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QUANDO TUDO PARECE NORMAL. SEGUE O JOGO

Odeio levantar polêmicas vazias, sem nexo. Mas algo tem me incomodado no meio futebolístico nos últimos dias.

No jogo frente o Guará, pela Série B, duas torcidas organizadas do Palmeiras iniciaram um conflito e o clube imediatamente foi denunciado pela ‘Liga da Justiça’ chamada STJD.

Mais para frente, na partida diante do Paraná, pelo mesmo campeonato, Valdívia forçou cartão amarelo e assumiu nos microfones o que tinha feito. Logo em seguida, na mesma noite, alguns jornalistas – “super éticos”-, entraram em contato com o senhor excelentíssimo Flávio Zveiter, questionando se o meia palmeirense não poderia ser punido pelo “inaceitável” ato. Ele disse que sim, e a polêmica se formou, tomando proporções desnecessárias perante o fato.

No fim da contas, o Palmeiras conseguiu se livrar das duas punições. E o melhor: não entrou em crise, como certamente aconteceria num passado recente.

Pois bem, há duas semanas, organizadas de São Paulo e Flamengo protagonizaram cenas dignas de selvageria nos arredores do Mané Garrincha, em Brasília. O que aconteceu? Nada.

No último domingo, na mesma “Arena”, o embate que era para ser no campo, tornou-se combate nas arquibancadas, entre as rivais desorganizadas de Vasco e Corinthians. O que aconteceu? Nada. Apenas a mesma ladainha de sempre por “alguns da imprensa” e poderosos da justiça. Segundo a galera do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o caso está sendo analisando e decisões serão tomadas. O que se vê até o presente instante são promotores de diversos setores ganhando espaço na imprensa, falando, falando, e não resolvendo nada. Normal.

E outra: um dos envolvidos na confusão entre corintianos e vascaínos é um daqueles que ficaram cinco meses detidos em Oruro, pela morte de Kevin Espada, no início do ano. Até um vereador da cidade de Francisco Morato estava no bolo.

Na tarde de hoje, terça-feira, 27 de agosto de 2013, o Corinthians soltou uma nota em seu site repudiando o ato dos envolvidos e pedindo punição severa. Fez o certo.

O real motivo pelo qual escrevo este texto é para cobrar o papel da mídia e governo na cobertura de determinados fatos, que usa de tratamentos desiguais para com alguns clubes conforme a cor da camisa ou influência política.

Questionamentos

– Será que teremos punição aos clubes?
– E aos envolvidos?
– O que vai mudar?

Provavelmente nada.

O que sei é que o arsenal de imagens é gigante para as autoridades fazerem seu trabalho e cumprirem a lei. Mas acredito que isso é pedir demais.

Alguns dizem por aí que temos que fazer por aqui o que aconteceu na Inglaterra, onde os vândalos foram colocados para fora dos estádios devido as seguidas brigas que aconteciam. Porém, muitos se esquecem que lá os ‘vândalos’, ou Hooligans, ainda existem, entretanto brigam do lado de fora ou em pontos estratégicos das cidades, como acontece por aqui. Sumiram dos estádios porque elitizaram o futebol, aumentando absurdamente o preço dos ingressos, o que também está acontecendo aqui, mas não por conta da violência, e sim de interesses políticos em privatização de Arenas e outras ilegalidades que me enojam.

E mais: na Inglaterra e, em outros grandes centros onde o futebol também é gigante, a lei se cumpre. Aqui, ela fica no papel ou engavetada.

Acreditar num mundo perfeito chega a beirar o ridículo, mas exigir o cumprimento da lei, no caso, de imprensa e governo, é nosso dever. Levantar esta discussão pode parecer leviano para alguns que se acostumaram com todo este circo. E isso é preocupante.

torcida

O DIA EM QUE O FUTEBOL PERDEU A IMPORTÂNCIA

Por Tiago Pimentel

Há quem diga que o futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes. Mas não foi assim no Recife, no dia 15 de abril de 2012.

Dia de Clássico das Multidões na Ilha do Retiro. Dentro de campo o Sport bateu o Santa Cruz por dois tentos a um, confirmando a melhor campanha na primeira fase do campeonato pernambucano. Mas nada disso importa.

Durante o jogo, começaram a pipocar nas redes sociais relatos sobre o vandalismo que estava ocorrendo no Estádio da Ilha do Retiro. Mas a estupidez uniformizada estava apenas começando.

Pouco depois, os relatos foram piorando, e davam conta de brigas e arrastões pela cidade. Torcidas uniformizadas invadiam bólidos para agredir e roubar passageiros. Tomo aqui a liberdade de transcrever um relato de quem experimentou momentos de terror dentro de um coletivo:

“Eu já não gostava de torcidas organizadas e depois do que aconteceu hoje comigo, fiquei ainda mais revoltado!
A TORCIDA JOVEM DO SPORT INVADIU O ONIBUS NO QUAL EU ESTAVA (CDU-CAX-BVG), E ROUBOU OS PASSAGEIROS, QUEBROU QUASE TODOS OS VIDROS, CAUSARAM BRIGA COM O MOTORISTA E O COBRADOR, ABRIRAM AS SAIDAS DE EMERGENCIA,BATERAM EM MULHERES, HOMENS,MACHUCARAM UM IDOSO NA FRENTE DAS CRIANÇAS QUE CHORAVAM DESESPERADAS AO VER O SANGUE  E O BARULHO. EU SO NÃO APANHEI, PORQUE ESTAVA NUMA JANELA E FUI ATINGIDO APENAS POR ESTILHAÇOS DE VIDRO…Foi uma cena que se estendeu por uns 15 minutos,nao deixavam o motorista parar em nenhuma parada….horrivel e lamentavel! que ninguem precise vivenciar o que eu vivenciei hoje! RIDICULO NAO SÓ PARA O SPORT,MAS PARA O FUTEBOL PERNAMBUCANO!”

Outro caso foi o do rapaz atropelado enquanto aparentemente fugia de uma briga. Mais tarde, no programa Lance Final da Globo Nordeste, as imagens era ultrajantes.

Nesse momento, todos os clichês possíveis passaram pela minha cabeça, afinal todos esses clichês são aplicáveis ao caso. Não está a se acusar uma ou outra torcida uniformizada, mas o ar de repúdio dirige-se a todas. Até porque esses indivíduos não torcem para time algum.  Na verdade, eles se colocam acima do clube, e acima do torcedor de bem.

O sentimento geral é de perplexidade em face de tanta cretinice e barbárie. Hoje em dia essa violência gratuita ganha ares mais perversos, quando esses imbecis uniformizados deliberadamente premeditam as brigas.

Por seu turno, o art. 288 do Código Penal é cristalino ao definir o crime de formação de quadrilha ou bando: “Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes. Pena – reclusão, de um a três anos.” Portanto, a conduta dos membros das torcidas organizadas é prevista por lei como crime. Isso sem prejuízo dos crimes previstos no Estatuto do Torcedor. No entanto, são tomadas medidas inócuas, como proibir as uniformizadas de frequentarem estádios, mesmo os tumultos não ocorrendo necessariamente no estádio. Isso porque, conforme explicou o juiz titular do Juizado Especial do Torcedor da comarca de Recife, Dr. Aílton Alfredo de Souza, a polícia não atua de forma hábil a produzir as provas necessárias para punir esses torcedores, portanto, o Poder Judiciário e o Ministério Público ficam de mãos atadas.

Enquanto isso, o futebol, que muito mais que uma diversão, é um verdadeiro patrimônio cultural brasileiro, está de luto. Afinal, como pensar nos quadrangulares? Como pensar nos lances polêmicos? Como pensar nos gols? Que me desculpem os mais aficcionados, mas nesse 15 de abril, o futebol não teve a menor importância.

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Tiago Pimentel é advogado, corintiano, paulistano e atualmente reside em Recife.

Chulipa Protesta – Cada vez menos futebol, e mais violência!

BASTA!

Clayton Ferreira de Souza – Fica aqui registrado o nome de mais uma vitima dessa m**** de violência que assola nosso país, não, não só do futebol, que no caso será mais relatado aqui, mas de uma maneira geral. É assim que vamos recepcionar nossos adversários na Copa do Mundo? Com tiros, pauladas, pedradas ? Assassinatos?  

É com esse pensamento senhor torcedor arruaceiro, que você sai de casa pra torcer pro seu time, você pensa que a vitória se dará embaixo de tiros, seu cretino idiota!
Torcida organizada! Nunca vi termo mais mal empregado, podia mudar pra GANG ORGANIZADA! RIDICULO, TRISTE!
Emboscadas, sangue! Enquanto dentro de campo vemos um futebol cada vez mais feio e pragmático!
E das autoridades, cada vez mais vergonhoso, CBF empurrando a responsabilidade pra policia, essa no entanto, sem condições minimas de conter tudo isso. Como meia duzia de carros vão conseguir coibir 500, 1000, 2000 torcedores?
Fogo, guerra, sofrimento!
Chega!
É burrice demais pra mim, imaginar que esses senhores engravatados que adoram tanto dinheiro, não se tocam que estão perdendo o mesmo dinheiro que tanto amam, talvez mais até que suas familias.
Cada vez mais, torcedores deixam de ir aos estádios por conta de animais que deveriam estar no Oriente Médio, e não indo ver seus times jogarem.
Cada vez mais aumenta a dependencia de clubes de cotas televisivas, por que contam cada vez menos com as rendas dos jogos.
Estão cada vez se afundando mais em todo esse CAOS!
E o que se vê pra solucionar isso? NADA. 
Alias, vê sim, muitas mãos LAVADAS!

Agradeço por esse espaço que tenho acesso, e poder fazer um pouco pela paz que os verdadeiros torcedores do esporte futebol merecem!

Seja Palmeiras, Corinthians, Vasco, São Paulo, Cruzeiro, Flamengo, Gremio, Inter, Atlético Mineiro, Coritiba, botafogo, Santos, Fluminense! Raça, religião! Nada disso é motivo pra se tirar a vida de ninguem! Ninguem tem esse direito! NINGUEM!

PAZ!

E mais FUTEBOL!

OBRIGADO!

A eterna lembrança

A eterna lembrança

Ainda na linha da Tragédia de Hillsborough, que hoje faz 20 anos, segue abaixo o link para o texto na Wikipedia sobre o ocorrido e a lista de livros indicados para quem deseja saber um pouco mais sobre um dos mais marcantes acontecimentos do futebol dos últimos tempos.

Os 96 daquele dia não devem ser esquecidos.

http://en.wikipedia.org/wiki/Hillsborough_disaster

  • No Last Rights: The Denial of Justice and the Promotion of Myth in the Aftermath of the Hillsborough Disaster; Phil Scraton, Ann Jemphrey and Sheila Coleman ISBN O-904517-30-6
  • Hillsborough: The Truth; Phil Scraton; ISBN 1-84018-156-7
  • ‘Death on the Terraces: The Contexts and Injustices of the 1989 Hillsborough Disaster’ Phil Scraton in P. Darby eta al (eds) Soccer and Disaster: International Perspectives ISBN 0-7146-8289-6
  • Scrutiny of Evidence Relating to the Hillsborough Football Stadium Disaster (Command Paper); Home Office; ISBN 0-10-138782-2
  • Sports Stadia After Hillsborough: Seminar Papers; RIBA, Sports Council, Owen Luder (Ed.); ISBN 0-947877-72-X
  • The Day of the Hillsborough Disaster; Rogan Taylor (Ed.), Andrew Ward (Ed.), Tim Newburn (Ed.); ISBN 0-85323-199-0
  • The Hillsborough Stadium Disaster, 15 April 1989: Inquiry by Lord Justice Taylor (Cm.: 765); Peter Taylor; ISBN 0-10-107652-5
  • The Hillsborough Stadium Disaster: Inquiry Final Report (Command Paper); Home Office; ISBN 0-10-109622-4
  • Words of tribute: An anthology of 95 poems written after the Hillsborough tragedy, 15 April 1989; ISBN 1-871474-18-3

A tragédia que mudou os rumos do futebol inglês completa 20 anos.

Estamos no Brasil e a realidade aqui é diferente. Mas falamos de futebol e ele é o mesmo esporte em todos os cantos do planeta bola. Será que precisaremos ter a nossa própria tragédia, o nosso próprio massacre para que os rumos do nosso futebol também possam ser alterados?

O site GLOBOESPORTE.COM trouxe hoje uma matéria tratando do tema e é impressionante como em muitos pontos podemos fazer paralelos entre o passado tenebroso do futebol inglês com a nossa atual realidade nos estádios brasileiros. Por sorte ainda não tivemos a nossa própria tragédia para retratar.

Segue a matéria com pontos destacados onde eu encontro esses paralelos entre o passado inglês e o presente brasileiro.
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Incidente no estádio Hillsborough vitimou quase uma centena de torcedores do Liverpool e se tornou um marco na modernização do esporte no país

Rodrigo Sirico – Rio de Janeiro

Em 15 de abril de 1989, a Inglaterra viveu a maior tragédia da história de seu futebol. Liverpool e Nottingham Forest se enfrentavam pela fase semifinal da Copa da Inglaterra no estádio Hillsborough, do Sheffield Wednesday. A superlotação de uma das alas do estádio levou à morte 96 torcedores do Liverpool. A tragédia é até hoje sentida pela torcida dos Reds, mas acabou por se tornar um marco para a modernização do futebol inglês.

Relatório Taylor

O incidente foi encarado como a gota d’água para que os problemas com o futebol fossem resolvidos. O Lorde Taylor de Gosforth foi designado para conduzir o inquérito sobre os motivos para a tragédia em Hillsborough. Suas conclusões foram apresentadas no que ficou conhecido como “Relatório Taylor”. As principais causas apontadas para as mortes foram a falha do controle policial sobre a multidão e a inadequação das instalações do estádio.

O relatório sugeriu algumas mudanças que foram prontamente atendidas. As principais diziam que os estádios não poderiam ter grades ou alambrados para separar o público do campo. Além disso, todo torcedor que comprasse ingresso deveria ter uma cadeira para ver o jogo. As “gerais”, áreas nas quais se vê o jogo de pé, teriam de ser completamente abolidas.

Havia também regulamentação para preços de ingressos, sobre a quantidade de bilhetes destinados à torcida visitante e outras regras. Com a modernização dos estádios, os clubes passaram a faturar mais nos dias de jogos. Este fator é considerado como um dos principais para a ascensão do Campeonato Inglês enquanto negócio.

Como aconteceu a tragédia

Curiosamente, em 1989, o Hillsborough era um dos poucos estádios na Inglaterra considerados aptos a receber jogos de grande porte, como era aquela semifinal de Copa da Inglaterra. Não só pela capacidade (mais de 50 mil pessoas à época), mas justamente por ter alambrado separando torcedores do gramado.(uma das razões para o desastre)

No fim dos anos 80, a Inglaterra vivia o auge do hooliganismo(vivemos o nosso hoje, não?). Os clubes do país estavam banidos das competições europeias exatamente pelo mau compartamento dos fãs do Liverpool. A punição se deu após a final da Copa dos Campeões da Europa de 1985, no estádio de Heysel, na Bélgica, contra o Juventus. Na ocasião, 39 torcedores, a grande maioria do Juventus, morreram imprensados contra um muro após tumulto iniciado pelos fãs dos Reds.

Tendo este quadro em vista, a Polícia inglesa perdeu o controle da situação e demorou a entender que o desespero das pessoas que forçavam as grades da beira do campo se dava porque elas tentavam salvar suas vidas. Ainda assim, dezenas de policiais, em vez de ajudar as vítimas, formaram um cordão de isolamento no meio do campo, temendo que os “invasores” partissem em direção à torcida do Nottingham Forest para brigar.

Segundo a investigação, a tragédia aconteceu porque os torcedores do Liverpool com ingresso comprado não conseguiam entrar no estádio. Como foi dado o apito inicial, houve empurra-empurra do lado de fora e um dos portões foi aberto. A multidão se dirigiu diretamente à ala central, onde não havia mais lugares (deveria ter sido conduzida às alas laterais, que tinham lugares). Os torcedores que estavam junto ao alambrado foram esmagados. No total, 96 morreram e centenas saíram feridos.

15 de abril vira data sagrada para o Liverpool

A data é digna de tanto respeito por parte do Liverpool que o clube chegou a pedir à Uefa que não marcasse seu jogo de volta pela Liga dos Campeões, contra o Chelsea, para o dia 15 de abril. A partida foi realizada nesta terça, 14 (empate por 4 a 4 classificou o Chelsea). No último sábado, antes do jogo contra o Blackburn, pelo Campeonato Inglês, o minuto de silêncio em homenagem aos 96 mortos na tragédia foi carregado de emoção.

O clube mantém em seu estádio, o Anfield Road, um memorial com os nomes dos 96 mortos na tragédia de Hillsborough. O local tem uma chama que nunca se apaga, em respeito aos que perderam suas vidas naquele 15 de abril de 1989.

O atacante Fernando Torres dedicou os gols que marcou nos 4 a 0 sobre o Blackburn, no último sábado, às vítimas de Hillsborough.

– Estes gols são para os 96 e suas famílias, porque sei que sábado foi um dia muito importante para eles. Foi nosso jogo em casa mais perto da data do incidente – disse o espanhol ao site do Liverpool.

Polêmica sobre ‘A verdade’

Uma grande polêmica se iniciou nos dias seguintes à tragédia e perdura até hoje. O tabloide “The Sun” publicou em sua capa uma manchete em letras garrafais: “A verdade”. De acordo com a publicação, torcedores do Liverpool urinaram sobre os policiais que tentavam salvar vidas durante o incidente. Ainda, equipes de salvamento teriam sido agredidas durante seu trabalho.

A versão foi passada à imprensa por uma fonte policial que não quis se identificar.

Outros jornais chegaram a publicá-la, mas deram menos destaque e, de uma forma geral, pediram desculpas nos dias seguintes.

O “The Sun” manteve sua versão e é alvo até hoje de boicote na região de Liverpool. O tabloide, que vendia cerca de 200 mil cópias por dia naquela área, até hoje não chega a vender 20 mil.

– Lembro-me de como os torcedores do Liverpool se ajudaram, auxiliaram os que estavam em dificuldades e resgataram muitos. Nunca vamos esquecer aquele dia nem as 96 pessoas que perderam a vida. O país compreende esta situação e existe um enorme apoio moral por parte da população. Nunca vamos esquecer a forma como os torcedores se entreajudaram. É esse o verdadeiro espírito do Liverpool – disse no último fim de semana o primeiro ministro britânico, Gordon Brown.

fonte:
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Eu disse no início da coluna que ainda não tivemos a nossa própria tragédia para retratar. Bobagem ou inocência a minha. Nossa tragédia é cotidiana e ela é deflagrada quando eu e você somos impedidos de sair de nossas casas com as camisas de nossos clubes de coração simplesmente por medo, por não saber se seremos agredidos verbal ou fisicamente nas ruas, nos metrôs ou nos bares. É também escancarada quando temos de estudar medidas como clássicos com uma torcida só ou mesmo nos inúmeros casos de mortes nas cercanias dos estádios.

Acho que já temos nossos motivos, não precisamos olhar a desgraça alheia para ver que precisamos de mudanças para ontem.