A fórmula da medicação continua sendo a mesma, mas os efeitos colaterais podem ser diferentes, essa é a sensação que temos ao ouvir o magistral Sweet Heart Sweet Light, do Spiritualized, e que indicam que se a cura ainda não está próxima, ao menos te deixa confortável para lutar por todas aquelas coisas que valem a pena.
Afinal “só os vivos podem sentir a dor.”
E Jason Pierce tem lutado pela sua saúde, se no trabalho anterior, Songs In A & E, ele parecia ferido pela dupla pneumonia que teve e por, segundos vários relatos, seu coração ter parado por duas vezes, nesse novo trabalho, que levou três anos para vir a tona, ele se mostra uma pessoa bem mais alegre que o habitual e um tanto quanto otimista.
Talvez porque o tratamento alternativo a que se submeteu para tratar de um fígado em muito mau estado, resultado de 22 anos de consumo de drogas, tenha dado algum resultado.
Tratamento que o fez ficar preso em casa, mas que permitiu-lhe fazer novas músicas: “Decidi gravar um álbum sobre estas novas drogas”.
Intencional ou não, J. Spaceman estabeleceu um modelo sonoro do qual ele nunca desvia e não dá espaço a imitações, e isso não faz dos seus novos trabalhos, algo menor. Muito pelo contrário.
E se o tema narcótico está de volta nesse disco, por ter sido o motivo direto dele ter sido feito, também não ficaram de fora suas pequenas sinfonias, os vocais gospel e toda a sua evocação a Jesus, presente em várias letras.
Ao que se sabe Jason Pierce não é um cristão praticante, como a maioria dos seus fãs também não são,
mas não se pode negar que essas canções de cunho mais religiosos, são de uma leveza sem igual, e quando você acha que está com seus pés no chão, olha lá você flutuando de novo, como um alento que tudo poderá se resolver.
A metade do ano nem chegou ainda e Sweet Heart Sweet Light é um forte candidato a entrar em um Top 3 decente de melhor disco do ano, assim como em qualquer lista de boas canções, a linda So Long You Pretty Thing, tem que estar.
Se você seguir viagens nesse novo disco do Spiritualized, será extremamente difícil você não compartilhar de todos os sentimentos que foram usados na construção dele.
Enquanto muitos pseudo artistas tupiniquins são reis com só uma canção, de regravações das suas próprias músicas, ou de regravações de outros artistas já consagrados, o lider do Spiritualized mostra que pode ser ele mesmo e estar sempre se superando, mesmo nas adversidades que as vezes a vida prepara para a gente.
Longa vida ao mestre Jason Pierce.
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