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SOFREDOR?

Dando sequência aos posts comemorativos do Mundial de Clubes 2012, nosso amigo Samuka Araújo retoma um tema frequentemente discutido aqui no FFC. Ainda vale chamar o torcedor corintiano de sofredor?

Sofredor?

Por Samuka Araújo

Historicamente dizemos que com o Corinthians tudo é na base da raça e é mais sofrido… Corintianos, chega de autoflagelo! As conquistas da Taça Libertadores da América e do Mundial de Clubes da FIFA consolidaram algo que já era uma tendência: o corintiano não é mais sofredor!

Sofredora foi a geração do meu pai que, nascido em 1958, só viu o Corinthians campeão aos 19 anos de idade. Sofredor foi o corintiano que cresceu nos anos 1980 e que, mesmo com a Democracia Corintiana, só viu a conquista de Paulistões. Um dos últimos suspiros do nosso sofrimento aconteceu em um dia 16 de Dezembro. Não de 2012, mas de 1990, quando o time de um craque só levantou nosso primeiro caneco nacional depois de aplicar várias goleadas por 1 a 0.

Desde meados dos anos 1990 o sofrimento da Fiel foi minguando e só reapareceu forte em 4 de Dezembro de 2007, com o rebaixamento para a Série B do Brasileirão. Nos anos seguintes ao descenso, o clube retomou e ampliou suas conquistas. O Corinthians atual é baseado na raça, mas também na organização. Organização administrativa, que manteve Tite após a derrota para o Tolima. Organização tática de um técnico que não abriu mão de suas convicções e fez de um grupo de jogadores dedicados o time campeão do mundo.

O planejamento visando o longo prazo e as várias estratégias de marketing fizeram o clube se reerguer. No campo e fora dele. A torcida, que vinha marcando as últimas páginas da história muito mais pelas confusões nos estádios e intimidações aos jogadores, voltou a atuar com o time. O lema “eu nunca vou te abandonar, por que eu te amo” marcou o reinício corintiano e, assim, “o Coringão voltou” mais forte. A mesma torcida que reergueu o gigante foi fundamental para a reconquista do mundo. Invasão ou não, a força dos corintianos que atravessaram o Planeta contribuiu para mobilizar os jogadores na conquista da taça em território japonês.

E não é apenas nos gritos da torcida que a realidade corintiana fica evidente. Nunca o hino do Sport Club Corinthians Paulista fez tanto sentido. O título mundial chancela o trecho “o campeão dos campeões”. “Teu presente, uma lição” é outra parte do hino que ilustra muito bem o momento do Timão.

O ano de 2012 já está “eternamente dentro dos nossos corações”. As condições atuais apontam que o Corinthians figurará durante um bom tempo “entre os primeiros do nosso esporte bretão”. Que assim seja! Corintianos, nosso sofrimento é algo do passado.

DEU PRO GASTO, MAS FOI POUCO!

O jogo do Corinthians contra o Al Ahly em sua estreia no Mundial de Clubes da Fifa 2012, não teve nada de espetacular. Pelo contrário. Nervoso, o time de Tite sumiu no segundo tempo, e contou com a sorte para não se complicar. Há que se ressaltar que a equipe egípcia é fraquíssima, porém disciplinada, e fez bons desarmes durante o jogo. Não levou muito perigo ao goleiro Cássio, que não chegou a fazer nenhuma defesa espetacular.

Destaque do Corinthians foi Danilo, que comandou a equipe no primeiro tempo, mas cansou no segundo. E também Paolo Guerrero, autor do único gol da partida, após cruzamento de Douglas.

Aliás, uma sutil mudança no estilo da equipe do Corinthians pôde ser notada: jogando ao lado de Guerrero, Emerson acabou sendo deslocado por Tite para atuar pelo lado direito, e talvez por isso (ou por estar voltando de moderada lesão), Sheik pareceu um tanto perdido em campo. Em nada lembrou o jogador que incendiava as partidas. Caiu muito durante o jogo e errou passes. Irreconhecível.

Bem, a esta altura já sabemos quem será o adversário do Timão na final do Mundial: sem nenhuma surpresa, teremos pela frente o Chelsea, que massacrou o Monterrey do México por 3 a 1, sem sustos. Houve quem estranhasse a estratégia de Rafa Benitez, com David Luiz improvisado como volante, mas o fato é que tudo deu muito certo, seja pela eficácia da atitude ou pela falta de qualidade do Monterrey, que comparado com o adversário corintiano da semifinal, conseguiu ser mais apático.

Há que se pensar, e essa é uma missão para nosso bravo Adenor, se não seria o caso de investir em um estilo de jogo de mais velocidade, capaz de furar o bloqueio da zaga dos Blues. Neste caso, uma das saídas seria jogar como na Libertadores, sem um homem de referência, atacando pelos flancos. Possivelmente com Jorge Henrique e Sheik atuando juntos. Porém, daria pra tirar o autor do único gol corintiano até o momento? Além deles, temos Martínez e Romarinho correndo por fora. Também há a possibilidade de mudar o meio de campo, promovendo a entrada de JH no lugar de Douglas ou Danilo, possibilidade esta que até foi ventilada pelo treinador.

Cássio acompanha a vitória do Chelsea sobre o Monterrey.

Vamos com força, vamos com garra e vamos torcendo por um jogo bonito! Reforço aqui o meu próprio apelo do post anterior: Vai, Corinthians! E se puder, volta com a taça!

Deixo vocês com a união de Paul McCartney e os remanescentes do Nirvana, com a canção “Cut me some slack”, no show de 12/12/12. Abraços.

http://www.youtube.com/watch?v=PIWdotxMKC4&feature=youtu.be

CHUVA DE GOLS

A noite chuvosa de sábado não foi suficiente para esfriar os ânimos do Timão no Pacaembu. Pelo contrário: serviu para lavar a alma. Com o placar de 5 x 1, o Corinthians venceu o Coritiba e chegou aos 53 pontos. Nada que seja tão relevante a esta altura, mas novamente foi uma boa chance de Tite fazer seus testes rumo à definição da equipe que disputará o Mundial de Clubes. Desta vez, o grande privilegiado foi Guerrero. Com ótima atuação, colocou mais uma dúvida na cabeça do treinador, a respeito de se usar ou não um centroavante na equipe titular. Sua boa atuação foi premiada com um golaço no segundo tempo, após um ótimo lançamento de Danilo, que havia acabado de entrar no jogo, no lugar de Martínez. Antes disso, aos cinco minutos do 1º tempo, teve um pênalti marcado a seu favor, em lance duvidoso (as imagens mostram que Guerrero se desequilibrou, já antes de entrar na área). Chicão bateu e abriu o marcador.

O Timão foi impondo sua velocidade, e o Coxa sofria para marcar, não só pelo campo molhado, mas também pela diferença de nível técnico. O Corinthians já é o segundo melhor time deste turno, em campanha inferior somente ao Fluminense, candidato ao título. Não fossem os tropeços no início do campeonato, quando a prioridade era a Libertadores, o alvinegro estaria na briga pela liderança.

Ainda no primeiro tempo, Fábio Santos e Paulinho ampliaram, em lances em que a bola ainda desviou na zaga, enganando o goleiro Vanderlei. Deivid fez o seu, e garantiu o único gol do Coritiba na partida.

Guerrero fez um golaço de cabeça.

No segundo tempo, veio a redenção de Guerrero, já citada no início do texto e mais um gol de Paulinho, depois de cobrança de escanteio de Douglas. E o placar poderia ter sido mais amplo, não fosse por um detalhe: Tite substituiu Guerrero por Romarinho, que botou ainda mais velocidade no jogo, mas ficou sem a referência na área, e a bola passeou bastante na frente do gol, mas não encontrou quem a empurrasse para a rede. E o peruano, sem um reserva na posição, vai se tornando imprescindível na equipe. No finalzinho de jogo ainda houve tempo para a expulsão de Pereira, do Coritiba, após tomar o segundo amarelo por falta em Jorge Henrique e uma bisonha escorregada de nosso velho conhecido Sergio Escudero, que quase ocasionou o sexto gol corintiano.

O próximo compromisso do Timão é contra o Internacional, no Beira-Rio, no domingo, dia 18.

Pra finalizar, fiquem com Jimi Hendrix, tocando “Fire”. Um abraço.

http://www.youtube.com/watch?v=cP6Xagoiafw