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A HISTÓRIA DO GOL OLÍMPICO

Ainda empolgado com o gol olímpico de Marcos Assunção na partida em que o Palmeiras eliminou o Atlético MG e classificou-se para as semifinais da Copa Sulamericana, resolvi trazer para o Ferozes FC um texto sensacional e que conta a história acerca da origem do “GOL OLIMPICO”.

De autoria do grande Alexandre Aníbal, do ótimo site Futebol Portenho.

A história do gol olímpico

No dia 2 de outubro de 1924, mais de 30.000 pessoas testemunharam um feito que se transformou num marco do futebol argentino e mundial. Cesáreo Onzari, um ”interior” esquerdo que jogava no Huracán, marcou um gol diretamente da cobrança de um escanteio. Foi num amistoso entre Argentina e Uruguai, o então campeão olímpico. O gol inédito ficou marcado e, desde então, cada gol feito como “Onzari nos olímpicos” passou a ser denominado “gol olímpico” em toda a América e em alguns países da Europa.

O clássico do Rio da Prata teve sua importância ainda mais aumentada depois que o Uruguai conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris. Logo após a chegada dos uruguaios em sua terra natal, a Associação Uruguaia de Futebol organizou dois amistosos com a Argentina. O primeiro jogo foi realizado no dia 21 de setembro em Montevidéu e terminou empatado por 1 a 1. Uma semana depois, o segundo jogo foi disputado em Buenos Aires. O estádio do à época poderoso Sportivo Barracas tinha capacidade para 40.000 pessoas. No entanto, a expectativa gerada pela partida superou as expectativas e foram vendidos 42.000 ingressos. Com os convidados, sócios e afins, o número de presentes no estádio chegou a quase 60.000. Assim, o jogo começou com muita gente na beira da linha lateral. Com apenas quatro minutos de jogo, o árbitro da partida decidiu suspender a partida. Houve incidentes de violência e alguns feridos.

Uma nova partida foi marcada para o dia 2 de outubro, com algumas medidas de segurança. Entre elas, cercar o campo com um alambrado de um metro e meio de altura, diminuir a quantidade de ingressos à venda e aumentar o preço das entradas. Com isso, o público estimado ficou em 30.000 pessoas.

Onzari anotou o mítico gol aos 15 minutos do primeiro tempo. Cea empatou para os uruguaios aos 29 e Tarasconi fez o segundo para os argentinos aos oito minutos do segundo tempo. A Argentina ganhou por 2 a 1, mas o jogo não acabou porque a equipe uruguaia se retirou do campo faltando quatro minutos para o término da partida. Os argentinos acusaram os uruguaios de jogo violento, do qual foi vítima Adolfo Celli, que sofreu uma fratura na tíbia e na fíbula. Os uruguaios também reclamaram, mas da falta de educação do público presente no estádio, que atirou pedras e garrafas nos jogadores. O uruguaio Héctor Scarone deu um chute num policial e foi parar na delegacia.

O curioso nessa história é que até junho daquele ano não eram permitidos gols marcados diretamente da cobrança de escanteio. A regra foi modificada pela International Board, órgão que define as regras do futebol, no dia 14 de junho de 1924. E segundo relatado pelo árbitro da partida, a mudança na regra ainda não chegara ao conhecimento da Associação Uruguaia. No entanto, um jornal da época assinalou que a mudança já era conhecida há 15 dias pelos dirigentes do futebol argentino. Portanto, o gol foi validado sem que o árbitro conhecesse a mudança na regra.

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Alexandre Anibal é radialista, faz pós-graduação em Jornalismo Esportivo pela FMU e é locutor esportivo do site STI Esporte (www.stiesporte.com.br). Acompanha o futebol argentino desde os tempos de Roberto Pétri na Jovem Pan TV, é membro do Memofut brasileiro (Grupo de Literatura e Memória do Futebol) e CIHF argentino (www.cihf.org.ar) e já escreveu para os sites Trivela e Distintivos.com.br.

Site Futebol Portenho
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