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GALO DOIDO

Uma eliminação da forma como aconteceu a do Corinthians, frente ao Atlético MG, pela Copa do Brasil, fatalmente gera uma série de apontamentos para supostos culpados e a busca quase que imediata para a razão do ocorrido. Esquecemos, porém, que se houve um eliminado é porque temos um classificado. E, neste caso, não é um vencedor qualquer. O apelido de “doido” dado ao Galo há tempos não lhe é atribuído de graça.

É claro que da forma como aconteceu nós podemos olhar para o lado perdedor e achar suas falhas, seus culpados. Mas nunca um único culpado. Aqui, claramente sintetizado na figura de seu treinador, que há tempos desagrada boa parte da torcida.

Não sou adepto da cultura vigente no futebol brasileiro da troca de comando durante a competição, a não ser em casos extremos. Extremo, hoje, não passa nem perto de ser o caso alvinegro. Mano tem suas falhas, mas não me parecem elas suficientes para sua queda antes do término da temporada.

Mas vejamos o Galo primeiramente. Campeão da Libertadores em 2013 através do trabalho espetacular do até então “chorão” e derrotista Cuca. A base daquele time vivia no alicerce técnico de Ronaldinho Gaucho, Vitor e Bernard. Após o título continental Bernard foi vendido, Fernandinho chegou para sua vaga, mas o Galo não foi mais o mesmo naquele 2º semestre. Ao término da temporada foi a vez de Cuca sair para fazer seu “pé de meia” e, por mais que a base tenha sido mantida, Paulo Autuori, seu substituto, destruiu aquele grande trabalho e o Atlético definhou. Levir Culpi chegou sob o viés da desconfiança, ainda que carregasse um bom histórico no mesmo Galo e após as dificuldades corriqueiras em início de trabalho, refez o Atlético MG, já sem Ronaldinho Gaucho também, este por sua opção, e agora colhe um fruto belíssimo em tão pouco tempo. O Galo seja talvez, no momento, o clube brasileiro a viver a curva mais ascendente, mesmo no BR14.

Alicerce técnico deste atual momento, Diego Tardelli vem sendo convocado merecidamente por Dunga para a seleção brasileira, onde vem se destacando ao lado de Neymar. Foi assim contra a Argentina e contra o Japão, em jogo que ocorreu dias antes do duelo decisivo de seu Galo contra o Corinthians. Pelo alvinegro paulistano, Elias e Gil também foram convocados para os mesmos jogos em que Tardelli foi destaque, mas estes sem o mesmo brilho.

No retorno ao Brasil quase que em cima da hora, Tardelli firmou-se como a referência técnica e de liderança do time de Levir e jogou como titular contra o Corinthians, sendo peça importante na vitória. Já Elias e Gil, segundo o próprio Mano Menezes, em decisão conjunta, o que denota participação de ambos na decisão, optaram por não começar jogando.

Ao que me consta, são também, o elogiado zagueiro e o sempre festejado meio campista, referencias técnicas e de liderança desse time corintiano. Dai a apontar o dedo para Mano Menezes, para Petrus e demais jogadores que não possuem nem de longe a carga histórica e a qualidade dos dois selecionáveis fica fácil demais.

Todo mundo tem sua fatia de culpa e elas precisam sim ser apontadas, até para que seja feita justiça. Uma justiça que emprega necessariamente, mais do que qualquer demérito corintiano, um enorme mérito do Galo de Levir, do Galo de Tardelli, do Galo que é hoje, o time mais “doido” do país.

tardelli

DESPEDIDA EM GRANDE ESTILO

Por motivos alheios à minha vontade, estive longe deste espaço. Saudade de dar meus pitacos. Vamos a eles.

O Corinthians, que estreou de maneira pífia no Campeonato Brasileiro de 2014, num empate sem gols e sem alma contra o Atlético Mineiro, tinha a chance de se redimir diante de sua torcida, na despedida daquela que é e sempre será a sua casa, nosso querido Pacaembu, palco de muitas de nossas conquistas.

saudosa maloca

Confessando ser um torcedor relapso, que há alguns anos não vem frequentando estádios de futebol (que os deuses do futebol, tão cultuados por nosso treinador, sejam complacentes comigo), vou deixar pra falar desta despedida no próximo texto, em que convidei amigos que estiveram presentes na partida de 27 de abril de 2014, diante do Flamengo, para celebrar com sua torcida em seu espaço preferido.

Sendo assim, vou me ater ao jogo:

Com o clima perfeito de festa entre time e torcida, reforçado com a presença de Elias, apresentado ao som de ‘Saudosa Maloca’, não para jogar, mas para estar presente e ser testemunha da grande festa, o time entrou leve em campo, botou pressão, e não demorou quase nada para abrir o placar. Após cobrança de escanteio de Jadson, Guerrero se enrolou com Samir, mas a bola sobrou para Guilherme, que não desperdiçou. Mesmo assim, o primeiro tempo ainda lembrou a fase de escassez de boas jogadas. O momento mais marcante foi aos 43 minutos, quando Léo Moura entrou forte numa jogada e atingiu Petros. Cartão vermelho direto.

Elias esteve por lá.
Elias esteve por lá.

Só que Mano Menezes vem abusando do direito de ser irritante às vezes. O time ficou segurando a bola, sem muitas jogadas pelas laterais, apenas explorando possíveis contra ataques, e o Flamengo dominou a posse de bola, sem que com isso pudesse fazer algo produtivo. Quando explorou um pouco mais o lado esquerdo, até pela ausência de um marcador por ali, o Corinthians fez o seu: Fábio Santos cruzou, Gil concluiu: 2 x 0.

É aquilo: o Corinthians continua forte defensivamente, a dupla Gil-Cléber está muito bem entrosada, Ralf continua fazendo bem o seu papel. O meio de campo vem se acertando com o que tem. Guilherme e Petros suprem o meio de campo enquanto os possíveis titulares Elias e Renato Augusto (este ainda é infelizmente uma incógnita, já que sua situação física não permite ainda uma avaliação técnica). Guerrero vem recuperando o bom futebol aos poucos, embora ainda não esteja marcando gols, que é o que se espera dele. Fagner ainda não fez uma partida digna de nota, mas vem se adaptando. O coletivo do Corinthians está evoluindo, para enfim começar a se pensar em repetir bons momentos de um passado recente. Resta saber se Mano Menezes saberá trabalhar com estas peças para conquistar um título relevante.

E que venha a Arena!*

*O Corinthians pode ter uma segunda ‘despedida’ do Pacaembu, caso não elimine o jogo de volta da Copa do Brasil, contra o Nacional-AM, que tem como principal nome o célebre Carlinhos Bala.

Dentinho é o novo Gil?

Primeiramente uma constatação: já faz algum tempo que um jogador das categorias de base não faz sucesso no time titular do Corinthians. Especialmente um atacante. O último foi Dentinho. Posto isso, vamos aos dados.

"Melhor lado esquerdo do mundo"?

 

Gilberto Ribeiro Gonçalves, 30 anos, conhecido como Gil, é um atacante revelado pelo Corinthians, que teve seu auge no ano de 2002, no time comandado por Carlos Alberto Parreira. À época, o treinador definiu o trio formado pelo atacante Gil, o lateral Kleber e o meia Ricardinho como “o melhor lado esquerdo do mundo”. Desde então, Gil parecia ser intocável no time titular, fosse qual fosse o técnico ou os companheiros de equipe. Foi assim até 2005, quando da chegada de Kia Joorabchian e sua MSI, que trouxe alguns jogadores e muita dor de cabeça para o Corinthians. Entre estes jogadores, o principal foi o argentino Carlitos Tevez, que rapidamente ganhou a vaga de Gil no time. Some-se a isso o fato de Gil ter sido o único a não receber propostas de times do exterior no período em que permaneceu no Corinthians. Teria isto mexido com a cabeça do jogador, que parecia não se ajustar ao time, chegando a ser improvisado no meio de campo em algumas partidas? Talvez até os próprios treinadores que passaram pelo clube neste período não tenham sabido aproveitá-lo da maneira correta. Desde então, Gil perambulou por times de pequena expressão do Japão e da Europa, passou por Cruzeiro, Internacional, Botafogo e Flamengo, sem conseguir alcançar o sucesso que teve em sua passagem pelo Timão. Atualmente está sem clube.

Dentinho está amando.

Corte para a atualidade. Bruno Ferreira Bonfim, 22 anos, conhecido pelo apelido de Dentinho, é um atacante revelado também pelo Corinthians, justamente em uma fase complicada do time, época da queda para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro. A grande promessa daquele time era seu companheiro, o meia Lulinha, que não teve de verdade o sucesso prometido pelo empresário Wagner Ribeiro, que é mestre em rotular jovens jogadores, nem sempre de forma coerente. Mas isso não vem ao caso. Fato é que Dentinho se sobressaiu e virou intocável no ataque, mesmo com a chegada de Jorge Henrique, e principalmente, Ronaldo Fenômeno. Este último foi inclusive o principal incentivador de Dentinho, a quem chama de “filho”. Mas Ronaldo parou de jogar em 2011. Estaria o garoto sentindo falta de seu “pai”, ou melhor, de uma referência em quem se espelhar? O atual companheiro de ataque, Liedson, é discreto, e não parece exercer este papel de norteador. A outra contratação do Corinthians para o ataque, Adriano, além de ser uma ameaça justamente para o lugar de Dentinho, não tem perfil de alguém que possa ser um exemplo, muito pelo contrário. De qualquer forma, mesmo que tivesse, se lesionou e só estréia no segundo semestre, como sabemos.

Em 2011, Dentinho estreou nos cinemas, fazendo uma ponta no filme “Bruna Surfistinha”, e logo em seguida engatou um namoro com Dani Souza, conhecida como a Mulher-Samambaia e ex-participante de reality-show. Por conta disso, freqüentou alguns programas de variedades da televisão. E o futebol? Bem, Dentinho está longe da média de 2008 e 2009. No último jogo, contra o Oeste de Itápolis, sentiu náuseas e pediu para sair, sendo substituído por Willian, que brilhou e foi autor do gol da vitória, que levou o Corinthians à semifinal do Paulistão.

Isto posto, é curioso constatar a existência de jogadores que só dão certo no time de origem, como foi o caso do Gil. Mas Dentinho é jovem, tem muito talento, embora ainda não tenha despertado o interesse real de grandes times do exterior. Resta saber se ainda está em tempo de uma grande transferência. Ou – caso permaneça – se retornará a fazer boas atuações. Esperemos.

***

 

Sobre o último jogo: o time do Oeste não chegou a assustar, mas é notório como o Corinthians tem dificuldade para superar mesmo adversários de baixa qualidade técnica. Bruno César, já de malas prontas para Portugal, parece ser o mais lúcido no meio de campo corintiano, mas não chega a brilhar. O outrora disciplinado Jorge Henrique parece ter absorvido um certo nervosismo, característico da equipe nos últimos tempos. E Tite parece desinteressado, distante. Enfim, não parece um time obstinado. Como em clássicos tudo pode acontecer, veremos como o Corinthians se comportará diante do arquirrival.

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Por fim, como trilha sonora para as dúvidas que lancei, indico o recente projeto do mutante Sérgio Dias junto ao francês Tahiti Boy, intitulado “The Lilies”. Nesta música, “Why?”, eles têm como convidado Iggy Pop, que berra como um juvenil. Haja vitalidade!

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