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Programa Ferozes Futebol Clube #62 – 14/07/2015

Confira o que rolou no programa Ferozes Futebol Clube de número 62, veiculado no dia 14/07/2015 na Rádio Antena Zero. Neste programa rolou um especial sobre as bandas que fizeram parte da cultura mod, além de comentários sobre o campeonato brasileiro e a movimentação do mercado no futebol internacional. Aproveite para nos seguir por lá, e não deixe de ouvir o programa todas as terças às 17h00 na Antena Zero.

Aqui, os 4 blocos do programa, já na sequência:

https://soundcloud.com/ferozes-futebol-clube/ferozes-futebol-clube-62-bloco-1

https://soundcloud.com/ferozes-futebol-clube/ferozes-futebol-clube-62-bloco-2

https://soundcloud.com/ferozes-futebol-clube/ferozes-futebol-clube-62-bloco-3

https://soundcloud.com/ferozes-futebol-clube/ferozes-futebol-clube-62-bloco-4

 

FUTEBOL E ROCK N ROLL: DOIS MUNDOS EM UM SÓ

Futebol é rock n roll quando jogadores se transformam em rock stars midiáticos, atraindo atenção de público e crítica para seus passos dados dentro e fora dos gramados. Quando a vida desregrada torna-se objeto de avaliação, crítica ou admiração de torcedores.

Edmundo, Adriano, Garrincha, Casagrande, Ronaldinho, Cantona, Best, Zidane, Puskas e muitos e muitos outros. Não necessariamente roqueiros fora dos campos, mas rockers em essência. Sobretudo se você acreditar na máxima de que rock é muito mais do que um estilo musical, mas um estilo de vida.

Os roqueiros dos palcos que dominam suas massas em arenas ou no palco acanhado do boteco da esquina. Esses também convergem seus mundos em teatros de sonhos na vibração de seus fãs como torcedores das pistas que empunham guitarras imaginárias como se fossem flâmulas da agremiação do coração.

Futebol e rock n roll caminham e se complementam em situações que fogem em muito o mundo de metáforas e paralelos. Tornam-se únicos quando o torcedor do palco empunha seu instrumento e extrai dele o grito e o som que muitas vezes cai na voz do torcedor da arquibancada que em uníssono o transforma no combustível dos rockers dos gramados para conduzir o seu instrumento de trabalho as redes adversárias.

Como quando Roger Daltrey do The Who, torcedor fanático do Arsenal da Inglaterra, entoa o hino “Highbury Highs” para os milhares na despedida emocionante e histórica do mítico estádio Highbury, que seria demolido dali alguns dias.

 

 

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=7iX5sUKzkh0[/youtube]

Como quando o ex Oasis, Liam Gallagher, torcedor símbolo do Manchester City, regrava com sua atual banda, o Beady Eye, a convite do fornecedor de material esportivo do clube, o clássico eternizado na voz de Elvis Presley, “Blue Moon, em peça publicitária de lançamento da nova camisa do clube. A regravação já tomou conta das arquibancadas nos jogos do City, como pode ser notado ontem na final da Supercopa da Inglaterra. A peça já foi reproduzida aqui no FFC, mas nunca é demais revê-la:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=L7zDWpNBc3s[/youtube]

Acontece também em situações que seriam inusitadas em qualquer universo, menos no dueto futebol/ rock n roll. Como por exemplo na mais do que mera simpatia que os membros do Faith No More desenvolveram pelo Palmeiras, muito em virtude da influência dos irmãos Cavalera, é bem verdade, mas nem por isso menos intensa. Como você pode notar na declaração de Mike Patton no show que o FNM realizou em 2009 em São Paulo:

No mesmo Faith No More, mas no já longínquo ano de 1995, no infelizmente extinto Monsters Of Rock, o baixista Billy Gould fez o show trajado com a clássica camisa “adidas/coca-cola” do Palmeiras. Veja:

Outro ocorrido insólito nesse dueto futebol/ rock n roll acontece quando alguns músicos de Manchester resolvem batizar sua banda com o nome de “Wagner Love”. Sim, em homenagem ao ex centroavante de Palmeiras e Flamengo, atual CSKA e que jamais vestiu camisa alguma de clube algum clube inglês.  Já li que os caras dizem que o som da banda é uma mistura de Teenage Fanclub com Oasis, o que mostra que o bom gosto dos figuras vai além do gosto pelo futebol, embora a “mistura” de Teenage com Oasis deles deu em algo mais parecido com Jamiroquai, como você pode ver no vídeo da música “Doin It”:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=HSLkzBrF3Ls[/youtube]

A colisão dos dois mundos faz o caminho inverso quando o maior jogador de nossos tempos, o argentino Lionel Messi, decide que irá conseguir reunir os irmãos Liam e Noel Gallagher em uma hoje pouco provável volta do Oasis. Messi que foi apresentado ao Oasis pelo também hermanito, Carlitos Tevez,  até já criou sua banda cover de Oasis. SÉRIO! Mas infelizmente não achei vídeo da banda do genial baixinho argentino. Achei sim uma matéria da TV argentina que fala sobre essa ambição de Messi. Veja que as prediletas do cara são Supersonic e Live Forever. Sensacional!

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=c5dgKu_FEEM[/youtube]

Como costumo dizer, a criação do Ferozes FC nunca foi por acaso. Os dois mundos a que nos propusemos abordar sustentam nossa existência.

E se você se lembrar de outras associações entre os dois mundos e quiser recomendar vídeos ou matérias, fique a vontade. A casa é sua.

Despeço-me da ferocidade com um vídeo daquele Monsters Of Rock de 1995, quando Billy Gould do Faith No More usou a camisa do Verdão e o figura do Mike Patton mandou o petardo em “português”. FNM – Evidence:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=mSIYxOroxHw[/youtube]

Cheers

REVISITANDO SANTOS x PEÑAROL NA LIBERTADORES

A hora está chegando. Final da Taça Libertadores da América batendo à porta. Só que desta vez com ingredientes especiais que atendem pelas alcunhas de Santos Futebol Clube e Cub Atlético Peñarol. O que muitos ignoram é que a final da Libertadores de 2011 traz a reedição de duas disputas parelhas entre estes dois monumentos do futebol sul-americano. Disputa que está empatada no torneio continental. Um final feliz para cada lado e muita luta entre ambos.

Equilíbrio nos confrontos diretos gerais. 5 vitórias para o Santos, 4 vitórias para o Peñarol e 3 empates. Foram 24 gols santistas e 19 da equipe uruguaia. Na Libertadores, foram 6 confrontos com 3 vitórias cada. Os encontros ocorreram nas edições de 1962 e 1965. Sim, equilíbrio é a palavra. Uma vitória para cada lado em jogos de ida e volta que forçaram a realização de jogos extras. Pois é, era assim naqueles tempos. Nada de prorrogações, decisões por pênaltis e adjacências. Igualdade total no duelo significava jogar novamente até a solução da controvérsia. Fórmula de disputa que teria vida longa (foram também em 3 partidas que o Flamengo foi campeão contra o Cobreloa em 1981). O inchaço dos calendários e das competições não permitiriam mais tal luxo. Isso posto, nada melhor que recordar os confrontos entre Santos e Peñarol nas edições da Libertadores de 1962 e 1965.

1962 – O primeiro título do Santos

Capa de Pot Luck

Em 1962, Brasília já era a capital federal, o Chile era sede da Copa do Mundo e o planeta já conhecia seus “reis”. Enquanto que no Brasil, Pelé, já consagrado na Seleção Brasileira, reinava absoluto nos gramados, os Estados Unidos da América do presidente John Kennedy idolatrava um novo estilo musical. Filho do blues, o rock’n’roll dominava as paradas de sucesso do país. O grupo de New Jersey “The Four Seasons” ganhava as paradas da Billboard com seu hit “Big girls don’t cry”. Mas tanto quanto cá, os americanos já tinham entronizado um ícone: Elvis Presley. Nos idos de 62, Elvis já se tornara ídolo não só na música, mas também no cinema. E, atacando em duas frentes, dois álbuns do rei do rock bombavam nas paradas. “Pot Luck” trazia o hit “Kiss me quick”. Já na dobradinha música-cinema, o álbum trilha sonora “Girls! Girls! Girls!” para o filme de mesmo título alavancava ainda mais o nome do astro nas duas mídias. Elvis sabia das coisas. É só dar uma olhada abaixo para entender.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=UoJLoNkSYqo&feature=fvsr[/youtube] 

Girls girls girls

Eis o cenário cultural para a Libertadores. Um torneio bem diferente do atual. Apenas 10 equipes lutando pelo caneco, sendo a primeira fase disputada por 9 times divididos em 3 grupos de 3. Cada campeão de grupo avançaria para as semifinais e  juntar-se-iam a Peñarol, campeão de 1961.

 O Santos, vencedor incontestável de seu grupo, eliminaria o Universidad Católica chileno (1 a 1 e vitória por 1 a 0). O Peñarol, entrando pela via rápida graças às prerrogativas de campeão, encararia o rival local Nacional. Em três jogos (derrota por 2 a 1, vitória por 3 a 1 e empate por 1 a 1), os atuais campeões passariam à final.

Final definida e o primeiro jogo no estádio Centenário de Montevidéu. Vitória santista por 2 a 1 de virada. Sem Pelé, Coutinho encarregou-se de fazer as honras com dois gols.

Galera na Vila para Santos x Peñarol em 1962

O jogo de volta na Vila Belmiro seria marcado por uma garrafa arremessada a campo, por 90 minutos jogados, apenas 51 valendo e volta olímpica santista por nada. Alegando falta de segurança e pressão da torcida santista, o árbitro chileno Carlos Robles não considerou os 39 minutos restantes. Pepe faria o gol de empate no período. Ninguém do Santos sabia da decisão peculiar da arbitragem e os jogadores trataram de comemorar. Tudo em vão. Placar final oficial: 3 a 2 para o Peñarol.

Para a terceira partida, o Estádio Monumental de Nuñez do River Plate foi o palco escolhido para o tira-teima. É incrível, mas muitos no Brasil não acreditavam mais no Santos. Vários eram os motivos: jogo em Buenos Aires, local próximo a Montevidéu, possível animosidade da torcida local (os dirigentes santistas queriam jogar em Lima), enfim, aquelas coisas extra-campo. Pois é, esqueceram que Pelé estaria de volta após recuperar-se de contusão. Aí já era, fatura liquidada. O maior do mundo estava lá, de volta para detonar. E não somente Pelé. O maior ataque do mundo estava em ação em terras portenhas. A escalação era de impor respeito, temor e tudo mais: Gilmar, Lima, Mauro e Dalmo, Zito e Calvet, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. 4-2-4 puro. Logo aos 10 minutos Coutinho (com o toque final de Caetano anotando contra) abriu os serviços. Pelé acabou com o 2º tempo, marcando aos 3 e aos 44 minutos. Santos 3 a 0 e campeão da Libertadores. Confira alguns momentos.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=0OT_DgpWV58[/youtube] 

1965 – A revanche “carbonera”

Passariam três anos até que o Peñarol tivesse a chance de devolver a derrota de 62. O tão esperado momento chegaria para os uruguaios nas semifinais da Libertadores de 1965. Quase tudo como em 1962. Seriam necessárias três partidas para a definição do adversário do Independiente, que eliminaria o Boca Juniors na outra chave.

Três anos também foi tempo suficiente para várias mudanças. Brasília já estava nas mãos dos militares. Castelo Branco presidente. A história diz que Castelo era bem intencionado, que pretendia devolver o País aos civis. Enfim, oficialmente, o golpe militar já tinha rolado e fato é que seus sucessores recrudesceram a situação. Nos Estados Unidos, Martin Luther King marchava por direitos civis.

O rock’n’roll deixara a adolescência descompromissada de 1962 para se tornar “mainstream”, não apenas divertido mas crítico, música engajada a serviço de um mundo melhor, mais justo e livre. Revolução em ambos os lados do Atlântico.

Capa de Highway 61 revisited

Na América, Bob Dylan lançava discos que o colocavam anos-luz à frente de seus congêneres. Só em 65 foram dois clássicos: “Bringing it all back home” e “Highway 61 revisited”. Daí surgiram canções como “Like a rolling stone” e “Subterranean homesick blues”. Sob influência de Dylan, bandas como The Byrds tornaram-se sucessos comerciais no país ao lançar, ainda em 65, o álbum “Mr. Tambourine” (regravação de autoria de Bob Dylan). A California dava as caras com os Beach Boys dentro da vertente soft. Confira Dylan em ação em vídeo inovador para a época.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=d_ujAXxNxU0[/youtube]

Rubber soul, 1965.

No Reino Unido, os Beatles e os Rolling Stones já estavam nas cabeças das paradas de sucesso. O quarteto de Liverpool vinha com “Rubber soul”, atacando com os hits “Drive my car” e “Nowhere man”. Genialidade de sempre da dupla dinâmica Lennon-McCartney e capa psicodélica para o LP. Sem falar no The Who, que trazia toda ira adolescente ao lançar “My Generation. The Beatles e The Who a seguir.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=0cj6zHzTumE&feature=related[/youtube]

 [youtube]http://www.youtube.com/watch?v=7xZOrWK6d4g[/youtube]

 Estádio do Pacaembu, São Paulo. No primeiro jogo, placar típico da época: 5 a 4 para o Santos. Com apenas 7 minutos, o Peixe havia marcado 3 gols. Os 3 a 0 parciais deram falsa impressão de goleada e jogo fácil. Ledo engano. Bobeada santista e reação carbonera. No final, placar apertado. Veja algumas imagens de pouca qualidade da partida.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=0Lyh_wyZMdI[/youtube]

 Para a partida de volta, em Montevidéu, muita polêmica. O Santos vencia a partida por 2 a 1 até os 34 minutos do 2º tempo, mas permitiu a virada. O empate carbonero nasceria de pênalti duvidoso. Pelé ainda sofreria pênalti não confirmado e marcaria gol de empate segundos após o árbitro argentino Luis Ventre assinalar fim de jogo. Tudo ao melhor estilo Libertadores. Arbitragens e deslealdades à parte, não havia sido uma grande exibição do Santos e tudo acabou com vitória do Peñarol por 3 a 2. Alguma poucas imagens deste jogo abaixo.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PkQ4UEHfnfU[/youtube] 

Peñarol versão mid-sixties

E mais uma vez as atenções da América do Sul voltavam-se para o Monumental de Nuñez em Buenos Aires. Como em 62, a terceira e definitiva partida. Em mais um jogo equilibrado, o Peñarol abriria o placar somente no 2º tempo, aos 14 minutos, com Joya. Aos 30 minutos, Pelé empataria. Mas o Santos teria problemas naquela 2ª etapa de jogo. O craque Zito, jogando de volante, sentiu contusão e jogou no sacrifício. Dorval deixou o ataque para cobrir a defesa. Substituições não existiam na regra. No final dos 90 minutos, 1 a 1 e prorrogação. Aos 7 minutos da 2ª parte do tempo extra, o artilheiro carbonero Pepe Sasía marcaria o gol da classificação. Pouco depois, na final, o Peñarol cairia frente ao Independiente.

 Duas decisões, duas séries eliminatórias, uma vitória para cada lado. Duelo parelho entre Peñarol e Santos. O desempate da saga? Na próxima quarta-feira, em São Paulo, no Pacaembu.