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NOSSO MAIOR LEGADO OLÍMPICO: APRENDER A TORCER.

O Brasil não é potencia olímpica. E isso parece ter ficado bem claro, pelo menos para a massa mais atenta de torcedores. E nós, torcedores de uma forma geral, não sabemos patacoada alguma sobre a grande maioria dos esportes olímpicos.

O que não nos impede – e nem deve impedir – que torçamos pelo êxito dos atletas da nação. O que é diferente de torcer pelo “êxito da nação”, quando expandimos o conceito de “nação” para a maior parte das confederações e o governo, que nada ou muito pouco fazem pelo esporte.

Mas me parece que essa ducha de água fria, tardia é bem verdade, que tomamos com as “decepções” olímpicas pode ter servido para nos calejar. Pode nos ensinar também a torcer com coerência.

O Brasil produz pouquíssimos atletas de alto nível, daqueles que chegam a uma Olimpíada com status dourado. A esses poucos é depositada toda a esperança dos torcedores, que por sua vez comprou o discurso ufanista, pachequista e achista da maioria esmagadora da imprensa e das enganosas propagandas governamentais.

Este raro atleta brasileiro irá disputar o ouro, que lhe é conferido obrigatoriamente, contra outros tantos de mesma capacidade, mas muitas vezes de nações que não depositam neles a esperança de brilho no quadro geral de medalhas. Suas derrotas não lhes conferem status de vilões olímpicos. Mas aos nossos sim.  Pela expectativa desmedida, pelo isolamento sistêmico ao qual o raro atleta brasileiro de alto nível está inserido.

Mas OK, muito já foi dito sobre nossa maneira errada de torcer. Aqui quero chegar onde podemos chegar como torcedores.

E andamos apanhando bastante, muitas vezes da mesma mídia que nos vende gato por lebre.

A 1ª metade dos Jogos Olímpicos Londres 2012 nos reservou uma estréia gigantesca, com 3 medalhas, uma de cada cor, mas um restante de decepção de mesma magnitude. Até que surgiu Arthur Zanetti com um inesperado – e pouco acompanhado – ouro nas argolas. O 1º ouro olímpico não apenas do Brasil, mas da América Latina nesta modalidade. Um feito colossal.

Arthur não era dos atletas mais comemorados pela mídia. A grande maioria do público sequer sabia de sua existência. Agora sabe. Só não pode agora achar que toda vez eles será obrigado a ganhar ouro. Ele não disputa sozinho, ele não está no topo do esporte sozinho. E me parece que esse entendimento no torcer está sendo enraizado na mentalidade do torcedor médio brasileiro. As críticas e as piadinhas fora de hora parecem estar diminuindo. O aplauso pelo êxito do desconhecido, muitas vezes desfavorecido, anda dando um tom distinto ao nosso torcer.

A vibração pelo ouro de Zanetti veio na mesma proporção aos êxitos de Adriana Araújo e Esquiva Garcia. Boxeadores brasileiros que ao chegar às semifinais já garantiram ao menos o bronze. Bronzes que já reluzem mais que ouro. Medalhas que chegam por um esporte que não nos confere pódio olímpico há 44 anos, quando um gigante de nossa história trouxe um bronze que vale mais que diamante.  Adriana e Esquiva não são sucessores, são representantes da escola e do legado de Servílio de Oliveira. Heróis olímpicos vindos de um esporte de pouco/quase nenhum apoio ou de destaque na imprensa.

Os feitos desses atletas são maiores que as “decepções” de nossos grandes nomes. E admirar e torcer por essa gente me parece que será o legado positivo que esses jogos Olímpicos nos deixarão.

Temos ainda o renascimento do basquete masculino, que venceu a poderosa Espanha mesmo sabendo que entrariam no caminho dos imbatíveis estadunidenses. Da seleção feminina de handebol, que infelizmente foi eliminada há pouco pela Noruega, uma potencia desse esporte, “apenas” campeã olímpica e mundial, por 21X19. Uma campanha fantástica e que abre – ou deveria abrir – uma perspectiva de novos investimentos.

Precisamos aprender a esperar sim as vitórias onde somos poderosos, como no vôlei masculino e feminino e nas duplas de quadra femininas e masculinas. Mas se não vierem medalhas douradas, podemos dizer algo contra a seleção comandada pelo Bernardinho, por exemplo? Pra mim a mais espetacular seleção de qualquer esporte em todos os tempos, principalmente pelo tempo em que vem se mantendo no topo. Mais de década.

Mais do que esperar e torcer pelas vitórias certas, devemos aprender a exaltar as incertas – e a lamentar por serem incertas. Somente quando produzirmos atletas de alto nível em série é que poderemos comprar o discurso de potencia olímpica.

Comprar não, assimilar. Pois além de aprender a torcer, precisamos aprender a fugir da manipulação e do oba-oba desmedidos e oportunistas de épocas olímpicas.

70 ANOS DE MUHAMMAD ALI. UM MITO QUE TRANSCENDE O ESPORTE.

Por Ricardo Vieira

Como prestar uma homenagem as 70 décadas do maior de todos dentro dos ringues da nobre arte?

Seria fácil falar de todas suas lutas, vitórias inesquecíveis ou mesmo seu estilo de luta tão a frente de seu tempo, tão inerente a um gênio. Ao maior de todos eles!

Mas hoje gostaria de homenagear Ali por sua postura ao longo da vida, por se recusar a lutar em uma guerra que não era dele.  Tornando-se mais que um desportista, mas uma personalidade histórica com declarações como : “Nenhum vietcongue me chamou de crioulo, porque eu lutaria contra ele?”

Ali foi uma bandeira contra o racismo enraizado na cultura estadunidense de então. Mas também é reconhecido pelo carinho e respeito com que sempre tratou seus fãs. Isso tudo registrado em vários de seus documentários.

Não por acaso foi eleito “O Desportista do Século” pela revista estadunidense Sports Illustrated, em 1999.

Acredito que um ídolo não se faz apenas de talento e vitorias, mas também de postura e comportamento ao longo de sua vida.

Ali errou sim ao longo de sua trajetória, como todos nós humanos, erramos. Mas nunca falhou com sua imagem de campeão nos ringues da vida. Um legítimo mito daquela que é verdadeira nobre arte.

Parabéns mestre! Parabéns boxe!

 

Sobre o autor:

Ricardo Vieira pratica boxe há 10 anos. Como amador foi vice campeão da forja em 2007. Vice campeão nos jogos regionais de 2009. Semi finalista do torneio Kid Jofre em 2011. E respira boxe todos os dias de sua vida.

Holyfield encara Gigante russo.

Aos 46 anos, o ex campeão dos pesos pesados, algoz de Mike Tyson e orelha mordiscada, Evander Holyfield (do qual sempre fui fã), retorna aos ringues para tentar a conquista do cinturão dos peso-pesados da Associação Mundial de Boxe (AMB).

O oponente será o gigantesco russo Nikolai Valuev.
A analisar pelas fotos do oponente, deduzo que ou Holyfield perdeu alguns parafusos depois de tanta pancada na cabeça ou ele assistiu ao último filme do Rocky e se empolgou ou então esta precisando muito mesmo da grana.
Tire suas conclusões.

Vai Holyfield, não pára de lutar!