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Chazinho de Coca – Palmeiras 1X0 Atlético PR, em dois momentos: em campo e na delegacia.

Robert: Foto de Reginaldo Castro do LANCENET.


Em campo: Um grande Palmeiras de futebol pequeno.

A vitória do mandante Palmeiras contra o Atlético PR por 1X0 na 1ª partida válida pelas 8ª´s de final da Copa do Brasil está longe de ser um resultado ruim. Muito pelo contrário. Vencer sem levar gols é o objetivo primordial nesse tipo de disputa. O Verdão vai a Curitiba podendo empatar por qualquer placar. Derrota pelo mesmo placar leva aos pênaltis. Acima disso a vantagem passa a ser do adversário. Mas se o Palmeiras marcar um único gol, o Atlético é obrigado a fazer 3 para que possa se classificar. Uma boa para o Verdão, não?

Boa, mas poderia ter sido MUUUUUITO melhor.

O único momento em todo o jogo onde o Atlético incomodou a defesa verde foi na seqüência interminável de escanteios cobrados por Paulo Baier, todos vencidos por Marcos e seus guardiões. Fora isso, uma cabeçada já na 2ª etapa, defendida pelo Santo.

Pensa então o amigo desavisado que foi um jogo de ataque verde contra defesa rubro-negra. Engana-se.

Vontade não faltou ao Palmeiras. O que já é um ganho, levando em consideração a falta de vibração que acompanhou o time ao longo de todo o Paulistão.

Melhor organizado em campo, de fato, foi o Palmeiras quem impediu o Atlético de jogar. Mas acabou não sendo suficientemente capaz para proporcionar a si mesmo a oportunidade de fazer um bom jogo ofensivo.

De jogada bem trabalhada no ataque, só o lance do gol. Baita troca de passes entre Edinho, que de calcanhar deixou Robert em boa condição para marcar um bonito gol. Isso aos 14 minutos do 1º tempo.

Prenuncio de baile, que não veio.

Diego Souza escalado como segundo atacante, mais uma vez ficou só na intenção. Sem Cleiton Xavier, Lincoln foi o responsável pela armação. Começou bem, mas após o gol de Robert o Atlético foi pra cima e deixou espaços para o contra-ataque que Lincoln até alimentou, mas que só com Robert ligado e não sendo o homem certo para imprimir velocidade, acabou tendo limadas suas investidas.

Figueroa teve boa participação. Escalado no meio, acabou sendo mesmo um ala pela direita, tendo sempre Marcio Araujo cobrindo suas subidas ao ataque. Funcionou bem esse sistema de Antônio Carlos. O problema foi o ataque.

Tonhão demorou a mexer no time. Everthon, por exemplo, poderia ter entrado já no 1º tempo. Com sua velocidade o aproveitamento dos contra-ataques poderia ter sido mais eficaz. Mas entrou já no final e pouco produziu.

E Robert?

Ah, o Robert. Aquele mesmo que “não serve para jogar no Palmeiras”, chegou ontem ao seu 14º gol no ano. Bela marca, não?

É um cara que não foge do jogo, não se esconde. Se não é um primor de técnica, pelo menos faz a sua função, que é marcar gol. Importantes gols contra Santos, São Paulo, Paysandu, ontem. Sobre ele escrevi uma defesa e um pedido de desculpas há algumas semanas, confira:
http://ferozesfc.blogspot.com/2010/04/chazinho-de-coca-robert-o-homem-gol.html

No final das contas o resultado foi bom, mas não foi. O time jogou bem, mas não jogou. Deu para animar um pouco, mas não deu. O que quer dizer que o resultado poderia ter sido melhor do que foi. Que o time tem como e deve jogar mais do que jogou. E que apesar do entusiasmo da torcida, todos esperam mais desse time.

Sacou?

Veja o que rolou na partida:

Nota rápida: Fred esteve ontem no Palestra Italia acompanhando a partida. Perguntado sobre a razão de sua presença, disse que era para encontrar o “amigo Lincoln”. Será?
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Palmeiras 1X0 Atlético PR.

Na delegacia: Lamentável capítulo de racismo termina na delegacia.
D
anilo é um baita zagueiro. Eu acho, sempre achei. Técnico, não é de dar bicão pro mato. Sobe ao ataque como poucos da sua função e cabeceia bem.

Só que perto do maior zagueiro da história do Palmeiras e dos maiores de todos os tempos, ele fica pequeno. Ou alguém ousaria comparar Danilo a Luis Pereira? Qualquer zagueiro atuando hoje a Luiz Pereira? Não rola, certo? Certo.

Alguém avisa o Danilo que Luis Pereira é negro e que vestiu por longos e vitoriosos anos a mesma camisa que ele veste hoje? Muito grato.

Manuel deu cabeçada em Danilo? Deu. Tivesse visto o lance e o juiz deveria ter advertido o cara.

Manuel pisou em Danilo, caído no gramado após receber falta? Pisou. Tivesse visto e o juiz deveria ter expulsado Manuel.

Por que Manuel deu cabeçada em Danilo?

Diz ele que foi depois de ter sido chamado de “macaco” pelo zagueiro.

Ahhhhhhhhh, então houve uma motivação que extrapola qualquer análise dentro de preceitos do futebol.

“Dentro do campo de futebol pode tudo”, costumam dizer. Até a página 2 né, filhão?

Qual é o limite para um xingamento “aceitável” dentro de campo? Sei lá, mas parece haver um código de ética entre a boleirada.

Chamar de Filho da P*** pode. De safado, também. Dizer que a irmã do sujeito é uma belezinha pode? O Zidane não gosta, mas a maioria deixa passar. E chamar de corno, pode? Ih rapaz, Que loucura! Pode, Arnaldo?

Atos racistas não podem. Independe de código de ética sem pé nem cabeça da boleirada. Há muitos contextos a serem inseridos numa “simples” e infeliz ação como essa. Danilo é pessoa pública, ostenta uma camisa que o faz direcionar seus atos a pelo menos 15 milhões de pessoas, dentre as quais existem muitos com tendências racistas e que podem se espelhar no ídolo. Outras tantas que acabam entendendo o ato racista como também direcionado a elas.

E cuspir, pode? Creio que em qualquer pessoa de sangue meramente morno a atitude a uma cusparada recebida não seria das mais pacíficas.

Milton “Cabeça” Neves define bem as cusparadas nos campos de futebol:

“Cusparada na cara é a fratura exposta da alma”

Sei lá se é dele a frase. Mas escutei vindo dele.

Danilo errou feio. Um pedido de desculpas é o mínimo que se espera. Em público, diante das câmeras, com o arrependimento estampado na face. Um pedido de desculpas que deve também ser direcionado ao torcedor palmeirense e ao elenco do time, que certamente ficará sem o seu melhor zagueiro por algumas partidas.

Só lamentos para o Danilo.

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Vou me despedindo da nobre ferocidade que acompanha essa patacoada toda, mas não sem antes indicar o petardo sonoro que me acompanha na feitura desse post. Aproveitando a 3ª passagem dos britânicos pelo país e 3ª vez que irei vê-los de perto: Placebo – Ashtray Heart

Cheers,

Chazinho de Coca – Robert, o "homem gol", coloca o Palmeiras nas 8ª´s de final da Copa do Brasil. "Robert?" Sim, Robert.

Robert, artilheiro do Palmeiras na temporada, um dos artilheiros do ano no Brasil. Apesar de todos os pesares do seu time, é um dos ponteiros na artilharia do Paulistão e em menos de 3 meses já fez o dobro de gols da temporada passada.

É virtuoso? Não. Mata as saudades do Evair? Claaaaaaaaaro que não. Só que mais uma vez decidiu um jogo importante para o Palmeiras. Fazer gols o bichão sabe.

E aí, a culpa pela má temporada do time até aqui é culpa do Robert? Faço a pergunta a vocês, mas a mim também.

O Palmeiras pode ter alguém mais qualificado na posição? Deve. Só que Robert é um cara com o qual se pode contar, até porque as opções no mercado não são TÃO entusiasmantes. O Fernando Torres não vem. Então sejamos realistas.

Vindo de 3 resultados ruins, o Palmeiras conseguiu transformar a partida de volta pela Copa do Brasil contra o Paysandu, da 3ª divisão nacional, e um jogo de risco.

Com uma série de desfalques importantes como Cleiton Xavier, Everthon e Lincoln, ainda que tivesse vencido a partida de ida por 2X1, o Verdão (sim, Verdão, nada de Ex-Verdão como alguns abutres escreveram recentemente) não gerava plena confiança no êxito diante do Papão.

O jovem Bruno Paulo, recém chegado do Flamengo e apresentado na segunda-feira, foi para o jogo. O também jovem Ivo compôs o setor de armação com Diego Souza. Márcio Araujo caiu pela direita no lugar de Eduardo e Armero ficou na sua esquerda.

Há de se dizer que o Palmeiras não foi ameaçado um único momento do jogo. Marcos foi mero espectador e tivesse um cone da CET em seu lugar e o resultado seria o mesmo.

Mas a exibição ficou longe de arrancar suspiros. Com 219% da posse de bola, o time não sabia bem o que fazer com ela. Mostrando também a falta de confiança dos jogadores em tentar algo mais requintado. Toque pra lá, toque pra cá.

Bruno Paulo estreou até que bem. Buscou fazer jogadas individuais e sofreu pênalti ao ser derrubado por Paulão. Nada de escandaloso como o lance que viria a seguir.

Aos 29 minutos, Diego Souza cruzou da direita, o zagueiro Paulão, ele de novo, subiu já formando um bloqueio simples, com o bração escandalosamente esticado, tocando a mão na bola e tirando a criança da cabeça de Robert. O árbitro Pablo dos Santos Alves, de frente pra jogada, fez que não viu a mão escandalosa de Paulão, dando também a sua “mãozinha” para aumentar a tensão no Palestra.

Não houve reclamação acintosa dos jogadores, talvez por vergonha de transparecer que aquele pênalti não dado pudesse vir a fazer falta na contagem final. E não fez mesmo.

Diego Souza as vezes se lembrava que sabe jogar bola e criava boas situações. Mas eram highlights. Com Ivo mal no jogo, o Palmeiras dependia exclusivamente de Diego ou das subidas de Armero, que mais uma vez esteve bem. Pouco para um time como o Palmeiras.

Vendo que a pelota não chegava, Robert começou a buscar jogo na intermediária. Obviamente não obtendo êxito. Como dito acima, o figura não é um virtuoso da bola. E também não é ele quem tem que armar a jogada para si mesmo.

Na 2ª etapa o Palmeiras aumentou o ímpeto, talvez por notar que daquele mato azul e branco não sairia nada. Bruno Paulo tentou 2 vezes, sem grande eficácia.

Mas aí aos 15 minutos aconteceu o tipo de jogada que rascunha bem o que precisa acontecer mais vezes para que o Palmeiras obtenha vitórias mais tranquilamente, com mais naturalidade, sobretudo contra adversários que não lhe deveriam fazer cócegas.

Robert decide no Palestra – Foto de Reginaldo Castro: Lancenet

Armero fez uma de suas boas descidas pela esquerda e, sem afobação, ergueu a cabeça, enxergou Robert fechando no 2º pau e como que se levantasse a bola com as mãos, colocou na cabeça dele, de Robert, do jeito que ele precisa ser acionado, em condição de marcar, de matar. E ele marcou, ele matou.

Pois como já dizia o mestre Armando Nogueira – “No Futebol, matar a bola e um ato de amor”

Robert não matou a bola, matou o jogo. Decidiu de novo. Colocou o Verdão na próxima fase da Copa do Brasil.

Se não selou um pacto de amor com o torcedor, ao menos abrandou o clima pesado que pairava no Palestra e também deu um “xô” nos abutres que rondavam o Jardim Suspenso.

Vou cornetar um cara desses? Vou nada.

Deixo aqui para os filhotes que me acompanham, o petardo musical que esmerilha meus ouvidos na feitura do post: Muse – Sing For Absolution

Cheers,