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Os dois lados da moeda: o jogo só termina….

O jogo só termina…

(Desculpem-me, leitores, o texto foi escrito imediatamente após o termino do jogo. A construção das frases talvez nao esteja das melhores)

Um jogo jogado como amistoso, festejado como amistoso, narrado como amistoso e comentado (no sportv) como amistoso.

Impressionante como todos se esqueceram que era um jogo valido pelo torneio mais importante que o Flamengo disputaria no ano.

A diretoria do Flamengo vinha sendo “profissional” ultimamente, mas vira e mexe tem uns arroubos de populismo, do tipo “vamos contratar o Ronaldo”. Pois bem. Ontem não se contiveram: não me acho a Mãe Dinah, mas quando vi o Joel entrando em campo no estilo Rocky Balboa e repetindo “vamos vencer” ao lado do sorridente Márcio Braga lembrei dos piores momentos do futebol carioca. A festa em hora errada, a zombaria despropositada. A coisa começou a feder.

A transmissão pela TV foi curiosíssima: o narrador e o comentarista pareciam estar transmitindo uma partida de jogadores aposentados, exibição, showball. Era nítida a falta de implicação da equipe flamenguista com o jogo mas, ainda assim, se ouvia o comentarista dizendo “o Flamengo vai marcar logo”… e nesse naipe foram os comentários, mesmo com o Rubro-Negro perdendo por 2×0. Esqueceu-se que do lado oposto havia um adversário. Aos 35 minutos do segundo tempo, 3×0 para o América, quase atirei a televisão da janela quando o comentário foi “o Flamengo tem muito tempo para fazer um gol”. Para quem não fez em condições favoráveis em 80 minutos, 10 minutos com os nervos a flor da pele não me parecem uma eternidade.

O Flamengo criou oportunidades? Inúmeras. Então qual a diferença desse jogo para os últimos? Simples: nas partidas anteriores, quando uma oportunidade de gol era perdida, via-se no semblante dos jogadores a irritação. Nesse jogo não. Algo que me remete aos piores momentos da seleção brasileira de 2006.

Enfim. A sensação é mais de bizarrice do que de tristeza. Um circo dos horrores. Em uma noite o Flamengo, da diretoria aos jogadores, ressuscitaram o espírito mambembe do futebol do Rio de alguns anos atrás. E em uma noite todo o trabalho feito no Campeonato Brasileiro 2007 foi jogado pela janela. Não pela derrota – pois perder faz parte do jogo – mas pela forma como a derrota se deu.

Parece que só quem se lembrou que havia uma partida a ser vencida foi o dono da festa – a festa mais triste da história recente do Flamengo. Papai Joel.

Agora a coisa fica assim: o clima na Gávea vai ficar horrivel. Além disso, um técnico novo, bem intencionado, mas pouco experiente. Uma ótima equipe (sim, porque continuo sustentando, o time realmente é bom) com um resultado péssimo. Minhas perspectivas? Por hoje (ao menos), nada boas.

Os dois lados da moeda: esse Romerito não é paraguaio!

Em meados dos anos 80 O Fluminense tinha um belo time – sagrou-se campeão brasileiro de 1984 e eternizou o “Casal 20” Assis e Washington. Mas o craque mesmo, aquele que quando pegava na bola fazia um flamenguista como eu tremer nas bases nos Fla-Flus, era o paraguaio Romerito. Como jogava bem o Romerito paraguaio!

Ontem na Ilha do Retiro o Romerito do Sport teve atuação digna do seu homônimo. Com três gols seus ainda no primeiro tempo (e mais um golaço de Dutra no segundo) o Campeão pernambucano despcachou o Palmeiras da Copa do Brasil.

Acende uma luz amarela para a torcida alvi-verde: o Palmeiras tem um bom time, certamete o melhor escrete reunido no Parque Antárica nos últimos anos. Mas para dizerem-se “os melhores do Brasil” (como se ouve aqui ou ali) ainda falta.

Hoje a equipe do Palmeiras é do mesmo nível dos times decentes do Brasil: São Paulo, Flamengo, Botafogo, Fluminense, Cruzeiro, Inter… e quem sabe o próprio Sport. Nem mais, nem menos.

Os dois lados da moeda: Fla e Flu se garantem na Libertadores.

1. FLAMENGO

Quarenta e cinco minutos que valeram por muitos – e muito – mais. Que jogão de bola foi o Flamengo e América/MEX no segundo tempo. Esse texto está baseado na segunda etapa da partida – da primeira só vi os melhores momentos.

Enfim, os 45 minutos finais do jogo iniciaram-se com jogo empatado em 1×1 – o rubro-negro abriu o placar com gol de Marcinho e a equipe mexicana empatou. O empate não era mau resultado para o Fla, que, imaginei, poderia até ter optado por gás para a finalíssima do carioca no próximo final de semana.

Para minha agradável surpresa, os rapazes capitaneados pelo grande Joel consideraram as possibilidades do jogo e resolveram arriscar. O que tinha tudo para se tornar um jogo retrancado, ou mesmo complicado para o Flamengo, transformou-se numa das partidas mais emocionantes dos últimos tempos: os dois times jogando aberto em busca do gol. Parecia uma pelada.

Depois de oportunidades criadas mas mal concluídas, Marcinho abriu o placar do segundo tempo. Pouco tempo depois o América empatou. Pensei: “que broxada, os mexicanos vão pressionar e vai ser duro segurar o rojão”. E assim foi por alguns minutos.

O Flamengo, então, mostrou enorme poder de recuperação e retomou o controle do jogo. Resultado final: Flamengo 4×2 America. Marcaram para o rubro-negro, além de Marcinho, Tardelli e Léo Moura.

Muito da vitória do Flamengo deve ser atribuída ao já saudoso Joel Santana – nosso querido Tio do Churrasco – e sua prancheta mágica. Joel arriscou alto, abriu o jogo improvisando nas laterais – Juan no primeiro tempo e Leonardo Moura só segundo.Tal qual na primeira partida final contra o Botafogo, o Fla terminou a partida com mais atacantes do que começou, três: Tardelli, Marcinho, Obina (que entrou no segundo tempo no lugar de Souza).

É momento, também, de saudar a diretoria do clube, que esse ano não cometeu a bobagem de contratar um grande nome de alto custo e investiu no elenco. Souza, Obina, Marcinho e Tardelli podem não ser imperadores, mas, como aplicados obreiros, permitem ao técnico variações durante o jogo. Prefiro assim.

2. FLUMINENSE

Ainda não assisti o jogo do tricolor carioca, mas vale registrar também a vitória fora de casa dos comandados por Renato Gaucho por 2×1 contra o Atlético de Nacional de Médelin, na Colômbia. A próxima fase da Libertadores tem tudo para ter dois times do Rio.

Os dois lados da moeda: A final do Estadual Carioca

A final do Campeonato Carioca reunirá, novamente, Flamengo e Botafogo. Como no ano passado, a promessa é de emoção até o minuto derradeiro do embate entre as duas equipes cariocas que tem apresentado o melhor futebol nos últimos anos.

O Fluminense tentou esse ano. Contratou três centro-avantes tops! A disputa por posições tão decantada no começo do ano acabou reservando uma grande surpresa aos tricolores! Leandro Amaral teve que voltar ao Vasco – voltar ainda que não tenha propriamente voltado. Dodô não pôde atuar contra seu ex-time. Restou Washington, Coração-de-Leão. Atacante de inegável talento, não decepcionou o campeonato inteiro mas, depois de uma lesão, em seu retorno ao time, estrela que restou solitária (que ironia!), talvez na ânsia de chegar à artilharia do campeonato, perdeu o pênalti que precipitou a classificação do Botafogo.

Acirrando a rivalidade recentemente reacendida, Botafogo e Flamengo farão um duelo de arrepiar. De um lado a garra rubro-negra com sua torcida que, certamente, botará fogo (trocadilho irresistível) no Maracanã. De outro, o time mais romântico do futebol carioca.

Que as luzes de Garrincha e Zico iluminem, mais uma vez, esse embate!

E o texto foi redigido ao som dos pianos carioquíssimos de Ivan Lins e Marcos Valle.

Os dois lados da Moeda – Futebol feminino

Escrevo essa mensagem no intervalo de Brasil e Gana, jogo que decidirá a classificação de uma dessas equipes para a Olimpíada de Pequim. O jogo não está ganho, mas tudo indica que o Brasil levará. Os compromissos profissionais me impedem a cautela de resenhá-lo após o apito final mas a ansiedade de lançar algumas linhas acerca da partida me impõe a falta de tal precaução.

Em matéria de esportes, eu sou um romântico. Ok, esporte desde sempre é competição. Mas deixem-me em paz com meu romantismo. Talvez por isso eu tenha certa tendência a preferir competições femininas. Profiro ver vôlei feminino ao masculino. Basquete feminino ao masculino. Tênis feminino ao masculino. E agora surge o futebol. Ainda não posso dizer que prefiro o futebol feminino ao masculino em termos de clubes, mas no que concerne à seleção, a feminina do Brasil tem muito mais a minha simpatia.

Essas meninas são, acima de tudo, boleiras – não são atletas. Talvez pela menor capacidade física do corpo feminino, haja mais espaço para a palsticidade do esporte quando por elas praticado. Há mais espaço, o jogo tem mais cadência. A força é menos importante, ainda vemos o lúdico da habilidade – que ficou tão claro no segundo gol do Brasil nesse jogo.

Um paralelo meio torto pode esclarecer minhas idéias: pensemos na Fórmula 1, esporte em que a performance dos veículos, dado o grau dos avanços tecnológicos, tornou a competição algo extremamente chato e previsível. Os carros não quebram, a margem para o talento ficou reduzidíssima. O que se viu nos últimos anos foi a progressiva proibição de dispositivos que melhoram a performance mecânica dos bólidos, visando restituir-se algo da competitividade perdida.

O esporte feminino me remete a Fórmula 1 dos anos 70/80. O masculino, muitas vezes, me remete à Fórmula 1 da virada do milênio – algo que pode ser tão tedioso quanto uma valsa que se dança com a prima da sua avó.

PS: quando comecei a escrever essa mensagem o jogo estava Brasil 2×0. Ao terminá-la o placar marcava 5×0.