Da paixão

Finda a ressaca da eliminação do Todo Poderoso na Copa Libertadores da América (torneio meia-boca em que só fomos desclassificados porque não avisaram que o primeiro jogo com o time da calculadora – cuja torcida só faz número – ia ser uma partida de pólo-aquático) é hora de reavaliar todo o planejamento feito até agora para o ano do Centenário.
Vencer o Brasileirão tornou-se uma obrigação: nossa única oportunidade de ganhar um título este ano. Começamos bem, vencendo o Atlético Paranaense e garantindo três pontos em casa. Mas o adversário perdeu pro Palmeiras recentemente, ou seja, trata-se duma galinha morta. Assisti ao jogo e vi que o time ainda continua burocrático e previsível, sem a raça e a vontade de vencer que estamos habituados e esperamos ver de nossos jogadores.
Estreamos camisa nova, coisa boa para um recomeço. Mas o que fizeram com o nosso Manto Sagrado dá uma idéia da minha visão sobre o principal erro da atual gestão que comanda o clube: lotearam nossa camisa vendendo espaço publicitário até debaixo do sovaco. Transformaram nosso time numa máquina de ganhar dinheiro, muito lucrativa, mas fria e distante da massa fanática e doente pelo Timão.
Os preços abusivos cobrados pelos ingressos acabaram afastando os torcedores comuns das arquibancadas. O que antes era ato de fé passou a ser passeio turístico. A nossa vantagem é que a torcida corintiana é tão maravilhosa que mesmo esses turistas são corintianos, ou seja, uma multidão apaixonada que grita o jogo todo. Porém não criam o hábito de assistir vários certames no ano, e não tem coisa mais brochante que ver o Pacaembu com aqueles espaços em branco onde devia ter um monte de gente pulando e empurrando o time.
O elenco também tá inchado. Nada me tira da cabeça que algumas contratações foram feitas de forma equivocada. O Edu e o Marcelo Matos nem estão sendo aproveitados. Quais intenções motivaram essas contratações, então? Mistério… É óbvio que precisa haver uma reformulação, prometida pro 2º semestre. Mas o que me deixa puto é que a grana que o clube investiu nesses caras podia ser utilizada para trazer o Tevez de volta ao seu lugar de direito.
O Mano Menezes também pisou na bola gigante, montando um esquema de jogo de time gaúcho, que se pretende cerebral e eficiente. Traduzindo: segura na defesa e torce pro ataque fazer um gol. Só que ele não tá no São Paulo, aqui é Corinthians, mermão. A gente joga pra cima dos caras, com a faca nos dentes e dando show. Quem veste esta camisa não tem medo de enfrentar o adversário só porque tá na casa dele.
A verdade é que sou um romântico incorrigível. Há muito o futebol deixou de ser paixão pra se tornar um negócio. No mundo inteiro. Mas, uma coisa eu sei: se escrevo, o faço com paixão. Se amo uma mulher, o faço com paixão. Porque tudo que se faz com paixão, se torna mais gratificante e prazeroso. Não importa ganhar ou perder, mas há de se praticar a entrega apaixonada.

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