La Mano de Díos – Bravos


Bravos

Um time de bravos. Foi isso que vi ontem no jogo entre Boca Juniors e Colo-Colo pela Libertadores da América. Jogando na Bombonora – só quem já pisou lá sabe o que é! – o time argentino precisava vencer para continuar vivo na Libertadores e tentar apagar o fiasco do jogo no Chile. E a batalha do Boca já começou épica: Riquelme não jogava, mero espectador devido a uma contusão. Há quem diga que ele é a alma desse time – eu mesmo pensava isso -, mas ontem vimos onze jogadores darem tudo de si numa partida.

Logo aos 22 minutos do primeiro tempo o jogo já dava sinais de que terminaria como um tango argentino: em tragédia. O jovem Monzón foi expulso em um lance infantil. E aos 25 o Boca viu Byzcaisacu marcar pelo Colo – Colo. Como se não bastasse, viu Palermo, o grande ídolo, perder um pênalti. Ele, que já perdeu muitos na carreira! Seria o bastante para calar torcidas no Brasil – mas não os fanáticos hinchas do Boca! Seria o bastante para derrubar muitos times no Brasil – mas não os bravos do Boca!

Seria o bastante para sepultar em campo muitos atacantes no Brasil – mas não Martin Palermo. Aos 29 ainda do primeiro tempo foi dele o gol de empate, metendo heroicamente a cabeça na chuteira do zagueiro chileno e empatando a partida. Gol que só aqueles que dão o sangue por um time seria capaz de fazer.

A batalha continuava, e aos 42 do primeiro tempo Byzcaisacu marcaria novamente. Tudo parecia perdido, parecia que a Roda da Fortuna girava mais uma vez e a imprevisibilidade do futebol dava mais uma vez as caras. Tudo parecia perdido, mas não para os quarenta mil fanáticos que lotavam a Bombonera.

E foi a alma desses quarenta mil que entrou em campo com o Boca na segunda etapa. A impressão que dava era de que o Colo – Colo jogava com um a menos, dada a fúria com que o Boca atacava. O gol não tardou a sair: 2 – 2 logo nos primeiros minutos. Gol de Gracian, substituto de Riquelme no jogo. Mais do que merecido. Talvez o gol mais importante de sua carreira.

A essa altura, o empate já estaria de bom tamanho para muitos times e muitas torcidas. A essa altura, o jogo já era memorável. Mas o Boca queria mais. Sempre indo para cima contra um Colo – Colo encurralado, impressionado com a entrega dos jogadores argentinos. Aos 15 minutos Palacio, o algoz, virava o jogo. Fortuna fazia a Roda girar mais uma vez. E se o Boca era só talento e garra do meio campo para frente, era uma muralha intransponível atrás, com Caranta sendo o colosso que barrou duas vezes as bolas que selariam o destino de seu time.

Parecia o bastante. E ainda assim não era. Cardozo consumava o ato ao marcar um lindo gol de fora da área aos 43 minutos. Mas como o jogo era na Argentina e nada é fácil para o Boca Juniors, o final foi digno das mais clássicas milongas: o Colo – Colo marca mais um aos 47 minutos. 4 – 3 para o Boca e fim de jogo.

A partida de ontem será um marco na história repleta de conquistas do clube Xeneize. Uma história de superação e de bravura. O dia em que dez foram onze, mil, quarenta mil, e mostraram que o Boca segue sim muito vivo rumo ao heptacampeonato.

Nunca a frase de Albert Camus, “a maior parte daquilo que sei da vida aprendi jogando futebol”, fez tanto sentido.

Rapidinhas: Semifinal com quatro grandes? Não se depender do Guaratinguetá. O time do interior venceu fácil seu jogo contra o Mirassol e segue em primeiro lugar na tabela do Paulistão. O São Paulo também venceu ontem sem passar sufoco e ocupa o terceiro lugar. Ao que tudo indica, um dos quatro grandes vai assistir as semifinais em casa.

Pois é, meus camaradinhas, não tem como não dedicar a música do dia ao time do Boca Juniors, um time de bravos:

Flicts – Canção de Batalha


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