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UMA TRISTE PÁGINA VIRADA

Dia 17 de Janeiro de 2010 e o Santos estreava no Campeonato Paulista. Começava ali um ano histórico para o clube com o surgimento de mais uma geração de meninos da Vila, dentre eles um camisa 10 diferenciado, jogador com um talento raro, um maestro em campo. Pois bem, na época, enquanto o Santos dava show pelos gramados do Brasil afora, a imprensa, os torcedores e todos os amantes do futebol já apontavam o garoto como o novo camisa 10 da seleção Brasileira, inclusive para a Copa que até então estava próxima. De fato, um futuro ídolo que por diversas vezes foi colocado bem acima de um certo camisa 11 que também dava as caras para o mundo com o seu talento e alegria de jogar futebol.

Porém, o tempo passou, o mundo deu a sua volta e depois de uma lesão grave no joelho, o camisa 10 do Santos teve sua carreira, seu bom futebol e o seu posto de ídolo totalmente abalados. Enquanto isso aquele camisa 11 ”marrento” e que para muitos era só mais um quando comparado a genialidade do primeiro, despontava como o grande craque do momento e conduzia seu clube a vitórias e títulos.

O meia santista se recuperou da lesão, mas nunca mais recuperou o seu futebol, a partir desse momento seguidas decepções, declarações infelizes, partidas sonolentas e até certa falta de personalidade fizeram do jogador, outrora um ídolo, um vilão. Muito mal assessorado o craque perdeu seu posto de titular até mesmo na seleção e se meteu em mais uma novela insuportável e cansativa do futebol brasileiro. Foram dias de indefinição e reviravoltas, muitos envolvidos e enfim a concretização de sua ida para um rival do clube que o revelou.

Contudo, é fato que quando um jogador perde a vontade de atuar por um clube não há nada que mude tal fato, nem o esforço do Santos em mante-lo na Vila Belmiro oferecendo planos de carreira e salários astronômicos, até muito acima do que o jogador vinha apresentando em campo foram suficientes. Infelizmente, Paulo Henrique Ganso tinha tudo para ser um ídolo de um dos maiores clubes do planeta, mas se despediu do mesmo de forma melancólica. Não quero crucificar o jogador, até porque a culpa que ele carrega é ínfima comparada a de quem administra a sua carreira, realidade triste e cada vez mais gritante do futebol brasileiro, na qual grupos de investimentos e empresários dominam o esporte e os clubes se mostram cada vez mais impotentes em manter o seus craques.

Uma página virada na história centenária do Santos, se deixará saudades não cabe a mim responder, só desejo que o garoto talentoso que tanto alegrou os santistas e brasileiros volte a desenvolver o futebol que o colocou no patamar de craque e esperança para a Copa de 2014.

Finalizo com um trecho de uma entrevista de Giovanni ao Lance em Fev/12. Foi o ídolo santista que trouxe o ainda garoto Paulo Henrique ao Santos e o projetou para o futebol:

”- O Henrique é um menino de muito bom coração mas tem sido mal orientado. A DIS consegue manchar a carreira dele que ainda está no começo. A impressão que dá é que ele não tem mais voz, não manda no próprio passe, não manda na própria vida. ”

QUER PAGAR QUANTO?

Segundo Paulo Vinicius Coelho, o São Paulo sacramentou a venda de Lucas ao PSG, por 43 milhões de unidades de euros. Um achado, um arroubo, um rompante. Um negócio das Arábias, literalmente.

Bom de bola, hábil, jogador de explosão e boa condução da pelota. Lucas é um ótimo jogador, mas não é craque como Neymar. Bem longe disso. Alterna muitos altos e baixos. Nunca altíssimos, mas também nunca baixíssimos. Sequer é titular da seleção olímpica.

Então o fechamento dessa venda é um golaço histórico e sem precedentes do São Paulo.

PVC apurou que desse montante, 30% cabem ao jogador. Muita grana, meus caros. Com 19 anos de idade ele está feito pelo resto da vida.  E sua vida de atleta ainda é bem longa.

Lucas tinha propostas da Inter de Milão e do United. Clubes mais importantes e que dão a quem veste suas camisolas maior status do que a quem veste, por exemplo, a do PSG. Logo concluímos que o que pesou foi grana. Longe, bem longe do discursinho pasteurizado do sonho de se atuar nos grandes mercados. E grandes mercados eu entendo como Inglaterra, Itália e Espanha.

Dito isto, me aproveito do tema supracitado e levanto um questionamento aos caros: Onde está o erro de gestão de carreira de Paulo Henrique Ganso?

Há menos de 1 ano era impensável que qualquer outro jogador do país pudesse valer mais do que o camisa 10 do Santos, exceto Neymar, claro. Só que mesmo quando ainda atuava sistematicamente e emblematicamente pelo Peixe, Ganso nunca teve o mercado tão aberto assim como esteve agora para Lucas.

E analisem comigo. Há 1 ano Ganso era unanimidade como o 10 da seleção. Hoje já perdeu essa condição, inclusive na Olímpica para Oscar.

Oscar que já acertou, também por valores milionários, sua vida com o Chelsea.

Em menos de 1 ano Ganso perdeu espaço na seleção para Oscar, mercado para Lucas e Oscar e perde cada dia mais moral no Santos e junto ao torcedor santista. Seu mercado hoje é restrito ao futebol brasileiro.

Que suas contusões pesem contra, ele já esteve em pé de igualdade com Neymar, que é melhor do que os 3 juntos.

É um dos maiores cases de insucesso e de má gestão de carreira dos últimos tempos. Na mesma medida em que Lucas e Oscar são cases de sucesso retumbante, sobretudo comercial.

O que pensam sobre isso os nobres?

A 4 PASSOS DO TETRA

A segunda batalha Brasil x Argentina nas quartas de finais da Libertadores foi tão dramática e emocionante quanto a primeira (Flu 1 x 1 Boca), porém o final feliz dessa vez foi desfrutado pelos brasileiros. O Santos com o apoio de ”míseros” 16 mil pessoas – eu digo ”míseros”, pois a Vila não comporta mais o n° de sócios do clube e nem a dimensão de grandes partidas, mas isso é discussão para um outro momento – venceu o Vélez e agora encara o Corinthians na semifinais da competição continental. Para muitos Neymar e Cia não jogaram como se esperava e as dificuldades impostas pelo esquema tático de Velez coloca uma pulga atrás da orelha do torcedor santista, já que na próxima fase da competição o Santos encara um time que atua semelhantemente ao Velez, a grande diferença está na qualidade dos jogadores e nesse quesito o próximo rival é mais qualificado que os argentinos, por isso o que esperar de uma equipe que sofreu para anotar um golzinho contra o Velez frente um Corinthians marcador e raçudo ?

Pois bem, analisando friamente apenas o comportamento do Santos na partida de ida os alvinegros praianos teriam motivos de sobra pra jogar a toalha, não que a atuação na Vila mostrasse uma grande evolução, mas o peixe que jogou na Argentina deveria agradecer aos céus por ter saído apenas com 1×0 contra. De qualquer maneira, não dá pra apagar tudo que essa equipe mostrou nos últimos anos e agora com um time mais experiente e encorpado, ou melhor, ”cascudo” usando o termo da moda, o Santos também entra forte nas semifinais e é claro não podemos esquecer um certo camisa 11 que pode acabar em minutos com todas as teorias, projeções e adversidades.

Em relação a partida em si, deve-se destacar a paciência que a equipe teve até furar a retranca do time argentino que muito bem postado quase matou o jogo com um homem a menos. A entrada do guerreiro Léo foi crucial para o destino final da vaga nas semifinais, confesso que quando o técnico Muricy optou pela troca de um lateral pelo outro e não entendi muito bem, afinal de contas o Santos precisava de homens de frente, mas a disposição e a experiência do atleta mais vitorioso pós era Pelé mudou a história do confronto. Foi do ”vovô” Léo o passe decisivo para o gol do ”iluminado” Alan Kardec que está longe de ser um jogador brilhante, mas vem anotando gols importantes e com isso, o artilheiro Borges vai deixando o banco cada vez mais quentinho.

Muitos que acompanham a coluna devem estar estranhando eu não soltar o verbo pra enaltecer o menino Neymar, porém dessa vez prefiro focar no conjunto, até porque o garoto foi apenas ”mais um” nessa batalha contra os argentinos e se não foi brilhante, ao menos garantiu a expulsão do goleirão do Velez.

Em suma, o Santos não foi espetacular, Neymar não esteve nos seus melhores dias, mas prevelaceu a raça, a paciência e a frieza na hora da decisão e é exatamente assim que se ganha uma Libertadores, não precisa ser espetacular sempre, o que realmente faz a diferença é o famoso ”sangue nos olhos” e isso poucos possuem. Faltava isso ao Santos, agora parece que não falta mais, uma vitória assim dá moral e esperança para o torcedor que terá pouco mais de 15 dias para preparar o coração e sofrer por mais 180 minutos e quem sabe alcançar o tão sonhado tetra campeonato.

Chazinho de Coca – Ganso joga bola.

Ganso joga bola , não levanta a gola. Ganso levanta a bola.

Ganso não dança, faz dançar. Dança o marcador que lamenta o fato de seu fardo.

Dança quem em lista fez Ganso dançar. Dança quem com Ganso poderia dançar.

Ganso apagado é luz para o seu time. Ganso iluminado é estelar para a seleção. Ilumina os caminhos de um time campeão. Leva as trevas o pobre rival sem ação.

Ganso não levanta a gola. Levanta os olhos, ergue a cabeça, conduz a bola. Acerta o passo. Acerta o ângulo.

Ganso cerra os punhos, salta, soca o ar. Lembra “Ele” ao comemorar.

Gola é coisa para rock star. Bola é coisa para quem sabe jogar.

Ganso joga.