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RÁPIDAS E RASTEIRAS DO TRIO DE FERRO.

POR JOÃO PAULO TOZO

– A janela de transferências para o futebol árabe fechou, Valdívia ficou. Bom para o Palmeiras, para o torcedor que voltou a nutrir carinho e admiração pelo meia, mas será que foi bom para ele? Fontes confiáveis dão conta de que ele queria sim permanecer no clube, já que sua convivência com Felipão e a aceitação por parte do elenco nunca foram tão grandes. O empecilho é a distância de sua família, que se mostra irredutível em retornar ao Brasil após o caso do seqüestro.

Valdívia é ótimo jogador, disparado o melhor meia do time. Mas é inconstante, sobretudo quando não está focado. Se sua cabeça não estiver no clube, sua permanência pode não ser tão benéfica assim em um time fechado, que enfim atingiu a paz de espírito. Os próximos jogos deverão nos apontar as respostas para esse dilema.

Hoje contra o Bahia, Felipão deve armar o ataque com Mazinho e Barcos, apesar da ótima exibição de Obina no fim de semana. O velho Bigode quer valorizar o grupo que conquistou a Copa do Brasil, as peças que foram fundamentais. Mas ao meu modo de ver, cabe Obina e Barcos, sem que com isso Mazinho precise sair do time. Mais ainda hoje que Valdívia, lesionado, não joga. Um time com Bruno; Artur, Wellington (jovem zagueiro que vem mostrando muita qualidade), Mauricio Ramos e Juninho; Henrique, Araujo e João Vitor; Mazinho recuado e Barcos centralizado com Obina aberto pela direita, como aliás jogou boa parte da partida contra o Náutico, tem tudo para pelo menos não dar errado. Lembrando que na próxima semana o Palmeiras inicia disputa da Copa Sulamericana em mata-mata contra o Botafogo. Ter variações será fundamental na luta desse que certamente é o título a ser buscado nesse 2º semestre.

– O Corinthians venceu o Cruzeiro por 2X0 em grande exibição de Paulinho. Mais uma, como de praxe. É o termômetro do campeão da Libertadores. O Corinthians brilha e geralmente vence fácil quando seu volante/meia está inspirado. Penso com meus botões que, exceto Neymar, um extraterrestre, que se há uma vaga a qual deve haver um dono certo nessa seleção outrora brasileira, esta deve ser de Paulinho.  Não que hoje a seleção aponte verdadeiramente ou merecidamente quem é melhor, mas ainda nos serve como parâmetro.

Outro corintiano, geralmente desprezado, talvez por ser um jogador low profile da casta de Ademir da Guia – longe de compará-los em campo, pelo amor de san gennaro – mas que se fosse válida a velha máxima de que futebol é momento e hoje uma vaguinha nesse time do Mano, ao menos no banco, deveria ser dele, é o meia Danilo. Pense nos jogos decisivos do Corinthians nos últimos tempos. Em qual Danilo não foi fundamental, o diferencial? Mas para a Conmebol o melhor meia da última Libertadores foi o argentino Riquelme, que na final sumiu. Vai entender…

-No São Paulo a troca de Leão por Ney Franco mostrou resultados. Os mesmos. Aliás, os mesmos desde que Muricy Ramalho saiu. Um time insípido, com valores individuais interessantes, mas que parecem polarizar lideranças internas. Enquanto isso aguardam o retorno do Messias Rogério Ceni, de 39 anos e que não deve ter ainda muito tempo de futebol.

Que a presença de Ceni acabe com essas polarizações, já que com ele dentro é ele quem manda, o que é natural e merecido, não deve ser assim por muito mais tempo. Ceni é o filtro do elenco. Algo muito parecido com o trabalho que hoje vem exercendo muito bem Cesar Sampaio no Palmeiras.

Chamar Ney Franco de “Ney Fraco” não me parece justo, como não foi justa a maneira com que JJ espantou Leão do clube. Aliás, o único cargo que não foi mudado desde o tri do brasileirão foi justamente o de presidente. Perpetuado, auto condecorado dono do clube, Juvenal Juvêncio acelera na contra mão do que o futebol de hoje exige. Com ele o São Paulo fechou o único olho que tinha aberto nas épocas em que o futebol brasileiro era um reino de cegos.

Está perdendo jogos, está campeonatos. Está perdendo o terreno que a muito custo conquistou.

A BOA ESTRÉIA DE OBINA E A POSSÍVEL SAÍDA DE VALDÍVIA

Se brigar pelo título do BR12 parece ser algo bem improvável para o Palmeiras, dadas as distâncias na tabela e número de intermediários, mais improvável ainda parecia ser a possibilidade de brigar na parte debaixo da classificação. Rebaixamento não é sequer digno de cogitação.

Se a posição ainda não é digna de gerar tranqüilidade, sair da zona de degola traz de volta o alívio ao ambiente.

O bom jogo contra o Náutico voltou a mostrar que a equipe vive mesmo um momento de confiança. Não há no cenário brazuca nenhuma outra equipe tão superior tecnicamente, mas poucas vivem clima tão bom e com tanta confiança.

A estréia de Obina foi melhor do que o esperado. Bem fisicamente e bem encaixado no esquema, deu mostras de que pode formar a nova dupla com Barcos. Diferente do argentino, Obina cai mais pelos flancos. Vide jogada do 2º gol. E ainda que o mesmo diga que não tem o mesmo faro de gol do artilheiro palmeirense no ano, Obina teve participação nos 3 gols da equipe, assinalando o 1º, dando assistência para o 2º e chutando na trave a bola que deu em sobra para o 3º.

Por outro lado o time volta a conviver com a possibilidade de ficar se Valdívia. Dessa vez, entretanto, parece mesmo haver proposta.

Se tecnicamente o chileno muda o patamar do time quando está em campo, a verdade é que nesses dois anos foram poucas as vezes que isso aconteceu. Diversas lesões, problemas extra campo e extra esportivos deram ao torcedor poucas oportunidades de ver seu melhor jogador brilhar.

Hoje com o titulo da Copa do Brasil, a rara tranqüilidade no ambiente e tempo para planejar a equipe para a Libertadores de 2013, parece ser um momento propício para a direção recuperar um pouco do altíssimo investimento feito no retorno de Valdívia.

Óbvio que na mesma medida terá de trazer um substituto a altura, sabendo que Daniel Carvalho mesmo bem não é esse jogador. Mas se existe um momento ideal para realinhar alguns aspectos do time, o momento é esse.

E entenda, não sou favorável a venda simplesmente pelos lucros financeiros. O lucro de um time tem que ser, sobretudo, técnico. O ideal seria Valdívia ficar e trazer mais reforços de bom nível. Mas sabemos que não é assim que funciona.

O chileno é bom, tem identificação, mas foi sem ele que o time voltou a ser campeão.  Não existe “valdiviadependência” no coeso grupo de Felipão.

Só não pode transformar isso em novela. Afinal de contas o ambiente é bom no grupo. O clube continua o mesmo de sempre.

VERDÃO SUPERAÇÃO!

Em tempos de futebol “mimimi”, a noite da quinta-feira (21/06/12) abriu uma janela no espaço/tempo e proporcionou ao fã do futebol visceral um enorme deleite. Um legítimo jogo de Copa, decisivo a cada dividida, a cada carrinho aplicado.

Tenso, raivoso, provocativo, futebol. Estrelas em seus papéis de heróis e de vilões.

Tático e enfático, não sobrando pedra sobre pedra do alicerce do futebol cheio de regras de conduta dos dias de hoje.

Mais do que um revival noventista, Palmeiras e Grêmio escreveram uma página do futebol contemporâneo, mas com detalhes de uma época que deixou saudades.

A Arena Barueri é desgraçadamente mal localizada para o torcedor da capital. Mesmo saindo de casa com mais de 3 horas de antecedência, só consegui adentrar ao local e receber aquela carga vibratória que há anos não sentia a partir da 2ª etapa. Pouco/quase nada do jogo propriamente dito pude notar. Embora em um jogo como esse não haja muita coisa a se analisar, além de elencar os meandros, as passagens individuais, as vitórias e as derrotas dentro da vitória maior.

E se existe uma palavra para definir a classificação alviverde para as finais, nenhuma outra tem melhor encaixe do que “superação”. Não só de ontem, mas principalmente de ontem. Não só do time, mas da coletividade. Mas sobretudo de Valdívia.

Dando minhas duas mãos à palmatória. As mesmas que usei mais de uma vez para colocar em dúvidas não o seu seqüestro, mas as conseqüências que o próprio levou adiante em relação a sua permanência no clube. Hoje as utilizo para saudá-lo e aplaudi-lo não apenas pelo gol decisivo, recheado da frieza que os grandes nomes necessitam ter. Também pela mudança radical na postura do time após sua entrada, do toque de bola valorizado, das boas tabelas pela ala esquerda com o até então tímido Juninho. Mas sobretudo por Valdívia ter dado mostras de que nem toda a esperança depositada nele é descabida. De que ele dentro desse time tem que ser e pode ser preponderante. E que depois que decide, tem espaço e o direito de enfeitar o que pode  e o que  sabe. Que pode e deve dar, como deu ontem, os seus chutes no vácuo, os seus toques de calcanhar. Irritou e desestabilizou o forte adversário.

Com este Valdívia o Palmeiras é outro. É este que chega invicto a final da Copa do Brasil. É este que vai sendo reconduzido de volta ao patamar de sua história. Que tem sim um trilhão de problemas, que não pode iludir o torcedor de que agora tudo será diferente se nada além do campo for feito. Mas que sim, este Palmeiras está hoje e será, pelo menos até o dia 11 de julho, o Palmeiras grande que sempre foi. O finalista da Copa do Brasil.

UM PALMEIRAS QUE VENCE E AGORA CONVENCE.

É verdade que o Paulistão não serve como um parâmetro muito confiável para se realizar prognósticos da temporada dos grandes clubes.

Até o momento apenas uma vitória de clubes do interior contra os grandes: Mogi-Mirim 3X1 no time reserva do Santos.

Mas o que tem de ser feito nessas situações, o Palmeiras está fazendo e muito bem. De patinho feio entre os 4 grandes, agora é o único invicto (não perde desde o início de novembro ou 19 jogos), tem o ataque mais positivo da competição (30 gols) e um repertório variado de jogadas.

O gol de Barcos após linda jogada no melhor estilo linha de passe corrobora com a tese. Marcos Assunção é ainda uma arma mortal, embora seja mais uma delas e não a única. O time não depende mais de Valdívia para mudar de patamar.

E agora o Palmeiras não apenas vence, mas convence – e goleia.

O Botafogo é um dos virtuais rebaixados e é uma costumeira vítima das goleadas verdes. Vide os 8X0 no Paulistão de 1996. Mas os 6X2 de ontem mostra o abismo que há entre os times da capital e os do interior. Só que o Palmeiras tem refinado essa amostragem.

Pode não ser ainda o melhor time do país, mas pode chegar entre eles.  Mais do que isso, o Palmeiras dá ao palmeirense algo que há muito não oferecia – confiança.

O domingo que teve a tarde recheada de gols alviverdes, terminou com uma goleada de hinos dos bons sons. Um dos maiores ingleses vivos brindou os apreciadores da boa música, num dos shows mais aguardados dos últimos anos.

Ex-líder do lendário Smiths, Morrissey desfilou clássicos seus e de sua antiga banda.

Quando “How Soon Is Now?” veio para o front foi impossível não lembrar das tantas vezes em que o hino foi responsável por air guitars isolados, voltados para as paredes dos inferninhos da paulicéia, com um ainda juvenil espírito cheio de sonhos e vontades. Ontem, naquele momento,naquela “How Soon Is Now?”, aquele espírito voltou a vibrar na mesma sintonia de outrora.

Mais sobre o showzaço do Morrissey virá mais tarde, na coluna de Alan Terriaga.

Despeço-me com a “How Soon Is Now?” de ontem:

 

 

Cheers,

O 8 OU 80 DE ARNALDO TIRONE. E O PALMEIRAS TENTANDO RESSURGIR NO CENÁRIO.

Sejamos justos. Se em 2011 a administração de Arnaldo Tirone mereceu nota 0, nesse início de 2012 ele vem dando demonstrações de que quer tirar notas mais altas.

Se quando as coisas dão errado o culpamos, acho justo que quando começam a funcionar façamos o mesmo tipo de análise.

O surpreendente contrato com a Kia, a contratação de Barcos e agora a um passo de anunciar Wesley. Tem gente bancando que vem mais por aí, entre jogadores e mais patrocínios.

Em campo o time vem mostrando que pode voltar a brigar diretamente contra os rivais. No clássico contra o Santos, a lesão de Valdívia tinha tudo para ter sido lamentada ao final da partida. Não que não tenha sido. Mas a grata surpresa com o bom futebol de Daniel Carvalho, que substituiu Valdívia, além da força do time para conseguir a virada contra o campeão da Libertadores , ganharam mais destaque por parte de Felipão do que a perda de seu camisa 10.

Destaques individuais chamam a atenção também. Cicinho fez partida irrepreensível no aspecto ofensivo e sobretudo defensivo, quando teve que marcar “apenas” Neymar. Juninho também começa a se soltar pela esquerda e mostrar o bom futebol dos tempos de Figueirense. Se o ataque ainda peca na hora de finalizar, o meio campo cria inúmeras oportunidades, além de gerir um domínio de maior posse de bola.

Não é um time de futebol vistoso, mas mostra estar bastante competitivo. As chegadas dos tais “camarões” podem dar o que ainda falta ao time – condição de desequilibrar uma partida onde o time joga de igual para igual, como a de ontem.

Detalhe: Em 11 clássicos disputados no estádio Eduardo José Farah, em Prudente, o Palmeiras venceu 8 e empatou 3. Não conheceu ainda derrota na quente cidade do interior paulista.

Despeço-me da camaradagem ao som do Stone Roses – Made of Stone

 

 

Cheers,