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MAURO BETING FALA SOBRE “NUNCA FUI SANTO”, O LIVRO OFICIAL DO SÃO MARCOS.

Marcos, Marcão, São Marcos. Campeão pelo Verdão e pela seleção. Uma instituição do futebol alviverde e brasileiro, mas acima de tudo, um legítimo brasileiro. Boa praça, gente boa, boa pessoa.

Sua vida e seus causos agora estão registrados em uma obra assinada por Mauro Beting, outro sujeito digno de superlativos.

E quem melhor para definir a obra se não o próprio Maurão?

Com exclusividade ao Ferozes FC – porque somos enjoados mesmo – Mauro Beting fala sobre o livro “NUNCA FUI SANTO”, o livro oficial do São Marcos.

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POR MAURO BETING:

NUNCA FUI SANTO é uma ideia que tive em 2007, depois de uma longa conversa com o Marcos, depois de um treino na Academia. Cheguei ao carro e comecei a anotar algumas historinhas. Vi que eram tantas que pensei que valia contar num livro.

Não só num livro. Pensei em um DVD com uma gravação bem descompromissada com Marcos, eu e Paulo Bonfá. Apresentei o projeto para a Panda Books, que veio com mais idéias interessantes.

O livro só não saiu em 2009 porque o próprio Marcos pediu para segurar. Ele queria um livro só quando encerrasse a carreira. Foi o que aconteceu. Mas dentro de um megaprojeto idealizado e bancando pela Universo dos Livros, que venceu uma espécie de concorrência com outras duas editoras. Eles apresentaram a idéia de três livros: a autobiografia que eu já havia praticamente escrito, com a ajuda de Danilo Lavieri e Marcel Alcantara. A biografia que vai ser escrita pelo PVC. E um livro de fotos. Todos oficiais, com a chancela do clube e do próprio Marcos.

Eu, Danilo e Marcel praticamente acabamos o livro em agosto, quando ainda estávamos fechados com a Panda Books. Como o Palmeiras acertou com o Marcos o megaprojeto e com a editora Universo dos Livros, e eles também me convidaram a fazer parte, tive de desfazer o acordo com a Panda.

O livro foi para as mãos do Marcos em janeiro. Como ele estava saindo de férias, demorou um pouquinho a ler – até porque ele não tem mail, computador… É um caipirão, enfim. Levou um tempinho para ele fazer a leitura final. Mas cortou pouca coisa. Algumas mais íntimas, uma polêmica desnecessária. O resto ele deixou passar.

Pena que nem toda a graça do Marcão passou para o livro. É muito difícil escrever pela cabeça de alguém. E fazer um texto tão engraçado como ele. Mas, ainda assim, o livro fala fácil de uma carreira e de uma vida cheias de dificuldades.

Marcos é 12.

O livro “NUNCA FUI SANTO” já está disponível na Saraiva online:

http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4075796/nunca-fui-santo-o-livro-oficial-do-marcos

Pegue o seu Santo autógrafo no dia 03 de agosto, em local a ser definido, ou em 18 de agosto, 16h, na Bienal do Livro.

 

 

SERÁ QUE É DISSO QUE EU NECESSITO?

Aposentar a Camisa 12 do Palmeiras.

Impressionante a comoção em torno da aposentadoria do goleiro Marcos. Com o anúncio feito há mais de uma semana, as homenagens continuam aparecendo aos borbotões. Eu particularmente nunca presenciei uma movimentação dessa envergadura com aposentadoria de um jogador. Não sei se tem alguma relação, mas desde o anúncio do goleirão que o Michel Teló sumiu das redes sociais. BBB12 que começou essa semana, até o presente momento não gerou 5% do transtorno que costuma causar. Milagres de São Marcos.

“É justo.É muito justo. É justíssimo”, como bem diria um personagem de Zé Wilker de um passado já bem distante. Como é justo sim aposentar a camisa 12 eternizada por ele.

Ontem escutei muita gente se dizendo contra. “Que isso é um desrespeito a outros ídolos do clube”. “Que pode desmotivar um garoto que sonha um dia jogar com a camisa 12 do santo goleiro”.

Besteira!

Quando Marcão diz que a maior motivação que teve em sua carreira foi um dia poder ser titular do Palmeiras, ele mata todas essas argumentações dos que são contra a aposentadoria da camisa 12. Oras, a motivação de qualquer pretendentea jogador profissional é envergar a camisa de um grande clube, não de uma numeração específica.

O futebol brasileiro infelizmente não tem por costume realizar jogos festivos e homenagens mil quando algum ídolo para de jogar. Ademir da Guia parou em 1977, mas seu jogo de despedida veio somente em 1984. Isso para citar o mais próximo em termos de idolatria e focando apenas em Palmeiras. Embora isso ocorra em todos os clubes brasileiros.

E não é por que o clube errou por todo esse tempo com seus antigos ídolos, que agora precisa também errar com o maior de todos eles. Já bastam os erros de administração de B1 e B2.

Marcão merece a 12 só pra ele e muito mais. Fora que aposentar a 12 é bem mais tranqüilo que a 1. Aproveitem mais essa molezinha proporcionada pelo goleirão. Vocês necessitam disso.

Adriano, Daniel Carvalho, Carlos Alberto. A volta dos que não foram.

Quem é que precisa tomar cuidado com o que diz?
Quem é que precisa tomar cuidado com o que faz?
Será que é isso o que eu necessito?
Será que é isso o que eu necessito?

“Esse é o ano do Adriano”. Tem sido essa a frase adotada pelos esperançosos fãs do futebol do “Imperador”.

Não há argumentação técnica alguma que sustente esse apontamento. É puro “achismo”. É muito mais torcer do que de fato achar. E é justo, diga-se de passagem. O torcedor vive de sonhos. Na cabeça do torcedor o improvável é bem tangível.

Como foram tangíveis os sonhos dos flamenguistas que esperavam que 2010 fosse “ao ano do Adriano” na Libertadores. Não foi.

Ano de Copa, a conversa girava também em torno do “se o Adriano colocar na cabeça que vai ser o titular da seleção na África, não tem pra ninguém”. Ano de Copa, senhoras e senhores. Mesmo assim, nada aconteceu.

Depois foram também tangíveis as esperanças descabidas dos torcedores e dirigentes do Roma, que apostaram no centroavante mesmo após todo o papelote que ele promoveu para sair da Inter em 2009. Saiu de lá sem marcar um golzinho sequer.

Como já foram tangíveis os sonhos corintianos de que o “Impera” fosse o fator de desequilíbrio na reta final do BR11. Não foi. E não me venham com o gol contra o Atlético MG, pois mesmo sem aquele gol o Corinthians levantaria o caneco.

A análise mais correta é olhar para o que ele tem feito. A se considerar as últimas temporadas (quase todas, exceto no BR09) e a esperança em torno de Adriano em 2011 geram apenas sono. Um caso policial aqui, outro acolá. Uma festa com anões aqui e outra ali.

E não, não tenho medo de queimar minha língua. Ele não me dá nenhum argumento para pensar diferente. Qualquer coisa que aconteça diferente disso será uma clamorosa surpresa.

Como será uma clamorosa surpresa se Daniel Carvalho der certo no Palmeiras. Jogador que surgiu como craque no Inter. Teve um momento muito bom no CSKA e depois nada mais. Além de ter se apresentado bem acima do peso.

Que me desculpe qualquer entusiasmado, mas ele não me ajuda a bancar qualquer esperança.

Os amigos corintianos que querem sonhar, sonhem. É justo e gratuito. Mas é mais correto depositarem suas esperanças em Liedson, William, Sheik, Alex e Cia.

Aos amigos palmeirenses, não sonhem. Ao contrário do time corintiano, o alviverde já mostrou que não tem nenhum porto seguro no qual ancorar o sonho esmeraldino de dias melhores. Tem, em tese, no chileno da camisa 10. Mas Valdívia é mais um que se não fizer por onde em 2012, entrará em 2013 para o time do Imperador, Daniel Carvalho, Carlos Alberto e tantos outros.

Aproveitando o ensejo, despeço-me da camaradagem com um perspicaz som do Titãs. Aliás, de uma época em que se esperava sempre o melhor dos caras. O que também não ocorre mais nos dias de hoje.

Cheers,

O DIA ENFIM CHEGOU. SÃO MARCOS PAROU.

Nunca fui afeito a misturar reza com futebol. Nunca fui de pedir a “Deus” que dê ao meu time algo em detrimento ao outro. Afinal, entendo ser de merecimento do que se pratica na esfera humana o resultado positivo ou negativo. A vitória ou a derrota.

Entretanto, há um santo para o qual destino meus pedidos desde um já longínquo 12 de maio de 1998, quando ainda humanizado, o Santo da camisa 12 realizou os primeiros de seus tantos e inesquecíveis milagres. Santo de carne e osso. Que sente dores, sempre sobrepostas por devoção a um de seus amores.

O Marcos ama o Palmeiras que é dele, que é meu, que é nosso. Ama no gramado o mesmo amor dos que estão na arquibancada, com o ouvido grudado no radinho, em algum ponto do planeta ligado na web, onde quer que seja ou com o que quer que seja.

Debaixo das traves ele ama o Palmeiras realizando as façanhas que todos nós gostaríamos de ter realizado. Fora dos campos ele ama o Palmeiras quando extrapola o que diz, quando extravasa sua decepção por tratarem como algo menor, aquilo que ocupa espaço tão grande em seu coração.

Campeão pela seleção, na volta Marcão vestia a camisa do Verdão. Pense bem nisso.

Campeão pela seleção e rebaixado pelo Verdão, Marcão ao Arsenal disse não e subiu, jogando nos esburacados certames da segunda divisão. Mais do que pensar nisso, exalte esse feito.

Nele reside a quebra de um paradigma que acompanha todo torcedor de futebol. O de que os jogadores são substituíveis, já o clube é eterno. Meia verdade. O clube é eterno, mas para um cara feito o Marcos não haverá substituto.

Certa vez escrevi que “O Marcão não é maior que o Palmeiras, mas ele é a personificação maior do amor que o palmeirense tem pelo Palmeiras”.

E ele é mesmo. E ele sabe disso. E é provavelmente por isso que o amor do Marcão pelo Palmeiras o fez superar tudo quanto foi dor.

Até que o humano falou mais alto que o Santo. Até por que, como costumam dizer, chega uma hora que “não há santo que ajude”. Nem quando se é o próprio santo.

Acaba com a carreira de Marcos o ato de beijar a camisa e dormir depois com a consciência tranqüila. Isso, a partir dessa quarta-feira, 04 de janeiro de 2012, definitivamente acabou.

Acabou talvez o último arroubo de um futebol que já não existe mais. O futebol visceral, de alma, de paixão, de fibra, de identificação.

Perde o último ídolo dos gramados o alviverde, mas perde também o esporte. Vence o maldito futebol moderno de falsos ídolos, de jogadores de plástico. De empresários e dirigentes que entendem muito de finanças e negócios, mas não entendem nada, absolutamente nada de futebol.

Sinto pelas próximas gerações de torcedores que dificilmente terão, vestindo seus mantos sagrados, representantes dignos de sua paixão.

Dos gramados que me deram tantos ídolos, Marcos foi o maior de todos. Representou-me melhor do que todos os outros.

Parece pífio, por vezes raso e superficial, mas quem vive futebol e entende que num clube está muito mais do que um time, mas a essência de toda uma estirpe, padece também, alguns mais, outros menos, da tristeza que hoje sinto eu, que sente todo palmeirense vivo.

Que enxerga no bem que o ídolo te proporciona, a representação do que você gostaria também de fazer pelo seu time.

A tristeza é como a da perda de um título. Maior, talvez. Mas o orgulho por tê-lo tido em nossas fileiras é maior que tudo isso.

Salve São Marcos. Obrigado por sempre.

O FUTEBOL E SEUS EXEMPLOS. DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

 -Incrível como surgem dores estomacais ou no peito desses senhores de larga vivência no submundo da política, do esporte e de todo o mais. Basta a casa começar a cair para o lado deles que já rola uma internação básica. O hospedado – ops – internado da vez é o dono da Copa de 2014, Ricardo Teixeira. Bastou a comissão de Constituição e Justiça do Senado convidá-lo para explicar todas as críticas que a organização da Copa vem recebendo que o proprietário da seleção amarela sentiu dor de estômago. Ah, vá!

-No sábado o Palmeiras enfrenta o América MG, lanterna e virtual rebaixado à série B, sem Marcos e Kleber. Marcão continua com o procedimento de preservação para que agüente toda a temporada e para, quem sabe, adiar por mais uma temporada sua aposentadoria. Kleber fica de fora por uma tendinite no joelho. Nem duvido que haja mesmo um problema no joelho do outrora Gladiador, mas que veio muito a calhar, veio. Peça nula ao longo de todo o BR11, Kleber só é notado quando abre a boca para geralmente causar tumulto interno no elenco. Se foi sacado do time por contusão, não posso afirmar. Mas não me esquivo em dizer que para mim a medida já deveria ter sido tomada antes, por deficiência técnica e moral. O “amor” de Kleber que segundo o próprio é verde, mas já flertou com o rubro-negro, agora parece que anda de flerte com o alvinegro paulistano. Haja amor, “Gladiador”.

-Por outro lado, o alviverde ganha o retorno de Valdívia. Depois de 30 dias afastado se recuperando de um estiramento conquistado em um amistoso pelo Chile, o meia retorna para fazer uma partida e depois se apresentar novamente ao técnico chileno. A seleção chilena agradece ao “O Centro Fisioterápico e SPA Palmeiras” pela recuperação e pagamento dos vencimentos de seu atleta. Piada a parte, o retorno de Valdivia pode sim trazer a qualidade de volta ao time. Não mudo o que penso sobre o que sempre pensei de Valdívia. É diferenciado e desde que queira, muda o patamar do time. Aliás é o único ali com essa condição.

Não são poucos os exemplos de que o mercantilismo vem acabando a uma velocidade avassaladora com o romantismo que em outrora o futebol sustentava. A simplicidade do atleta saído da periferia, o tal amor a camisa, ao esporte, o senso de cidadania antes de qualquer outra coisa, são situações as quais as novas gerações de torcedores talvez não notem mais no esporte. São tão raras que viraram exceção. Tão exceção que valem a citação.

– Se o torcedor não tem mais a mesma identificação com a seleção amarela pelos sucessivos escândalos da CBF, pelos “Ricardos Teixeiras” da vida, pela seleção ter se transformado em vitrine para transações milionárias, pelos amistosos modorrentos e por jogadores com quase nenhuma identidade com a entidade, vale enaltecer e torcer por alguém como o lateral Bruno Cortês. Destaque positivo na última partida contra a Argentina, tem sido para mim também o melhor da posição no BR11.

Cortês é caso raro no atual cenário da bola. Casou-se recentemente, e ao contrário dos mega-eventos que costumam ser os casórios dos boleiros, Cortês optou pelo esquema “0800”, como o próprio definiu. Bruno levou seus convidados para um dos restaurantes da rede Habib´s e lá se sentiu próximo de seus iguais, próximo do mundo de onde ele saiu. A simplicidade do feito chamou a atenção da mídia, mas não comoveu sequer seus companheiros de Botafogo. Somente Lucas Zen foi a comemoração. Fato é que Cortês já é um vencedor, como tantos outros garotos que surgem da mesma vida simples que ele, mas que no atual boom midiático gerado pelo esporte, acabam perdendo por completo o laço com suas origens.

Que Cortês possa escolher como local de suas próximas festas a casa noturna que estiver na moda, o castelo medieval mais suntuoso possível. Certamente nessas festas os convidados irão. Mas pelo que demonstra, Cortês nunca vai deixar o seu “0800” de lado

-Em 2002 Marcos era o melhor goleiro do mundo, ídolo nacional, santo palmeirense e pentacampeão pela seleção brasileira. Seu Palmeiras começou aquele BR02 como um dos favoritos à conquista. Terminou rebaixado. E Marcos que de tantas glórias havia participado na história alviverde, fazia parte agora do capítulo mais sombrio dos então quase 90 anos do clube.

Só que ele ainda era o Marcos da seleção pentacampeã, tinha mercado no mundo todo, tanto que no início de 2003 recebeu proposta do poderoso Arsenal para assumir a vaga do veterano David Seaman que iria se aposentar. Era a chance de sair da série B do BR e jogar a Champions League. Marcão até foi ao clube, mas diz que ao entrar sentiu que aquele não era seu lugar, que o seu estava no Brasil, precisando dele mais do que nunca.

E assim foi, por amor a única camisa que vestiu em sua vida, São Marcos voltou para jogar a série B pelo seu Palmeiras. Contada nos dias de hoje a história parece conto da Disney, mas é real, como é também real a história do argentino Fernando Cavenaghi.

-Revelado pelo River Plate da Argentina, o atacante passou os últimos anos peregrinando por Spartak Moscou, teve depois passe adquirido pelo Bordeaux, que o emprestou ao Mallorca. Na atual temporada estava emprestado ao Inter de Porto Alegre. Mas o carinho pelo clube de berço continuava pulsante. E então o seu River Plate foi o primeiro gigante do futebol argentino a ser rebaixado. Vexame histórico, motivo de chacota de todos os adversários. Para Cavenaghi foi um chamado de volta. O atacante conversou com os dirigentes do Bordeaux, donos de seus direitos federativos, que entenderam sua vontade e o liberaram para negociar com o River. O presidente Daniel Passarella abriu o jogo com o jogador e disse que não tinha dinheiro para bancá-lo e então ouviu de Cavenaghi: “E quem está falando em dinheiro?”. Recebendo metade do que recebia no Inter, Cavenaghi joga a agora a 2ª divisão argentina pelo clube do coração.

-Saímos então da Argentina e vamos até a Espanha. Lá encontramos o jovem zagueiro Javi Poves. Revelado pelo Real Madrid, Poves vinha jogando pelo Sporting Gijón. E eu digo “vinha”, pois Poves decidiu remar contra todas as marés e encerrar uma carreira que ainda estava no início.

Não está em nenhuma doença grave ou lesão a razão de sua decisão. A razão é exatamente o futebol, segundo Poves ,“um mundo de dinheiro e corrupção”. Durma-se com um barulho desses. Quando o sonho de todo jogador é atuar em uma liga milionária como a espanhola, Poves abdica de sua conquista por não aceitar os meandros de seu esporte. “Quando se vê por dentro, o futebol internacional é só dinheiro e corrupção. É capitalismo, e o capitalismo é a morte. De que vale ganhar 1000 euros se 800 estão manchados de sangue? Não quero fazer parte de um sistema onde as pessoas ganham dinheiro graças à morte de outras na América do Sul, África ou Ásia, cravou o jovem zagueiro.

Nem acho que é para tanto. O futebol como toda instituição mercantilista e feita de gente bem e má intencionada, de coisas boas e ruins. Mas o fato reside na consciência de Poves, algo raríssimo na boleirada de hoje que ganha a primeira merreca e já se mete em correntes de ouro que valem casas, em carros conversíveis no estilo rapper.

E a atitude do zagueiro não surpreendeu seus companheiros de clube. Segundo relatos de alguns jogadores do Gijón, Poves pedia para que seus vencimentos fossem entregues em mãos, sem depósito bancário. Com isso, segundo ele, as sujas instituições financeiras não lucrariam em cima do seu dinheiro. Isso sem contar no dia em que o patrocinador do clube deu um carro para cada jogador, mas Poves o devolveu, alegando que o seu Smart já era suficiente para o seu ir e vir.

De Ricardo Teixeira a Javi Poves, personagens antagônicos de um mesmo cenário, do mesmo esporte. Exemplos do nefasto, mas também do sublime de um esporte que transcende o mérito desportivo.

Cheers,