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O DIA QUE RIQUELME ME FEZ CHORAR

Quando comecei acompanhar futebol e, principalmente, entendê-lo, peguei uma fase que meu time travou batalhas históricas contra o Boca Juniors. Como por exemplo, em 2000, na final da Libertadores da América. Só o fato de sonhar com o Bi já me deixava eufórico. Para minha tristeza, não seria naquela data tão importante que iria pela primeira vez ao estádio (essa parte eu conto no texto anterior a esse, que escrevi no Ferozes FC. Leia! http://ferozesfc.com.br/o-dia-que-escolhi-minha-profissao/).

Meu pai, sortudo como sempre, conseguiu apenas um ingresso no apagar das luzes, de última hora. Não dava mesmo para eu ir. Assim, como não deu para não chorar. Como não deu para ficar sem reação ao final daquele chuvoso e melancólico 14 de junho.

Nem esperei meu pai voltar do Morumbi. Dormi. Tentei apagar o que meus olhos tinham visto. As defesas do carrasco Córdoba não saiam da minha mente. Assim como a zoação que teria que enfrentar na manhã seguinte, no colégio.

Superei. Veio 2001. Veio, novamente, o Boca Juniors. Agora, na semifinal. De novo na Libertadores. De novo Córdoba. De novo Riquelme. Desta vez, o camisa 10 brilhou nos dois jogos. Sobretudo, no Palestra Itália, marcando duas vezes e cravando seu nome no hall dos maiores da história. Da minha história como torcedor.

Cego, secava as lágrimas com raiva. Com ódio daquele maestro que desfilava habilidade e categoria ímpar no meu gramado, na minha casa. Queria saber quem era aquele intruso, mal educado. Sem perceber, soube, naquela noite, pela primeira vez, o que era um craque de verdade. Um monstro.

Aquela atuação me marcou. Está entre as cinco maiores que eu já vi na vida. Riquelme, de fato, está entre os maiores jogadores que eu já vi na vida. Naqueles tempos o hermano era facilmente o melhor do mundo. E nem precisava da Fifa para reconhecer isso.

Naquele dia, mesmo do outro lado, com verde molhado pelo choro, ele foi o melhor de tudo que eu tinha visto na arte de jogar futebol. Não perdia uma bola. Aliás, a pelota o procurava e parecia implorar para que ele não a deixasse. Meu desejo era ver o Argel pisando nele. Mas o futebol não deixou. Riquelme amassou o Palmeiras. O colocou no bolso. Como fez ao longo de sua vitoriosa carreira com vários outros, de outras cores, das mesmas lágrimas. Do mesmo esporte.

Riquelme pertenceu aquela ala que está em extinção no futebol moderno. Riquelme foi muito Boca. Foi muito futebol. Tímido, se despediu depois de levar o Argentinos Juniors à elite.

O meu vilão se foi. Morreu pela primeira vez. Mas a sua vitória sobre mim ficará para a posteridade. Assim como aquelas lágrimas que derramei ao sentir a dor de ser inferiorizado. De hoje entender que nesse esporte a derrota e, sobretudo, o talento do adversário também são sinais de grandeza.

Vida longa ao eterno craque xeneize!

Gracias, Roman!

Eterno carrasco dos times brasileiros na Libertadores, Riquelme deu adeus ao futebol aos 36 anos nesta semana (Créditos: Natacha Pisarenko)
Eterno carrasco dos times brasileiros na Libertadores, Riquelme deu adeus ao futebol aos 36 anos nesta semana (Créditos: Natacha Pisarenko)

MÉRITOS DO BOCA E ARBITRAGEM PÍFIA ELIMINAM CORINTHIANS DA LIBERTADORES

Antes de falar de futebol, que é o mais importante, é preciso dizer: o Corinthians foi extremamente prejudicado pela péssima arbitragem do fraco e ultrapassado Carlos Amarilla. Ponto.

O malaco Boca Juniors, que não tem nada a ver com isso, foi armado de forma impecável (NOS DOIS JOGOS!) pelo campeoníssimo Carlos Bianchi, que veio ao Pacaembu com uma só proposta: catimbar e, sobretudo, não deixar os “donos da casa” jogarem. Conseguiu.

Disse durante a partida, nos canais do FFC, no facebook, que se existe uma coisa que times argentinos sabem fazer com maestria é catimbar. E mais uma vez isso se repetiu.

Nervoso (não sei porquê), o Corinthians não foi a equipe aplicada taticamente que nos acostumamos a ver nesta recente era vitoriosa regida sob a batuta do ótimo Tite. Pelo contrário.

Confundindo velocidade com afobação, o Timão errou passes que não são de costume, além de cair na provocação barata e previsível do adversário.

Riquelme, em uma lance que achei de pura sorte – mas a sorte é companheira imprescindível de quem é provido de talento, assim como tem acompanhado o próprio Corinthians – acertou um balaço no canto de Cássio. Golaço! 1 a 0 Boca. Pacaembu em silêncio? Não.

Outro ponto crucial do belo embate de ontem foi a torcida do Corinthians. Assim como as torcidas de Palmeiras e São Paulo entre outras, a Fiel deu um verdadeiro show nas lotadas arquibancadas do Paulo Machado de Carvalho. Um espetáculo digno de uma agremiação do tamanho do alvinegro: gigante!

Apoio não faltou. Pois enquanto Riquelme comemorava o gol que mais tarde seria o da classificação Xeneize, o ‘Bando de Loucos’ empurrava o ‘bando’ perdido que estava em campo a plenos pulmões.

O primeiro tempo acabou. Muitos estavam surpresos com o placar. Afinal, o mesmo entusiasmo e clima de oba-oba criado em cima do Palmeiras contra o Tijuana, guardadas as devidas proporções, fora criado em cima do Corinthians. Em contrapartida, poucos se lembravam que do outro lado era o Boca – por mais limitado, um dos maiores campeões da Libertadores – e não a novata e fraca equipe mexicana. Tradição conta muito em competições assim.

A segunda e decisiva etapa chegou e com ela Paulinho – um dos melhores jogadores em atividade do País – marcou o gol da esperança. Do “agora vai!”. Não foi.

Durante os 10 minutos iniciais da etapa final o Corinthians foi só pressão. Pato poderia ter mudado a história, mas se atrapalhou de forma bisonha na melhor chance corintiana na partida.

O Boca, por sua vez, fechou a casinha e segurou-se do jeito que deu. Do jeito argentino.

Ao juiz, infelizmente um dos principais protagonistas da partida, nota zero. Dois pênaltis não marcados, dois gols mal anulados. Corinthians eliminado. O rival Palmeiras, na quarta, do mesmo jeito. Gol mal anulado que poderia mudar o jogo.

Fato é que as arbitragens nesta e em outras Libertadores foram simplesmente desastrosas. E o pior: nos “acostumamos’ com elas.

Não seria a hora de mudar drasticamente? Ontem, após o jogo, uma velha discussão voltou à tona: a tecnologia no futebol. Acho que além deste artifício que, sem sombra de duvidas ajudaria muito, o principal objetivo é profissionalizar a arbitragem.

Inúmeras vezes prega-se a profissionalização dos clubes, porém o maior problema é o amadorismo da profissão do juiz, que mostra-se cada vez mais latente e, principalmente, incompetente. Até quando, nós, amantes do futebol, ficaremos discutindo erros grotescos de quem está ali somente para aquilo? É uma reflexão que vale a discussão. Que exige uma posição.

Ao Corinthians, vida que segue. A campanha, que tinha tudo para terminar com o Bi, ficou para, quem sabe, o ano que vem. Os comandados de Adenor agora têm o Paulistão, domingo. A Libertadores…esta, fica para depois. Nesta temporada, há também o Brasileirão, a Recopa contra o São Paulo e a Copa do Brasil. O trabalho continua.

Ao Boca, que teve seus méritos na conquista da vaga, o troco do ano passado foi dado. A classificação fora de casa confirma que Riquelme + Carlos Bianchi no time é sinônimo de sucesso.

O MODO MAIS LINDO DE PRESENTEAR ALGUÉM COM UMA CANETA!

Sem muitos comentários, este é o modo mais lindo de presentear alguém com uma caneta no sentido figurado, ou melhor na prática!!!!

 

Na Argentina, o atacante Matias Mologni do time Central Córdoba deu uma “caneta” no atleta adversário do All Boys que até deixou o resultado em segundo plano. O time de Matias perdeu o jogo, mas o atleta marcou seu nome no jogo e já estão comparando o drible do atleta com o do grande Argentino Riquelme.

Confiram os videos e tirem suas conclusões se o menino prodigio aprendeu bem a lição do craque Argentino.

Matias Mologni:

 

Juan Riquelme:

 

Que bela caneta!
Que bela caneta!

JUAN ROMÁN RIQUELME

Em 2012 o Boca Jrs montou o que foi considerado por muitos o pior Boca dos últimos 15 anos. Ainda assim chegou a final da Taça Libertadores, onde foi superado pelo que é considerado um dos melhores Corinthians de todos os tempos.

A presença daquele fraco Boca Jrs na final da principal competição de clubes do mundo (ao lado da Champions) se deu única e exclusivamente pelo brilhantismo do futebol de Juan Román Riquelme.

Foi aquela derrota para o clube paulista na final a última partida do camisa 10 até agora. E assim foi por opção do próprio jogador. O Boca Jrs tentou até a semana passada demovê-lo da idéia de não vestir mais a camisa do clube. Tecnicamente Riquelme vinha atuando ainda em alto nível

E ir contra este cenário é desmerecer o êxito do clube alvinegro. O Corinthians foi campeão contra um Boca que ainda contava com um fora de série jogador de 34 anos. E neste caso cabe dizer “ainda” 34 anos, pois seu histórico é de pouquíssimas lesões e de raros momentos onde seu futebol não brilhou.

Riquelme deve ser reforço de Palmeiras, Fluminense ou Atletico MG para a temporada 2013. E estes seis meses sem atuar devem ser sim levados em consideração. Mas a sua vida nos gramados lhe credencia a confiança dos que enxergam futebol pouca coisa além de uma rasa análise de momento.

Surpreender é o que difere o craque do jogador comum. Riquelme sempre surpreendeu, mesmo em times fracos como o Boca de 2012. Craque que sempre foi. Craque que ainda pode ser.

DAS COISAS QUE FALTAM AO CORINTHIANS: 90 MINUTOS.

Ontem em determinado momento da peleja entre Boca Jrs e Corinthians, quando nada acontecia e você só se dava conta de que era a final da maior competição do continente quando olhava para arquibancada, fiz o seguinte comentário nos canais do Ferozes FC: “Trata-se de um jogo com muita marcação, muita vontade e o Riquelme”.

Muita marcação e muita vontade é o que de mais eficaz tem a apresentar o time do Adenor.  Nem tanta assim o Boca, menos time, menos marcador, mas com Riquelme.

Muita gente se surpreendeu negativamente com a partida. Mas pergunto: Qual a surpresa dos caros ao ver que o jogo fora pautado pela excelente marcação do Corinthians e pelo aguardo de brilharecos (que houveram, ainda que cada vez mais escassos) de Juan Riquelme?

Das finais de Libertadores que acompanhei de perto, sem dúvida nenhuma essa tem sido a de menor nível técnico. Mas não menos brilhante. O brilho quando não é técnico pode ser tático. Em finais como essa podem ser brilhos da sorte, brilhos do destino. Brilho de Romarinho. Mas, sobretudo, mais uma vez e não menos merecido relembrar, brilho do cara que é hoje o melhor técnico do país.  Chato que dói, mas competente em demasia.

Eu não sei se com esse time do Corinthians algum outro técnico do país faria tudo isso. E faz como pode, do jeito que dá, do jeito que deve.

Do 2º tempo onde o Boca foi Boca em Bombonera, o Corinthians só foi Corinthians quando Tite apareceu, quando no time mexeu.  Antes, porém, a partida final foi puro futebol. Foi daquela transcendência do futebol que faz o mais supersticioso vibrar. Na bola metida no travessão em cabeçada de Viatri e a sobra passando rente ao corpo desmarcado de Cvitanich, passou também o filme do gol perdido por Diego Souza, filme que depois ganhou um coadjuvante merecedor de Oscar no gol de Romarinho em seu primeiro toque na bola.

Hoje leio, como venho lendo a cada nova classificação do time na competição, os analistas dizendo que ao Corinthians falta algo mais para levantar a taça na próxima quarta. E do jeito que está falta mesmo.

Faltam noventa minutos.