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ENTRE MOCINHOS E DERROTADOS, NÃO HÁ VILÕES. HÁ O FINALISTA DA CHAMPIONS LEAGUE.

O ser humano aprendeu a ter duas opções na vida: a certa e a errada. Para tudo o que ocorre nas esferas mundanas há de se ter um mocinho e um vilão.

Mas existem tantas situações entre um extremo e outro. Existe o meio termo. E o futebol não foge a regra.

Passados os dois jogos entre Chelsea e Barcelona, o mundo passou a apontar seus mocinhos e seus vilões. Passaram também a testemunhar contra si próprios.

Que Ramirez foi um monstro nos duelos e Drogba fora decisivo, não há dúvidas. O vilão é Messi.

Mas Messi é vilão do que?

Por que foi o 1º na história a ser eleito 3 vezes consecutivas o melhor do mundo? Por ousar quebrar recordes? Por conduzir a máquina barcelonista em todos os títulos conquistados nos últimos anos?

“Messi ousou ser comparado a Maradona, a Pelé!”.

Oras, façam-me o favor. A comparação vem de fora. Somos nós quem o colocamos nesse patamar, justo, aliás. O argentino nunca veio a público reivindicar seu trono. Mas a ele foi concedido justamente um lugar dentre os grandes de todos os tempos. Se for melhor ou pior do que aquele que você tem como ídolo, não é problema dele.

Humano que é, Messi erra. E errou nos dois jogos. Errou em Londres, ao ser desarmado por Lampard no lance do gol do Chelsea. Errou ontem na cobrança do pênalti e que poderia ter dado a vantagem necessária ao Barcelona.

Mas errou também Guardiola que o escalou como homem de meio, partindo antes da faixa de volantes do Chelsea, quando na verdade sabemos que o argentino gosta de trabalhar às costas dos volantes e partindo em direção a área adversária. Minou sua principal arma, tirou dele a melhor condição para decidir.

Só que acertou muito mais Di Matteo, que com um verdadeiro catenaccio anulou a volúpia ofensiva do Barça. Deu ao melhor time do planeta o que ele gosta – a posse de bola, mais de 70% da posse – mas postou toda a sua equipe dentro de sua área e adiantou a marcação do meio, impedindo que o rival conseguisse entrar tabelando.

E aí pode se notar mais uma falha do Barcelona. O time não chuta. Foram somente dois disparos (minhas contas) de fora da área ao longo das duas partidas.

Sobre Di Matteo e seu esquema, há também de se considerar que esteve ele com um jogador a menos ao longo de toda a 2ª etapa. E que ao final teve a visão de mandar um Fernando Torres cheio de gás, na vaga de um heróico e combalido Drogba, e que fora o espanhol o jogador que fechou de vez a espetacular classificação azul para a final. Reconquistando não apenas o moral do time, mas de um atacante pelo qual se gastou muito, mas também se cobra demais e injustamente, pois é sim bom de bola.

É muito mais justo dizer que Ramirez foi um monstro nos duelos, anulando Daniel Alves na 1ª partida e forçando Guardiola a mudar seu esquema, colocando o melhor lateral direito do mundo no banco na 2ª partida. Fora o golaço marcado quando a vaca londrina começava a ir para o brejo.

É muito mais justo apontar o isolamento heróico de Drogba, que sozinho no ataque incomodou mais do que todo o Barcelona nos dois jogos.

Exaltar um cascudo Chelsea, que de time presepeiro e derrubador de técnicos, hoje é finalista da Champions League é muito mais justo – e belo – do que dizer que o “Barcelona não é tudo isso”, que “Messi é um Valdívia com grife” e que a “farsa barcelonista” caiu.

O futebol é cíclico e pode ser sim que a fase dominante do Barcelona esteja chegando ao fim. Mas não é certo.

O que é certo e será para sempre é a história escrita por esse time de Pep Guardiola e comandada pelo genial Messi. Ninguém irá apagar isso.

Como ninguém pode diminuir o feito do Chelsea escolhendo vilões do outro e não os heróis dele. Cascudo, barra pesada, mas também talentoso. O finalista da Champions da League.

Cheers,

O BARCELONA VIVE HOJE NO MUNDO QUE É SÓ SEU

Por: João Paulo Tozo

Quando no futebol se diz que tal time possui alma, entende-se que aquele escrete possui força para superar momentos de adversidades técnica, numérica, histórica.

Ao longo desses meus pouco mais de 30 anos vi uma série de grandes esquadrões que venciam batalhas árduas na bola, mas também na garra e na vontade.

Foram times que muitas vezes testemunharam contra a tradição do clube para atingir um objetivo maior ou talvez inalcançável naquele momento.

Times que duraram ou duram poucas temporadas, pois possuem uma filosofia que não é a do clube e o clube, grande culpado nesse processo todo, não plantou sua essência na formação de seus jogadores. Jogadores que crescem sem identificação com clube e saem para outro qualquer antes de sequer chegar ao topo da cadeia. Clubes com times que jogam de uma forma hoje e de outra amanhã, sob tutela de um comandante diferente a cada nova temporada.

Cada clube nesse planeta chamado futebol possui a sua assinatura, a sua marca registrada, aquele diferencial que o distingue dos demais. Mas somente um parece respeitar esse processo e elevá-lo a potencias hoje inalcançáveis.

Poucas vezes na história do futebol um clube elevou a um grau tão alto a chamada “alma” como esse Barcelona. Não o Barça do Guardiola, apenas.

Alma não do time, mas do clube. Em essência, um clube preparado e preparador de esquadrões.

Não um clube de estrelas, mas uma constelação formada pelo clube e para o clube. Um diferencial tremendo em relação a todos os demais e que o torna hoje algo único no planeta bola.

Não simplesmente a base da atual seleção campeã do mundo, mas a base de filosofia intrínseca e moldada desde a 1ª esfera preparatória do futuro profissional do clube.

Não há preparação tática. Há preparação filosófica. Há a preparação para o encantamento ao qual o futebol se propõe como esporte.

O treinamento tático do garotinho de 8 anos é o mesmo que recebe o maior de todos os homens do atual cenário da pelota e é a mesma que ele também recebeu quando chegou ao clube com 13 para 14 anos.

A transição de categoria é definida pela idade, não pelo jogo. É por essas e tantas que ninguém se assusta quando estréia para jogar ao lado de Messi. É por isso que o patamar do jogo do time de cima não muda, mesmo que mude a qualidade individual, já que isso a filosofia instaurada na alma do clube não consegue inserir no individuo.Mas o individuo é preparado para ser parte do todo.

Rasgue tudo o que você aprendeu na vida sobre 4.4.2, 4.3.3, 3.5.2 e mesmo nos  4.3.1.2 e suas variáveis.

Passe a compreender o 3-7-0 que prepara a jogada para ser finalizada com êxito pelo 3-0-7 ou ser defendido pelo 10-0-0.

Esqueça a velha escalação do goleiro ao centroavante. Esqueça o conceito de zagueiro, de meia, de atacante.

Volte a pensar em futebol total. Em futebol maioral.

Entenda o quanto pode ser normal o lateral direito ser meia direita e ponta na mesma jogada e na seguinte já estar na ala esquerda preparando a jogada para que o maior de todos de nosso atual cenário possa finalizar como um centroavante que não é – ou é também.

Comece a assistir os jogos do time azul e grená olhando para o setor do campo onde a bola não está. É lá que tudo está acontecendo. É lá que a movimentação e troca incessante de posições acabam por trucidar o esquema tático do pobre adversário que ainda enxerga o jogo por setor, por posição, por marcação.

Entenda o porquê um centroavante fantástico e de técnica refinada como Ibrahimovic não deu certo por lá. Por que um magistral Ronaldinho Gaucho, de história ímpar dentro do clube, foi simplesmente dispensado. Entenda que para fazer parte desse todo o sujeito precisa ter muito mas do que técnica, mas sobretudo entender a filosofia do clube e não somente do time.

O Barcelona hoje forma indivíduos, enquanto seus adversários são formados pelos indivíduos.

Os 4X0 inapeláveis diante do melhor time da América voltou a definir a condição de cada um.

O Santos é um belo time, mas compará-lo ao Barcelona foi além de leviano, pouco inteligente. Tentar postar o cracaço Neymar na condição de postulante a vaga de extraterrestre de Messi foi infantil por parte de todos os que entraram nesse oba-oba.

Existe um mundo que separa os times e suas estrelas. Um mundo de 75% de posse de bola. Um mundo de inapeláveis 4X0 que saíram ainda baratos diante da monstruosa diferença.

Um mundo onde hoje reside somente um clube. O mesmo mundo onde viveu a seleção de 70, o Santos de Pelé, A Laranja Mecânica de Cruiyff (responsável pela implementação da atual filosofia barcelonista), a Academia Palmeirense de Ademir da Guia, o Flamengo de Zico, o Inter de Falcão, o Madrid de Di Stefano e podemos aí citar mais alguns que não devem ultrapassar as duas dezenas.

Se as gerações passadas puderam se orgulhar de seus esquadrões, a nossa tem o seu para usar como referencial.

Eu que gostava de entender o 4-4-2 contra o 3-5-2, hoje estou adorando não entender absolutamente nada do que faz esse incompreensível e magnífico Barcelona.

BARCELONA MATADOR: CAMPEÃO DA SUPERCOPA DA UEFA

 

Cesc Fábregas entrou para fazer o gol do título. Festa Barça.

Se o Real Madrid havia começado sua participação na Liga 2011-2012 com avassaladores 6 a 0 sobre o Real Zaragoza fora de casa, o FC Barcelona não deixou por menos e estreou no Camp Nou com um sonoro 5 a 0 sobre o Villarreal.

 Vale lembrar que não se trata de um Zé Ninguém. É o Villarreal, classificado para a UEFA Champions League.

 Tudo isso com um detalhe, Pep Guardiola, sem Gerard Piqué e Carles Puyol, tratou de levar a campo um Barça com três zagueiros: Javier Mascherano, Sergio Busquets e Eric Abidal.

 Thiago Alcântara fez um, Cesc Fábregas marcou em seguida, Alexis Sanchez, estreando, ampliou e Lionel Messi fez outros dois.

 Se Guardiola acenou com mudanças no consagrado esquema de jogo do Barcelona, não menos surpreendente foram algumas das características da partida da última sexta-feira que deu aos catalães o segundo título em menos de um mês de temporada, a Supercopa da UEFA, contra o FC Porto, por 2 a 0 em Mônaco (antes o Barcelona havia conquistado a Supercopa da Espanha contra o Real Madrid e duas partidas: empate por 2 a 2 e vitória por 3 a 2).

 Jogando no Estádio Louis II de Mônaco, o Barcelona, campeão da Champions League, tentava mais um caneco para a coleção de troféus do clube contra os portugueses, campeões da UEFA Europa League, no tradicional evento anual entre os dois campeões continentais.

 A exemplo de diversos jogos anteriores do Barcelona, os oponentes iniciaram os primeiros 10 minutos com ímpeto, mantendo a posse de bola e tomando a iniciativa do jogo.

 Mas não se engane, a festa dura até o primeiro momento em que o Barça consegue colocar a bola no chão e trocar passes precisos à base de perfeita movimentação, apesar do gramado decepcionante do principado magnata.

 Daí em diante foi o de sempre em certos aspectos. Posse de bola estratosférica rondando os 70% e bombardeio catalão sobre o goleiro brasileiro Hélton.

 Pois é, mas para quem acompanha as partidas, pelo menos as mais agudas, do Barcelona de Guardiola notou fatos pouco corriqueiros.

 O oponente. Enquanto adversários de peso ou nem tanto começam a comer o pão quem nem o diabo quer amassar quando Messi e companhia começam a tocar a bola com maestria, o Porto fez muito com seus modestos mas preciosos 30% de posse de bola. A equipe até que criou, atacou, pelo menos tentou com bravura. Hulk incomodava a defesa com sua vontade e excelente condição atlética e muscular. É aquela história, o cara é um tanque e dava trabalho.

 

Davi Villa e Cesc Fábregas com a taça.

O ataque do Barça. Como foi dito, os passes são precisos. O jogo é sincronizado. Parece tudo exaustivamente ensaiado, inclusive com o adversário, ao estilo Harlem Globtrotters, que não vê a cor da bola. Conclusão: quase não há situações de jogo como impedimentos. Estranhamente, não foi o que se viu em Mônaco. O ataque foi pego diversas vezes em posição fora de jogo. Início de temporada? Falta de entrosamento? Gramado ruim? Utilização eficiente da “linha burra” por parte do Porto? Foram os questionamentos dos que notaram a anomalia.

 O Porto, ao estilo “milagre da multiplicação dos pães”, fazia muito com pouco. Tudo ia razoavelmente bem. Até o fim do 1º tempo.

 Cercado, o colombiano Freddy Guarín pensou rápido e tentou recuar para o goleiro Hélton. Pensou rápido e mal. Lionel Messi voltava na boa da banheira após último ataque do Barça imediatamente antes. Recebeu presente dos deuses e concluiu sem stress. Barça 1 a 0.

 Há dias que o sujeito para e pensa que não deveria ter saído da cama naquele dia. Deve ser o que Guarín pensou no final da última sexta-feira.

 

Don Lionel Messi em Mônaco.

Na 2ª etapa a porta estava aberta. O Barcelona tratou de pôr pressão. A “blitz” catalã forçou Rolando a tomar o segundo amarelo.

 Se já estava fácil, clareou ainda mais. Fábregas, que havia entrado no 2º tempo, marcou golaço após assistência perfeita de Messi. Jogada de craques.

 Guarín, para encerrar a jornada cinzenta, também foi expulso no final. Já não importava mais.

 FC Barcelona campeão da Supercopa da UEFA.

 Se o assunto é o futebol quase perfeito do Barcelona. Nada melhor que apreciar o quarto gol da equipe contra o Villarreal. Passes perfeitos e rápidos e gol de Messi.

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