SOBRE TORCER E DISTORCER.

Texto – João Paulo Tozo

“…um país em que torcedor vai a campo torcer contra o próprio time e depois se queixa dos políticos que ele mesmo elege, sua alma e sua palma”

Se o futebol reflete em si e nos que o cercam muitas das facetas de nossa sociedade, a frase de Juca Kfouri citada acima traz a tona uma faceta bem feia de um filão dela. Rompe uma camada bem fina de civilidade e expõe as deformidades que por muitas vezes levam a massa a certas atrocidades.

TORCER significa: “Demonstrar (o apreciador de prélios esportivos) com entusiasmo, gesticulando e gritando, o desejo de que vença o clube ou equipe de sua simpatia”

A semântica do termo está aí. Mas quem torce de verdade pelo seu clube não precisa de explicações ou denominações, ele simplesmente exerce o torcer. Torce a favor da instituição com a qual ele simpatiza. Com a qual ele possui relações sanguíneas, espirituais, transcendentais, humanas, universais. Nunca ligações boçais, criminais.

Conheço a história de muitos clubes, gosto de futebol, de quem faz dele o mais incrível dos esportes. Mas meu coração pertence a apenas um. Aquele com o qual minhas raízes se confundem, se unem, mas nunca se punem.

Quando falo de futebol, falo do que eu gosto, do que me gera prazer. Quando falo do Palmeiras eu torço. Pelo Palmeiras eu torço. E só por ele eu torço.

O fato de eu torcer por ele, imediatamente impacta em torcer contra todos os seus outros rivais. Contra TODOS eles.

Só que para torcer contra eles eu não preciso torcer contra o Palmeiras. Como torcedor, torço para que o Corinthians seja derrotado pelo Vasco. Que deixe de ser campeão por demérito próprio. O que é diferente. MUITO diferente.

Nutro prazer pela rivalidade. Não pela imbecilidade de ver em meu contrário o meu inimigo. O meu rival eu quero vencer. Meu inimigo eu quero que deixe de existir.

No domingo, peço ao amigo palmeirense, torça contra o Corinthians. Nunca, jamais, contra o Palmeiras.

Se outros o fazem, deixe-os. Os outros são os outros. Zele pelo que é seu, pelo que é nosso. Pelo que por todos nós existe. Pelo que para todos nós continua surgindo alviverde e imponente nos gramados do mundo e nos orgulha tão profundamente na alma.

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