OS VERDADEIROS HERÓIS OLÍMPICOS BRASILEIROS

Ainda que pesem toda a capacidade e competência dos badalados jogadores brasileiros das seleções brasileiras de futebol ou de voleibol, por sinal, com chances de conquistar os respectivos ouros em disputa, é imperativo que outros atletas sejam erguidos à condição de verdadeiros heróis nacionais olímpicos.

Adriana Araújo (com o treinador Luiz Dórea) e Diogo Silva

Não, nada contra o sucesso, o status ou o dinheiro ganhos via meritocracia por prodígios como Neymar Jr., Thiago Silva, Oscar, ou mesmo os craques do vôlei como o capitão Giba, ainda que em menor proporção.

Somente que algumas histórias escritas por brasileiros na atual edição dos jogos olímpicos são comoventes, cativantes, frutos do mais puro amadorismo, no sentido positivo do vocábulo, isto é, algo feito unicamente pelo amor à atividade em questão.

É o caso da pugilista Adriana Araújo. Soteropolitana de 30 anos, treinada pelo conhecido Luiz Dórea, ex-treinador de Acelino “Popó” Freitas e conhecido também no UFC como mentor de Junior “Cigano”.

Araújo lutou contra todas as adversidades para chegar a Londres, principalmente quando ousou comprar briga política com cartolas da categoria.

Com toda a fibra possível, a baiana lutadora garantiu a medalha de bronze ao perder para a russa Sofya Ochigava. Foi a 100ª medalha da história do Brasil nos Jogos Olímpicos e a primeira da nobre arte pós conquista do legendário Servílio de Oliveira em 1968 na Cidade do México.

Com Adriana Araújo não há glamour, badalação ou frisson, mas, pelo menos, houve medalha no peito.

Ainda mais comovente, sobretudo pela ausência de medalha (perdida de forma dramática) é a saga do bravo lutador de Taekwondo, Diogo Silva.

Paulista de São Sebastião, no litoral norte do Estado, Silva foi a maior ilustração de gigantismo brasileiro nos Jogos Olímpicos.

No Taekwondo olímpico, tudo é decidido velozmente. A competição ocorre em dia único. Traduzindo: as medalhas veem a jato, em compensação, as lesões sem tempo de recuperação e as derrotas idem.

E lá estava o atleta militar. Sim, Diogo Silva é da Marinha do Brasil.

Nas quartas-de-final, uma bela vitória contra o jordaniano Mohammad Abulibdeh.

Nas semifinais era a vez de encarar o iraniano Mohammed Bagheri Motamed. Lesionado no pé, Silva levaria a luta de forma emocionante ao empate para ser declarado perdedor na decisão dos juízes. A pior das derrotas.

É aquela história, Abulibdeh é um astro na modalidade. Já Diogo Silva, como ele mesmo diria, é um operário por não possuir os mesmos recursos de treinamento que seu badalado oponente.

Na sequência, era a vez da luta pelo bronze. O adversário era o estadunidense Terrence Jennings, velho conhecido dos Jogos Pan-Americanos.

Silva buscaria improvável novo empate após sair perdendo no combate. Nos décimos finais, os juízes computariam golpe final de Jennings para revolta do brasileiro que sustentaria o fato do cronômetro já zerado antes da configuração do golpe. Placar final de 8×5.

Eis o retrato do bravo guerreiro Diogo Silva: batalhador sem incentivos maiores e, no final, sem a sonhada medalha.

Eis os verdadeiros heróis olímpicos brasileiros, Adriana Araújo e Diogo Silva, na frente de batalha contra tudo e contra todos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *