ABALOS SÍSMICOS ITALIANOS

Em semana em que a Itália, mais precisamente a região da Emilia Romagna, foi acometida por nova onda de terremotos após 15 dias dos primeiros tremores, outro tipo de abalo sísmico sacudiu o país, e mais uma vez envolvendo o calcio, para arruinar de vez a já combalida imagem do futebol local, dentro e fora de campo, adquirida nos últimos anos.

Stefano Mauri, capitão da Lazio, foi detido nesta semana em Cremona

Trata-se de novo escândalo de manipulação de resultados em jogos das Séries A e B locais, já apelidado pela imprensa da bota de Calcioscomesse (Apostas de futebol) que envolve nomes de jogadores, treinadores e dirigentes.
Novo escândalo que estourou na última segunda-feira quando a Polícia Judiciária, após investigações iniciadas pelo Ministério Público de Cremona e também conduzidas pelos seus congêneres de Bari e Nápoles (Operação Last bet, ou Última aposta), bateu à porta da concentração da Seleção Italiana, que se prepara para a Eurocopa a ser disputada na Polônia e na Ucrânia.
O motivo? Buscar o jogador Domenico Criscito, do Zenit de São Petersburgo, para prestação de depoimento sobre manipulação de resultados envolvendo casas de apostas e grupos internacionais.
Como resultado imediato, a Federação Italiana excluiu o jogador da Azzurra para o Euro deste ano.
E as investigações não param por aí.
Ainda mais constrangedora foi a detenção do jogador e capitão da Lazio, Stefano Mauri, da Lazio, em Cremona a fim de que fique à disposição dos investigadores e da justiça.
Além de atletas, outro nome de peso levantado pelo Ministério Público é o de Antonio Conte, atual técnico da Juventus, campeã italiana, que é investigado ainda como técnico do Siena, na Série B.
E o imbróglio vai mais além, atingindo um total de 19 pessoas suspeitas por ora.
Fenômenos geológicos à parte, a situação é calamitosa na Itália, a ponto do Primeiro Ministro Mario Monti ter declarado: “É necessário refletir e avaliar se não seria bom, por dois ou três anos, uma total suspensão deste jogo. Não é uma proposta de governo, mas uma pergunta a ser colocada”.
Vale lembrar que não é o primeiro escândalo do gênero envolvendo o futebol na Itália. O último, o Calciopoli, em 2006, custou o rebaixamento da Juventus para a Série B. Fato que causou enormes prejuízos para o clube mais popular do país dentro e fora de campo. Apenas recentemente, com a conquista do scudetto e com a inauguração do novo estádio, o período obscuro foi superado.
É mais um triste capítulo da decadência do calcio que outrora orgulhou-se de abrigar a liga nacional mais importante do mundo.
Resta saber se o país que mais pune crimes relacionados ao esporte mais popular do planeta conseguirá de vez extirpar tal mazela.
E mais, a chaga do mercado de apostas estaria a afetar outros países no mundo da bola? Ou será que somente a Itália realiza as investigações ao estilo “doa a quem doer”?
Fato é que o futebol italiano, já ultrapassado pela Alemanha nos rankings da UEFA, necessita repensar seu produto imediatamente, pois perde competitividade de forma evidente e enfrenta nova crise às vésperas da Eurocopa.
Definitivamente, não foi uma grande semana para a Itália, assolada por ondas de terremotos literal e metaforicamente.

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