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IMORTALIZANDO O PAI DO GOL

O futebol nos concede craques dos campos que se tornam ídolos para uma vida inteira. Mas de tão generoso que é, nos dá também craques e gênios das palavras, dos textos, do gol falado, do gol narrado.

Tenho hoje 31 anos e desde a infância os gols da minha vida tem uma voz. Sempre a mesma voz.

Aprendi a admirá-lo através de uma paterna e alviverde influência. No início da adolescência, já devidamente influenciado, mas sem a companhia do influenciador, o adotei como o ídolo de fora dos campos.

Na tarde fria de 12 de junho de 1993 ele narrou O GOL da minha vida de tantos outros gols de uma vida.

Por causa dele tornei-me um viciado em rádio AM. Um louco pelas transmissões esportivas que chegam aos ouvidos pelas ondas do rádio. Tornei-me adepto do rádio na orelha e da TV no mudo em dias de jogos do Palmeiras. Do rádio na orelha e olhos no campo quando estou no Palestra ou onde quer que o Palmeiras esteja.

Não há paralelos vivos ou atuantes para exemplificar José Silvério. Na história são poucos. Na minha história não há nenhum.

Silvério, o Pai do Gol, agora é um imortal. É o campeão entre todos os campeões da narração esportiva. De tão fenomenal, deixa de ser concorrente no prêmio ACEESP e passar a ser troféu.

De agora em diante o Troféu de Melhor Narrador Esportivo passa a se chamar José Silvério. Os vencedores a partir de agora serão “José Silvério” por uma temporada.

Foram 10 premiações, sendo 7 consecutivas. Incomparável Silvério.

Ao Pai de todos os meus gols, os meus parabéns e o agradecimento por eles – por ele – por aquele do dia 12 de junho de 1993 em que ele soltou a sua voz.

José SIlvério – A emoção do futebol através da voz

Reprodução da entrevista concedida pelo maior narrador esportivo do Brasil, José Silvério ao portal IG.

José SIlvério – A emoção do futebol através da voz

José Silvério conta qual é a narração mais marcante em toda a sua carreira e por que não usa bordões nas transmissões

Priscilla Ralston

Um dos principais narradores esportivos do país do futebol. Com 72 anos de idade, ele continua soltando a sua voz e, para nossa alegria, dá emoção ao futebol há 45 anos. José Silvério já faz parte da história do futebol brasileiro.

iG: Tem alguma narração histórica, que ficou gravada na sua memória como especial?

José Silvério: Tenho muitas. Eu sempre digo que toda narração tem alguma história. De uma forma geral, nunca é igual. A não ser aqueles jogos que são meio enfadonhos, que o tempo demora para passar, de uma forma geral sempre tem algo novo. Em 45 anos, tem muitas coisas.Por exemplo, em 1977, teve o famoso jogo em que o Corinthians foi campeão contra a Ponte Preta. Em São Paulo só se falava nisso. Foi logo depois que eu fiquei como locutor titular da Jovem Pan. Então somou: eu passei a ser o principal locutor na rádio e o Corinthians foi campeão. Esse jogo foi muito importante para mim. Até hoje recebo correspondência falando daquele jogo. Tem gente que me manda copias de CDs e montagens daquele dia.

iG: Você não é muito de bordões, certo?

José Silvério: Eu praticamente não tenho bordão. Tem algumas coisas que eu criei, que disse em algum momento; mas não bordões, não são importantes para mim. Eu sempre achei que locução de futebol é uma coisa do momento. O que passou no domingo pode ser diferente no jogo que passou na quarta-feira. A história do jogo para mim é diferente. Então eu sempre pautei a minha conduta pelo momento atual.

iG: Você é torcedor do Vasco, não?

José Silvério: Na verdade quando eu era menininho era Vasco. Tem momentos que torço, mas não sou “torcedoooor”. Até porque acho que seria uma traição da minha parte torcer para alguém. O torcedor não merece.

iG: Você jogava futebol?

José Silvério: Eu joguei mais futebol de salão, até os 45 anos. Teve um torneio interno da Jovem Pan e eu joguei com um dedo da mão quebrado, marquei um gol e fomos campeões. Daí eu falei: 45 anos e com a mão quebrada, chega! E nunca mais joguei.

iG: Como prepara a garganta para gritar aquele “goooooool” esticado?

José Silvério: Preparação especial não tem. Mas sou um cara que vivo me preparando: durmo cedo, não bebo e não fumo. Tenho uma saúde muito boa. Não tenho nenhuma doença de velho e não tenho problema de garganta também não.

iG: Você tem alguma idéia de quantas vezes gritou “gol”?

José Silvério: Domingo passado estávamos brincando na transmissão e alguém perguntou. Não deu para fazer uma conta, mas sugeri uma media de 50 jogos por ano (tem gente que acha que foi mais, mas eu até acho que foi menos), mas digamos dois ou três gols por jogo, da para ter uma idéia… Mas muito por cima.

iG: Você não vai para os Jogos Olímpicos de Pequim?

José Silvério: Não, o Campeonato Brasileiro segue aqui e isso é importante para nós.

iG: Você tem alguma expectativa em relação à Seleção Brasileira para esta Olimpíada?

José Silvério: Eu até estava pensando isso hoje de manhã, lendo o jornal. Mas eu confesso que nem me liguei. Fiquei nessa confusão de libera-não-libera jogador, se o Ronaldinho Gaúcho vai ou não entrar em forma… Aliás, o futebol da Olimpíada só vai despertar a gente quando a Seleção começar jogando bem.

iG: O que você acha dessa polêmica em torno da vida pessoal e do peso de alguns jogadores internacionais?

José Silvério: Por princípios não me envolvo em nada pessoal do jogador. Mas o que ando vendo é que os jogadores estão exagerando, não no que eles fazem, mas ao deixar que as pessoas percebam o que fazem. Eles não estão conseguindo separar a vida profissional da pessoal. Acho que esta faltando um pouco mais de vontade de participar profissionalmente. Deveriam deixar de lado as badalações e cuidar da vida profissional. É uma passagem muito rápida, e, pelo dinheiro que eles ganham hoje, terão tempo de curtir a vida depois. A imagem deles está sendo muito atingida. Hoje em dia esses jogadores só são ídolos das pessoas alienadas, as pessoas sérias estão deixando de ter respeito por eles. Isso é um assunto muito sério, é difícil falar da vida de qualquer um. Todos têm o direito de ter a vida que quiserem.

iG: Vamos brincar de técnico, qual é a sua Seleção?

José Silvério: Seleção é uma coisa de momento. Os jogadores mudam muito de comportamento. O Brasil está passando por um momento em que os jogadores deixaram de ser tão importantes porque tem muito jogador no mesmo nível. Já não temos aquele jogador que “sem ele a Seleção não vai”. A minha experiência de 2006, na Alemanha – quando o Brasil tinha jogadores excepcionais e na hora H deram para trás – me fez pensar que entramos em uma fase que o jogador deixa de ser importante como antigamente. O coletivo é mais importante que o lado individual.

iG: Qual o seu herói favorito?

José Silvério: Eu sou meio utópico. Gosto das coisas de sonhos, que não existem, amores impossíveis, Super-Homem, Batman… Os que fazem coisas fora do normal. Ou então, todos os homens que trabalharam fazendo grandes descobertas para a humanidade, como os grandes médicos e cientistas.

iG: Você usa a internet para…

José Silvério: Para tudo. Consulto o noticiário, e-mails… Não diria que sou titulado em internet, mas muitos dos comentários que eu faço, gravo no meu laptop e envio.

iG: Qual o último CD que você comprou?

José Silvério: Eu compro CD toda semana. O último foi o da Rosa Passos, uma cantora bahiana.

iG: E o último filme que você viu?

José Silvério: Foi o “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Curti muito.

Chazinho de Coca – Com a palavra – O Palmeirense.

Com a palavra – O Palmeirense.

Nesse dia tão festivo para a Sociedade Esportiva Palmeiras, as palavras deixam de ser minhas e passam ser do palmeirense. Apaixonadamente, segue a palestrinidade,

Fellipe Perini:

Quando nasci o Palmeiras era campeão de tudo e em cima de todos, mas apartir do momento que eu cresci e comecei a entender de futebol e amar de verdade esse esporte, o Palmeiras virou um coadjuvante nas competições e com isso uma fila de anos e mais anos sem um titulo. Agora tivemos o prazer de acabar com essa carga que tanto pesava nas costas palmeirenses. E agora eu posso dizer como é bom ser palmeirense, como é bom fazer parte dessa torcida que canta e vibra. Finalmente o Palmeiras retomou seu caminho como o grande que é, onde merece e sempre esteve no coração de cada palmeirense.

Luiz Fernando Bindi:

Una Furtiva Lacrima

De repente, depois de muito tempo de luta, fui convidado para ser comentarista de rádio, um sonho de infância. Quando recebi a escala do meujogo de estréia, era Palmeiras x Náutico. Todos me falaram: “se segura,hein”, “não vai bajular o Palmeiras”, “não critica muito pra parecerimparcial”, enfim. Eram muitos os alertas.
Quando entrei no Palestra Itália por alamedas em respirei quase 30 anos da minha vida, me senti em casa.

Lembranças da minha avó Wally, do meu avô Hernâni, dos meus pais. Nesse estádio, vi vitórias gloriosas como a Libertadores de 99 e o Paulista de 96. Vi tragédias italianas, como a derrota para o XV de Jaú em 85 e para o Vasco na Mercosul. Subi os 4 andares até a cabine da rádio a pé. Entrei, coloquei os fones. E esqueci para que time eu torci um dia. E assim tem sido, de uma forma deliciosamente fácil. Já fiz vários jogos do Palmeiras e tratei o time de Palestra Itália da mesma forma que tratei os outros times. Nem mais, nem menos. Hoje, fiz Palmeiras 5 x 0 Ponte Preta, minha primeira final. Não senti simplesmente nada, como torcedor. Nada. Estive tranqüilo durante toda a partida. Felizmente, para mim, sou mais jornalista que palmeirense. Amo mais o futebol que o Palmeiras. Como diz meu mestre e amigo (não necessariamente nessa ordem) Mauro Beting, sou um palmeirense jornalista,não um jornalista palmeirense. De repente, lá pelo fim do jogo, o técnico Wanderley Luxemburgo chama o goleiro Diego Cavalieri, reserva de Marcos. E substitui aquele que considero o melhor goleiro do Brasil em atividade por aquele que considero o futuro melhor goleiro do Brasil. Quando vi Marcão saindo de campo, em respeito aos ouvintes, afastei o fonedo ouvido. E chorei uma lágrima.

Uma furtiva lágrima.

Fabio Angelini:

A felicidade nesse início de ano, tem algo muito maior que o título do Paulistão que há 12 anos não conquistamos.. É a alegria de ver o meu ídolo e São Marcos protetor de volta e em plena forma, a de ver um time competitivo, forte e duro de ser batido, a de torcer para o único time do Brasil que tem um meia esquerda habilidoso e craque como os de antigamente, mas, principalmente, a alegria de exorcizar o “fantasma” do Palestra Itália na vitória inquestionável contra o clube do Jardim Leonor.

Eliana BryKcy:

Ser palmeirense é ter uma paixão e saber que vai durar a vida toda!!!!!!!!!!Explicar a emoção de ser palmeirense a um palmeirense, é totalmente desnecessário. E para quem não é palmeirense… É totalmente impossível!



Viviane:

Honey, aqui está o “testiculo”:Depois de 12 anos esperando para ver a taça ser nossa outra vez,Depois de 12 horas na fila esperando pra tentar comprar um ingresso,Acho que só preciso de 5 linhas para descrever esse momento…
1X0
2X0
3X0
4X0
5X0
PALMEIRAS MINHA VIDA É VOCÊ!!!!!!!


Claudinho:

Um pouco acostumado com a espera mas nunca perdendo a paixão pelo clube, desde que nasci o meu palestra, paixão herdada de meu avô, já estava na fila. Espera que foi quebrada em 1993 quando com um fabuloso time e uma seqüência de títulos o Palmeiras se mostrou imbatível. Agora após mais alguns anos de espera, novamente estamos onde merecemos, no Primeiro lugar! É muito bom ver de novo meu Palmeiras merecidamente campeão Paulista ! Parabéns Verdão!

Mauro Beting:

Foi num 3 de setembro que chorei a dor de um amor partido: partiam Luís Pereira e Leivinha para o Atlético de Madri. A segunda academia palmeirense estava sendo desmontada, em 1975; foi num 3 de setembro que perdi a voz e a esperança: o Palmeiras perdeu para a Inter de Limeira o SP-86; foi num 3 de setembro que perdi a voz e ganhei outro amor eterno: nasceu meu Luca, em 1998, três anos antes do Gabriel, outro palestrino de DNA.

Aprendi cedo que o amor é incondicional. O de um time de futebol é como o de pai. O seu filho pode fazer o que for, pode se perder pela vida, que você já ganhou a sua desde o primeiro chute – na barriga da mãe. Um dos primeiros chutes do Luca foi com o Oséas, na final da Copa do Brasil-98. Aquele balaço infantil que deu o título ao Palmeiras. Três dias antes de sabermos que aquela criança se chamaria Luca, e não Giovanna – e quase virou Oséas…

O Luca nasceu campeão da Copa do Brasil, e, com três meses, já ganhava no berço a faixa de campeão da Mercosul-98, e um macacão assinado por todo o time, que tinha dado para o avô por agradecimento a uma palestra dada ao elenco antes da decisão com o Cruzeiro. Não tinha um ano e ganhou a faixa de campeão da Libertadores-99. Com menos de dois, acordou chorando com o pai berrando o pênalti que Marcos defendeu na Libertadores-00. Ele mal sabia, mas já não dormia por causa de vitórias e títulos palmeirenses.

Quando Luca e o pai ainda não conheciam a maravilhosa mãe e mulher que tinham, eu tive a estúpida idéia de só estreá-lo no Palestra num jogo contra um time fraco. Para não dar erro. Quem mandou desacreditar do campeão do século 20? Tanto torci por um rival frágil que meu filho estreou nos campos num jogo da Série B, em 2003…

Mas ele já sabia que amar não exige vitória. Pede apenas amor. Apenas que a gente entre em campo e jogue pelo time quando os jogadores não conseguem jogar pela gente. Foi o que fizemos na Série B, em 2003. Fomos campeões. E voltamos a ser o que sempre fomos. Time e torcida de primeira. Como ele, Luca, do baixo de seus quatro anos, ficou a semana toda do rebaixamento contra o Vitória, em 2002, com as três camisas do Palmeiras que tinha. O pai envergonhado mal conseguia trabalhar, e o filho vestindo verde com o orgulho que nenhum torcedor pode perder. Mesmo se o time seja vergonhoso como a diretoria que o montou.

O Luca que esteve ontem no Palestra era o segundo menino mais feliz que vi no estádio – junto com milhares de crianças verdes pelo país. Mas eu conheço muito bem um menino um tanto mais velho que não sabe escrever o que é ser pai de um menino campeão pela primeira de muitas vezes.

Para fazer o Palestra ser campeão como Palmeiras era preciso resgatar uma bandeira. Craque que fez a América e foi Verdão até na Série B. Marco singular, mas com nome no plural. Também por ser um camisa 1 que veste a número 12. Talvez por tantas vezes jogar por todos os 11, e de sempre torcer como todos os tantos que jogam nas arquibancadas.

Sua santidade Marcos, o anjo-guardião palmeirense, depois de 11 meses parado, voltou à meta na derrota para o Guará. Nem ele achava que fosse a hora certa. Mas foi ganhando condição de jogo. Com ele, todo o Palmeiras. Foram oito vitórias seguidas até a derrota para os pés e mãos são-paulinos. A virada com todo o gás se deu em casa. No palco da confirmação do 22º. estadual contra a brava Ponte Preta.

Com a melhor campanha e o melhor ataque, o melhor time deu a última volta olímpica estadual no velho Palestra. Ele será reformado para em breve sediar os jogos de um antigo campeão. De espírito jovem como o vovô Marcos que ergueu a taça que ficou em ótimos pés. E que tanto merecia ser erguida pelas melhores mãos.



João Paulo T. B.

Eu tinha 14 anos naquele 12 de junho de 1993. Eu não tinha uma namorada, mas eu já tinha um amor imenso.

Para mim era complicado entender o que fazia a molecada da minha idade vestir a camisa de seus times e comemorar campeonatos, me azucrinar por ser o único “parmeirense”( como dizia meu saudoso avô) da turma, e pior, insistir naquele clube que durante toda minha vida jamais me dera uma razão pra me sobressair perante meus amigos. É, eu fui motivo de chacota por longa data.

Em 1986 eu era bem criança, mas tenha sido, talvez, o momento onde minha palestrinidade tenha sido inserida definitivamente em minha alma. Foi a única vez que acompanhei uma decisão do Palmeiras ao lado do sujeito que me transformou nesse ser Palmeirense – meu Pai.

Hoje, dia 04 de maio de 2008, mais uma vez me enxerguei naquela situação de fila. Ao contrário da outra, nessa eu sofri com o rebaixamento, com eliminações e derrotas vexatórias. Mas ao final, o Palmeiras não me trouxe apenas a satisfação de ser novamente campeão, e ao ver aquele rapazote de 16 anos me abraçar e soltar algumas lágrimas, gol após gol, exatamente igual a mim naquele 12 de junho de 1993 senti que assim como meu pai fez comigo, hoje eu inseri no coração desse rapazinho, meu sobrinho, a essência do que é ser um torcedor de futebol, do que é ser um palmeirense.

Como já diria Moacir Franco em seu clássico O Amor é Verde, por ser palmeirense – “…todo dia eu sou campeão”.

José Silvério fez a minha trilha sonora nesse dia tão feliz.

Abraços, meus queridos!