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TANTO LÁ QUANTO CÁ

Muito tem se falado a respeito da má qualidade das arbitragens no futebol brasileiro nos últimos tempos. Não à toa. Graças a episódios emblemáticos, a temática ganhou força no meio jornalístico especializado. A gota d’água na temporada ficou por conta dos episódios da partida Internacional x Palmeiras em Porto Alegre. Gol de mão de Hernán Barcos confirmado para, em seguida, ser anulado e muita confusão no final.

O momento do contato da bola com o corpo de Mauricio Isla

Mas, se serve de consolo (ou de  maior preocupação e decepção) para o mundo da bola tupiniquim, erros não são exclusividade do nosso futebol “extra comunitário”. A Europa tem se revelado pródiga em produzir erros de arbitragem.

O erro arbitral da vez no mundo da bola veio da Itália, mais precisamente do grande clássico entre Milan e Juventus realizado no último domingo no Estádio San Siro de Milão. Pior. Erro que influenciou diretamente a vitória milanista sobre a Vecchia Signora por 1×0, ainda que pese a boa atuação dos anfitriões frente aos atuais campeões nacionais.

 

Marco Van Basten presente em San Siro para o Milan x Juventus

Ainda procurando seu rumo na temporada, o Milan do técnico Massimiliano Allegri, entrou com disposição acentuada para tentar mostrar serviço frente a um grande adversário na temporada. Com enorme aplicação tática, os rubro-negros marcaram com força a Juve e foram melhores, especialmente na 1ª etapa.

Mas, apesar dos méritos da vitória parcial, o 1º tempo marcou o polêmico lance que causou a penalidade que gerou o gol milanista anotado por Robinho aos 30 minutos.

Em cabeceio de Antonio Nocerino, a bola tocou no corpo de Mauricio Isla, induzindo o árbitro Nicola Rizzoli a anotar toque de braço do chileno da Juve. Entretanto, para azar da arbitragem, os lances demonstraram que não houve toque irregular.

Em defesa de Rizzoli e de toda arbitragem, o lance, como de praxe, foi rápido. E, para dificultar o trabalho, Isla estava com o braço erguido, longe do corpo.

Não há dúvida, não se trata de lance inédito. Apenas representa os erros comuns cometidos pelos apitadores mundo afora. Mas, aí fica a questão. Mais por incompetência dos profissionais do julgamento dentro das quatro linhas ou mais pelo gigantesco nível de dificuldade que certos lances impõem?

Nicola Rizzoli

Para apimentar a discussão, o árbitro Rizzoli levantou pontos a ponderar para a imprensa italiana nesta semana. Segundo ele, há uma espécie de verdades paralelas no futebol. Há uma que acontece em campo com todas as suas nuances de velocidade e sons. Contudo, prossegue Rizzoli, aí vem a televisão para decompor imagens, torná-las lentas e alterá-las. E conclui ao afirmar que ela não dá certezas a respeito do que ocorreu no lance de Mauricio Isla.

Declaração filosoficamente empirista do árbitro italiano ao melhor estilo de David Hume. Dizia o filósofo escocês do século XVIII, ao analisar a questão estética do belo e do feio, que a beleza de algo ou alguém deve ser relativizada ao gosto de cada um. Ou seja, algo que é belo para um, pode não ser para outro.

Filosofias acadêmicas ou de boteco à parte, estaria Nicola Rizzoli demonstrando as dificuldades da arbitragem sem os recursos tecnológicos disponíveis? Seria um apelo embutido em suas declarações por ajuda extra campo nos momentos difíceis pelos quais passam os árbitros e auxiliares dentro de campo?

A questão continua polêmica, mas, de importante no episódio, está a questão das dificuldades da arbitragem em todos os cantos do planeta.

Enquanto isso, o Milan derrotava a Juventus por 1×0 em Milão. Sim, o Milan jogou bem, melhor no 1º tempo e capaz de suportar pressão de time tecnicamente superior na etapa final. Mas, fica algo que não há como tirar da partida. O gol da vitória veio em lance polêmico.

Para o campeonato, o resultado serviu para frear o ímpeto da Juve rumo ao bicampeonato, enquanto que o Milan conseguiu subir para a menos desonrosa 9ª posição na classificação com 18 pontos. Nenhum gran che, como dizem os italianos, mas, ao menos, algo que permite ao clube de Silvio Berlusconi sonhar com luta por vaga na Champions League da próxima temporada.

Confira os resultados e a classificação após a 14ª rodada que encerrou-se ontem com vitória da Lazio sobre a Udinese em Roma.

Palermo 3×1 Catania

Atalanta 0x1 Genoa

Chievo Verona 0x0 Siena

Pescara 0x1 Roma

Sampdoria 1×0 Bologna

Torino 2×2 Fiorentina

Milan 1×0 Juventus

Cagliari 0x1 Napoli

Parma 1×0 Internazionale

Lazio 3×0 Udinese

Times

P

J

V

E

D

GP

GC

SG

%

1   Juventus   32 14 10 2 2 29 10 19 76
2   Napoli   30 14 9 3 2 23 11 12 71
3   Fiorentina   28 14 8 4 2 25 12 13 66
4   Inter de Milão   28 14 9 1 4 26 16 10 66
5   Lazio   26 14 8 2 4 22 17 5 61
6   Roma   23 14 7 2 5 31 23 8 54
7   Parma   20 14 5 5 4 17 18 -1 47
8   Catania   19 14 5 4 5 18 20 -2 45
9   Milan   18 14 5 3 6 21 18 3 42
10   Atalanta   18 14 6 2 6 14 20 -6 42
11   Sampdoria   16 14 5 2 7 17 19 -2 38
12   Udinese   16 14 3 7 4 18 23 -5 38
13   Cagliari   16 14 4 4 6 13 20 -7 38
14   Torino   15 14 3 7 4 15 14 1 35
15   Palermo   14 14 3 5 6 14 21 -7 33
16   Genoa   12 14 3 3 8 14 22 -8 28
17   Chievo   12 14 3 3 8 13 25 -12 28
18   Siena   11 14 4 5 5 13 14 -1 26
19   Bologna   11 14 3 2 9 15 19 -4 26
20   Pescara   11 14 3 2 9 9 25 -16 26

O PÊNALTI DA DISCÓRDIA

Com mais futebol, volume de jogo, posse de bola e lance controvertido de penalidade máxima que talvez tenha alterado os rumos da partida, o Barcelona derrotou o Milan por 3×1 no Estádio Camp Nou nesta terça-feira e deu gigante passo para chegar a mais uma final de UEFA Champions League.

 

O lance capital do jogo. Pênalti?

Sim, final, pois em relação à semifinal vindoura, além de ser a quinta consecutiva do clube catalão, o adversário não parece assustar tanto assim como o Milan. Será?

Partida que contava com a volta de Cesc Fábregas no time titular escalado por Josep Guardiola em vez de Seydou Keita, como no jogo de ida em Milão. Mudança que significava mais ofensividade por parte dos anfitriões.

A partida começaria com o mesmo roteiro de San Siro: o Barça com maior posse de bola e o Milan atentamente observando a troca de passes catalã em verdadeiro exercício de paciência e concentração.

A primeira perfuração no ferrolho italiano ocorreria antes dos 10 minutos de jogo em jogada de Daniel Alves, passe de primeira de Fábregas que havia chamado a atenção de toda linha de zaga milanista que largou Lionel Messi e conclusão para fora do melhor do mundo.

Aos 10 minutos, o primeiro pênalti: bola roubada por Messi em falha de Philip Mexes. O argentino avançou, tocou, a bola foi interceptada por Luca Antonini, que ao ver Messi retornando de posição fora de jogo, correu desesperadamente até o argentino para corrigir o erro, mas cometeu penalidade. A dúvida ficou em suposto impedimento de Messi, mas como houve passe de Antonini, intencional ou não, o árbitro não pode ser criticado pela marcação.

Messi bateu no canto de Christian Abbiati e fez o primeiro.

Em seguida, o Milan fez o que deveria ter feito ao não desistir de sua proposta de jogo de marcar os anfitriões a todo custo.

O prêmio pela concentração milanista viria aos 32 minutos em boa jogada de Robinho que tocou para Zlatan Ibrahimovic que fez o pivô para Antonio Nocerino penetrar pela direita e bater na saída de Victor Valdéz.

Empate milanista que classificaria os visitantes. Era a pressão sobre os donos da casa que Massimiliano Allegri queria.

De fato, a partida encaminhar-se-ia para o intervalo com o 1×1, resultado que traria ingredientes de dramaticidade para a 2ª etapa, até que o árbitro holandês Bjorn Kuipers assinalou falta dentro da área de Alessandro Nesta em Sergio Busquets quando o italiano agarrava a camisa do espanhol. Tudo isso com Carles Puyol também empurrando Nesta quase que simultaneamente.

Marcação que causou surpresa até mesmo para os blaugranas, sem mencionar a revolta dos italianos.

Lance que fez com que Messi anotasse os 2×1 em Camp Nou. Lá estava o Barça novamente em vantagem, lá estava o Milan novamente tendo que buscar forças para recomeçar.

A disputa se encerrou aos 8 minutos do 2º tempo com lançamento perfeito de Messi para Andrés Iniesta concluir.

A questão referente ao segundo pênalti estava relacionada mais com o fato de a trajetória da partida ter sido alterada.

Uma virada de tempo em 1×1 daria mais competição e emoção à segunda etapa.

Significaria que o Milan teria vencido? Talvez, mas ainda assim com maior possibilidade para o “não” como resposta. Algo óbvio de se deduzir considerando a qualidade de ambas as equipes.

O que já foi exaustivamente dito e escrito deve ser repetido com o intuito de enfatizar caso haja qualquer sombra de dúvida: o Barcelona é o melhor time do mundo que possui em seus quadros o melhor jogador do mundo.

O Milan de Allegri, sabedor da dura realidade, adotou o velho e bom jogo italiano baseado no catenaccio, ou seja, o ferrolho, a mais pura retranca. Está no sangue do italiano, defender-se no futebol é uma arte. Só que isso não era suficiente. Era necessária maior qualidade na saída de bola milanista, algo que faltou. Somente Kevin Prince Boateng partia para cima quando detinha a posse de bola.

Contudo, funcionou em Milão. Poderia ter funcionado em Barcelona também, mas aí houve o pênalti marcado por Kuipers, dando outro desfecho para o jogo que teria sido muito melhor no 2º tempo em verdadeiro duelo de escolas de futebol. Quem teria vencido? Não dá para saber, apesar do favoritismo e superioridade do Barça.

Foi algo que disse Allegri na coletiva pós-jogo: “um pênalti nós os presenteamos, o árbitro os presenteou com outro.

No outro lado, festa em Barcelona pela quinta semifinal em sequência do time da cidade. Nada mal mesmo!

E a porteira está aberta para o Barça nas semifinais que agora enfrentará o Chelsea que derrotou o Benfica por 2×1 em Stamford Bridge nesta quarta-feira em boa atuação dos portugueses.

A questão é: o que este Chelsea de Roberto Di Matteo poderá fazer contra o todo-poderoso Barcelona? Não muito possivelmente.

Do outro lado da chave, o confronto Real Madrid x Bayern foi confirmado com nova vitória dos bávaros por 2×0 sobre o Olympique Marseille em Munique.

Já os comandados de José Mourinho se divertiram contra o APOEL e fizeram 5×2 no Estádio Santiago Bernabéu.

Tudo se encaminha para uma final entre Barcelona versus Bayern ou Real Madrid, mostrando o maior equilíbrio na chave bávaro-merengue.

 

 

NÃO ENTROU?

Em clássico marcado por erros de arbitragem, a Juventus arranca empate por 1×1 contra o Milan em San Siro e pode ter definido o destino do scudetto italiano já na 25ª rodada da Série A.

Gianluigi Buffon tirando a bola de "muito" dentro do gol

Empate que determina hegemonia da Juve nos duelos contra os milanistas na temporada. Em três confrontos, a Juventus venceu duas vezes (2×0 em Turim no 1º turno da Serie A e 1×2 em Milão pela Copa Itália), além do empate do último sábado.

Se o Milan é a grande força italiana em competições internacionais, no âmbito doméstico a Juventus mostra que predomina em relação a seus maiores concorrentes.

Quanto ao jogo, Antonio Nocerino abriu o marcador logo aos 15 minutos de jogo. Algo de alentador para quem não contava com Zlatan Ibrahimovic, artilheiro e principal jogador rubro negro.

Aí veio a polêmica. Gainluigi Buffon faz grande defesa parcial após cabeceio de Philipe Mexes, Sulley Muntari completa e Buffon volta a fazer grande intervenção, mas com a bola totalmente dentro do gol. O árbitro Paolo Tagliavento e sua equipe de auxiliares não viram nada, o jogo seguiu em meio a reclamações dos milanistas e, após contra ataque, Marcelo Estigarribia tentou, forçando Chistian Abbiati a fazer grande defesa.

Mais polêmica: Matri, autor de gol anulado, estava dentro de jogo

Estava instalada a discussão em San Siro.

Os argumentos dos piemonteses não eram dos mais fracos. Pouco antes do gol de empate, Alessandro Matri teve gol anulado após marcação de fora de jogo de Mirko Vucinic. O montenegrino estava adiantado, mas não participou da jogada, algo que não configura impedimento. Mais bate boca em Milão.

Aos 38 minutos do 2º tempo, Simone Pepe faz cruzamento e o próprio Matri empata.

Grande resultado para a Juve, que soma 50 pontos no 2º lugar, mas com uma partida a menos que o líder Milan com 51.

Para o Milan, foi-se a oportunidade do confronto direto.

Caindo pelas tabelas, a Internazionale foi a Nápoles e levou 1×0 do forte Napoli com gol do argentino Ezequiel Lavezzi. O Napoli, de olho na Champions League, é o 5º colocado com 40 pontos e a Inter cai para a 7ª posição com 36.

A Udinese permanece em 3º com 45 pontos após fazer 3×1 no Bologna fora de casa.

A Lazio fez 1×0 na Fiorentina no Estádio Olímpico de Roma e fica em 4º lugar também com 45 pontos. Briga de foice pela terceira e última vaga italiana para a próxima edição da Champions.

E a irregular Roma levou belo tombo em Bergamo ao perder por 4×1 da Atalanta. A equipe do técnico espanhol Luis Enrique fica em 6º lugar com 38 pontos.

Vida que segue no calcio, que vai bem na UCL com Milan, Napoli e a capenga Inter, mas fica devendo na Europa League com apenas um único representante sobrevivente nas oitavas-de-final: a boa equipe da Udinese.