Arquivo da tag: jornalismo esportivo

O DIA QUE ESCOLHI MINHA PROFISSÃO

2015. Ano decisivo na minha vida. Se tudo ocorrer bem, concluo o curso de Jornalismo aos 23 anos. Uma profissão que escolhi seguir, não pela grana, óbvio, mas sim, pela paixão que tenho em me comunicar com o mundo e, sobretudo, porque sou apaixonado por este tal de Futebol – meu eterno companheiro de trabalho.

O mesmo Futebol que meu pai me apresentou naquele 2004, quando ele chegou do trabalho e falou: “filho, se arruma que hoje você vai ver o Palmeiras no Morumbi”. Lembro-me que quase engasguei com a macarronada. Era domingo. Tinha 11 anos. Clássico Palmeiras x Santos. Do lado verde, Vagner Love era a grande estrela, que contava com bons coadjuvantes. Do lado santista, Robinho e Diego eram a sensação do Brasil. Promessa de jogão! E foi.

No caminho ao Estádio, aquele frio na barriga. Estava ansioso para ver o campo. Tudo. Ao entrar, fiquei deslumbrado com aquela atmosfera. Com aquela torcida, que cantava e vibrava com a alma. Curtia cada momento. Desde o vendedor de pipocas gritando seus velhos bordões, até a torcida do Santos quietinha do outro lado, após Magrão abrir o placar e, eu, abrir a boca para chorar de emoção, ao lado do meu velho. Era meu primeiro gol no Estádio! Alegria pura.

Um jogo na arquibancada é um combo de emoções. Logo em seguida, voltaria a sorrir ao quase perder a voz depois de ver Vagner Love colocar o Verdão novamente em vantagem. E na minha frente! Para a minha gente. O Santos empataria no segundo tempo. No fim das contas, eu fui o grande vencedor daquela partida. Saí com a sensação que estava, enfim, batizado. No rosto do ‘Barba’ só orgulho. Ele tinha cumprido sua missão. E, cá entre nós: não deve existir satisfação maior para um pai que curte esse esporte do que ver seu filho torcendo pelo mesmo time que o seu.

Dali em diante sabia o que queria para a minha vida. Sabia quem eu queria seguir. Qual caminho trilhar. Em quem me espelhar. Por onde começar.

Há 3 anos marcando meus golzinhos nessa equipe de primeira, aprendi o quanto a profissão de jornalista esportivo é difícil. Principalmente quando se trabalha com a opinião. A maioria acha que falar de futebol e suas vertentes é uma tarefa simples. É preciso autonomia. Personalidade. Fundamentar um pensamento de maneira clara, para que todos possam entender e formar uma, quem sabe outra ou a mesma opinião, é mais difícil do que fazer um gol em Neuer. Porém, a gente segue tentando, treinando, lendo, ouvindo e aprimorando aqui e ali, buscando sempre os 3 pontos, ‘Graças a Deus, professor’!

Pode parecer besteira, rasgação de seda ou coisa do tipo, mas tenho orgulho dessa gente daqui. Gente simples, do bem, da música, do futebol, do esporte, da vida. Vida vivida. Seja nos estádios, grupos do Facebook e, agora, nas ondas do rádio.

Sempre vou falar que foi aqui que tomei gosto pela profissão. Leitura. Debate. Embate. Jornalismo. Jornaleiros. Pessoas.

Hoje estou quase lá! Mas estarei sempre aqui. Seja falando da Lusa, do Palmeiras, de Jornalismo ou do quanto ainda sou, e sempre serei, apaixonado por esse tal de futebol, que sobrevive somente por ele. Somente por nós.

Que este seja um ano de muitos golaços.

Obrigado por sempre, FFC!!!

Galvao-Bueno-narrador-esportivo-da-TV-Globo

DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ?

Da reinauguração do Maracanã, pouco ou quase nada se tira de lição futebolística. A Inglaterra, que já não é uma seleção top, ainda veio remendada, com seus jogadores vindo de final de temporada e a seleção da CBF sequer tem um time, muito menos esquema tático definido. Gols bonitos, alguma jogada ou outra a se destacar e nada além disso.

 

Antes e depois, porém, muito se pode ponderar, achar e cravar. Entretanto, nada do que se passou dentro de campo. Tudo do que se passou fora e no seu entorno.

 

De todas as milongas, ameaças de suspensão do amistoso, da certeza da manipulação das entidades envolvidas para que o jogo acontecesse. Do que já vem antes, desde a enfadonha reforma a custos exorbitantes, tudo com dinheiro de um público que a bem verdade pouco ou nada irá usufruir do(s) estádio(s), que foi sim feito para ser a pedra fundamental da pasteurização do público e de sua progressiva transformação de torcedor em plateia. Do pouco caso governamental, do descaso governamental que passou por cima de leis e por cima passou o trator em um monumento tombado pelo patrimônio histórico como se fosse um amontoado de lixo a ser reciclado. E de tantas e tantas outras situações que eu poderia ficar aqui até 2014 mencionando. De tudo isso, mais que a certeza que esses estádios e essa Copa não são para quem sempre torceu, nos dá ao menos as bem delineadas janelas por onde podemos olhar e separar quem é quem nesse jogo de interesses.

 

José Trajano entrou neste mérito no Programa Linha de Passe dessa semana. No que eu concordei com ele em 100%.

 

A Copa do Mundo de 2014 servirá para definitivamente nos mostrar quem é quem. Dos que investigam, levantam informações e não se conformam com o simples despejar de dinheiro alheio em obras faraônicas, que passam por cima da secular história construída. Ante a gente que diferente da gente, omite, fantasia, faz jogo de interesses com parceiros comerciais, entram e divulgam o oba-oba desmedido.

 

Não é de hoje que me coloco contrário a realização das Copas e Olimpiadas por aqui. Não por ser adepto do complexo de vira-lata, muito pelo contrário. O Brasil tem hoje condições de atrair qualquer tipo de parceiro comercial que queira investir em infraestrutura, em construção de novos estádios e complexos poliesportivos de todo tipo. Não o faz por que não quer. Ou por que não deixam. Ou por ambos. O que eu não sou é adepto do pachequismo cego. Sou contrário a abertura de pernas que todo país precisa realizar para Fifa, COI e afins, se quiser mesmo receber em seus quintais o pasteurizado produto dessas entidades.

 

Sou contrário ao jornalismo/fantasia/global que tentou a todo custo omitir a precariedade no entorno do “Maracanã”, com seus canteiros de obras e restos de materiais utilizados. Sou contrário ao fantasioso/ufanista/milongueiro discurso do ex fenômeno dos campos, que usa de seu apelo midiático, dentro do maior espaço midiático do país (uma bomba atômica midiática), para elogiar “as poltronas Fifa”, o “padrão Fifa”, a coxinha Fifa, o urinódromo Fifa. Mas que do entulho Fifa nada menciona.

 

Prefiro o jornalismo investigativo, chato para muitos, mas que aponta a verdade por trás da fantasia instaurada. Prefiro ler o que tem a dizer os “cheios de marra” a escutar o despejo de purpurina de sua santidade “o fenômeno”, do ufanismo sempre fora de hora do amigão de todo mundo, o narrador do povão.

 

Será mero acaso a última Copa ter sido na África do Sul, a próxima ser aqui, depois na Russia e a seguir no Catar? Países com altas taxas de corrupção. Certamente não é.

 

A Copa já nos tem essa serventia: separar o joio do trigo. Definitivamente não será mais possível ficar em cima do muro.

 

De que lado você está?

globo