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AS ROUPAS E AS ARMAS DE JORGE

(Foto: Leandro Canônico/GloboEsporte.Com)
Jucilei, Dentinho e Júlio César apresentam os uniformes da temporada 2011.

Texto: Leandro A. C. Rosa

O ano do centenário passou em branco (e preto). 2011 começa hoje para o Corinthians, já que seus primeiros compromissos pelo Paulistinha serviram apenas como pré-temporada. Há quem pense que neste ano a pressão será menor, mas como diria o Gaúcho: Corinthians é Corinthians, Libertadores é Libertadores e vice-versa.

Mas nem vice o Timão foi no ano que passou. Por conta disso atrasou o planejamento e entra em campo contra os colombianos do Desportes Tolima com um time enfraquecido. Exceção feita ao primeiro tempo do clássico contra a Portuguesa, o time tem demonstrado falta de ritmo e condicionamento físico. A qualidade técnica caiu com as saídas de William e principalmente Elias. Ronaldo continua longe de uma condição física condizente à prática saudável do desporto bretão. Os reforços não vieram.

Quer dizer, foram reintegrados ao elenco após empréstimo: Diego Sacoman (ZAG), Marcelo Oliveira (VOL/LAT), Moradei (VOL), Everton Ribeiro (LAT/MEI), Morais (MEI) e Edno (ATA). Foram contratados: Wallace (ZAG) do rebaixado Vitória, Luis Ramirez (MEI) do futebol peruano, Fábio Santos (LAT), ex-Grêmio e Willian (ATA), artilheiro da Série B 2010, ainda não regularizado e apto a jogar. Com todo respeito, nenhum pode ser considerado como grande contratação. Vieram para compor elenco.

No time titular, Tite tenta resgatar o esquema tático implementado por Mano Menezes, o hoje extremamente popular 4-2-3-1. Na conquista da Copa BR 2009 em cima de Internacional de Tite, havia André Santos para tabelar pela esquerda, havia Elias para fazer a transição da defesa para o ataque, havia Douglas para pensar o jogo. E Ronaldo esteve na sua melhor forma dos últimos anos. Os jogadores que hoje estão possuem características diferentes, e não tenho certeza que tentar emular um sistema tático que hoje é amplamente conhecido e estudado seja garantia de sucesso.

O amigo Feroz pode estar achando que estou pessimista para a temporada. De fato, apesar de não esperar a extravagância alardeada pelos sites e diários esportivos, acreditava que a diretoria suprisse às necessidades do time. Reforços midiáticos como Adriano e Luís Fabiano serviram apenas para vender jornal e atiçar a esperança do torcedor. Serviram também para inflacionar o mercado e dificultar negociações, pois o mundo inteiro soube que o Coringão disponibilizava de €7mi e queria gasta-los em reforços. A posição da diretoria hoje é de voltar ao mercado apenas em caso de classificação para a fase de grupos. Enquanto isso, os poucos nomes disponíveis no mercado, como os atacantes Diogo e Rafael Moura, negociam com os rivais.
Foram noticiadas supostas propostas aos zagueiros Edu Dracena e Manoel (Atl. Paranaense). O intuito era substituir o capitão aposentado e assumir a titularidade ao lado de Chicão. Após se dar conta do número de zagueiros disponíveis em seu elenco, dois deles já tendo passado segurança a torcida (Paulo André e Leandro Castán), o novo diretor de futebol, Roberto de Andrade, dá como encerrada a busca por um defensor.

Ao passo que o atual elenco dispõe de QUATRO jogadores que podem desempenhar a função de lateral esquerdo, o Corinthians enfrenta o Tolima com Alessandro na lateral direita. O “Guerreiro” é dono da posição mas retorna sem ter feito uma pré-temporada adequada, tendo recentemente se recuperado de uma catapora. Seu reserva único e imediato é o contestado Moacir, que se lesionou gravemente no jogo contra o Noroeste.

A idéia então é que o Corinthians passe pelo Tolima para enfim começar o planejamento da temporada 2011. Isso se confirmando, o Timão adentra o “grupo da morte”: Guarany (PAR), Cruzeiro (BRA) e Estudiantes (ARG). É de dar medo.
Fardado com seus (caríssimos e ecológicos) novos uniformes, o time de Parque São Jorge deva talvez, na reza que antecede suas partidas, recorrer à oração de seu santo patrono que diz: Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me enxerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.

E à torcida, basta ver a camisa, um manto sagrado pelo qual não se tem preço. Basta que se sue a camisa, seja um astro internacional ou um menino do terrão. Livres de qualquer favoritismo, buscam a Libertação. São Fiéis. E o Corinthians, sua religião. Amém.

JORGE BEN – Jorge da Capadócia