RIP BB KING

Faleceu na madrugada desta sexta-feira, aos 89 anos, em Las Vegas, nos Estados Unidos, a lenda do blues, BB King.

Via @estadão

Uma noite de inverno definiu quem era BB King. No Arkansas, em 1949, quando ele tocava músicas de Pee Wee Crayton para animar o baile. Então um garoto com 24 anos com sua guitarra Gibson L-30 que havia acabado de comprar e turbinar com um captador a mais. Estava feliz e realizado mesmo na noite fria, aquecida pelos rodopios dos casais que um dia chamariam aquilo de rock and roll e pelo querosene que queimava dento de um latão de lixo colocado no canto do salão. As vozes então ficaram mais altas do que os solos e dois rapazes se agarraram aos socos. Saíram rolando pelo salão, derrubaram o latão e só pararam quando as chamas se alastraram pela casa. King, seus músicos e todos os dançarinos saíram quase juntos pela única porta do bar. Mas Lucille, não.

O fim de Lucille, escreveu BB King em seu livro de memórias batizado Corpo e Alma do Blues, lançado em 1996, seria seu fim também. Desnorteado, ele livrou-se dos amigos que tentavam contê-lo e correu pelas chamas para buscá-la. As vigas da casa já caíam quando ele a avistou. E assim descreveria o episódio, quase 50 anos depois: “Salto a viga no momento em que a parede desmorona atrás de mim… Abaixo a cabeça, abraço a guitarra e parto como um raio para fora. A noite é uma visão maravilhosa. Minhas pernas estão chamuscadas, mas minha guitarra está bem.” A história se tornou um clássico e Lucille, o nome da mulher pela qual os dois rapazes se engalfinharam naquele bar, ficou para sempre. “Com a possível exceção do sexo de verdade com uma mulher de verdade, nada me traz tanta paz de espírito quanto Lucille”, diria depois.

 

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