A polêmica que envolveu a NBA e o San Antonio Spurs fez renascer um assunto que merece uma reflexão para todos que gostam de basquete. A temporada da NBA tem jogos além do necessário?

Acompanho este esporte maravilhoso desde 1991 e o entretenimento que me traz sempre me fez querer mais. Quanto mais jogos melhor. Quando chegam as Finais de Conferência, a adrenalina está a mil, mas não me esqueço que já fico pensando que tudo está chegando ao fim e que até a outra temporada começar serão longínquos três meses sem a melhor Liga de Basquete do mundo.

O que não paramos para pensar é na condição física dos jogadores. Contusões e mais contusões acontecem com cada vez mais freqüência, inclusive com jogadores mais jovens. Problemas com média de público nos ginásios também são recorrentes. Existem também muitas reclamações sobre as longas viagens que as equipes fazem (e os EUA têm dimensões continentais, como o Brasil), jogos dois dias seguidos, às vezes até quatro vezes na mesma semana.

Será que não seria a hora de rever a necessidade de 82 jogos na temporada regular? Na semana passada o San Antonio estava em uma destas viagens, eram seis jogos fora de casa e o último era justamente contra o Miami Heat, com transmissão para o país inteiro. Ao invés de colocar o time completo, o treinador Gregg Popovich mandou de volta para casa quase todo o time titular do Spurs, o ala Tim Duncan e os armadores Tony Parker, Manu Ginobili  e Danny Green.

O que era para ser um encontro entre duas potências da Liga tornou-se um duelo entre o Heat e os reservas do Spurs. Popovich tinha razões para fazer isto, afinal, o Spurs tinha jogado cinco vezes em sete dias antes desta partida e não conta com um elenco jovem, principalmente o time titular.

Esta decisão deixou o comissário David Stern muito desapontado, afinal, era um jogo com ótimo apelo para o público e a NBA também sobrevive de acordos com TV’s, audiência e propaganda. A decisão foi aplicar uma multa ao Spurs de U$250.000, por “poupar jogadores de uma maneira contrária aos interesses da NBA”, segundo o próprio Stern, que completou: “de acordo com estas circunstâncias, eu concluo que o Spurs prestou um desserviço à Liga e aos fãs”.

É possível entender Stern, afinal, estes são os jogos que paramos para ver, pois traz mídia, provoca discussões e inclusive traz parâmetro para as equipes saberem onde estão, afinal, são possíveis adversários nas Finais. Por outro lado, se não fossem os tantos outros jogos sem a menor relevância, o técnico Gregg Popovich provavelmente não precisaria pensar no desgaste físico de seus atletas. “O que eu faço é sobre a perspectiva de treinador”, disse Gregg. “Acho que a Liga opera sobre a perspectiva de negócio, e isto se refletiu na atitude que tomaram”, analisou.

Consigo entender as duas partes e acho que o melhor seria realmente reduzir a quantidade de jogos. San Antonio e Miami se encontram apenas duas vezes na temporada, pois são times de conferências diferentes, mas contra times da mesma conferência uma equipe pode jogar até quatro vezes. É necessário tudo isto? É necessária uma viagem de sete dias com cinco jogos? Em minha opinião está faltando bom senso a NBA. Com uma quantidade menor de jogos, teremos mais qualidade, mais público, menos contusões e por aí vai.

E você, o que acha?