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SEVILLA GARANTE ANO ESPANHOL NA EUROPA

Em partida equilibrada, o Sevilla conquista a UEFA Europa League ao bater o Benfica nas penalidades por 4×2 em Turim, Itália, após empate sem gols em 120 minutos e leva o futebol espanhol ao ápice no Velho Continente que também terá um campeão castelhano na UEFA Champions League obrigatoriamente.

sevilla 0-0 benfica 2 safe betoO Sevilla chegava à decisão no Juventus Stadium após dramática classificação obtida com gol nos acréscimos contra o Valencia fora de casa, já os portugueses do Benfica estavam mais credenciados ao título graças a maiúsculo sucesso contra os italianos da Juventus, desejosos de chegar à final em seu estádio.

O jovem técnico do Sevilla, o espanhol Unay Emery, levava a campo os centrais Ivan Rakitic, croata, e o camaronês Stephane M’Bia. No ataque estavam o colombiano Carlos Bacca e o espanhol José Antonio Reyes como destaques.

sevilla 0-0 benfica 3 tackleJá o badalado treinador do Benfica, o português Jorge Jesus, contava com linha defensiva de respeito formada pelo brasileiro Luisão, o uruguaio Maxi Pereira e o argentino Ezequiel Garay. No meio de campo, as ações estavam por conta do argentino, ex-Boca Juniors, Osvaldo Gaitán e à frente estava a dupla brasileira Lima e Rodrigo.

E foi uma partida equilibrada, repleta de boas jogadas ofensivas, porém carente de maior capricho nas conclusões, no último toque. Tudo isso aliado a ótimo trabalho defensivo de ambas as equipes. O 0x0 em 120 minutos era fatal.

Nas penalidades, por ironia do destino, o goleiro português Beto do Sevilla (emprestado pelo Braga) foi responsável por duas defesas nas cobranças de Oscar Cardozo e Rodrigo.

sevilla 0-0 benfica 1 celebFoi a terceira conquista de Liga Europa do Sevilla em oito anos, competição que já havia sido vencida nos anos de 2006 e 2007 pelo clube.

Já no Benfica, fica novamente o gosto amargo do fracasso após nova oportunidade. Não bastasse a dor da derrota, os benfiquistas ainda tiveram que conviver, pela enésima vez, com a velha lenda da Maldição Guttmann, já abordada nesta coluna no ano passado, cujo trecho é reproduzido a seguir:

 

Entretanto, dizem as melhores teorias conspiratórias existir uma espécie de maldição na vida dos Águias que atende pelo nome Béla Guttmann.

Guttmann foi um jogador e técnico húngaro que tinha por convicção filosófica e profissional não permanecer por longos períodos no mesmo local de trabalho. Algo que o transformou em verdadeiro andarilho do futebol.

Como jogador nos anos 20 e 30 do século passado, Guttmann destacou-se não somente em equipes locais de Hungria e Áustria, mas também na sua seleção nacional (jogou nas Olimpíadas de 1924 em Paris), bem como desenvolveu proeminente carreira atuando em equipes dos Estados Unidos.

Em 1932, decidiu regressar à Europa que, em breve, enfrentaria os terríveis momentos da 2ª Guerra Mundial. Tempos obscuros na biografia do já treinador Guttmann.

Nos pós-guerra, o húngaro rodaria por Romênia e novamente Hungria até chegar aos maiores centros futebolísticos mundiais.

Em 1953, Guttmann era contratado para dirigir o AC Milan, entretanto deixaria o clube rossonero de forma estranha com a equipe em boa condição na liderança da Serie A.

Chegaria ao Brasil em 1957 onde treinou o São Paulo FC de Dino Sani, Mauro e Zizinho e venceu o Campeonato Paulista de 1957, o último do clube em 13 anos, antes do advento da Era Pelé, bem como do início da construção do Estádio do Morumbi.

Taticamente, o futebol brasileiro deve muito a Bela Guttmann que introduziu o esquema tático 4-2-4 no País, utilizado pela Seleção que sagrar-se-ia campeã do mundo em 1958 na Suécia.

Nas suas aventuras sul americanas, Guttmann dirigiria ainda o CA Peñarol em 1962.

Em 1958, o já consagrado treinador aterrissaria em terras lusitanas para conhecer o FC Porto onde seria campeão naquele ano.

Na temporada seguinte, finalmente o Benfica cruzaria o caminho profissional de Bela Guttmann.

Contratado pelo clube lisboeta, promoveu verdadeira revolução interna ao dispensar 20 jogadores veteranos e promover a ascensão de jovens talentos, entre eles, o craque luso-moçambicano Eusébio.

Como resultado, o Benfica venceria a Liga Portuguesa nas temporadas 1959-1960 e 1960-1961. Algo que não seria nada em comparação aos triunfos vindouros na Copa Europeia (antecessora da UEFA Champions League) de 1960-1961 e 1961-1962 ao bater FC Barcelona e Real Madrid CF, respectivamente.

Após a conquista de 1962, Guttmann pediu aumento salarial à diretoria benfiquista. Proposta que foi recusada pelos cartolas do clube.

Naquele momento surgiria o episódio que alimenta aquelas teorias conspiratórias mencionadas e dignas dos melhores roteiros de suspense e terror de Hollywood ou do seriado cult Arquivo X. Ao deixar o Benfica, Bela Guttmann, contrariado pelo reajuste salarial não recebido, bradou em tom revanchista: “Nem mesmo em 100 anos o Benfica vencerá uma Copa Europeia!”.

Coincidência ou não, desde o episódio do divórcio litigioso das partes, o Benfica disputou sete finais de Copas Européias (1963, 1965, 1968, 1983, 1988, 1990 e 2013) e perdeu todas!”

 

Graças a Guttmann ou por méritos próprios, fato é que a conquista da UEFA Europa League 2013-3014 por parte do Sevilla alçou o futebol espanhol a ano excepcional na Europa, afinal os campeões dos dois torneios interclubes continentais estarão nas mãos dos súditos do rei Juan Carlos.

Bela Guttmann
Bela Guttmann

Resta à Espanha o desafio de vencer novamente a Copa do Mundo logo mais, o que transformaria o país em definitiva potência hegemônica no velho esporte bretão da atualidade.