La Mano de Dios – Em busca do futebol bonito

Em busca do futebol bonito

Muita coisa tem sido dita a respeito da decadência do futebol mundial. Parece consenso entre os analistas do esporte que a partir da Copa de 1982 aquele futebol vistoso, de craques que jogavam com a bola nos pés sempre em direção ao gol, entrou em declínio, sendo rapidamente substituído pelo chamado futebol-força, de marcação pesada e resultados ínfimos. Afinal, ganhar de um a zero vale tanto quanto uma goleada, segundo os defensores desse estilo. O ápice desse futebol burocrático foi a Copa da Itália de 1990. 94 se salvou graças à brilhante atuação da dupla Bebeto e Romário, mas a final de 120 minutos sem gols entre Itália e Brasil mostrava que o fantasma ainda estava rondando os gramados.

De qualquer forma, a situação parece não ter melhorado tanto assim, principalmente em países de economias mais frágeis. Creio ser ponto pacífico que o futebol brasileiro anda cada vez mais insosso. Talvez o último time de encher os olhos tenha sido o Cruzeiro de 2003, o timaço de Alex, e hoje afirmo sem pestanejar que o Campeonato Brasileiro está excitante devido à indefinição do campeão, mas é ao mesmo tempo nivelado por baixo. Ou seja: todos os times são muito parecidos, com falhas grotescas em muitos setores. Vai ganhar o menos pior.

Por que a bola de nosso futebol anda tão murcha? Num país de clubes falidos, o assédio aos jogadores acima da média inevitavelmente leva à exportação desenfreada para outros países. Campeonatos e times mais bem-estruturados acabam levando nossos futuros craques muito cedo, esvaziando os times nacionais, empobrecendo nossos campeonatos e resultando em partidas ruins de se ver.

Onde está, então, o bom futebol? A Itália anda mal das pernas. A hegemonia milanesa acabou, é verdade, mas parece ter sido substituída pelo governo da Inter. Clubes como Juventus, Roma e Lazio não têm ainda a estrutura para fazer frente ao time azul e preto de Milão. Além disso, o futebol italiano é o símbolo máximo desse tão mal-visto futebol-força.

Espanha? Há tempos o Espanhol não era tão chato. Com o Barcelona em decadência, o domínio do Real Madrid parece ser inegável. Temos Villareal e Atlético de Madrid, é verdade, mas nenhum desses dois ainda mostrou-se capaz de fazer frente à hegemonia merengue. Outros times? Não… a Liga Espanhola parece ser apenas um Brasileirão com mais glamour e com a mesma falta de talento.

Alemanha e França não parecem dar nenhum sinal de alívio. O futebol de velocidade e força impera por lá. Além disso, se na Bundesliga temos um rodízio entre dois ou três times que vencem o campeonato, há sete anos o Lyon reina sozinho na Ligue.

Pois é, meus amigos, por onde anda o futebol bonito? Arrisco dizer que hoje ele se encontra na Inglaterra. O país que criou o futebol parece estar reinventando-o. Com o dinheiro suspeito injetado em muitos times da Premier League, ficou fácil encher de craques qualquer escrete. Haja visto o Manchester City, coadjuvante da pequena cidade inglesa, que trouxe Robinho aos gramados britânicos, além dos já famosos quatro grandes, Manchester United, Chelsea, Liverpool e Arsenal. “São só cinco times”, dirão alguns. Mas como jogam esses cinco! O clássico entre Manchester e Chelsea do último fim de semana foi um dos melhores jogos que eu vi nos últimos tempos. E acabou 1×1… o Arsenal vem jogando o fino há um bom tempo e mesmo assim não ganha nenhum título desde 2003/04, o Chelsea é até agora o eterno vice… mas como têm jogado esses times, todos turbinados pelas cifras astronômicas que trazem os maiores jogadores de todos os cantos do planeta!

A realidade é cruel. A cada dia a frase “o dinheiro faz o mundo girar” faz mais sentido no mundo do futebol. O Campeonato Inglês que o diga.

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