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A VITÓRIA ESCAPOU PELAS MÃOS

Paradoxo: no empate por 1 x 1 do Corinthians com o Palmeiras neste domingo, Mano Menezes foi o ganhador e o perdedor, tudo por conta da forma como mexeu no time. Acertada a decisão de iniciar o jogo com três volantes e um único armador, no caso o estreante Jadson, aquele que foi envolvido em uma troca com o São Paulo por Alexandre Pato, sendo que este último sequer jogará o Paulistão, por já ter atuado pelo Corinthians na competição além do limite permitido.

Jadson foi apresentado e já estreou.
Jadson foi apresentado e já estreou.

Jadson, talvez pelo calor da estreia, ou pela empolgação dos novos ares, jogou bem. Correu, armou, deu passes, chutou. Não sentiu o tal ‘peso da camisa’, tampouco a falta de ritmo, ao menos pelo tempo em que ficou em campo, até ser substituído por Renato Augusto, que há muito não jogava e entrou pra fazer sua nova estreia.

A responsabilidade pelo empate vai cair na conta de Mano.
A responsabilidade pelo empate vai cair na conta de Mano.

Se por um lado Jadson e o também estreante Bruno Henrique, terceiro volante na equipe titular armada por Mano (numa estratégia muito bem montada: os laterais Uendel e Fagner apoiam bastante, e é interessante ter alguém fazendo a cobertura; além disso, Guilherme teve mais liberdade para ir à frente, quase um meia, como eram seus antecessores Paulinho e Elias) tiveram sucesso, o mesmo não podemos dizer de outras peças da equipe: o zagueiro Felipe, escolhido do treinador para substituir o ex-capitão Paulo André, que partiu para o futebol chinês, foi muito mal, deu espaços, perdeu a bola, não pareceu seguro. Me parece que a escolha dele como titular se deu muito mais pela estatura do que pela técnica. Cléber, reserva-imediato desde que chegou, parece mais preparado e experiente pra assumir a função, vejamos como isso será administrado ao longo do campeonato. Também não correspondeu em campo o ataque: Paolo Guerrero, fazendo jus à máxima da sorte no amor e azar no jogo, não conseguiu acertar nada do que tentou, e Romarinho teve mais brilho: fez o gol e manteve o estigma de carrasco do Palmeiras. Fez pouco, errou muito, mas diga-se: quando saiu, o placar ainda era a favor do Timão.

Mas Mano, num rompante da velha mentalidade de segurar resultados, com aquela atitude que costumávamos criticar em seu antecessor, resolveu trocar Bruno Henrique por Ramirez e Romarinho por Jocinei, e a mudança se fez perceptível logo em seguida: gol de Allan Kardec para o Palmeiras, selando o empate.

De positiva, tiramos então a postura da equipe, muito mais organizada e voluntariosa, sobretudo a atuação de Jadson, melhor em campo pela equipe, e o fato de não ter perdido. Ainda assim, seria melhor ter ganhado. Vamos em frente.

Sobre a saída de Paulo André, inegável que não havia mais clima para ele, já que o Bom Senso FC não deve ser algo que agrade dirigentes de qualquer clube que seja. Afinal, o clube aceitou liberá-lo de graça antes do fim de seu contrato. Zagueiro titular e capitão do time. Pensemos. Não obstante, o contrato oferecido ao atleta pelo time chinês deve ser mesmo irrecusável. Para um jogador que pode estar perto do final de sua carreira, é de se pensar.

Sobre Alexandre Pato, só saberemos quando houver sua estreia no São Paulo. Financeiramente, me pareceu uma péssima ideia: o Corinthians vai pagar metade de seu salário para que jogue no rival, e terá de torcer para que ele atue bem a ponto de render uma boa venda no futuro. Equação um tanto complicada para adversários diretos.

A RETOMADA DO SANGUE NAS VEIAS

Teria sido a volta de Guilherme? Ou a volta da vergonha na cara, como o próprio volante deu a entender? Não sei. Também não sei se vai perdurar numa sequência de resultados positivos. E não sei se a reunião dos jogadores colocou os pingos nos is que faltavam. Fato é que o Corinthians derrotou com méritos o Bahia, em Mogi, por 2 x 0, em jogo pelo Campeonato Brasileiro.

O que eu sei é que a postura em campo foi muito diferente do que estávamos vendo nas últimas oito rodadas. E muito disso passou pelos pés de Guilherme, consciente de sua função, coisa que seus substitutos não fizeram em momento algum.

Do abraço do grupo ao treinador, a quem a maioria de nós já não dava nenhuma esperança de sucesso, a resposta à altura: time ofensivo, mais corajoso do que vinha se mostrando. Da dupla de zaga reserva, já que ambos os titulares estavam suspensos, uma surpresa: Cléber estreou com gol e encheu o torcedor de esperanças acerca de uma futura dupla de zaga Gil-Cléber (sabemos que Paulo André é esforçado, mas tem suas limitações). Felipe, reserva imediato na zaga, também foi seguro e sem medo de dar bicos na bola quando necessário. É boa opção no banco, aparentemente.

Sheik se excedeu e tomou um cartão ‘de graça’. Levando em conta que já não teremos Pato, a serviço da Seleção, no próximo jogo, ficaremos com poder de ataque menor. Romarinho não vem em boa fase, como sabemos. Mesmo com o cartão bobo, Emerson foi um dos nomes do jogo, cobrando os escanteios que originaram os gols.

Incompreensível mesmo é a improvisação de Alessandro na lateral esquerda. Se o jogador não tem tido poder de fogo pelo lado em que atua, por que teria do outro? Mesmo em má fase, não vejo motivo para que Igor seja preservado.

O importante – e só isso, já que não vejo o time disputando mais nada além de uma vaga na Libertadores, que ainda assim é muito difícil – foi que a postura do time vencedor parece (parece) estar sendo retomada (uma das palavras preferidas de Adenor).

Ainda não é o time que ganhou a Libertadores e o Mundial. Este, ao que parece, ainda passeia por terras nipônicas, e ainda não desembarcou por aqui. Vejamos no que dará esta mudança de postura. Sigamos.

 

Guilherme voltou de cirurgia e foi o melhor em campo contra o Bahia.
Guilherme voltou de cirurgia e foi o melhor em campo contra o Bahia.

 

 

TUDO ERRADO!

A sintomática partida contra a Portuguesa tinha tudo para marcar o fim de um ciclo para o Corinthians. No dia em que seu treinador, Tite, campeão brasileiro, da Libertadores, do Mundial, do Paulista e da Recopa, se sagrou o segundo treinador com mais jogos pelo clube, atrás apenas do lendário Oswaldo Brandão, o time também foi goleado pelo time lusitano, e isso marcou também a pior sequência do treinador. Curiosamente, a última vitória foi pelo mesmo placar elástico, 4 x 0, contra o Flamengo, à época treinado por Mano Menezes, ex-treinador do Corinthians, que deixou o rubro-negro e hoje está no mercado, fazendo sombra para treinadores ameaçados.

A direção corintiana se apressou em informar que Adenor não corre perigo. Segue prestigiado. À frente de uma equipe desfigurada. Que teve Ibson de titular. Por pouco tempo, diga-se. Aos vinte e nove do primeiro tempo, o meia foi substituído por Danilo, que também pouco produziu. Guerrero perdeu pênalti. O Corinthians teve dois gols, de Sheik e Pato (bem) anulados.

As outras substituições promovidas, Igor e Paulo André por Pato e Jocinei, também não surtiram efeito algum. A goleada já se consumava. A crise se perpetua com o Corinthians a seis pontos de proximidade com a zona de rebaixamento.

Foi a consagração de Gilberto. Aquele que quase assinou com o Corinthians, acabou indo para o Internacional, e – sem muito sucesso – foi parar na Lusa. Pra ser o algoz de seu antigo pretendente. Três gols anotados por ele, um por seu substituto no segundo tempo, Wanderson.

Se a Lusa teve em um Gilberto o grande herói, o Corinthians teve em seu quase xará, Gil, um dos vilões. Em atitude já descontrolada, o zagueiro tentou acertar uma cotovelada em Bergson e acabou expulso.

Poderia significar a queda de Tite. O roteiro corroborava para isso. Mas o elenco se fechou para apoiar o treinador. Até que ponto isso significa que as coisas possam melhorar? Não sabemos.

Por mais que o passado recente seja significativo, digno de boas lembranças, eu não sei mesmo se não é tempo de uma mudança. Mudança esta que talvez passe por reformulação total, de elenco e de comissão técnica. Ou no mínimo de postura (que talvez implique nas demais mudanças). É nítido que deste jeito não dá pra acreditar em mais do que uma posição que nos livre do rebaixamento (ainda não quero imaginar que estejamos correndo o risco de descenso), não dá pra acreditar em classificação na Copa do Brasil e não dá pra imaginar uma recuperação capaz de brigar por vaga na próxima edição da Libertadores.

Pra piorar, um torcedor atingiu o auxiliar Bruno Salgado Rizo com uma garrafa de água, e isso deve representar mais punições para o Corinthians. Como se a fase já não fosse ruim o suficiente.

Contra o Bahia, na quarta-feira, podemos ter a estreia do zagueiro Cleber, já que a zaga titular está suspensa para este jogo, então o ex jogador da Ponte deve formar dupla com Felipe. A se avaliar pela partida contra a Portuguesa, outro que pode ganhar chance é Jocinei, que finalmente estreou e não comprometeu.

É hora de recolher os cacos, antes que os ventos da segundona os espalhem. Sigamos.

Tite sofre com o apagão de sua equipe.
Tite sofre com o apagão de sua equipe.

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Há quem diga que a verdade está nas conversas em mesas de bar, bancas de jornais e nos papos informais antes do início de expediente nas empresas. Habitual frequentador destes ambientes, ouvi em um deles que Douglas era o parceiro ideal para armar as jogadas que fariam Alexandre Pato finalmente brilhar no Corinthians. Embasado em algum estudo ou não, fato é que o autor da sentença acertou na mosca. Os lançamentos em profundidade do meia foram determinantes para que o atacante fizesse dois gols na partida contra o Flamengo no Pacaembu, no dia em que o Timão completou 103 anos de sua fundação. Comemoração de gala, com uma goleada de 4 x 0, dois gols anotados pelo supracitado Pato.

Tudo bem que parte desta bela atuação se deve também pela instabilidade do Flamengo de Mano Menezes, junto a um grupo que tem muito do Corinthians – 2009 em suas fileiras. Mesmo assim, a equipe rubro-negra ainda não lembra aquele tal equilíbrio. Especialmente André Santos, muito perdido em campo, até sem função definida no estranho esquema de Mano, e com Elias sendo o mais lúcido da equipe, com boa movimentação. Foi muito pouco, frente à eficiência do clube aniversariante.

Havia Douglas muito inspirado, e como disse antes, em boas jogadas com Pato, com aqueles lances em profundidade que faziam falta ao Corinthians. Me pergunto se, após a vitória, Tite continuará com o discurso ‘não temos elenco’  (em tempo: se levarmos em conta a falta de laterais, não temos mesmo).

De resto, ainda há para o Corinthians a boa atuação da defesa, sempre com Gil, um gigante ao longo do ano, e Felipe fazendo bem o papel de Paulo André, que se não é brilhante, atua com segurança. Fábio Santos desta vez não comprometeu, e Alessandro, seu improvisado substituto jogou pouco tempo. É nesta posição que temos a maior limitação, isso é claro. Além disso, temos a dificuldade no meio de campo em relação a Ibson, que não vem aparecendo muito nos jogos.

Paradoxo: em oposição ao ‘não temos elenco’, como Adenor solucionará a questão de quem deve sair da equipe titular, já que parece impossível que Douglas seja preterido neste momento? Se sair Romarinho, o meio de campo fica mais lento? E Danilo, corre risco de perder espaço com Tite?

O próximo compromisso do Timão é contra o Internacional, na quarta-feira, e todas estas questões poderão ser respondidas. Vamos aguardar.

Atualização de última hora: com o corte de Fred da Seleção, devido à grave lesão que sofreu, Pato foi convocado por Felipão e desfalcará o Corinthians por pelo menos três jogos, a começar por este de quarta-feira. Pois é.

Pato foi convocado por Felipão após a atuação de gala no clássico contra o Flamengo.
Pato foi convocado por Felipão após a atuação de gala no clássico contra o Flamengo.

VERDADES INCONTESTÁVEIS

Das verdades incontestáveis:

Verdade número 1: no domingo, pelo Campeonato Brasileiro, contra o Coritiba, o Corinthians foi beneficiado pelos erros da arbitragem (veja bem: ERROS). Especialmente o erro que validou o pênalti em Danilo, cobrado por Guerrero e que culminou no único  gol do fraco futebol praticado pelos corintianos, não só neste jogo, mas como vem sendo padrão neste campeonato.

Verdade número 2: na quarta-feira, pela Copa do Brasil, contra o fraquíssimo Luverdense, o Corinthians foi prejudicado pela arbitragem, que validou o gol feito por Misael após uma ajeitada marota na bola com a mão.

Verdade número 3: nenhum destes fatos está relacionado, não deve ser encarado como uma compensação dos deuses do futebol e não anulam o fato de que o Corinthians atual está péssimo e tem tudo para, caso continue neste ritmo, não chegar a lugar nenhum no ano de 2013, que já se aproxima de  seu final (o tempo passa, o tempo voa).

O que impressiona mais é que neste jogo contra o fraco time da cidade de Lucas do Rio Verde, absolutamente ninguém jogou bem. Nem Gil, com números impressionantes ao longo do ano, esteve à altura de suas atuações. Romarinho errou tudo. Pato, não obstante o fato de que a bola não chega até ele, teve muita dificuldade em acertar os passes. Danilo, antigamente um ponto de equilíbrio do time, ficou sumido. Ibson não existiu. Alessandro sentiu falta de ritmo jogando pela direita, e no segundo tempo, deslocado para esquerda num acesso de Professor Pardal que tomou a mente de Adenor, ficou ainda mais perdido.

Verdade número 4: não dá pra disputar mata-mata como se estivesse jogando por pontos corridos, administrando resultado. Em pontos corridos isso já passou do limite do aceitável, o que dizer de um jogo contra um time pequeno num mata-mata?

Verdade número 5: não é mais tempo de ressaltar que temos bom elenco. O time tem limitações, a diretoria e a comissão técnica erraram muito em não investir ou preparar bons jogadores para as laterais. Era necessário. Outra coisa: Ibson não é reforço, e nem tem futebol para ser titular. Não é cornetagem, não é implicância. É um fato.

Verdade número 6: a atitude de Sheik durante a semana foi muito mais do que nobre, todo o apoio por fazer coisas que ajudem a diminuir a intolerância em um mundo tomado por preconceito. Mas é preciso jogar futebol. E continuar com atitudes nobres também.

Verdade número 7: o Luverdense tem um time que corresponde com seu potencial financeiro e com a divisão que disputa no Campeonato Brasileiro, que é a  Série C.

Verdade número 8 (a derradeira): O time acima jogou melhor do que o Corinthians. Ponto final.

Sem futebol decente, nem com reza de Adenor.
Sem futebol decente, nem com reza de Adenor.