santos que tivesse ido a campo contra o melhor time do mundo fosse aquele do mês de junho, embalado e reconfigurado através do dedo de Muricy Ramalho, aliando à habilidade da dupla Neymar e Ganso um sistema defensivo sólido e protegido. Foi a alma do negócio para o Santos faturar a Libertadores.
Na sequência do título veio a repetição de erros que outros clubes brasileiros já cometeram no passado: relaxamento e “abandono” do campeonato nacional.
Resultado da brincadeira: perda de ritmo de jogo, de pegada, falta de sequência de prática do jogo em alto nível.
E deu no que deu.
Quanto ao Barcelona, não há muito mais a acrescentar. É a prática de um futebol que mais lembra futsal, com troca de passes perfeitos, rápidos e com movimentação constante de seus jogadores. Nada de lançamentos em profundidade, jogadas de linha de fundo e jogo aéreo. Que Carles Puyol, Gerard Piqué e Javier Mascherano não levem a mal, mas a zaga não é um primor, já que o sistema defensivo da equipe é simples: manutenção absurda da posse de bola. Afinal, como ser atacado se o adversário não vê a cor da bola?
Ah, o jogo!
Pois é, repetindo alguns erros do Manchester United na final da Champions League, o Santos não foi páreo para o hegemônico time da Catalunha.
Ao retomar a posse de bola, a equipe santista falhava nos passes. O que significou o desperdício das poucas chances para mostrar seu jogo.
Ainda no item “queimando a posse de bola”, o bom goleiro Rafael Cabral, talvez com o intuito de evitar marcação sobre pressão na saída de jogo, rifava a bola na reposição.
Paulo Henrique Ganso permaneceu sem ação, estático em campo. Aliás, era nítido nos jogadores santistas, até mesmo nos mais descontraídos do time como Neymar, o peso e o medo nos momentos que antecederam o início da partida.
Ao final, os 4×0. Sim, goleada com show de Andrés Iniesta, Lionel Messi e Xavi.
Seria muito pedir a um clube brasileiro, que teve seu auge técnico no mês de junho, para enfrentar em condições de igualdade o Barcelona de Josep Guardiola. Os mais conceituados do mercado como Real Madrid e Milan, demonstrando alguma competitividade, já haviam falhado.
Jogar contra o Barcelona atual faz lembrar o boxe dos tempos de Mike Tyson no auge de sua carreira.
Tyson era devastador. Aniquilava seus oponentes em poucos rounds de luta. Colocaram-no contra os melhores, mas os melhores, atemorizados com a superioridade do campeão, mudavam sua forma de atuar e falhavam clamorosamente. Provavelmente teriam fracassado se tivessem mantido seus respectivos estilos. Aí residia a interrogação. Como parar Tyson?
E como parar o Barcelona?
De qualquer maneira, superioridade flagrante à parte, os jogadores do Santos não podem utilizar a desculpa de que jogaram contra os melhores para justificar a atuação do time em Yokohama.
Faltou sim mais pegada, determinação, faca nos dentes.
O que fica deste mundial da FIFA é a confirmação de uma hegemonia global chamada FC Barcelona. Em contrapartida, o que se espera é que surja, o mais breve possível, alguém que possa contrabalançar a potência hegemônica.