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Lançamentos musicais, a cena, o que rola no mundo dos bons sons.

Intervalo Musical – Vamos Voltar à Pilantragem

Apita o árbitro ! Final do primeiro tempo. Hora o intervalo. E hoje vamos falar de música, cinema e futebol.

Em maio deste ano, assisti no cinema o documentário ‘Ninguém Sabe o Duro que Dei’, e recomendo, goste você ou não de Wilson Simonal.

Vamos à apresentação: Wilson Simonal de Castro, cantor, brasileiro, (Rio de Janeiro, 23/02/1938 – 25/06/2000), filho de empregada doméstica, era cabo do exército antes de começar a cantar e deu “um duro danado” ate revelar-se um “showman”. Começou cantando calipsos e rock em inglês e, de baile em baile, foi descoberto pelo compositor Carlos Imperial, o pai da ‘Pilantragem‘, que o levou para o seu programa de TV ‘Os Brotos Comandam’. No auge da carreira apresentava o programa ‘Show em Si Monal’ (primeiro programa de TV apresentado exclusivamente por um negro no Brasil)

 

O que era a Pilantragem?
Movimento cultural idealizado por Carlos Imperial, à pedido de Simonal, era o samba inspirado no soul e no rock (fazendo concessão ao uso da guitarra elétrica nos arranjos). Segundo o próprio Carlos Imperial: “pilantragem é a apoteose da irresponsabilidade consciente”.

O documentário mostra a vida deste artista genial, capaz de reger um coro de 15 mil vozes no Maracanãzinho (esta cena no documentário é de arrepiar). Mas além de mostrar o sucesso, mostra também a decadência e a pergunta que nunca calou “Simonal era ou não era um dedo-duro do DOPS (Departamento da Ordem Política e Social)?”.

O Crime:
Simonal achava que seu contador o estava roubando, contratou dois agentes do DOPS para torturar seu contador. Simonal, que já não tinha uma posição política claramente definida na época, declara: “Ninguém mexa comigo porque eu tenho amigos no DOPS”. Processado sob acusação de extorsão mediante seqüestro do contador, Simonal levou como testemunha o agente, que o apontou em julgamento como informante do DOPS, foi julgado culpado pelo seqüestro e referido como colaborador das Forças Armadas. Neste momento foi decretada a morte da carreira do Simonal, que foi banido por músicos e jornalistas, caindo no ostracismo. Somente em 2003 Simonal foi moralmente reabilitado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos, em julgamento simbólico. Tarde demais, infelizmente.

Com as declarações de Chico Anysio, Sergio Cabral, Miele (maravilhoso), Ziraldo e Jaguar, este que chora acompanhado de uma garrafa de cachaça, o documentário mostra que Simonal foi sim arrogante e pretensioso, ao mesmo tempo ingênuo, mas não um dedo-duro.

Algo que não sabia e descobri no documentário, foi sobre a amizade entre Simonal e Pelé. Simonal era garoto propaganda da Shell. O patrocínio ao cantor se misturava com o patrocínio à seleção brasileira da Copa de 1970. A Shell o levou ao México com seu grande amigo Pelé e cia., ele na condição de cantor oficial do Brasil.


Momento muito engraçado no documentário, é quando o próprio Pelé conta sobre a escalação de Wilson Simonal para jogar pela seleção na Copa. No primeiro treino Simonal quase morre com falta de ar, sem a menor condição física para jogar sai de campo carregado. Claro que tudo não passou de uma grande brincadeira, mas por incrível que pareça, Simonal acreditou que defenderia a “seleção canarinho” em um jogo de Copa do Mundo.

Fundador de um movimento cultural, apresentador de programa de TV, um grande comunicador cheio de empatia, carisma e “swing”. Gravou 21 LP’s, entre eles, ‘Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga’, só o nome do álbum já é espetacular, ‘Jóia’, que realmente é uma preciosidade, ‘Alegria, Alegria!’ e ‘Homenagem à graça, à beleza, ao charme e ao veneno da mulher brasileira’ .Cantou uma série de sucessos inesquecíveis como, ‘Mamãe Passou Açucar em Mim‘, ‘Sá Marina’, ‘Tributo a Martin Luther King’, ‘Meu Limão, Meu Limoeiro’ e ‘País Tropical’. Cantou contra o racismo e à mulher, cantou a alegria, a beleza e o amor.

Com muito gingado e uma voz poderosa, cantando “Nem Vem Que Não Tem, Nem vem de garfo, Que hoje é dia de sopa, Esquenta o ferro, Passa a minha roupa, Eu nesse embalo, Vou botar prá quebrar, Sacudim, sacundá, Sacundim, gundim, gundá!”, Simonal representou a pilantragem, conquistando tudo e à todos.

Culpado ou inocente?
Isso não importa mais. No final o que realmente pesa na história deste grande cantor, é a interrupção de uma carreira brilhante. Isso no país que adora esquecer e/ou perdoar pessoas como Jânio, Collor, PC e agora Sarney, Simonal pagou sua pena até o fim da vida, sem direito a anistia.

Hoje foi muito difícil escolher uma música.

DJ, toca esta por gentileza.

Chamada para próxima terça-feira: Intervalo Musical – Halloween

Intervalo Musical – Sons Preferidos

Chegou a hora do intervalo, portanto, 15 minutos para falarmos sobre música.

Não é novidade ou sequer algo desconhecido, mas como estou aqui sempre falando sobre o que eu gosto, sinto-me obrigada a falar deste álbum que, considero um dos melhores de todos os tempos. E não só eu, sempre que são feitas listas de melhores álbuns de todos os tempos por músicos e críticos, em qualquer veículo de comunicação, este disco sempre aparece entre os 10 melhores.

Comparo este LP à seleção brasileira de 1970, considerada a melhor equipe de futebol de todos os tempos com Pelé, em sua última edição de Copa do Mundo, Carlos Alberto Torres, Jairzinho, Tostão, Gérson, Piazza, Clodoaldo e Rivelino. É como se cada uma das músicas que compõem este disco, fosse um jogador desta seleção.

Pet Sounds, 11º álbum da banda The Beach Boys, de 1966.

The Beach Boys, nasceu na Califórnia em 1961, formada originalmente pelo genial Brian Wilson, seus 2 irmãos de Dennis e Carl, o primo Mike Love e o amigo Alan Jardine. Sofreram inúmeras alterações tanto na formação, devido a problemas com abuso de drogas, mortes e batalhas legais entre os integrantes, coisa de ‘estrelas’, quanto no estilo musical, influenciados por surf music, musica erudita, country, soul, blues, pop, rock, chegaram no art rock, este estilo caracterizado por seus ambiciosos temas e experimentações, teve seu inicio marcado com o lançamento do Pet Sounds.

O criativo Brian Wilson, surdo de um ouvido, insatisfeito com o seu grupo musical, após ouvir Rubber Soul dos Beatles e fortemente influenciado por Phil Spectro na época, contratou mais músicos de estúdio, utilizou instrumentos não usuais como cordas orquestradas, sinos de bicicleta, órgãos, flautas, sons de instrumentos havaianos de corda, latas de refrigerante, cães latindo, enfim, muitas idéias experimentais, e produziu o perfeito Pet Sounds.

Resultado: Um disco nobre, com letras, instrumentos e vozes na mais perfeita e sofisticada harmonia. Não existe uma única música mediana neste disco espetacular, possuindo uma das canções mais belas do mundo, inclusive na opinião de Paul McCartney, God Only Know, uma declaração de amor, um pedido de desculpas de Brian para sua esposa por seu comportamento instável, cantando “Só Deus sabe o que eu seria sem você”.

Meus pensamentos agora:
“Só Deus sabe o quanto este disco influenciou grandes nomes da música posteriormente.”
“Só Deus sabe o que seria de nós amantes do futebol sem você nossos times do coração.”

Incrivelmente não foi o disco mais vendido, aliás não passou a 10ª posição nas paradas Norte Americana, mas foi o que abriu as portas do Reino Unido para os rapazes da Califórnia.

Considerado o melhor álbum do rock dos anos 60 através das palavras do produtor George Martin (maestro e produtor dos Beatles) afirmando que “sem Pet Sounds não existiria Sgt. Pepper´s”, influenciou Beatles, que outrora foi influência, e também The Who. Até os Rolling Stones apreciaram muito e fizeram uma campanha para que seus fãs comprassem o disco. Sentiram o peso destes nomes? Deu para ter uma noção da importância deste disco? Se ainda existe dúvida, escute!

As demais faixas deste disco são todas merecedoras de incontáveis audições. Desde à surpreendente abertura com Wouldn’t It Be Nice e seus metais, passando pela dançante Sloop John B, até Caroline, No e sua letra lindíssima, todas únicas e inigualáveis.

Foto da capa, tirada no zoológico de San Diego.

 Faixas: “Wouldn’t It Be Nice”, “You Still Believe In Me”, “That’s Not Me”, “Don’t Talk (Put Your Head On My Shoulder)”, “I’m Waiting For The Day”, “Let’s Go Away For A While”, “Sloop John B”, “God Only Knows”, “I Know There’s An Answer”, “Here Today”, “I Just Wasn’t Made For These Times”, “Pet Sounds”, “Caroline, No” e “Hang On To Your Ego” (bônus incluído em algumas edições).

Curiosidade: O grande single, Good Vibrations, foi produzido durante a gravação do Pet Sounds, mas Brian excluiu do disco e lançou apenas em compacto. Sua justificativa foi não querer mistura-la com as outras faixas do álbum para não mascarar a força da composição.

Em Novembro de 2004 senti um imenso prazer, pois tive a possibilidade de assistir o show do Brian Wilson, jamais perderia este show. Ele e sua banda tocaram algumas músicas deste disco, e mais uma vez sorri, chorei, cantei e dancei, em meio a pessoas de todos os tipos e idades, embalada por meus “sons preferidos”, embalada por músicas que encantam sempre.

Esta é para você !

Intervalo Musical Bônus – Saudosismo Corintiano !

Hoje teremos Intervalo Musical Bônus, pois prorrogamos para TODAS AS TERÇAS-FEIRAS.

Mas, já que estamos aqui, vou aproveitar para mostrar dois presentes lindos que ganhei da minha amiga Luciana Cury.

Ela bem sabe que sou corintiana e também que sou apaixonada por música, por isso foi revirar sua imensa, antiga e divina coleção de discos de vinil para me presentear com estes 2 compactos históricos, para mim algo “invendável, inegociável e imprestável” (Parafraseando Vicente Matheus, referente o Sócrates)

Todos sabem que 1977 foi um grande ano para o Corinthians, quando o Timão ganhou o título de Campeão Paulista, pondo fim a um jejum de 22 anos e, em meio a uma grande festa veio o lançamento destes compactos:

TIMÃO MARAVILHA

Lado 1:
1-Timão Maravilha – Rick, Rock & Robyn

Lado 2:
1-Mulher Corintiana – Odair Cabeça de Poeta

Que maravilha, uma música para mim !

CAMPEÃO PAULISTA 77 – OS DEMÔNIOS DA GAROA

Lado 1:
1-Oi Nois Aqui Traveis
2-Hino do Corinthians

Lado 2:
– O Timão

Homenagem do corintianíssimo Demônios da Garoa, que dispensa qualquer apresentação.

VEJO TODOS AQUI NA TERÇA-FEIRA.

(ouvindo: The Pains Of Being Pure At Heart – Hey Paul).

Intervalo Musical – The Raveonettes 2009


O juiz apita, hora do intervalo. Na quarta rodada aqui no FFC entra o Intervalo Musical, com um belíssimo lançamento na área.
Mesmo sem fugir muito da fórmula já utilizada, afinal, em time que está ganhando não se mexe, porém, com uma porção à mais de pop, achei este disco excelente e merecedor de muitos elogios, o mesmo sentimento que tive com os discos anteriores.Não consigo dizer que este é o melhor álbum da banda, alias, não consigo definir o melhor e o pior entre os 5 albuns. Sem perder algumas características marcantes que identifica a banda, cada um tem algo que lhe é peculiar. Acho todos ótimos.

Conferi esta preciosidade e digo que é altamente recomendável !

A seguir, a 5 faixa do no disco. DJ, toca esta por gentileza.

Entra em campo The Raveonettes, fazendo um gol de placa com o lançamento do seu 5º álbum, In and Out of Control

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Os Raveonettes, formado por Sune Rose Wagner e Sharin Foo, duo dinamarquês de rock, usuários fiéis de instrumentos Fender, uniram-se em 2001 e até hoje me proporcionam prazer quando ouço suas músicas. Sharin, linda e dona de uma voz doce, encanta qualquer um tocando baixo, junto com Sune, vocalista e guitarrista competente que, com harmonia não deixam à desejar quando o assunto é rock.

Em Setembro de 2005, The Raveonettes era apenas um coadjuvante na edição do Curitiba Rock Festival, quando todas as atenções estavam voltadas para Weezer e Mercury Rev. Com bom entrosamente e presença de palco fizeram uma apresentação memorável. No final estava extasiada, fico feliz por não ter perdido este show.

Uma das musicas preferidas

 

Você ainda não conhece o In and Out of Control? Quer saber se vai gostar? Então vá direto a faixa 7, Suicide, senão ficar com vontade de ouvir novamente e nem de balançar o corpo, esqueça, Raveonettes não é a sua praia. Na primeira faixa, Bang!, a velha, boa e agradável melodia pop que logo de cara me conquistou. Destaque para Break Up Girls!, com guitarras “barulhentas” que lembram Jesus and Mary Chain, coisa que aprecio muito (não é por acaso que sou fã). E nada melhor que “Wine” para finalizar brindando tranqüilamente um grande disco.

Intervalo Musical – 90′s

90’s – O RETORNO

Certa vez assisti na TV Edgard Scandurra (guitarrista do Ira) falando, não me lembro das palavras exatas mas era algo do tipo, “no mundo rola uma coisa cíclica, e a cada 20 anos a moda volta”. Pensei nisso e achei perfeito.

Prova disso é que toda nostalgia que estava girando em torno da década de 80 está acabando, que bom, pois acho a moda nesta época desagradável, salvo uma porção de bandas. E quem está chegando? A década de 90. O que muito me alegra, pois foi a “minha época”, estava descobrindo o mundo, formando minha opinião e principalmente ouvindo muita música.

Quero deixar claro, gosto de música de todas as épocas, mas hoje o assunto será limitado.

Em meio a tantos avanços, mudanças e fatos históricos como o fim da guerra fria, globalização, popularização do celular, final de Copa do Mundo e um grito ecoando nos quatro cantos do Brasil “é tééééétra, é tééééétra”, vídeo games, dvd, Corinthians tricampeão brasileiro, browser, clonagem, São Paulo bicampeão da Libertadores, alimentos geneticamente modificados, reciclagem, fim da fila para o Palmeiras e uma Libertadores, teoria das cordas, dogma 95…, a década de 90 começa bem com a popularização do computador pessoal e da internet, junto com a explosão da MTV no Brasil, facilitando demais o acesso à música. Novas bandas surgiam a cada instante, e todas estas facilidades somadas a alta velocidade da informação, contribuíram muito para a divulgação e surgimento de novos estilos mas, simplesmente por gostar muito vou destacar bandas de rock, principalmente as independentes que são as maiores beneficiadas.

A música eletrônica se difunde com o rock e aparecem bandas como Nine Inch Nails, Rammstein, KMFDM e Ministry

Nas paradas de sucesso surge o grunge, trazido por bandas como Nirvana, Alice in Chains, Soundgarden, Stone Temple Pilots, Mudhoney e Pearl Jam. Tudo isso era bom, mas tinha muito mais para conhecer.

Simultaneamente conheci o pop rock britânico e, imediatamente me apaixonei. A grande maioria Influenciada por bandas da 1ª Invasão Britânica (quem leu a estréia do Intervalo Musical – The Rolling Stones, sabe do que estou falando, mas tratasse de outra década, portanto vamos manter o foco), surgem as conhecidas Oasis, Blur, Placebo, The Verve, The Charlatans, Belle & Sebastian, as minhas queridas Manic Street Preachers, Muse, Ocean Colour Scene, Pulp, Suede, Super Furry Animals, Ash…, sem esquecer a espetacular Spiritulized. Enfim, a lista é aparentemente infinita.

Acho Spiritualized tão espetacular que quero compartilhar:

Viajando para outro continente, chegando precisamente nos Estados Unidos da América, aparece outra lista gigantesca de bandas que descobri ao longo da década de 90, mas que até hoje eu ouço com prazer imenso. Bettie Serveert, Superchunck, Pavement, Weezer, Buffalo Tom, Velocity Girl e Nada Surf fazem parte desta lista.

E finalmente no Brasil, período fortemente marcado por Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A grandes colaboradores do movimento manguebeat, algo que considero realmente diferente além de ótimo e felizmente apareceu aqui, ainda mais considerando outras bandas que surgiram como Jota Quest, Raimundos e Charlie Brown Jr., que na minha opinião “ninguém merece”.
Lembro com carinho e sinto orgulho em dizer que fui nos shows do Brincando de Deus, Pelvs, Second Come e Low Dream, pois representaram muito bem o Brasil, e eu adoro.

Neste momento descobri o quanto é difícil falar de um assunto tão abrangente tentando não deixa-lo cansativo. Está faltando muito, portanto fique à vontade para citar alguma lembrança desta época que eu pequei deixando de escrever aqui.

Recebo de braços abertos o retorno da década de 90. Não sou retrógrada, também gosto do novo, mas um pouco de nostalgia não faz mal. É só para relembrar dos anos que eu efetivamente comecei a “viver”. Os anos dourados da minha vida.

Apesar de ser de 1983, esta banda marcou minha década de 90, presenciei muito “air guitar” nas pistas e é uma das minhas paixões da época. Sempre peço:

“DJ, toca esta por gentileza”