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Hoje Johnny vai cantar…

Uma das versões para a capa.

Quem gosta de Raul Seixas deve saber que o cantor chegou a ser produtor de discos na CBS, chegando a produzir e compor sucessos de artistas como Jerry Adriani, entre outros (é de autoria dele “Doce doce amor”, sucesso de Jerry, por exemplo). O que poucos devem saber é que há um destes discos que permaneceu inédito por muitos anos, tendo sido lançado somente 25 anos após sua gravação. Trata-se de “Vida e obra de Johnny McCartney”, gravado entre 1970 e 1971, do cantor Leno.

Gileno Azevedo é um cantor que fez sucesso na Jovem Guarda, formando dupla com Lilian Knapp. Em 1970, com a dupla já desfeita, resolveu gravar este “Vida e obra…”, dividindo composições e a produção com Raulzito. Para tal, convocou o grupo A Bolha como banda de apoio, além de contar com nomes de peso como Renato e Paulo César Barros (do Renato e seus Blue Caps), os Golden Boys e o próprio Raul fazendo algumas vozes (a mais notória é um “évéribódi” em “Sr. Imposto de Renda”).

A capa do disco lançado em 1995.

Ao que parece, o tom irônico-político desagradou profundamente a censura, que vetou praticamente metade do disco. Assim, a CBS achou por bem arquivar o projeto, que só viu a luz do dia em 1995, por obra de Marcelo Fróes, jornalista e pesquisador carioca.

Para saber mais, vale uma lida nos artigos:

http://www.osarmenios.com.br/2006/08/a-vida-e-obra-de-johnny-mccartney-e-as-aventuras-de-raul-seixas-na-sociedade-da-gra-ordem-kavernista/

http://www.osarmenios.com.br/2009/03/leno-%E2%80%9Cvida-e-obra-de-johnny-mccartney%E2%80%9D-e-relancado-nos-eua/

http://brnuggets.blogspot.com/2007/04/download-faixas-01.html

Aqui, faço um faixa-a-faixa, com algumas amostras de músicas via youtube:

 1.                 Johnny McCartney

Puro rock and roll, tem letra em primeira pessoa, falando sobre alguém que almeja o sucesso, inclusive dizendo “na casa do Roberto eu vou jantar”. Apresenta o personagem-tema do disco. Parceria de Leno e Raulzito.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=yrgREuZxS8g&feature=related[/youtube]

 2.                 Por que não?

 Composição de Leno. Faz referência direta (leia-se “plagia”) “All right now”, do Free.

 3.                 Lady baby

 Tem um quê de Beatles em sua fase psicodélica. De Raulzito e Carlos Augusto.

 4.                 Sentado no arco-íris

 Mais uma que investe no som pesado, tipo hard-rock setentista, com letra que fala em buscar em vão saber aonde Deus está. Outra parceria de Leno e Raul.

 5.                 Pobre do rei

 Balada, remete a uma história infantil, “o rei que não sabia de nada”, acrescentando algumas passagens mais picantes ou irônicas, como o trecho “ver a gente amando na grama”. Obviamente, a censura enxergou sacanagem e vetou. Composta por Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle.

 6.                 Sr. Imposto de Renda

 Minha predileta, atual até hoje, tem cara de improviso, diversão. Reproduzo a letra desta:

“Sr. Imposto de Renda
Que renda o Sr. tem me imposto!
Em cada posto que eu passo
O Sr. quer que eu me renda

Sr. Imposto de Renda
Eu me rendo ao seu imposto
Sr. Imposto de Renda
Eu me rendo a seu imposto”

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Ke5sadSw078[/youtube]

 7.                 Peguei uma Apollo

 Composta por Arnaldo Brandão (sim, aquele que posteriormente teve o grupo Hanói Hanói, lembram-se?). Rock and roll básico.

 8.                 Não há lei em Grilo City

 De Leno, um country-rock. A letra metafórica usa referências de faroeste.

 9.                 Convite para Ângela

Outra parceria do cantor com Raulzito, é curta. Curiosidade: anos depois, Raul usou a mesma melodia na composição de “Sapato36”, sem dar crédito a Leno.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=tCxU0a1-J5Q&feature=related[/youtube]

 10.             Deixo o tempo me levar

 Bela balada de Leno com arranjo orquestral e backing vocals dos Golden Boys.

 11.             Contatos urbanos

 Composição de Ian Guest, tem vocais do Trio Ternura. Fala de um flerte em um semáforo.

 12.             Bis

 A mais pop do disco, de Leno e Raul, com refrão pegajoso, em que inventa o verbo “bisar” (de dar bis): “Oh fica / O show não terminou / Pra gente nunca é tarde, pense bem, mas bisa comigo”. Emenda com um pequeno trecho de “Johnny McCartney” fechando o disco.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Z3qdmv02W8M&feature=related[/youtube]

Recentemente, Leno gravou um novo disco, com algumas destas e mais outras parcerias com Raul. Está disponível para audição na página do cantor: http://www.leno.com.br/index.html

A química nossa de cada dia

A história da fita é manjada, mas é curiosa
A história contada não é nada mais que uma viagem completamente inverossímil. Mas é um bom pretexto para apresentar “Everyday Chemistry”, coleção de mashups de canções das carreiras-solo de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, compiladas como se fossem gravações inéditas dos Beatles. Segundo nos conta o sujeito que adota o nome fictício de James Richards, ele passeava de carro pelo deserto com seu cão. Ao fazer uma parada no acostamento, acaba sofrendo um acidente, pisando em falso no que parecia ser uma toca de coelho e batendo a cabeça. Segundo ele, acorda em uma casa, para onde foi levado por um homem que diz se chamar Jonas, e que diz viver em um mundo paralelo. Pra encurtar esta história, neste mundo paralelo, os Beatles ainda tocam juntos. Inclusive George e John estão vivos. Jonas mostra a ele gravações “inéditas” do quarteto. Impedido pelo tal sujeito de outra dimensão a levar a fita, Richards acaba surrupiando uma delas. De volta ao mundo real, apresenta então esta gravação através do site “The Beatles Never Broke Up“, além de contar a absurda história. Enfim…
Trazendo a história para o mundo real (de verdade), o tal “Everyday Chemistry” não parece eficaz em mostrar uma hipótese do que poderia vir a ser um disco dos Beatles se eles continuassem juntos. Principalmente pela bateria eletrônica que permeia as gravações, o que talvez fosse necessário para fazer com que as colagens ficassem coesas. Como curiosidade, é extremamente interessante. Mas é só. Pra quem deseja conhecer, basta baixar o álbum completo aqui. De cara, logo na primeira canção, “Four Guys”, dá pra sacar as misturas de canções da carreira-solo de Paul McCartney (maioria no disco), principalmente “Band on the run”.
Seja como for, vale conhecer.

Veja aqui “Four Guys”:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=OSoW78BdjHY&feature=related[/youtube]

De joelhos

Quem é viciado em música como eu, possui alguns discos que servem como trilha sonora da vida em algum determinado momento. Na minha apresentação, descrevi meu primeiro contato com o rock and roll, por meio de um disco de David Bowie. É interessante notar coisas que ficam eternizadas e saem do contexto do ano em que foram lançadas, e que acabam fazendo parte de um novo significado. Além do citado disco do Bowie (o LP “Pin ups”), meu contato com a música se dava pelo fato de meu saudoso pai ter trabalhado na gravadora RCA-Victor como prensista de discos de vinil. Além do chocolate ou lanchinho que ele recebia e guardava para o filho caçula (este que vos escreve), algumas vezes ele trazia discos. Na sua maioria, coisas mais populares, Roberto Carlos, etc.  Ouvir discos em uma velha vitrolinha portátil fez parte da minha formação musical. Tive até um disco autografado do Bozo!

Eu nasci em 1976. Portanto, fui adolescente nos anos 90. Era o início da era grunge, e a gente já começava a se interessar por instrumentos musicais e montar as primeiras bandinhas de garagem.  A essa altura, juntando os discos que meu pai ganhava com os que meus irmãos e eu comprávamos, devíamos ter cerca de 300 discos. Uma quantidade até modesta, comparada com a coleção de grande parte dos audiófilos. Não contente, um amigo da família trouxe alguns vinis, para convertermos em fitas k-7. Ah, esqueci: nesta época, já éramos conhecidos por termos um bom 3 em 1 (inclusive com CD-Player, pouca gente tinha no bairro). Entre estes discos, um deles se tornou grande xodó: “São Paulo 1554 – Hoje”, do Joelho de Porco, gravado no ano em que nasci.

O disco foi lançado em CD com esta capa.

O legal do disco é que a banda mescla letras bem-humoradas com músicas cheias de referências musicais, que vão de Beatles ao hard-rock dos anos 70. O estilo escrachado influenciou bandas como Língua de Trapo, por exemplo.

O disco começa leve com a quase-vinheta “Hey Gordão” ao piano, para logo em seguida cair no rockão “Boeing 723897”. Em grande parte das canções, além dos instrumentos elétricos, um violão de 12 cordas traz sofisticação aos arranjos. Havia a democrática divisão de vozes entre Próspero Albanese, fundador da banda e o baixista Tico Terpins. Completavam a banda Walter Baillot e Flávio Pimenta, guitarrista e baterista, respectivamente. Em formações posteriores, a banda chegou a ter o mestre Zé Rodrix, além do vocalista argentino Billy Bond. A banda voltou a se apresentar recentemente, capitaneada por Albanese, com outros músicos que já passaram pela banda. Grandes ausências dos já falecidos Terpins, Rodrix e Baillot.

O encarte original

Aqui, um faixa a faixa:

  1. “Hey Gordão”: canção curta, com letra que “aconselha” o tal gordão a esquecer o macarrão e “voar como uma pluma”. Boa abertura.
  2. “Boeing 723897”: cantada por Tico Terpins, cita Roberto Carlos (“Quero que tudo vá para o inferno”), até cair em um anunciado andamento seis por oito.
  3. “Mardito fiapo de manga”: a mais bem-humorada do disco, fala sobre o desespero de ter o citado fiapo preso entre os dentes. Piano e violão de 12 cordas conduzem a música.
  4. “Cruzei meus braços… fui um palhaço!”: a primeira que explicita a influência Beatle. O andamento e a guitarra principal são nitidamente influenciadas por George Harrison, especialmente lembrando “While my guitar gently weeps” em alguns momentos.
  5. “Debaixo das palmeiras”: letra que faz referências ao cinema e à música. Em alguns momentos lembra Led Zeppelin, para no final cair num jazz-rock eletrizante, ao estilo de “Lazy” do Deep Purple, para logo em seguida cair no samba e na “Aquarela do Brasil”, citada na letra.
  6. “México lindo”: com um portunhol manjadíssimo, a letra descreve a ida a uma festa em Acapulco com Beatles na eletrola. Apesar de citar “She loves you”, a harmonia lembra mesmo é “Oh, Darling!”.
  7. “Aeroporto de Congonhas”: fala sobre a mania dos paulistanos de – sem opção de praia por perto – levarem a família pra ficar vendo os pousos e decolagens dos aviões. Não sei se isso ainda é comum hoje em dia.
  8. “São Paulo by day”: a letra fala dos trombadinhas que circulam pelo centro de São Paulo. A letra continua atual, com a diferença de que hoje eles já não bebericam cachaça. As drogas mudaram.
  9. “A lâmpada de Edison”: bonita balada, não sei como alguma dessas cantoras chiques ainda não a regravou. Compara os ídolos brasileiros Éder Jofre e Roberto Carlos aos americanos Cassius Clay e Frank Sinatra. “Hoje é o passado do futuro…”, diz a letra.
  10. “Meus vinte e seis anos”: Quase um heavy metal, com riffs de fazer inveja a Toni Iommi, com letra falando sobre pais que projetam uma profissão ou um destino para os filhos, sem que estes possam decidir sozinhos o que querem.

O disco saiu em CD há um tempo, com uma capa diferente do LP. Comprei em CD e faz parte do meu acervo pessoal, junto aos outros dos quais fiz questão de não passar para frente. Compre, baixe, dê um jeito de ouvir.

Enfim, neste meu primeiro texto sobre música para o Ferozes FC, quis contar um pouco sobre uma de minhas influências. Espero que tenham gostado. Aqui, posto “Mardito fiapo de manga”, que alguém resolveu compartilhar pelo Youtube.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=29rmzywzm6w[/youtube]

AS CARAS QUE DÃO CARA AO FEROZES FC.

 

João Paulo Tozo

Formado em Publicidade e Propaganda. Envolvou-se com Jornalismo por opção e por paixão.

Vive de air guitar nas pistas alternativas e rock n roll da Paulicéia. É DJ (trocador de cd´s) nas festas do FFC e quando convidado por outros eventos.

Freqüenta estádios de futebol desde a época em que sua mente ainda não registrava fatos para a eternidade.

Apaixonado por futebol e música. É fã de rádio AM, além de ser um entusiasta das transmissões esportivas feitas através dele.

É adepto da imprensa esportiva que desce do muro. Seja do lado de dentro ou de fora.

É co-fundador da Grife FFC.

Assina as colunas: Chazinho de Coca, Post It, Golden Goal e eventualmente a Ferozes Musical Clube.

Twitter: @joaopaulotozo

MSN: joaopaulotozo@hotmail.com


Rene Crema

Formado em Processamento de Dados.

Formou-se numa época onde esse curso ainda existia.

Cresceu nessa grande metrópole tagarelando por ai sobre musica, futebol, política e diversos assuntos com quem se propunha a ouvir.

Percebendo que poderia se juntar a outros insanos, resolveu adentrar a essa aventura junto ao FFC e desfrutar dos bens que a verdade e a opinião simples e livre de influências pode trazer.

É co-fundador da Grife FFC.

Assina a coluna: Bola Mundi

Twitter: @renecrema

 

Karen Bachega

Formada em Administração.

Cresceu ouvindo Beatles e Rolling Stones e aos 13 anos conheceu Jesus and Mary Chain. Neste momento teve certeza absoluta que adorava rock e muitas de suas vertentes.

O tempo passou e aprendeu a apreciar a boa música, sem rótulos.

A paixão pelo futebol veio tarde, mas isto não diminui a intensidade. Torcedora e habitual  freqüentadora de estádio.

Também atua como DJ residente em projetos alternativos pela Paulicéia.

Assina as colunas Ferozes Musical Clube, A Voz do Brasil e Intervalo Musical.

Twitter: @karenbachega

 


Márcio Viana

Formado em Jornalismo. Trabalha com Gestão da Informação e de Documentos.

Tem boa memória para acontecimentos da infância, mas perde coisas todos os dias, e freqüentemente se esquece do que estava fazendo. A lembrança musical mais antiga é de ouvir “Pin-ups” de David Bowie, num LP de seu irmão mais velho. Ferrenho defensor da tese de que dá pra citar Beatles em qualquer contexto. Tem um Fender Jazz Bass juntando poeira em casa. Essa guitarra da foto ele insiste em fingir que sabe tocar.

Começou a acompanhar futebol com mais atenção no início da década de 1990. Gosta de colunistas que adotam um estilo “literário” de escrever sobre futebol. Freqüentador eventual de estádios, geralmente em jogos de uma torcida só.

Viciado em música, não sai de casa sem seu mp4 (e se esquecê-lo, volta para buscar).

Assina a coluna Futecore e eventualmente a Ferozes Musical Clube.

Twitter: @marcioapviana

 

Plinio Cesar

A.K.A  – Quem sou eu.

Eu sou o Mandrake das mágicas furadas
O Morrissey da voz desafinada
O artilheiro que não marca nem nas peladas

Eu sou o Bandeira sem as obras publicadas
O Schumacher sem carona numa estrada
O deputado que ficou sem sua grande mesada

Eu sou um jovem são paulino veterano
Às vezes eu sou tudo
Outras vezes não sou nada

Assina as colunas: Sampa Noise e Ferozes Musical Clube

 

Almir Breviglieri

Administrador de empresas de formação, envolvendo-se em jornalismo e comunicação por opção. Seguidor inveterado do futebol internacional por acreditar que o melhor que há por lá poderia e deveria ser aplicado aqui. E, claro, fã do velho e insuperável Rock’n’Roll em todas as suas vertentes, além de seguidor de seriados gringos clássicos e novos.

Assina a coluna: Relações Internacionais e eventualmente a Ferozes Musical Clube.

twitter: @aabjr

 

Magno da Adidas

Nasc: ??

Origem: ??

Um poeta na mais pura acepção do termo. Dono de uma retórica que faz do mais complexo contexto algo palpável e compreensível ao mais simplista dos incautos. Não há uma lista de grandes nomes do jornalismo esportivo e investigativo que possa ser levada a sério se o seu não constar no topo.

Assina a coluna: Pitacos Magníficos

twitter: magnoadidas

 

Alan Terriaga.
“And all this science I don’t understand, It’s just my job five days a week. A Rocket Man, a Rocket Man.”

Formado em Sistemas de Informação trabalha hoje como Analista de Sistemas.

Apaixonado por rock and roll, principalmente anos 80, em seu IPod sempre se acha The Cure, David Bowie e The Smiths. Tendo a última como sua banda preferida. Fã também de Indie Rock sempre está atrás de novas bandas para apreciar. Um verdadeiro geek quando o assunto são filmes e seriados, também já se aventurou como DJ (trocador de cd’s) em algumas festas de São Paulo, mas hoje o que quer mesmo é beber seu whisky e curtir a pista.

É fã de NBA desde quando não sabia o que era NBA. Acompanhou o lengendário Dream Team e a partir daí nunca mais parou. Comanda a seção NBA SPOT junto com seu brother Thiago Medeiros.

Twitter: @alan_rocket