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SWU: REVIVENDO OS ANOS 90

Stone Temple Pilots

É a melhor definição das principais atrações do último dia do festival SWU realizado em Paulínia, na região de Campinas, interior de São Paulo: um tributo aos anos 90.

 Se a edição 2010 do evento contou com o frio cortante das noites de Itu, desta vez a cidade de Paulínia contribuiu com a chuva e a consequente lama no enorme espaço utilizado para o evento.

 Ok, tudo dentro do espírito do rock, mas não necessariamente no espírito da sustentabilidade pregada pelos realizadores da maratona de shows.

 A primeira tentativa logística deste que lhes escreve de se mandar para o local no dia 14 e poder cravar um “#partiu” no twitter terminou em “#fail”. A explicar.

 A tática de jogo seria a mesma (por sinal, bem sucedida) para uma das noites do Rock’n’Rio. Largar a caranga em estacionamento próximo ao metrô e à rodoviária paulistana do Tietê, comprar passagem de ônibus e viajar na boa, sem stress.

 Mas lógico, como nem tudo são flores, a fila do guichê da empresa de viação escalada para prestar serviço para o evento estava bombando mais que balada da moda no sábado à noite em São Paulo. O negócio foi abortar a missão e dirigir até a região de Campinas, contando com aquele “backup” logístico de ter aquele seu amigo de longa data morando em Paulínia por motivos profissionais. A grana do estacionamento estava salva.

 Surpreendentemente, nada de trânsito. Tudo dentro dos conformes até o momento da entrada e você ser apresentado à lama local.

 

Vai uma lama e uma capa de chuva aí?

Aí já era. O negócio era enfiar o pé na jaca, encarnar o espírito rock’n’roll e curtir.

 Após atravessar o mar de lama, chegar aonde havia asfalto (idolatrado e festejado como poucas vezes) e caminhar até a região dos dois palcos principais, eis que os ícones do rock alternativo americano do Sonic Youth começavam sua apresentação.

 Banda de Nova York, o Sonic Youth passou por fases na carreira desde os primórdios no início dos anos 80. Agora, com futuro incerto por conta do divórcio anunciado de Thurston Moore e Kim Gordon, os eternos alternativos levantaram o público com “Sugar Kane” e “Teenage Riot” no final da apresentação. Quem viu, viu e pode não ter outra oportunidade de vê-los juntos.

 

Les Claypool e o seu Primus: insanidade da boa

Logo a seguir, uma das apresentações mais legais do dia: os malucos competentes do Primus.

 Nada relacionado a sucessos, execução de hits ou coisas do gênero. Na verdade, o Primus é dono de repertório totalmente anti-comercial. O legal esteve na esquisitice sem dó dos caras, aliada à competência técnica da banda, especialmente do baixista-vocalista Les Claypool.

 Claypool arrasou ao executar seus acordes nos seus contrabaixos de quatro e seis cordas, impressionando o público formado na maioria de curiosos e sedentos por saberem de quem se tratava.

 As insanidades estavam presentes em canções como “Wynona’s big brown beaver”, “Lee Van Cleef” e “Jerry was a race car driver”. Todas acompanhadas com imagens temáticas desconexas no telão.

 Não por acaso a banda vem de San Francisco, Califórnia, centro da contracultura estadunidense e não por acaso também, Les Claypool e sua turma foram escolhidos para compor a trilha sonora do politicamente incorreto “South Park”.

 Hora de dar breve passeio pela ampla área do festival e o que deu para constatar de cara foi a imensidão de lixo por todos os lugares. Não era para ser a sustentabilidade o carro chefe do evento? Duas coisas a respeito: poucas latas de lixo disponíveis e certo descaso da galera.

 Outra constatação: o acesso ao palco verde, ou melhor, o quase inacessível palco verde, cercado de lama por todos os lados. Na mesma situação estava a área reservada para música eletrônica que, montada sobre o suposto gramado, não resistiu lá essas coisas às chuvas, apesar da lona.

 Voltando ao asfalto – ah, o nosso amigo asfalto, que saudades! – e aos palcos principais, eis que entravam em ação os veteranos de Los Angeles do metal: o Megadeth.

 

Dave Mustaine

Mandando bala com “Trust”, passando pelos seus maiores sucessos e finalizando com “Symphony of destruction”, a banda de Dave Mustaine mostra serviço mais uma vez por essas bandas.

 Aliás, o Megadeth é veterano de Brasil e Mustaine mostra qualidade de sempre com seu vocal rangedor de dentes e mordedor de lábios. É sempre bom tê-los por aí dignificando o Metal.

 Tudo ia bem em relação ao tempo até o final do show do Megadeth. Até que umas poucas gotas de chuva visíveis nos refletores de palco recomeçaram a respingar sobre a galera. Nada que incomodasse por enquanto.

 Nesse meio tempo, o Stone Temple Pilots, diretamente dos anos 90 entraram no palco.

 

Scott Weiland revigorado

Veteranos de outros carnavais, o STP já passou por poucas e boas. Especialmente o vocalista Scott Weiland, que já encarou problemas cascudos com substâncias pesadas, fato que causou hiatos na trajetória da banda.

 Ademais, os caras despontaram com o álbum “Core” de 1992 (aliás, um senhor álbum de rock), em momento em que o “grunge” de Seattle já estava ratificado no rock americano. Some-se a isso o fato da banda ser de San Diego, Califórnia (aliás, as bandas dos Estados Unidos dominaram a noite) e pronto. Receita de bolo para a crítica descer a lenha e chamá-los de imitadores do grunge e coisas afins.

 E lá estavam eles, verdadeiros sobreviventes. E lá estava Weiland, com fisionomia claramente melhor e visual paletó e gravata no palco para mandar duas porradas do “Core” logo de cara: “Crackerman” e “Wicked garden”.

 Os irmãos Robert e Dean deLeo seguravam firme as pontas no baixo e na guitarra, respectivamente, e o batera Eric Kretz mandava bem. Tudo para Weiland mostrar vigor nos vocais, mais firmes que outrora.

 Momento legal da apresentação ficou na execução de “Big empty”, canção da trilha sonora do filme “O corvo” (The Crow) de 1994, cujas filmagens marcaram a trágica morte de Brandon Lee. Dean DeLeo pôde mostrar serviço na guitarra.

 Lá pela metade do set do STP, a chuva apertou e lá fomos todos nós para dentro das capas de chuva. Tão emocionante quanto se jogar dentro de um saco de lixo dos grandes.

 Para encerrar, não puderam faltar “Plush” e “Sex type thing” para a galera cantar junto.

 Vida longa ao STP.

 E com a chuva, não torrencial, mas ininterrupta dando as caras, o Alice in Chains veio ao palco para detonar.

 

Jerry Cantrell

O AIC é aquela coisa. Banda reformada com as mortes do vocalista original Layne Staley e do baixista Mike Starr. Isso todo mundo sabe.

 Mas, talvez, para quem deixou de acompanhar a trajetória dos caras desde então, seja surpresa que a emenda ficou melhor que o soneto.

 Com Jerry Cantrell e William Duvall assumindo os vocais, a banda ganhou ainda mais em qualidade.

 E qualidade foi o que se viu na apresentação do AIC. Tudo isso recheado com atmosfera emocional em Paulínia.

 Iniciar o setlist com “Them bones” foi a estratégia perfeita.

 Quem ficou na outra ponta do espaço com o intuito de guardar um bom lugar para ver o Faith No More pode não ter adorado a apresentação do Alice in Chains. Afinal, os caras são o rock mais cru da onda “grunge” de Seattle. Gosto não se discute, mas a opinião é injusta. Competência é o que não faltou.

 O clima emocional ficou por conta dos que optaram por ficar próximo do palco utilizado pelo AIC.

 A chuva não parava mais, a galera vibrava junto e a dupla Duvall e Cantrell detonava.

 Momento de grande beleza no som da banda ficou para a belíssima “Your decision”. Cantrell se aproxima demais dos vocais do saudoso Staley. O solo de guitarra é cativante.

 O clímax da emoção ficou para “Nutshell”, quando Jerry disse não se esquecer das origens da banda ao dedicá-la a Staley e Starr e finalizar com a promessa de voltar em breve.

 Para arrematar, “No excuses”, “Man in the Box” e “Would?” fizeram a sequência avassaladora.

 Alma lavada para a galera.

 

"Pai Patton"

Falando em arrematar, a incumbência de encerrar a noite ficou a cargo do grande “Faith No More”.

 Deu para sentir que muita gente estava lá até altas horas e debaixo de chuva só para ver Mike Patton e companhia.

 Em cenário todo branco, com os músicos igualmente de branco, remetendo às religiões afro-brasileiras, o FNM entrou madrugada adentro com “Woodpecker from Mars” do consagrado álbum “The real thing”.

 Na sequência, a execução da veloz “From out of nowhere” do mesmo álbum. Uma pena os problemas de som do teclado no início que tiraram um pouco as características da música.

 Patton detonava nos vocais, cantava, urrava e mostrava força bem a seu estilo maluco-consciente do que faz.

 A maluquice se intensificou na jazzística “Evidence” com Patton cantando-a em Português.

 Até aí tudo bem, outros gringos já fizeram coisas do gênero por aqui.

 Só que “Evidence” foi executada em tradução meio que literal da versão original em Inglês, o que a fez ficar naquele misto de esquisita e engraçada em alguns trechos.

 Outros destaques ficaram para a versão de “Easy” dos Commodores e o maior hit da banda, “Epic”. Só faltou “Falling to pieces” no setlist, mas não dá para reclamar, afinal o FNM é adorado no Brasil.

 Lá pela segunda metade da apresentação, muita gente já começava a tomar o caminho da roça, via lamaçal, é óbvio.

 Noite gratificante pelo “revival” anos 90 do melhor do rock da época.

 De qualquer forma, fica claro que é menos problemático encarar o frio da edição 2010 do SWU a ficar debaixo da chuva de 2011. Afinal, no frio, basta se agasalhar e está tudo resolvido.

 Vida longa ao rock’n’roll em todas suas vertentes!

Alma lavada!

Para enfrentar uma maratona de shows de um festival é  preciso desarmar o espírito,  se você realmente quer ver seu artista favorito. É sair de casa sabendo que o tempo pode virar de repente, e  o sol que queima sua pele, porque você esqueceu de passar o protetor solar, pode se transformar em uma tempestade de molhar a alma.

Todos os contras de um grande evento já sabemos de cor: Grandes filas, preços abusivos, banheiros químicos de péssima qualidade, entre outras coisas. O que nos resta então é irmos atrás dos pontos a favor.

E quem se aventurou em pegar a estrada rumo a Paulínia, para o SWU, certamente deve ter encontrado os seus, se não, deveria. Eu encontrei os meus.

E como um velho garimpeiro indie que sou, consegui encontrar varias pepitas de ouro no meio do lamaçal que se transformou o ultimo dia de festival. Pepitas essas que se não me deixaram milionário do dia para a noite, me deixarão com um sorriso nos lábios por um bom tempo.

Das atrações que eu havia programado para assistir somente a apresentação do Ash passou batido, culpa da total falta de informações que não encontramos dentro do espaço em que o evento foi realizado.

Se era para não cortar mais arvores o motivo que eles não fizeram distribuíram um programa com horários e mapas para nos localizarmos, o certo seria ter ao menos um painel luminoso, posicionado em um lugar estratégico, passando essas informações ao publico que se notava meio perdido.

No mais, foi super digna a despedida? dos veteranos do Sonic Youth, que enceraram a sua apresentação de uma forma sublime com Teen Age Riot, um verdadeiro hino dos chamados bons sons.

E ainda deixou muita gente na duvida de quem foi a decisão pela separação do ex casal Kim Gordon e Thurston Moore, já que os dois pareciam não estar nada bem, mas que de forma nenhuma prejudicou o bom andamento de um dos melhores shows que eles fizeram por aqui.

Teve a ótima performance do Black Rebel Motorcycle Club, que em um show sem firulas, tocando pesado e acelerado, mostrando que não precisa habitar um palco e que com somente três integrantes, com destaque para a linda baterista Leah Shapiro, que deixou a apresentação mais bonita, se pode sim, fazer um excelente show de rock.

Misturando seus hits com musicas menos conhecidas, sem esboçar sorrisos, e sem gritar erradamente o nome da cidade em que estavam tocando, o BRMC ganhou o publico, aqueles que estavam ali para vê-los e aqueles que estavam ali por acaso.

No final da apresentação, o baixista Peter Hayes desceu próximo a platéia-torcida e bateu no peito como se tivesse ganho um campeonato.

Mas a pedra mais preciosa desta garimpagem sem duvida foi a apresentação da psicodélica banda texana Black Angels, foi o momento em que mais choveu e o que menos me molhou.

Foi no palco New Stage, onde o piso estava mais castigado, mas não foi motivo de sair um minuto sequer da frente do palco.

Com seus delays e reverbs e sem medo de exagerar em efeitos barulhentos nos vocais, o quinteto de Austin, mostrou, na sua primeira apresentação por aqui, um cartão de visita que uma banda pode fazer o publico viajar alem da sonoridade, com imagens.

No telão atrás do palco era mostrado vídeos antigos e desbotados que faziam um acompanhamento mágico a cada musica executada pela banda, dando a elas  um efeito maravilhoso.

Algo que não é muito utilizado, principalmente em festivais, em que muitas das bandas nem se preocupam em colocar o próprio nome escrito em um pano para identificá-los.

Se levarmos em consideração que todos os produtos da banda que estavam sendo vendidos nos postos oficiais, camisetas, cds e os discos de vinil, foram todos vendidos, a apresentação deles foram mais do que bem aceitas.

Eu que havia desarmado meu espírito e voltei para casa de alma lavada.

 

Ps. Em um festival cujo o mote é a sustentabilidade, não pode haver desperdícios assim:

 

The Black Angels – Telephone

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=d52ivtvhyDY[/youtube]

100%

Amigos, é até complicado de falar. O Corinthians continua líder do Brasileirão, eu fui obrigado a dar a mão à palmatória mais de uma vez aqui neste espaço, enfim, tá tudo muito bem pelos lados do Parque São Jorge. Nosso atacante Willian vem jogando bem, fazendo gols. Liedson também não tem decepcionado. E ainda temos (finalmente) um elenco equilibrado, com reservas para todas as posições. Curiosamente, nesta fase de tranquilidade, é exatamente quando me faltou inspiração para escrever aqui. Além de problemas de saúde (aquela cervejinha vai ter que ficar pra depois!), foi mesmo a constatação de que não havia muita novidade, fora o assunto do qual tratarei daqui a pouco. Mas pensando na tese de que não é porque não tem notícia que o jornal vai deixar de sair, vamos fabricar nosso próprio remédio e exaltar a nossa excelente fase! Primeiro, um recado do galo que grita “VAI CORINTHIANS!!!”:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ZvsmTt8rLz0[/youtube]

Bem, na semana que passou, o grande assunto foi a proposta que a diretoria do Corinthians fez para trazer de volta o argentino Carlitos Tevez. Já vi corintiano empolgado imaginando como seria o time com Carlitos entre os 11. Então, vamos aos fatos:

 

Carlitos é craque, mas vale o investimento?

A passagem de Tevez foi excelente, já que o argentino é craque e tem muita identificação com a torcida. A saída dele foi conturbada e até certo ponto, desrespeitosa, começando por uma coletiva usando agasalho do Manchester United e culminando com uma saída sem despedida para o médio West Ham United.

Numa conversa via twitter com João Paulo Tozo, eu levantei a possibilidade da vinda de Tevez estar sendo bancada por Kia Joorabchian, como um “passaporte” para o retorno do iraniano e de seu patrão russo Boris Berezovski ao Brasil, já que os grandes negócios estão aqui, não há como negar. Andres Sanchez veio a público negar veementemente que Kia esteja envolvido com este negócio, e que a oferta feita ao Manchester City será bancada com a cota de TV dos próximos 4 anos. Ao departamento de marketing do clube caberá então, uma engenhosa jogada para atrair recursos para bancar o jogador. A pergunta: Tevez atrai patrocinadores como fazia Ronaldo? Pode ser que sim, mas não na mesma dimensão, então fica difícil de saber no que isso vai dar.

Seja como for, é claro que – caso chegue – Carlitos será muito bem-vindo, pelo craque que é. E será mais um “problema” do nosso Adenor arranjar um lugar para o argentino na equipe.

Para comemorar a fase do Timão no campeonato, Sonic Youth.

Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=svEJUVO_nh4&feature=fvst[/youtube]