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Café com Leite: Brad Pitt

Fabio Braga/Folhapress

Texto: Beto Almeida

Pois é, gente… O Timão jogou no sábado o jogo bem jogado, aquele que dá pro gasto e ganhou do lanterna – o Grêmio Itinerante, hoje em Presidente Prudente – por um placar de 3 gols a zero, num Pacaembu tão gelado quanto meus pés.

Com a vitória alcançamos a liderança isolada do campeonato, sacramentada com o empate do Fluminense diante do Flamengo no dia seguinte. Ê coisa boa, torcer pro Timão! E a gente ainda tem um jogo a menos que o resto, olhaí.

Tenho um amigo que acha perigoso assumir a liderança agora na metade da competição: “O ideal era ser segundo colocado até umas cinco rodadas pro final, aí sim a gente decolava pra ser campeão, sem aquela pressão de ser líder. Todo time cai matando em quem tá em primeiro lugar”.

“Bobagem”, eu falo. “Todo time cai matando em cima do Corinthians do mesmo jeito, não importa a colocação. A gente é o eterno primeiro lugar presses caras, o rival que todos adoram ter, o Mais Querido e Mais Odiado – a dualidade das querenças”.

“Taí uma verdade”, ele olha pro alto pensativo e aproveita pra entornar o resto de cerveja que sobra no copo.

Ah, Coringão… Triste sina essa, ser inimigo de todo mundo.

Sintam o drama que se desenrola na padaria onde tomo café e saboreio meu pão na chapa, lugar onde todos os brasileiros duma parcela da Lapa se encontram para sorver sua cafeína matinal que dará ânimo para o resto do dia e jogar conversar fora:

– Aí corinthiano, a CBF já tá ajudando vocês de novo, hein? O juizão garfou o Cruzeiro lá nó Engenhão. Ano do Centenário, né?

– Pois é, que nem 2005, que roubaram do Inter pra dar o título pro Corinthians, você numviu que o André Sanches é amigão do Ricardo Teixeira, foram pra Copa juntos?

“É agora que vão falar do Lula…”, penso, logo sinto – fantástico blog da minha amiga Nina, recomendo!

– E o Lula que é corinthiano e deu um estádio pros caras, puta imoralidade isso aí, o meu tricolor tem casa própria, não precisou de esmola do governo, não…

– Sabe como é, ano de centenário dos caras, né?

– É, ano do semtênada, rárárárá…

Eu, na minha, tomo meu café de boa.

Nós, corinthianos, maloqueiros e sofredores já estamos acostumados com esse tipo de provocação. O Corinthians nunca é vencedor por mérito próprio: sempre é preciso armar uma conspiração gigante para ganhar um campeonato, temos todos os juízes, bandeirinhas e congêneres em nossa folha de pagamento, nossa influência é tão grande e poderosa que nossos tentáculos se espalham por CBF e Governo Federal, Estadual e Municipal, quiçá (adoro essa palavra) a ONU. O Timão é mais poderoso que os Estados Unidos da América. É o Corinthians que vai conseguir a paz no Oriente Médio.

Claro, não se trata disso. É o que chamo de “efeito Brad Pritt” – o cara não tá nas cabeças porque é um excelente ator. Ele é só mais um rostinho bonito, sem talento nenhum, sacumé… No fundo, todos sentem um pouco de inveja dele. Todos querem ser um pouco Brad Pitt. Todos querem ser um pouco corinthianos.

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Café com Leite: Pedra no Sapato

Texto: Beto Almeida
Foto: Celio Messias (para o Lancenet!)


Você sabe quem é Guillermo Cañas? Se não sabe, explico. Tenista argentino, hoje aposentado, que nunca teve muito destaque no circuito profissional. Ganhou alguns bons torneios, porém nenhum de grande importância. Você sabe quem é Roger Federer? Se não sabe, explico. Tenista suíço, maior jogador em atividade atualmente, detentor de vários títulos do Grand Slam, quebrou quase todos os recordes do esporte e é considerado por muitos o maior tenista de todos os tempos.
“Mas essa não é uma coluna sobre futebol?”, você me pergunta. Respondo: É, sim. E, se faço essa introdução, é por um bom motivo. Pois, veja bem: Guillermo Cañas, o tenista mediano, é conhecido justamente por vencer quase todas as partidas que disputou com Federer, o melhor do mundo. Tal qual o Grêmio Prudente (ex-Barueri) é lembrado por ser uma pedra no sapato do Corinthians.
Sim, ladies and gentlemen, todos nós temos um nêmesis, aquela coisa que, por menor que seja, nunca conseguimos superar. Aquele cisco no olho que para os outros sai com um leve sopro, nós temos de enfiar a cara no ventilador. E ele teima em nos incomodar. Parece existir só pra isso, ser uma maldição na vida da gente. Mesmo na forma de um time de futebol.
Pois assim é o Grêmio Prudente (ex-Barueri). Sempre deu trabalho ao Todo-Poderoso, apesar de ser uma equipe nanica. São bem organizados, jogam direitinho e tal. Mas, poxa vida, é um time tão mequetrefe que vive de alugar seu nome para uma cidade ou outra. Pode?
Pode, e confesso que assisti o jogo de ontem apreensivo. Sabia que esse time ia dar trabalho pro Timão. Ainda mais quando nosso técnico insiste em escalar três volantes pra sair jogando. Não deu outra, o jogo começa bem equilibrado, mas aos 17 minutos o Grêmio consegue o primeiro gol da partida com Wanderley. Eu já sabia, e confesso que até fiquei curioso para saber como o alvinegro reagiria saindo atrás do marcador – teria capacidade de resistir ao golpe?
Teve, manteve a tranqüilidade e, aos trancos e barrancos, conseguiu o empate num lance de bola parada: Defederico (muito ansioso querendo mostrar jogo, foi regular) cruzou bola na área que Chicão ajeitou para Willian marcar, aos 32. Aí a torcida se empolgou, o time cresceu e passou a jogar melhor. Só que do outro lado tava a tal pedra no sapato, e aí…
Aí que o Grêmio Prudente (ex-Barueri) volta a fazer das suas e anota mais um gol com Diego em cobrança de falta, aos 44 minutos. Os times vão pro intervalo, eu vou pra padaria tomar café e aproveito pra fumar um cigarrinho no caminho. Tava nervoso.
Os times voltam, eu volto, começa o segundo tempo. O Corinthians fez uma alteração: Jucilei no lugar de Moacir, que não foi bem. Volta logo, Alessandro. E eu preocupado, porque o Mano insistia com os três volantes. Mas o Timão estava melhor em campo, tinha posse de bola, porém nenhuma criatividade para chegar ao gol. Parecia o São Paulo jogando. Ou seja, qualquer coisa era mais interessante que ver TV naquela hora.
E foi o que fiz, procurar no YouTube alguma música com o título “Pedra no Sapato” pra ilustrar a coluna. Então fui surpreendido pela expulsão de Mano Menezes por cornetar o juiz. Vendo que a vaca ia pro brejo, colocou Jorge Henrique e Bruno César, que deviam ter começado a partida, nos lugares de Defederico (deprimido pela não convocação para a seleção argentina) e Elias.
E Bruno César mostrou que tem estrela: na primeira vez que tocou na bola, cobrando uma falta, fez o gol de empate, num desvio do zagueiro do time que agora é de Presidente Prudente.
O fato é que a entrada desses dois jogadores melhorou muito a movimentação do time, que passou a pressionar muito mais o adversário. Meteu uma bola na trave, e no final quase Jucilei consegue a vitória, numa bola que passou rente a meta do goleiro Márcio.
Foi por pouco, bem pouco, que não conseguimos mais uma vitória. Tudo bem, um empate fora de casa não é mau negócio, mas do outro lado estava o Grêmio Prudente (ex-Barueri). Nossa pedra no sapato.