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O vexame de Rubinho


Falar bem de Jenson Button ou do ótimo desempenho da Brawn virou lugar comum. Vou gastar umas linhas aqui falando de Rubinho Barrichello.

Após obter a terceira posição no Grid Rubinho declarou que preferia a terceira posição à segunda para largar. Pois bem, é fato que o lado mais emborrachado, e portanto, mais favorável para largada no circuito da Turquia é o que tem as posições ímpares. Rubinho, tecnicamente, não estava de todo errado – sua declaração tinha lá algum fundamento.

Porém isso não é coisa que se diga. Parece coisa de mau perdedor, especialmente considerando que na segunda posição tínhamos, justamente seu colega de equipe, Button.

No domingo fiquei curioso para o desempenho de Rubinho. Será que sua tese se confirmaria e ele tomaria, com tanta facilidade como sua declaração faria supor, a posição de Button?

Ora ora. Rubinho mal largou. O carro refugou e o brasileiro caiu lá para além da décima posição. Tentou recuperar-se até atropelar uma Force India. Teve o aerofólio dianteiro quebrado e a corrida, que já estava prejudicada, perdeu-se de vez. Rubinho sequer a completou.

Rubinho vem sendo prodigioso em situações, no mínimo, constrangedoras – como puxar corinho de ofensa a Schumacher em uma danceteria.

Em que pese a segunda posição no campeonato de pilotos, pessoalmente considero essa temporada a mais frustrante de toda a carreira de Barrichello. Button está dando-lhe uma goleada. Foram seis vitórias contra nenhuma de Rubinho. Nenhuma vitória e o brasileiro não chegou sequer perto de uma.

Dessa vez não há desculpa de favorecimento prévio, de carro ruim, peso da expectativa pela morte de Senna. Não há nada: Rubinho tem que se haver com suas limitações, sem desculpas.

Rubens e a difícil arte da aposentadoria

Da coluna do Gerson Campos – Rubens e a difícil arte da aposentadoria

Olá, amigos do Yahoo! A partir de hoje passo a compartilhar com vocês toda semana este espaço para discutirmos o fascinante mundo da Fórmula 1, paixão que me faz acompanhar de perto tudo o que acontece dentro e fora das pistas desde aquele GP do Japão de 1988, quando um certo Ayrton Senna deixou para trás um francês narigudão (Alain Prost, me informei depois) e me mostrou por que aquele negócio de corrida de carro fazia tanto sucesso no mundo inteiro.

Bem, sem mais delongas. O assunto, é impossível fugir, é Rubens Barrichello e seu (até agora) fantástico retorno à Formula 1 com a Brawn GP, equipe reerguida por Ross Brawn sobre o espólio da Honda. Barrichello viveu mais que qualquer outro os altos e baixos de um piloto de F1: foram 271 participações em GPS (267 largadas), 9 vitórias, 13 poles, 62 pódios, 15 voltas mais rápidas, 530 pontos marcados, dois vice-campeonatos, o testemunho de duas mortes (a do austríaco Roland Ratzenberger, da Simtek, e a de Senna, no mesmo GP de San Marino de 1994), a frustração de nunca ter disputado um campeonato para valer (Schumacher foi campeão com muita facilidade em 2002 e 2004, anos em que o brasileiro foi vice) e a satisfação de ter sido um profissional de sucesso com mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 230 milhões) acumulados em salários e patrocínios nesses 16 anos de trabalho na principal categoria do automobilismo mundial.

O que mais, então, Rubens quer provar? Ou ganhar? É impossível responder por ele, mas depois de acompanhar os quatro meses de agonia de Barrichello em busca de um cockpit, é mais fácil acreditar nas palavras do próprios quando diz que quer só “correr pelo prazer de correr e fazer o que mais gosta na vida”. Por isso ele praticamente se humilhou por uma chance na Honda, saiu à caça de patrocínios para um lugar na Toro Rosso, “acampou” na porta da sede da ex-equipe em Brackley para conseguir a vaga e recebeu com o sorriso de uma criança a notícia de que era o titular daquele que tinha o maior potencial para ser o pior carro do grid.

Resultado: os melhores tempos dos treinos coletivos de Barcelona até agora. Diante do espanto geral, os rumores sugeriram que a Brawn estivesse andando com pouquíssimo combustível ou peso abaixo do regulamento (10 kg num carro de F1 já valem alguns décimos, e com 30 ou 40 kg a menos já se baixa mais de 1 segundo) para impressionar potenciais patrocinadores.

Mas você acha que Ross Brawn queimaria o pouquíssimo tempo que tem antes do início do Mundial, que começa em menos de duas semanas, com isso? Pouco provável. Conclusão: o carro nasceu bem. E isso não surpreende, já que o “pai da criança” é o mesmo Brawn que construiu as Ferrari do pentacampeonato de Michael Schumacher com a Scuderia. Outro fator que explica o bom desempenho do BGP001 é o fato de seu desenvolvimento ter começado no meio do ano passado, já que a Honda desistiu de tentar consertar a tranqueira que fez em 2008 e já partiu para o novo projeto antes do tempo.

Então era essa esperança de ter um carro vencedor que movia Barrichello a tentar desesperadamente continuar na F1? Não. Rubens é experiente o suficiente para saber que, quando o campeonato começar, as coisas vão voltar ao lugar. Ferrari, McLaren e BMW vão dominar, a Toyota deve andar como a melhor do “resto” e a Brawn GP, no máximo, vai duelar com Renault (Alonso já anda jogando a tolha na briga pelo título), Reb Bull (Sebastian Vettel seguramente já é um dos cinco melhores pilotos do grid) e companhia.

Mas, ao mesmo tempo em que Barrichello não acha que vai vencer, não quer apenas postergar a aposentadoria. Quer correr mais um ou dois anos e mostrar que não era apenas a sombra do companheiro de equipe na Ferrari, só mais um “brasileirinho contra o resto do mundo”, como chegou a dizer. Ou, talvez, quer só correr, fazer o que gosta.

E Rubens, no que deve ser seu último ano (quem agora tem coragem de aposentá-lo?), começa 2009 com dois ingredientes que lhe fizeram falta nos últimos anos: simpatia e torcida.

São reviravoltas legais de se ver, coisas bacanas que o esporte nos ensina. Mesmo para quem, como eu, já achava que o tempo dele havia passado.

http://br.noticias.yahoo.com/s/16032009/48/esportes-noticias-rubens-dificil-arte-da.html