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Na hora certa e no lugar certo

Já houve momentos em que esqueci que Ramirez está no elenco do Corinthians.

Quem escreve sobre futebol tem que se preparar para cair em contradição a qualquer momento. Por exemplo: recentemente eu disse que a noção que se tem de equilíbrio no Corinthians não é verdadeira (e ainda acredito nisso, de certo modo). Também sempre critico neste espaço, as más decisões do treinador Tite ao longo dos jogos, o que às vezes prejudica a equipe.

Pois bem. No confronto contra a equipe do Ceará, que o Corinthians venceu pelo humilde resultado de 1 a 0, o nobre Adenor, além de fazer uma boa substituição, fazendo entrar em campo o peruano Ramirez, responsável pelo gol que garantiu os três pontos que podem ser importantes na escalada rumo ao título do Campeonato Brasileiro 2011, ainda conseguiu manter um pouco do tão apregoado “equílibrio”  de que gosta tanto.

No decorrer do jogo, o que vimos foi o Corinthians tentando segurar os avanços do time do Ceará, que tinha no atacante Oswaldo, aquele pretendido por boa parte dos grandes times da série A (inclusive o próprio Corinthians), a principal opção ofensiva. E foi aí que entrou em ação a estrela do goleiro Julio César,  que com boas defesas, impediu que o Ceará atrapalhasse o caminho do Timão rumo ao título.

Falando sobre a suposta “união” do grupo em torno do objetivo de chegar ao título, no final do jogo, os jogadores Alessandro e Paulo André foram os responsáveis por conversar com a imprensa, de modo a aliviar a pressão sobre Tite. Pareceu sincera a atitude.

Sobre a entrada de Cachito Ramirez, é importante notar o contexto em que ele entrou. Era necessário um jogador que tivesse a característica um pouco parecida com a de Paulinho, suspenso para este jogo, e substituído por Edenilson, que embora seja da mesma posição, especialmente contra o Ceará adotou um comportamento mais defensivo, tirando um pouco o poder de finalização e dos chutes de fora da área. Ramirez teve estrela para mudar a postura da equipe.

Mas Ramirez é craque? Não, certamente. Até acredito que o jogador não reúne condições para um dia chegar à titularidade, e talvez tenha menos chances ainda no próximo ano, caso cheguem novos reforços. Mas é um bom jogador, e estava no lugar certo e na hora certa.

O empate do Vasco com o Palmeiras, que deve ter desagradado a uma parte da torcida do Verdão, embora não houvesse escolha, acabou sendo benéfico ao aumentar um pouco a distância do Timão e do time cruz-maltino. Mas ainda não está nada decidido no campeonato, e temos três jogos que não serão fáceis, sendo bem sincero. Nos resta torcer. Para o jogo contra o Atlético-MG, teremos casa cheia. Isso é importante.

Pra terminar, aproveitando a vinda do Alice in Chains ao Brasil (não deixe de ler aqui o relato de João Paulo Tozo sobre o show da banda no SWU), vamos relembrar um som da banda paralela do saudoso vocalista Layne Stayley com o guitarrista Mike McCready do Pearl Jam (outro que esteve no país recentemente), o Mad Season, com “River of Deceit”. Abraços.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=Fm72DPJCX58[/youtube]

Remendo Sul Americano

Nos acréscimos o São Paulo deixou escapar um resultado positivo diante o Ceará, na estreia dos dois times pela Copa Sul-Americana na noite desta quarta-feira, no caldeirão Presidente Vargas, em Fortaleza.

Foi assim na primeira etapa, aos 46 minutos, quando o volante Rudnei empatou o jogo para a equipe cearense em 1 a 1, e depois na etapa final, onde o atacante Marcelo Nicácio marcou aos 48 minutos, decretando assim a derrota tricolor por 2 a 1.

O drama da equipe do Morumbi começou no intervalo, quando o zagueiro Rhodolfo pediu para sair com dores musculares. Sem opções de defesa no banco, o técnico Adilson Batista colocou o volante Jean e improvisou Denilson no setor.

O que não demorou por muito tempo, pois logo no reinício do jogo o são-paulino foi expulso e o treinador, mais uma vez, foi obrigado a fazer mais improvisações na zaga.

O time já desfalcado pelos jogadores cedidos para as diversas Seleções Brasileiras, teve ainda que poupar o atacante Dagoberto, que ficou no banco, por conta da maratona de jogos que a equipe vem enfrentando.

O time teve que fazer uma cansativa viagem de Florianópolis a Fortaleza, sem tempo para descansar e treinar, e dessa maneira não se pode cobrar um futebol de alto nível técnico, de nenhuma equipe do mundo.

Por consequência disso os jogadores Fernandinho e Rivaldo também deixaram o jogo com dores e cansaço, o que também mostra que problemas físicos estão sendo constantes no São Paulo nesta temporada.

Todo remendado o time se segurou como pode, e mesmo com um jogador a menos o tricolor lutou e tentou fazer o tempo passar e quando o Vozão começou a gostar mais do jogo acabou parando nas mãos do Rogério Ceni, que foi o principal responsável pelo placar não ficar mais elástico.

O time do Ceará virá a capital paulista para jogar com a vantagem do empate no jogo de volta, no próximo dia 24, no Morumbi, numa historia que pode, e deverá, ser diferente.

Eu, os Monkees e a maioria da torcida, ainda acreditamos tricolor:

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Chazinho de Coca – O palmeirense começa a conjugar o verbo “planejar”.

Texto: João Paulo Tozo

Imagem: Jarbas de Oliveira )p/ Lancenet!)

Quando Felipão diz que não se pode esperar que esse time do Palmeiras brigue pelo título do BR10, ele só fala a verdade.

O time ainda é bastante desequilibrado em seus setores. A ocupação de espaço é deficiente. Não a toa essa é uma das principais preocupações de Scolari nesse seu início de trabalho – organizar melhor as peças e com isso povoar de verde todos os espaços do campo.

O que não quer dizer que o time não vem melhorando. Taticamente já é bem visível a ação do trabalho do treinador. Individualmente o ataque ganhou muita força com Kleber, mas Ewerthon ainda está devendo, além do que nenhum dos dois é goleador. As jogadas acontecem, mas os gols nem sempre acontecem.

Ontem essa deficiência saltou aos olhos na partida contra o Ceará. Jogo complicado, mas no qual o Verdão foi melhor em quase todo o cotejo – sobretudo na 2ª etapa.

No começo o time verde aceitou a proposta ofensiva dos donos da casa. Lincoln preso não conseguia acionar o ataque. Por outro lado a zaga esteve segura, ainda que o goleiro Deola na transmita a segurança necessária. Marcos ainda não tem um substituto a sua altura – se é que haverá algum um dia.

Com quase metade do time suspenso, Felipão deu maior liberdade a Vitor e Armero para apoiarem o ataque. Leo fez boa cobertura no lado esquerdo, por onde o Ceara mais atacou.

Até os 30 minutos o jogo foi mais cearense. Até que Kleber perdeu grande chance e acendeu o time.

Tinga saiu mais para o jogo e deu a Lincoln a companhia que faltava na armação. O meia, aliás,  tornou-se a melhor opção do time.

Na 2ª etapa o Palmeiras imprimiu velocidade, agora também com Patrick apoiando mais e Vitor sendo quase um meia pela direita. O jogo ficou bom. Aos 7 minutos Kleber meteu bola no travessão.

Estevam Soares mandou Wellington Paulista para o lugar de Erik Flores, na tentativa de dar mais rapidez a saída de jogo. O Palmeiras marcava a saída de bola cearense e ganhava quase todas as bolas pelo meio.

Mas a mexida de Estevam só foi surtir algum efeito a partir da tola expulsão de Leo, que até vinha bem, mas levou um drible fácil e apelou.

Deola então teve de mostrar serviço. Ainda que estabanado, promoveu defesas importantes e conseguiu segurar o 0 no placar.

Felipão ainda aguada por Valdívia. Mas há de se salientar que o ótimo meia não irá salvar sozinho essa lavoura. O time precisa de ao menos um zagueiro de bom nível para fazer dupla com Danilo quando esse voltar de suspensão. Felipão quer também um meia de pé esquerdo, mas sinceramente não há grandes opções no mercado. O último que passou pelo Palmeiras foi Alex Cabeça. Terá de ser ele novamente? Para esse ano a chance é zero.

E além de organizadores de jogo, o time necessita urgentemente de um fazedor de gols. Ele não é o Kleber e muito menos o Ewerthon. Mas se o meia tá difícil, o que dizer de um centroavante de bom nível?

Já são 10 pontos separando o Palmeiras do 1º colocado – 4 rodadas. A preocupação de momento é muito mais em se afastar do pelotão de trás do que pensar em título. Título que pode vir a ser o da Sulamericana, agora sim uma competição de grande importância, que leva a Libertadores.

Felipão sabe disso. Em seu discurso realista está também inserido um planejamento que traz a memória do torcedor o ano de 1998, quando o time já com vaga garantida na Liberta que depois conquistou, fez um forte trabalho na Sulamericana da época, a Copa Mercosul, conquistando o título e dando ao elenco a tarimba em competições internacionais.

Fosse qualquer outro o treinador e a palavra “crise” voltaria ao cotidiano do time. Mas com Felipão a paciência existe. O verbo “planejar” ganha a conjugação que há tempos o palmeirense esqueceu como se faz.

Despeço-me da rapaziada feroz que nos acompanha ao som do petardo do Ride – Drive Blind:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=UutI1vsiia0&feature=player_embedded[/youtube]

Cheers