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TUDO ERRADO!

A sintomática partida contra a Portuguesa tinha tudo para marcar o fim de um ciclo para o Corinthians. No dia em que seu treinador, Tite, campeão brasileiro, da Libertadores, do Mundial, do Paulista e da Recopa, se sagrou o segundo treinador com mais jogos pelo clube, atrás apenas do lendário Oswaldo Brandão, o time também foi goleado pelo time lusitano, e isso marcou também a pior sequência do treinador. Curiosamente, a última vitória foi pelo mesmo placar elástico, 4 x 0, contra o Flamengo, à época treinado por Mano Menezes, ex-treinador do Corinthians, que deixou o rubro-negro e hoje está no mercado, fazendo sombra para treinadores ameaçados.

A direção corintiana se apressou em informar que Adenor não corre perigo. Segue prestigiado. À frente de uma equipe desfigurada. Que teve Ibson de titular. Por pouco tempo, diga-se. Aos vinte e nove do primeiro tempo, o meia foi substituído por Danilo, que também pouco produziu. Guerrero perdeu pênalti. O Corinthians teve dois gols, de Sheik e Pato (bem) anulados.

As outras substituições promovidas, Igor e Paulo André por Pato e Jocinei, também não surtiram efeito algum. A goleada já se consumava. A crise se perpetua com o Corinthians a seis pontos de proximidade com a zona de rebaixamento.

Foi a consagração de Gilberto. Aquele que quase assinou com o Corinthians, acabou indo para o Internacional, e – sem muito sucesso – foi parar na Lusa. Pra ser o algoz de seu antigo pretendente. Três gols anotados por ele, um por seu substituto no segundo tempo, Wanderson.

Se a Lusa teve em um Gilberto o grande herói, o Corinthians teve em seu quase xará, Gil, um dos vilões. Em atitude já descontrolada, o zagueiro tentou acertar uma cotovelada em Bergson e acabou expulso.

Poderia significar a queda de Tite. O roteiro corroborava para isso. Mas o elenco se fechou para apoiar o treinador. Até que ponto isso significa que as coisas possam melhorar? Não sabemos.

Por mais que o passado recente seja significativo, digno de boas lembranças, eu não sei mesmo se não é tempo de uma mudança. Mudança esta que talvez passe por reformulação total, de elenco e de comissão técnica. Ou no mínimo de postura (que talvez implique nas demais mudanças). É nítido que deste jeito não dá pra acreditar em mais do que uma posição que nos livre do rebaixamento (ainda não quero imaginar que estejamos correndo o risco de descenso), não dá pra acreditar em classificação na Copa do Brasil e não dá pra imaginar uma recuperação capaz de brigar por vaga na próxima edição da Libertadores.

Pra piorar, um torcedor atingiu o auxiliar Bruno Salgado Rizo com uma garrafa de água, e isso deve representar mais punições para o Corinthians. Como se a fase já não fosse ruim o suficiente.

Contra o Bahia, na quarta-feira, podemos ter a estreia do zagueiro Cleber, já que a zaga titular está suspensa para este jogo, então o ex jogador da Ponte deve formar dupla com Felipe. A se avaliar pela partida contra a Portuguesa, outro que pode ganhar chance é Jocinei, que finalmente estreou e não comprometeu.

É hora de recolher os cacos, antes que os ventos da segundona os espalhem. Sigamos.

Tite sofre com o apagão de sua equipe.
Tite sofre com o apagão de sua equipe.

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Há quem diga que a verdade está nas conversas em mesas de bar, bancas de jornais e nos papos informais antes do início de expediente nas empresas. Habitual frequentador destes ambientes, ouvi em um deles que Douglas era o parceiro ideal para armar as jogadas que fariam Alexandre Pato finalmente brilhar no Corinthians. Embasado em algum estudo ou não, fato é que o autor da sentença acertou na mosca. Os lançamentos em profundidade do meia foram determinantes para que o atacante fizesse dois gols na partida contra o Flamengo no Pacaembu, no dia em que o Timão completou 103 anos de sua fundação. Comemoração de gala, com uma goleada de 4 x 0, dois gols anotados pelo supracitado Pato.

Tudo bem que parte desta bela atuação se deve também pela instabilidade do Flamengo de Mano Menezes, junto a um grupo que tem muito do Corinthians – 2009 em suas fileiras. Mesmo assim, a equipe rubro-negra ainda não lembra aquele tal equilíbrio. Especialmente André Santos, muito perdido em campo, até sem função definida no estranho esquema de Mano, e com Elias sendo o mais lúcido da equipe, com boa movimentação. Foi muito pouco, frente à eficiência do clube aniversariante.

Havia Douglas muito inspirado, e como disse antes, em boas jogadas com Pato, com aqueles lances em profundidade que faziam falta ao Corinthians. Me pergunto se, após a vitória, Tite continuará com o discurso ‘não temos elenco’  (em tempo: se levarmos em conta a falta de laterais, não temos mesmo).

De resto, ainda há para o Corinthians a boa atuação da defesa, sempre com Gil, um gigante ao longo do ano, e Felipe fazendo bem o papel de Paulo André, que se não é brilhante, atua com segurança. Fábio Santos desta vez não comprometeu, e Alessandro, seu improvisado substituto jogou pouco tempo. É nesta posição que temos a maior limitação, isso é claro. Além disso, temos a dificuldade no meio de campo em relação a Ibson, que não vem aparecendo muito nos jogos.

Paradoxo: em oposição ao ‘não temos elenco’, como Adenor solucionará a questão de quem deve sair da equipe titular, já que parece impossível que Douglas seja preterido neste momento? Se sair Romarinho, o meio de campo fica mais lento? E Danilo, corre risco de perder espaço com Tite?

O próximo compromisso do Timão é contra o Internacional, na quarta-feira, e todas estas questões poderão ser respondidas. Vamos aguardar.

Atualização de última hora: com o corte de Fred da Seleção, devido à grave lesão que sofreu, Pato foi convocado por Felipão e desfalcará o Corinthians por pelo menos três jogos, a começar por este de quarta-feira. Pois é.

Pato foi convocado por Felipão após a atuação de gala no clássico contra o Flamengo.
Pato foi convocado por Felipão após a atuação de gala no clássico contra o Flamengo.

VERDADES INCONTESTÁVEIS

Das verdades incontestáveis:

Verdade número 1: no domingo, pelo Campeonato Brasileiro, contra o Coritiba, o Corinthians foi beneficiado pelos erros da arbitragem (veja bem: ERROS). Especialmente o erro que validou o pênalti em Danilo, cobrado por Guerrero e que culminou no único  gol do fraco futebol praticado pelos corintianos, não só neste jogo, mas como vem sendo padrão neste campeonato.

Verdade número 2: na quarta-feira, pela Copa do Brasil, contra o fraquíssimo Luverdense, o Corinthians foi prejudicado pela arbitragem, que validou o gol feito por Misael após uma ajeitada marota na bola com a mão.

Verdade número 3: nenhum destes fatos está relacionado, não deve ser encarado como uma compensação dos deuses do futebol e não anulam o fato de que o Corinthians atual está péssimo e tem tudo para, caso continue neste ritmo, não chegar a lugar nenhum no ano de 2013, que já se aproxima de  seu final (o tempo passa, o tempo voa).

O que impressiona mais é que neste jogo contra o fraco time da cidade de Lucas do Rio Verde, absolutamente ninguém jogou bem. Nem Gil, com números impressionantes ao longo do ano, esteve à altura de suas atuações. Romarinho errou tudo. Pato, não obstante o fato de que a bola não chega até ele, teve muita dificuldade em acertar os passes. Danilo, antigamente um ponto de equilíbrio do time, ficou sumido. Ibson não existiu. Alessandro sentiu falta de ritmo jogando pela direita, e no segundo tempo, deslocado para esquerda num acesso de Professor Pardal que tomou a mente de Adenor, ficou ainda mais perdido.

Verdade número 4: não dá pra disputar mata-mata como se estivesse jogando por pontos corridos, administrando resultado. Em pontos corridos isso já passou do limite do aceitável, o que dizer de um jogo contra um time pequeno num mata-mata?

Verdade número 5: não é mais tempo de ressaltar que temos bom elenco. O time tem limitações, a diretoria e a comissão técnica erraram muito em não investir ou preparar bons jogadores para as laterais. Era necessário. Outra coisa: Ibson não é reforço, e nem tem futebol para ser titular. Não é cornetagem, não é implicância. É um fato.

Verdade número 6: a atitude de Sheik durante a semana foi muito mais do que nobre, todo o apoio por fazer coisas que ajudem a diminuir a intolerância em um mundo tomado por preconceito. Mas é preciso jogar futebol. E continuar com atitudes nobres também.

Verdade número 7: o Luverdense tem um time que corresponde com seu potencial financeiro e com a divisão que disputa no Campeonato Brasileiro, que é a  Série C.

Verdade número 8 (a derradeira): O time acima jogou melhor do que o Corinthians. Ponto final.

Sem futebol decente, nem com reza de Adenor.
Sem futebol decente, nem com reza de Adenor.

NOVENTA MINUTOS DE APATIA

Não há outra palavra para definir o comportamento do Corinthians diante do São Paulo no Pacaembu na tarde de domingo, 28/07/2013, que não seja esta: apático. Bem posicionado, sem sofrer muito perigo dentro da área, seguro nas defesas (Cássio sequer precisou fazer muita coisa), mas apático.

Até que ponto é uma tática eficiente caprichar na marcação , se ao final de tudo as finalizações ficarem prejudicadas pelo esquema? Tite, como sabemos, é um estudioso de esquemas táticos. Mas tem insistido demais na mesma estratégia. Com a mudança inevitável após a saída de Paulinho, nos falta aquele cara que chuta de fora da área, que surpreende. Guilherme, que vem jogando bem, tem outro estilo, mais defensivo, embora seja um segundo volante. E nos falta o batedor de faltas, o cobrador de escanteios. Enfim, o cara das bolas paradas.

Apesar do empenho de alguns jogadores de ambos os lados, o jogo passou com o placar em branco.
Apesar do empenho de alguns jogadores de ambos os lados, o jogo passou com o placar em branco.

Em contrapartida, o São Paulo consertou o que estava errado. Paulo Autuori foi esperto enquanto havia tempo e afastou o insubordinado Lúcio – que afinal de contas, o que quer da vida a esta altura da carreira? – e ainda mandou para o banco Paulo Henrique Ganso (e preferiu não utilizá-lo ao longo dos 90 minutos). Funcionou: com Toloi e Paulo Miranda, ainda que o São Paulo não tenha sido efetivo no ataque, impediu todas as jogadas do ataque corintiano.

As substituições mais óbvias e esperadas, Renato Augusto e Pato, no lugar de Émerson e Guerrero, desta vez não surtiram tanto efeito. O primeiro, embora ousado, sentiu a falta de ritmo; o segundo tentou, tentou, tentou… mas ficou no quase. Mais uma vez, o problema aqui é a diferença nos estilos de jogo. Pato não é centroavante. Até se esforça para ser, é verdade. Mas também – a despeito das opiniões que vão do 8 ao 80 – há que se dizer que é responsável por três dos seis gols marcados pelo Corinthians no campeonato Brasileiro.

Douglas, no lugar de Danilo, foi quem melhor jogou no segundo tempo. Quem dera sempre mantivesse essa regularidade.

Se ao São Paulo o que resta é salvar-se – opinião corroborada pelo goleiro Rogério Ceni – ao Corinthians resta livrar-se do marasmo ao qual vem se agarrando fortemente dia após dia.  E isso passa pela reavaliação do esquema tático implantado, à reavaliação do – como gosta dizer Adenor – “me-re-ci-men-to” de alguns jogadores pela vaga (Fábio Santos vem sendo pífio há algumas rodadas, Edenilson ainda não aprendeu plenamente a ser um lateral) e finalmente, por uma injeção de ânimo e reajuste do foco da equipe. É pedir muito?

ATRAVESSOU A PONTE!

Não deixo de pensar que é um tanto perigoso esse estilo do Corinthians de Tite, de iniciar os jogos um tanto disperso, apagado, para reagir em seguida e incendiar as partidas mais para o final da primeira etapa ou início da segunda. Mas é também verdade que a estratégia tem dado certo. Com um elenco invejável, a meu ver o melhor do país, o treinador tem acertado muito nas substituições. Nestas quartas de final do Campeonato Paulista, mais uma vez deu certo.

A pressão do time da Ponte Preta veio logo no início, e o Timão sentiu. A Ponte jogava de forma organizada, embora também não fosse brilhante. Mas a estratégia de Tite funcionou, o time soube administrar a partida, roubar bolas no meio de campo e armar bons contra-ataques. Numa dessas roubadas de bola, Guerrero tabelou bem com Danilo e  exigiu boa defesa de Edson Bastos. Mas Romarinho estava atento e mandou para a rede, abrindo o placar. Daí em diante, só deu Corinthians. O segundo gol, ainda no primeiro tempo, veio de um inesperado chute de Sheik, indefensável para o goleiro. Guerrero, em pênalti contestado pelos campineiros (Sheik caiu dentro da área em lance duvidoso), deixou sua marca aos dez minutos do segundo tempo. Até porque o centroavante merecia fazer o seu, pelo grande esforço em campo.

Pato fechou a goleada com belos dribles e um golaço.
Pato fechou a goleada com belos dribles e um golaço.

Daí por diante, o time da Macaca não soube conter o nervosismo, especialmente com Baraka, expulso de campo por pisar em Romarinho, e também com Chiquinho, que sedento por mostrar que poderia ter tido mais chances no Corinthians (não conseguiu mostrar), foi afobado e sem objetividade.

Se pelo lado da Ponte havia Chiquinho reclamando da falta de oportunidades que teve no time da capital, pelo nosso lado havia Pato, ainda reserva neste time do Corinthians, mas que não desperdiçou a chance quando entrou em campo, levou perigo duas vezes ao goleiro Edson Bastos, e na terceira tentativa, em drible que entortou quase metade do time de Campinas, marcou o seu golaço. Em pouco mais de 15 minutos em campo, dividiu com Emerson o título de melhor em campo.

Agora, com a vaga na semifinal e o adversário definido (enfrentará o São Paulo), é hora de pensar no Boca Juniors. Lá, encontra mais um que reclamou de falta de oportunidades enquanto esteve no Timão, o atacante Martinez. Este estaria também com a mesma sede de vingança? Veremos.

As novidades no Corinthians ficam por conta da possível negociação do goleiro Julio Cesar com o Vasco e a inusitada inscrição de Zizao na Libertadores, no lugar de Guilherme Andrade, que ficará seis meses sem jogar, por causa de grave lesão. Uma inscrição para fazer número e marketing, certamente.

zizao
“Libeltadoles da Amélica”