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E O CASCUDO CONQUISTOU A EUROPA.

O futebol praticado pelo Barcelona de Messi tem sido a “crista da onda” no futebol mundial há anos. Não por menos. Embarca nos títulos e recordes desse time o resgate do futebol ofensivo, de criação, valorização da posse de bola e das genialidades.

No discurso de 9 em cada 10 fãs do maior dos esportes, o bicampeonato do Barça na Champions League eram favas contadas e também a melhor coisa a acontecer para o mundo da pelota.

Até que então surgiu um moribundo Chelsea diante do todo poderoso de hoje. Na cabeça desses 9 a cada 10, o massacre viria em mão dupla. Não tão claro isso parecia para os outros solitários nos grupos de 10.

A classificação dos Blues diante do Napoli ainda nas 8ª´s de final, revertendo derrota por 3X1 com um 4X1 épico, mostrou que tínhamos um cascudo em meio aos brilhantes. Em meio aos cascudos, alguns brilhantes. Drogba, Cech, Ramirez, Terry e os lampejos cirúrgicos de Lampard, somando-se a isso ainda o ressurgimento do futebol de Fernando Torres, opção na maior parte dos jogos, mas fatal quando exigido.

Lembro-me de ter comentado nos canais do FFC após conhecermos os 8 classificados para as 4ª´s, que o favoritismo do Barça era sim evidente, diante de qualquer outros dos 7, mesmo do Real. Mas que fossem abertos os dois olhos para o cascudo da turma.

E cascudo, neste caso, não significa catenaccio, vide os 4X1 diante do Napoli e depois as duas vitórias contra o Benfica nas 4ª´s de final. A única vitória do time de Di Matteo fora de seus domínios, inclusive. Napoli e Benfica, adversários inferiores tecnicamente ao Chelsea. Opostamente ao rival das semifinais.

O que teria que fazer Di Matteo para eliminar o Barcelona: Armar um time tão ofensivo quanto o rival e encarar de igual para igual? Esperar que Lampard seja Messi?

Evidente que não. Lampard é um craque, mas não é Messi. O Chelsea é um grande time, mas não é o Barcelona. Quem no mundo de hoje é?

E fechar os olhos para sua inferioridade técnica e encarar o mais forte como se fosse possível se igualar a ele é muito bonito, mas somente na teoria. Em termos práticos é um tiro no próprio pé. Basta voltar no tempo e verificar quais foram e como jogaram os times que bateram o Barcelona em jogos decisivos nos últimos anos.

O mais emblemático? A Internazionale de Mourinho, também nas semifinais da Champions de 2010. Que nada mais fez do que armar um catenaccio que emperrou as engrenagens do time de Guardiola.

Foi necessário jogar daquela forma. Como foi para o Chelsea. Não necessariamente são suas escolas, foram sim suas únicas opções.

Escola quem faz é o Barcelona e é isso que os que hoje tentam diminuir o feito do Chelsea precisam entender. Futebol não é verdade absoluta. Não tem apenas uma forma de realizá-lo. E o embate entre tão diferentes estilos é o que embeleza o mais fascinante dos esportes.

“Mas contra o Bayern o Chelsea também levou sufoco”, dirão ainda os 9 entre aqueles 10. Mas ai outros tantos fatores somam-se aos já citados – desfalques, partida única, jogo na casa do adversário e claro, mais uma vez a inferioridade técnica, que não era tão destacada quanto foi contra o Barcelona, mas ainda assim existia em alguma proporção.

O Chelsea foi campeão da forma que lhe era possível sonhar. E na rabeira dessa história cheia de heróis e vilões, realizaram os Blues o sonho daquela gente que até pouco mais de 3 meses via seu time do coração caminhar para um fim de temporada amargo. A mesma que sofrera o revés e o fim desse sonho quando era decantado como o melhor, diante de um rival doméstico.

Coisas do futebol. Ou você acha que vai viver algo parecido com isso em qualquer outro terreno do esporte?

Futebol é bom demais!

 

Exaltei a “cascudez”  do Chelsea em dois momentos ao longo dessa Champions:

http://www.ferozesfc.com.br/o-cascudo-chelsea-esta-perto-de-quebrar-mais-um-paradigma-da-bola/

http://www.ferozesfc.com.br/entre-mocinhos-e-derrotados-nao-ha-viloes-ha-o-finalista-da-champions-league/

 

Cheers,

ENTRE MOCINHOS E DERROTADOS, NÃO HÁ VILÕES. HÁ O FINALISTA DA CHAMPIONS LEAGUE.

O ser humano aprendeu a ter duas opções na vida: a certa e a errada. Para tudo o que ocorre nas esferas mundanas há de se ter um mocinho e um vilão.

Mas existem tantas situações entre um extremo e outro. Existe o meio termo. E o futebol não foge a regra.

Passados os dois jogos entre Chelsea e Barcelona, o mundo passou a apontar seus mocinhos e seus vilões. Passaram também a testemunhar contra si próprios.

Que Ramirez foi um monstro nos duelos e Drogba fora decisivo, não há dúvidas. O vilão é Messi.

Mas Messi é vilão do que?

Por que foi o 1º na história a ser eleito 3 vezes consecutivas o melhor do mundo? Por ousar quebrar recordes? Por conduzir a máquina barcelonista em todos os títulos conquistados nos últimos anos?

“Messi ousou ser comparado a Maradona, a Pelé!”.

Oras, façam-me o favor. A comparação vem de fora. Somos nós quem o colocamos nesse patamar, justo, aliás. O argentino nunca veio a público reivindicar seu trono. Mas a ele foi concedido justamente um lugar dentre os grandes de todos os tempos. Se for melhor ou pior do que aquele que você tem como ídolo, não é problema dele.

Humano que é, Messi erra. E errou nos dois jogos. Errou em Londres, ao ser desarmado por Lampard no lance do gol do Chelsea. Errou ontem na cobrança do pênalti e que poderia ter dado a vantagem necessária ao Barcelona.

Mas errou também Guardiola que o escalou como homem de meio, partindo antes da faixa de volantes do Chelsea, quando na verdade sabemos que o argentino gosta de trabalhar às costas dos volantes e partindo em direção a área adversária. Minou sua principal arma, tirou dele a melhor condição para decidir.

Só que acertou muito mais Di Matteo, que com um verdadeiro catenaccio anulou a volúpia ofensiva do Barça. Deu ao melhor time do planeta o que ele gosta – a posse de bola, mais de 70% da posse – mas postou toda a sua equipe dentro de sua área e adiantou a marcação do meio, impedindo que o rival conseguisse entrar tabelando.

E aí pode se notar mais uma falha do Barcelona. O time não chuta. Foram somente dois disparos (minhas contas) de fora da área ao longo das duas partidas.

Sobre Di Matteo e seu esquema, há também de se considerar que esteve ele com um jogador a menos ao longo de toda a 2ª etapa. E que ao final teve a visão de mandar um Fernando Torres cheio de gás, na vaga de um heróico e combalido Drogba, e que fora o espanhol o jogador que fechou de vez a espetacular classificação azul para a final. Reconquistando não apenas o moral do time, mas de um atacante pelo qual se gastou muito, mas também se cobra demais e injustamente, pois é sim bom de bola.

É muito mais justo dizer que Ramirez foi um monstro nos duelos, anulando Daniel Alves na 1ª partida e forçando Guardiola a mudar seu esquema, colocando o melhor lateral direito do mundo no banco na 2ª partida. Fora o golaço marcado quando a vaca londrina começava a ir para o brejo.

É muito mais justo apontar o isolamento heróico de Drogba, que sozinho no ataque incomodou mais do que todo o Barcelona nos dois jogos.

Exaltar um cascudo Chelsea, que de time presepeiro e derrubador de técnicos, hoje é finalista da Champions League é muito mais justo – e belo – do que dizer que o “Barcelona não é tudo isso”, que “Messi é um Valdívia com grife” e que a “farsa barcelonista” caiu.

O futebol é cíclico e pode ser sim que a fase dominante do Barcelona esteja chegando ao fim. Mas não é certo.

O que é certo e será para sempre é a história escrita por esse time de Pep Guardiola e comandada pelo genial Messi. Ninguém irá apagar isso.

Como ninguém pode diminuir o feito do Chelsea escolhendo vilões do outro e não os heróis dele. Cascudo, barra pesada, mas também talentoso. O finalista da Champions da League.

Cheers,

O “CASCUDO” CHELSEA ESTÁ PERTO DE QUEBRAR MAIS UM PARADIGMA DA BOLA.

O Chelsea venceu o Barcelona no jogo de ida pelas semifinais da Champions League pelo placar mínimo e a pergunta que fica é: Por quê?

Por que futebol não é vôlei, não é basquete e nem badminton. No futebol nem sempre o que mais ataca é mais eficiente. Apesar de o melhor time estar sempre mais próximo da vitória, não necessariamente ele irá vencer sempre.

Chelsea e Barça protagonizaram um jogo de extremos. Um extremamente defensivo, outro super ofensivo. Mas quem foi que disse que o time que mais ataca é necessariamente melhor?

O futebol vive da quebra de paradigmas e o cascudo Chelsea está perto de quebrar mais um.

Não se discute a superioridade barcelonista perante o resto do mundo. Mas no jogo de ontem a defesa dos blues se sobrepôs ao ataque do Barça. Ponto.

Foram no mínimo 6 definições claras do Barcelona contra uma do Chelsea. Duas bolas na trave e outras que pararam nas mãos de Cech. Em uma situação normal a partida terminaria 6X1 para o Barcelona e hoje o jogo não estaria rendendo tanto assunto.

Entendeu a graça?

O Chelsea foi mais eficiente na defesa e – queiram ou não – também no ataque, já que aproveitou a sua chance. Foi letal, foi mortal. Enquanto o Barcelona foi “apenas” espetáculo.

O Barcelona não deu um único chute de fora da área. Nem o Chelsea. Mas os Blues não falharam, o Barça falhou. Messi falhou.

Sim, você acabou de ler isso – “Messi falhou!”

Reveja o gol do Chelsea.

http://www.youtube.com/watch?v=pIHR_EAbr-8&feature=related

Quem se enrola no meio campo e perde a bola é Lionel Messi. A marcação eficiente do Chelsea se deu na faixa de campo onde o argentino atua e lá estava Lampard para dar o bote e desarmá-lo – quem foi que disse que o cara não jogou nada ontem?

O lançamento preciso encontrou Ramirez – o melhor em campo – com uma avenida pela esquerda (onde estava Daniel Alves?), dali a encontrar o 2º melhor do jogo, Drogba, entrando livre na área, foi um passe.

Ramirez anulou Daniel Alves ao longo de todo o cotejo, anulando boa parte do jogo do Barcelona pela direita. Mikel, Lampard e Meireles revezaram na marcação de Messi e contaram também com uma má jornada de Iniesta, Fabregas e Cia. O esquema de Di Matteo conseguiu transformar o Barcelona em um time, digamos, “normal”. Ponto para ele também.

Faltou a Di Matteo um tanto de coragem quando a partir da metade da 2ª etapa o Barcelona passou a atacar e deixar espaços para mais contra – ataques. Caberia Torres no lugar de Mata. Aberto pela direita e inteiro fisicamente, o espanhol poderia ser o arco que faltou para apontar a flecha de Drogba e conseguir algo espetacular e impensado.

Ainda assim a vitória pelo placar mínimo foi ótima. Obriga o Barcelona a ser mais atento defensivamente. Um gol do Chelsea obrigará os donos da casa a marcar 3 gols. Como não dá para imaginar o Barcelona passando em branco atuando em casa, acho bem plausível Di Matteo mandar um Chelsea com dois atacantes e buscando mais o ataque.

O Chelsea está muito vivo e mais próximo do que nunca de voltar a uma final de Champions League.

Quem poderia apostar em algo assim há dois meses?

Futebol é mesmo espetacular.

 

Cheers,