O ESCORREGÃO FATAL

Imagine o leitor aquele indivíduo que se prepara, que se dedica para determinada finalidade. A dedicação é tamanha que ele se sente pronto para fazer o que tiver que ser feito no momento em que ele está sendo posto à prova, naquela hora em que ele está em ação, em que a coisa é para valer e todos estão vendo, seja no trabalho, no estudo ou em qualquer outra atividade importante de sua vida. Contudo, apesar do devido preparo, da capacidade notória do cidadão em questão, ele erra, falha, nega fogo clamorosamente. Pois é, esta a história de Santiago Silva, jogador do Vélez Sarsfield, ao perder pênalti decisivo na vitória inútil por 2 a 1 contra o Peñarol pelas semifinais da Taça Libertadores da América quinta-feira, no Estádio José Amalfitani, em Buenos Aires.

Mier comemora gol do Peñarol

Após partida disputada no jogo de ida com vitória do Peñarol por 1 a 0 no Estádio Centenário de Montevidéu, semana passada, não restava mais nada à equipe argentina a não ser atacar e buscar a vitória por 1 a 0 ao menos, forçando a decisão por pênaltis. E assim começou o Vélez, incendiado pela torcida, tratando de pôr pressão sobre os uruguaios. Porém, na vida, as coisas não saem sempre como o planejado e foi o Peñarol quem marcou primeiro, tornando as coisas ainda mais difíceis para os donos da casa. Sob a liderança do jogador argentino Alejandro Martinuccio, que se livrou de dois marcadores para efetuar a assistência, Matias Mier concluiu a gol aos 33 minutos do 1º tempo. Festa do Peñarol e vibração do técnico Diego Aguirre.

Gol legal do Velez anulado. Sem impedimento.

As reclamações da arbitragem ganhariam mais força do lado argentino. Se no Uruguai, o árbitro paraguaio Carlos Amarilla anulara gol legal de Juan Manuel Martínez por suposto toque de mão, na Argentina o mesmo Martínez teria mais um gol legítimo anulado por impedimento. Em triangulação rápida com Maxi Moralez e Emiliano Papa, Martínez conclui a gol. Trabalho inútil. O árbitro chileno Enrique Osses confirmou lance fora de jogo e o Amalfitani entra em desespero. Aos 46 minutos, finalmente o gol de empate. Fernando Ortiz cobra falta na área e o goleiro Sebástian Sosa, ao melhor estilo voleibol, rebate com as mãos para frente, bem na direção de Omar Fernando Tobio, que conclui com facilidade. Era o que o Vélez Sarsfield necessitava para reiniciar a partida com novo ânimo no 2º tempo.

 E, se ânimo ainda fosse problema, nada melhor do que eliminá-lo imediatamente. Missão para Santiago Silva que, após sobra de bola em disputa pelo alto na área, concluiu livre de marcação. Era a virada do Vélez. Agora faltaria apenas um gol para a classificação. O estádio era vibração pura. Nem mesmo a expulsão de Tobio diminuiu o ímpeto da torcida.

Silva escorrega ao chutar.

Mas, a mesma mão invisível do destino que afaga também castiga. Aos 29 minutos, Martínez sofre pênalti de Guillermo Rodriguez. Nos pés de Santiago Silva estava a classificação. E justamente Silva, uruguaio de nascimento, desperdiça a cobrança. Um chute a gol com qualidade prejudicada devido a um escorregão. Torcedores atônitos, no banco o técnico Ricardo Gareca sentado sem reação. Fatalidades da vida que ocorrem, mas que depois judiam o pensamento e a alma de quem as sofreu. A classificação para a final do principal torneio continental de clubes se foi. Ficam a tristeza, as lamentações e os questionamentos interiores. Falta de sorte? Teria sido o orvalho que fez Silva escorregar? E se Silva tivesse optado por chutar de forma diferente? Tarde demais. Está feito. Peñarol na final. Torcedores uruguaios em êxtase no estádio. Uma equipe humilde com uma camisa pesadíssima, histórica. É a confirmação de novos tempos para o futebol uruguaio, não menos histórico, mas que andava em baixa há muito até a Copa do Mundo de 2010 com o quarto lugar da Celeste Olímpica.

Santos comemora 1º gol em Assunção.

Tradição de um lado, tradição do outro. Eis a final da Libertadores em 2011. Na quarta-feira, em Assunção, o Santos garantiu vaga após empatar em 3 a 3 com o Cerro Porteño.  Já aos 3 minutos de jogo, Zé Eduardo, de cabeça, abre o placar. Bom para o jogador, que já tinha nas costas 13 jogos sem marcar e bom para o Santos, que ampliava a vantagem para 2 a 0 no placar agregado (vitória por 1 a 0 em São Paulo). Aos 27 minutos, Barreto fez contra após falha geral dos paraguaios. César Benítez diminuiria aos 31, mas Neymar ainda faria mais um para o Peixe antes do final da 1ª etapa. O 2º tempo foi todo de posse de bola do Cerro. Lucero e Fabbro marcaram mais dois gols para os donos da casa. Sem efeito. Era necessário um improvável 5 a 3 para a classificação. Neymar e companhia na final. É mais uma chance para Muricy Ramalho mostrar resultados em competições eliminatórias. É a reedição de final de Libertadores de outrora. Os ares benfazejos de 1962 estão de volta.

Bem que a coluna tentou sentir mais compaixão dos gloriosos goleiros. Sim, eles, os guarda-redes. Profissão assaz difícil com dificuldades e responsabilidades diretamente proporcionais. A tentativa de deixá-los longe dos holofotes tem sido meta deste espaço. Pois é. Mas parece que eles pedem. É aquela história, falem bem ou falem mal, não importa, falem de mim. Assim sendo, mais um goleirão deste mundão entra para o nosso hall da fama “falhas grotescas por quê não?” Desta vez, diretamente do Paraguai. E foi exatamente aquele segundo gol santista acima mencionado. O novo membro da Academia Mundial de Frangos: Diego Barreto, arqueiro do Cerro Porteño. Será que Larissa Riquelme gostou? Acompanhe.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=hxDdg5g4sKI[/youtube]

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *