Dominante nas arquibancadas do estádio Castelão e ampla favorita para o jogo, a tradicionalíssima celeste protagonizou a primeira zebra da Copa do Mundo 2014. Um dos postulantes ao título de “carrasco” da seleção brasileira sucumbiu diante da inexpressiva Costa Rica e se complicou no grupo da morte.
Mesmo com o desfalque de Suárez, ninguém poderia esperar um placar que não fosse a vitória uruguaia. Contudo, o que se viu em campo em nada se assemelha à celeste aguerrida e eficiente de 2010.
Forlán, melhor jogador daquela Copa, nem de longe lembrou o grande jogador de outrora. Cavani, um oásis em meio a tantos “brucutus” uruguaios até anotou o seu tento, mas sozinho nada pode fazer.
Há 4 anos, esse mesmo estilo de jogo de marcação forte aliado ao talento de Forlán foi suficiente para colocar o Uruguai entre as quatro melhores seleções do mundo, mas há 4 anos…
Para continuar no caminho das vitórias é preciso renovar, “oxigenar” uma equipe com novas peças e, muitas vezes, com uma nova forma de jogar.
No “chato” futebol moderno temos visto reinar nos gramados um futebol burocrático, de forte marcação, extremamente físico e que vive de contra-ataques.
A escola uruguaia, como muitas outras, é retrógrada e não é só a derrota de hoje que mostra isso, a Costa Rica apenas fez o “favor” de escancarar tal fato, pois há muito tempo vemos times jogando dessa maneira.
Que a derrota inesperada sirva de lição para o Uruguai de que camisa, por mais tradicional que seja, não ganha jogos sozinha, de que quando se tem qualidade não se deve abrir mão jamais da ousadia e da vontade de jogar para frente, quase que “sem responsabilidade”.
Que mais “Costas Ricas” protagonizem zebras como essa. Que o futebol que abdica do ataque não vença e que retrógrados “Uruguai´s” abandonem esse estilo de jogo pragmático.
Vamos torcer para o “imponderável” continuar pregando suas peças, pois é justamente disso que vive o futebol, do encanto do “impossível” e do talento acima de tudo.
A Copa América 2011 ficou longe de ser um primor técnico e a média de gols passou longe da habitual. Além disso a estrutura oferecida pelos hermanos ficou muito aquém do que se espera para a 3ª competição de seleções do planeta bola.
Não, não foi o gramado que fez Elano e André Santos mandarem a bola no telescópio espacial Hubble, mas o “pisante” destinado ao desfile dos craques sulamericanos esteve dentro de um nível varzeano. Com todo o respeito que nossos terrões espalhados por aí merecem.
Se é que serve de consolo, ao menos não serviu de desculpas para derrame de dinheiro público, como já acontece em “nossas arenas” para a enfadonha Copa do Mundo de 2014.
Apesar dos pesares, essa edição da Copa América nos mostrou um novo mapa para o futebol das Américas, onde o Uruguai reina absoluto dentro e fora dos gramados. Um trabalho de mais de 4 anos que atinge sua maturidade com o título mais do que merecido, depois de já mostrar o incrível renascimento para o cenário da bola desde a 4ª colocação na Copa do Mundo da África, do retorno ao futebol olímpico após décadas de ausência, da grande campanha do Peñarol na última Libertadores e agora culminando com o título da América de sua seleção.
No âmbito individual o Uruguai também tem muito do que se orgulhar, já que o melhor jogador da última Copa foi o seu maestro Diego Forlán e agora da Copa América o extraordinário Luisito Suarez, uma espécie de Carlitos Tevez elevado a algumas potencias.
Os feitos uruguaios tornam-se ainda mais fantásticos quando se leva em conta que a população do país não excede os 3 milhões de habitantes. Creio que apenas a zona leste de São Paulo já tenha mais pessoas do que o Uruguai como um todo.
Um tapa na cara sem vergonha dos que hoje comandam a seleção que há anos deixou de ser brasileira. Também na dos argentinos, verdadeiros parceiros uruguaios na maior rivalidade das Américas, mas que não conseguem acompanhar o crescimento celeste, ainda que tenham hoje o melhor jogador do mundo.
A Copa América 2011 trouxe também o fim da síndrome de vira-latas dos venezuelanos, que pela 1ª vez chegaram a uma semifinal da competição, mostrando versatilidade tática e alguns bons valores individuais. Como o Peru, que disputou e venceu a 3ª colocação contra a própria Venezuela.
Novas caras, novos nomes, novos tempos de um futebol que não anda perdoando muito aqueles que andam vivendo apenas de suas glórias do passado.
Eu, Marcio e Plinio montamos nossas seleções com o que enxergamos de destaques da Copa América. Seguem nossos 3 selecionados e vejam se batem com o de vocês:
João Paulo Tozo (Para encaixar Alvaro Pereira e Vargas no time, desloquei o uruguaio para a lateral esquerda, onde ele também joga e coloquei o peruano ao lado de Messi na armação do time)
-Villar (PAR)
-Revoredo (PER)
-Lugano (URU)
-Vizcarrondo (VEN)
-Alvaro Pereira (URU)
-Ortigoza (PAR)
-Diego Perez (URU)
-Vargas (PER)
-Messi (ARG)
-Forlan (URU)
-Suarez (URU)
Melhor Jogador: Luis Suarez
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Marcio Viana
Villar
Maicon (vou perdoá-lo, pelo esforço e lampejo de lucidez)
Não poderia haver maior justiça. E foi o que aconteceu neste domingo em Buenos Aires. Com total autoridade, o Uruguai derrotou o limitado Paraguai por 3 a 0 e conquistou a Copa América de 2011.
Para a partida final, o estádio Monumental de Nuñez do River Plate foi o palco escolhido. Aliás, a única partida a ser realizada na capital argentina. Comenta-se que mais por questões políticas que por razões nobres. Seja na Argentina, seja no Brasil, a política baseada em interesses são determinantes na definição de anfitriões de eventos futebolísticos de grande porte. Além de tudo, os distúrbios causados pela torcida do River Plate no Monumental pela ocasião do rebaixamento da equipe colocaram a utilização do estádio na final em xeque.
Política à parte, uruguaios e paraguaios foram a campo com históricos diversos no torneio. Enquanto o Uruguai chegava com vitórias contundentes nos momentos agudos do torneio, o Paraguai estava lá graças exclusivamente a empates.
Torcedores uruguaios atravessaram o Rio da Prata a rodo e lotavam o Monumental, transformando o estádio do River em extensão de Montevidéu.
E o Uruguai tratou de tomar a iniciativa desde o início. Ficava claro desde cedo que o objetivo de Oscar Tabárez era partir logo para cima e tentar a definição o mais breve possível. Isso talvez pela ciência das limitações paraguaias que apenas tiveram um parêntese nas partidas contra Brasil e Venezuela na fase inicial do torneio.
Já antes do gol inaugural, Néstor Ortigoza fez pênalti que o árbitro brasileiro Sálvio Spínola não viu.
Não fez falta alguma. Luís Suarez marcaria o primeiro gol já aos 11 minutos de jogo. Porteira aberta para o Uruguai deitar e rolar. E mais: o Paraguai teria que sair para o jogo desta vez.
Só que o Uruguai continuou a ditar as regras e, antes do final do 1º tempo, Diego Forlán fez seu primeiro gol na Copa América, ampliando para a Celeste.
Na 2ª etapa, houve um esboço de reação paraguaia, nada que Fernando Muslera não pudesse evitar. No melhor lance, Nelson Valdéz recebeu belo lançamento e Muslera tocou o suficiente para que a bola fosse desviada para o travessão. O Paraguai ficou nisso.
O terceiro gol uruguaio foi apoteótico. Já aos 89 minutos de jogo, a Celeste puxa contra-ataque veloz que é finalizado com Diego Forlán na saída de Justo Villar. Uruguai implacável. 3 a 0 e campeão da Copa América.
Título mais que merecido para o Uruguai. Conquista que significa a hegemonia continental para este pequeno e pacato país sul-americano, já que foi a 15ª Copa América do país, contra 14 dos argentinos e somente 8 dos brasileiros.
Uruguai que teve o auge no futebol lá pela primeira metade do século XX com as Copas do Mundo de 1930 em casa e 1950 no Brasil. Figurou entre os melhores até os anos 70 quando foi semifinalista da Copa do México, caindo somente perante o Brasil de Pelé, e quando ainda via os poderosos Peñarol e Nacional ganharem suas Libertadores.
Vieram os anos 80 e com eles a degradação econômica da América Latina. Jogadores formados no Uruguai que passavam e se consagravam nas grandes equipes do país começaram a tomar rumos sem escala para a Europa. Murchava o amor à camisa celeste da seleção. A produção de talentos escasseou. Talvez seja algo semelhante ao que ocorre com o Brasil atual onde o sonho de qualquer jovem que milita no futebol seja ganhar a Champions League por algum grande clube europeu em vez de vestir a camisa de grandes clubes brasileiros ou ganhar a Copa do Mundo pela Seleção. Claro, aqui há o componente político para bagunçar ainda mais o coreto.
Já nos anos 2000, com a chegada de Oscar Washington Tabárez – uruguaio de Montevidéu, com passagens em equipes importantes do futebol mundial como Peñarol, Boca Juniors e Milan – no comando técnico da Celeste, algo de diferente começou a ocorrer no país. Peneiras foram promovidas por todo o território uruguaio a fim de descobrir novos talentos. Nova geração despontou. Geração que, apesar de expatriada como as anteriores, mostrava novamente amor pela Celeste.
Diego Lugano, contestado até mesmo quando chegou ao futebol brasileiro via São Paulo FC, é um dos símbolos do grupo. Campeão de tudo pelo clube brasileiro, transferiu-se para a Europa, fez a vida lá, mas não esquece a raça (às vezes até com um pouco de exagero) ao jogar pela sua seleção.
O outro Diego, o Forlán, ainda declararia no pós-jogo que a honra e a emoção eram enormes, já que avô e pai levaram o mesmo caneco para o país. Aquela velha história de legado da família. Conscientização emocional que falta ou não é permitida que se tenha devido a circunstâncias adversas em terras tupiniquins.
E outros exemplos são dignos de nota. Luís Suarez, astro do Liverpool e talvez o melhor da Copa América. Sebástian “Loco” Abreu, o ídolo botafoguense, ainda que no banco, mantém-se fiel à união do grupo.
Eis a geração lapidada com tempo e paciência no Uruguai de cerca de 3 milhões de habitantes, dando lições nos gigantes Argentina e Brasil. E não é de hoje. Com a Copa América ganha em terras porteñas, o Uruguai apenas ratifica algo que começou ter resultado há um ano na África do Sul, quando chegou ao 4º lugar, à frente de todos os outros sul-americanos: a hegemonia continental no momento. Cabe aos outros correrem atrás do prejuízo.
Mario Ballotelli
Que algumas equipes europeias estejam em pré-temporada pela América do Norte, muita gente já sabe. Que o Manchester City está por lá também, outros tantos estão a par. Que o City tenha empatado por 1 a 1 com Los Angeles Galaxy, tudo bem, sem novidades, pré-temporada para os europeus e meio de temporada para os americanos sedentos em aprender com eles.
O diferente nisso tudo foi a jogada de Mario Ballotelli do City. O italiano tinha tudo para marcar. Mas quis fazer firula. Resultado: perdeu o gol. Companheiro indignado ao lado e substituído pelo irado técnico Roberto Mancini, também italiano. Na saída discussão entre ambos e Ballotelli inconformado no banco. Seria caso para tanto stress do treinador? Ou Ballotelli brincou com o que não deve? Só conferir a seguir.
Uruguai e Paraguai farão a final da Copa América na Argentina. Em duas partidas semifinais marcadas pela presença de apenas um dos três favoritos iniciais ao título, além da seleção surpresa do evento, uruguaios e paraguaios garantiram vaga em jogos com características distintas.
Jogando em La Plata, o Uruguai se impôs à seleção peruana e fez 2 a 0. O time do técnico Oscar Tabárez iniciou melhor a partida e fato é que deixou de dominá-la em apenas um breve momento do 1º tempo quando começou a se perder na marcação peruana montada pelo técnico Sérgio Markarián. No hiato uruguaio, aos 23 minutos de jogo, o Peru teve sua grande oportunidade em cruzamento de Juan Vargas que Luís Advíncula não alcançou. Foi tudo que o Peru pôde fazer.
A definição da vaga veio no 2º tempo. No início os uruguaios sofriam com os mesmos problemas: marcação peruana compacta, não concedendo a definição de jogadas. Aí surgiram os nomes consagrados que justificaram a reputação.
Aos 7 minutos, Diego Forlán soltou um míssil que o goleiro Raúl Fernandez não suportou. No rebote, Luís Suárez completou para o gol.
O segundo não tardou. Em contra-ataque, Álvaro Pereira lançou Luís Suárez em profundidade. Fernandez sai desesperadamente, não acha nada e o craque do Liverpool completa.
Além do ataque definidor da dupla Forlán-Suárez, a defesa, com Diego Lugano, mostrava autoridade, ainda que com certo exagero na dose.
Exagero que provocou a expulsão de Vargas. Sebastián Coates marca forte e leva o peruano a acertar o uruguaio com uma cotovelada. Catimba uruguaia que funcionou.
Daí em diante foi apenas aguardar o final do jogo. Tudo muito bem controlado pela seleção do Uruguai.
Foi a vitória com mais autoridade do Uruguai no biênio 2010-2011, período da arrancada celeste a partir da Copa Mundo da África do Sul. Aproveitando-se também da relativa fragilidade do adversário, o Uruguai, diferentemente de outras partidas, inclusive daquelas vencidas, obteve vitória de time grande. Triunfo ao estilo “sou favorito, assumo e tomo a iniciativa para vencer”. Desta vez, nada de jogar como pequeno e buscar a vitória na raça. Não que ela não tenha existido, mas foi vitória de seleção favorita e tradicional que se impôs naturalmente.
Na outra frente de batalha, Paraguai e Venezuela duelaram em Mendoza em reedição de grande partida da fase de grupos quando ambos empataram em 3 a 3.
E mais uma vez a seleção “Vinho Tinto” surpreendeu o continente ao apresentar bom e competitivo futebol. Se nos 3 a 3 da primeira fase o Paraguai teve tudo para vencer e permitiu a reação venezuelana, desta vez foi a Venezuela quem dominou quase toda a partida, deixando os paraguaios acuados em seu campo defensivo na maior parte do tempo.
Impressionante a confirmação da evolução do futebol venezuelano. Os vinho tintos jogaram como equipe de tradição, enquanto os paraguaios clamavam pelo final do tempo regulamentar e da prorrogação.
Falando em clamor paraguaio, estranho como o futebol da equipe do técnico argentino Gerardo Martino se perdeu ao longo da competição. Após estreia aquém das expectativas contra o Equador (0 a 0), os paraguaios fizeram duas boas apresentações contra Brasil (2 a 2) e Venezuela (3 a 3) quando deixaram a vitória escorrer pelos dedos. Já nas quartas-de-final, novamente contra o time da CBF, o time guarani contou com excelente atuação do goleiro Justo Villar que salvou sua seleção da derrota e levou a decisão para as penalidades. De resto, nada mais contra os brasileiros. Queda de produção total.
Qualidade de jogo que não foi recuperada ontem em Mendoza. Foi quase um massacre ofensivo da Venezuela contra o Paraguai. Quanto mais próximo do final a partida estava, maior o domínio territorial venezuelano. Domínio acentuado na prorrogação.
Final de 120 minutos em 0 a 0, treinador Martino expulso mais uma vez e aconteceu o que os paraguaios nitidamente desejavam: pênaltis.
Aí os méritos técnicos se invertem. Com o nível de precisão estratosférico, os paraguaios converteram suas 5 cobranças. Todas elas muito bem efetuadas. Os venezuelanos também não estavam mal, até que Franklin Lucena desperdiça sua chance. Brilhou novamente a estrela de Justo Villar que fez a defesa. Paraguai na final sem brilhantismo e sem vencer nenhuma partida sequer. Final também da epopeia venezuelana por terras argentinas.
Agora é Uruguai contra Paraguai na final. É a grande chance da Celeste reinar absoluta no continente. Se vencer, será o 15º título uruguaio de Copa América que superaria as 14 conquistas argentinas. Já os paraguaios terão o desafio de levar o caneco para Assunción pela terceira vez na história, mas terão que jogar mais bola para superar o entrosado time do Uruguai. Se história ganhasse jogo, a Celeste já poderia comemorar. São 24 jogos entre ambos em Copa América com 13 vitórias uruguaias, 5 empates e 6 triunfos paraguaios.
Falando em levar o caneco, quem não levou a Copa do Mundo para casa foi o time americano feminino. Só que a repercussão do desempenho da equipe na América foi enorme. Prova disso foi a presença de Hope Solo e Abby Wambach no programa “Late show” de David Letterman. Confira um pequeno trecho.