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“O DIA!”

Os dias nobres do futebol são conhecidamente as quartas e os domingos. Mas foi uma terça-feira, 08 de novembro de 2011, “O Dia” em que um sofrido, porém querido clube da capital paulista voltou a postar-se como um grande que é.

Se não fica em pé de igualdade com seus rivais diretos em número de conquistas e tamanho de torcida, equipara-se em vida e fanatismo de seu torcedor.

Alguns torcedores ficaram 23 anos sem ver sua agremiação querida levantar uma taça sequer. Outros levaram árduos 17 anos para que pudessem enfim restabelecer seu convicto destino de conquistas. Mas nenhum esperou 38 eternos anos para “O Seu Dia” chegar.

Quiseram os Deuses da bola que “O dia” não fosse naquele ano de 1996, quando saiu derrotada na final do Brasileirão perante o grande Grêmio de Felipão. Nem naquele 1985, quando liderada pelo ótimo Edu Marangon e já com um “tal” Jorginho no elenco , disputou e perdeu a final do Paulistão para o poderoso São Paulo de Muller e Careca.

Aqueles mesmos Deuses que não permitiram que “O Dia” chegasse uma ou duas décadas antes, também não quiseram que ele acontecesse em campos nobres, mas na dureza do certame da série B. Quem se importa? Certamente os que aguardaram durante todos esses 38 anos não.

Deuses de temperamento duvidoso que não deram esse privilégio a Serginho, Luciano, Luís Pereira, Eduardo e Albéris; Célio, Toninho e Edu; Toquinho (Jorginho), Luís Muller e Esquerdinha. Nem mesmo a Clemer, Zé Maria, Emerson, Cesar e Carlos Roberto; Capitão, Gallo, Caio e Zé Roberto; Alex Alves e Rodrigo Fabri. Mas escolheram a dedo o escrete composto por Weverton, Luis Ricardo, Leandro Silva, Renato e Marcelo Cordeiro; Guilherme, Rai, Henrique e Marco Antônio; Ananias e Edno.

Que não deram essa honra ao comandante de 85, Jair Picerni e nem ao de 96, Candinho. Mas que por outro lado fizeram justiça ao delegar aquele feito que escapou por entre os dedos do jogador Jorginho em 85, ao Jorginho comandante de 2011.

O que teria sido do clube caso aquelas conquistas tivessem vindo, não se sabe. Sabe-se o que espera de agora em diante seus pares.

Que baseado e inspirado na espetacular e sóbria coletiva de Jorginho após a conquista de ontem, resida a organização tática, técnica e institucional que o clube deve levar como legado. Com ou sem ele.

Que a Lusa deixe de ser o “2º clube” no coração de todos e passe a ser um respeitado e temido adversário. Que não inspire mais compaixão, mas atenção e tensão.

Sabe-se que mais do que conquistas, o torcedor quer fazer valer os versos de seu hino: “Na tua glória, toda certeza, que tu és grande, ó Portuguesa!”

A Associação Portuguesa de Desportos teve enfim “O SEU DIA” de Campeã, de Campeã Brasileira e legítima que é.

Chazinho de Coca – Palmeiras de Jorginho joga bem por que joga simples.

Muitos tratam o futebol, o campo de jogo como um enorme laboratório. Muitas vezes é justa a invencionice. O time é fraco, com poucas opções, muitos desfalques. Mas em outras (muitas) vezes o excesso na auto-intitulação de “professor”, dá margem a erros e exageros dos comandantes dos esquadrões da nação.

Jorginho vai na contramão dessa história. Ontem ele deu mais uma demonstração de que o futebol não é tão complicado quanto se prega.

Zagueiro é zagueiro. Volante é volante. Lateral é lateral, Meia é meia. Atacante é atacante. A forma como ele dispõe essas peças em seu jogo é que tem feito a diferença.

Alguém se lembra de um tal de Keirrison? Juro pra vocês que só me lembrei dele agora quando olhava algumas postagens antigas do FFC.

Ontem Ortigoza e nas rodadas anteriores, Obina. Não são gênios, mas acreditam em todas as jogadas e em muitas delas a crença se transforma em realidade, que se transforma em boa jogada, que muitas vezes dá em gol.

Cleiton Xavier tem se visto livre de sua outrora obrigação na marcação. Quando é necessário, ele dá combate, mas a sua função primordial é armar. Ganhou a companhia do jovem Deyvid Sacconi, que é um meia de ligação de ofício e de qualidade, mas que teve poucas chances com Luxa.

Jorginho conta também com a sorte. As voltas de Edmilson, que transita entre o meio campo e a zaga, e Sandro Silva, qualificaram o setor de marcação verde. Pierre agradece aos céus.

Armero tem atacado quase como um ponta esquerda. Lembra André Santos quando apóia, mas é melhor que o corintiano quando precisa ajudar a retaguarda. Falta ainda o lateral direito do mesmo calibre. Mas Wendell tem jogado bem. Sem brilho, mas seguro.

A zaga está bem postada, poucas são as falhas individuais, e isso é fruto de um posicionamento acertado, somado ao combate que a jogada adversária já recebe desde a sua saída de bola. O Flamengo que o diga.

O Palmeiras ganhou quase todas as bolas de meio campo, fosse por baixo ou por cima. O Flamengo num desespero só, atacava atabalhoadamente e trazia quase todo o time para a o campo verde. Isso permitia ao time de Jorginho ser cirúrgico e a armar contra-ataques a todo o momento, sem nem se preocupar em ser apontado impedimento. Os flamenguistas davam essa margem.

Mais do que o Palmeiras de Luxemburgo, o time do Jorginho tem tido suas boas atuações sustentadas não só pela simplicidade do treinador na armação da equipe, mas por contar com um termômetro que ontem teve uma atuação de seleção brasileira – Diego Souza.

É ele quem dá velocidade quando a jogada pede isso. É ele quem segura a bola no ataque quando o adversário pressiona. É ele quem chama a responsabilidade nas jogadas individuais e nos passes que deixam os atacantes em boas condições no ataque. Jogou muito o camisa 7.
Tem jogado muito o Diego.

Ontem ele abusou. Com a liberdade que o esquema de Jorginho lhe proporcionou, o time variava de esquema com uma simples mudança de postura de seu camisa 7. De 3-6-1, para 3-5-2 sem que o time perdesse pegada ou qualidade no ataque.

O 1º tempo terminou 2X0, mas poderia ter sido bem mais. Na 2ª etapa o time cansou, tanto que as alterações de Jorginho foram em cima de solicitações dos jogadores e não de alteração tática ou técnica. A partir disso o Flamengo até se empolgou, marcou seu gol. Mas deve levantar as mãos aos céus por ter perdido só de 2X1.

Futebol é simples. Um bom time não se faz apenas com craques em todos os setores, mas com confiança e com gana de vitória. Nada disso tem faltado ao Palmeiras de Jorginho.

Confira o que rolou no jogaço:

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Rapidinha da Libertadores.

-Há exatos 10 anos os clubes brasileiros não vencem uma Libertadores quando tem pela frente um adversário de fora. O último foi o Palmeiras, em 1999, quando venceu o Deportivo Cali (COL).

Alguém me explica o que ocorre?
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Despeço-me da nobreza ao som da banda de Zooey Deschanel, She & Him com Why Do Let Me Stay Here?

Cheers,