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FELIPÃO NA SELEÇÃO

Não tem mais bobo no futebol. E espero que também não haja mais entre o torcedor de futebol. O circo acabou e aquilo que era mais óbvio que a continuação da saga Crepusculo enfim se confirmou: Felipão é o novo técnico da seleção.

Reproduzo abaixo uma ponderação que fiz no Grupo de Discussões do Ferozes FC ( https://www.facebook.com/groups/410938200003/ ) na manhã do último sábado (24/11/12).

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Que o Mano não seria o técnico da seleção na Copa, pra mim era certo. A CBF conseguiu fazer a seleção perder todo o prestígio junto ao povão. Vide o descaso completo no jogo contra a Argentina.

A Copa tá logo ai e se nada fosse feito a galera não parecia mto a fim de abraçar a causa.

Pra mim o Mano sempre foi uma espécie de laranja daquela trupe toda que conhecemos bem. Serviu aos propósitos dessa galera – e de sí próprio, lógico – até onde foi possível e até onde ainda haja chance de resgatar a aura de selecionado de fato nacional da amarelinha.

O fato do Luxa ter assinado um dia antes contrato de 2 anos com o Grêmio, somado então a queda do Mano, me dava a certeza de que seria o Felipao o técnico.

E tanto ele quanto o Muricy, mas mais ainda ele, por ser ainda um personagem que junto a galera traz credibilidade, por ser o último comandante campeão, pelo papo de família Scolari, por ter esse aspecto hoje mais de avôzão do que de paizão, seria a escolha certa (pensando como cebeéfiano) para apagar do dia pra noite toda a podridão escancarada, recuperar o povaço e ainda botar banca de que o planejamento é pensando só no bem da seleça.

AS CARTAS ESTÃO NA MESA

Antes de qualquer comentário, uma confissão: este que vos escreve acreditava que Mano Menezes teria sucesso como treinador da Seleção Brasileira. Embora atendesse ao perfil ‘treinador-gaúcho-disciplinador´, Mano a meu ver tinha um estilo mais assemelhado ao do carioca Carlos Alberto Parreira, de quem fui pupilo inclusive, na ocasião da passagem do tetracampeão mundial pelo Internacional. Ledo engano: ao longo destes dois anos no comando da equipe, Mano colecionou muito mais fiascos do que sucessos.

Mesmo com todos os problemas e desagradando a boa parte da torcida, não dá pra se dizer que a demissão de Mano Menezes foi a ‘crônica de uma morte anunciada’. Pelo contrário. Dizia-se até, após a conquista do, hmm… ‘título’ do Superclássico das Américas, que finalmente a Seleção encontrava um certo equilíbrio. Bobagem: o fato é que o presidente da CBF, José Maria Marin nunca foi fã do gaúcho. Herdou de seu antecessor, Ricardo Teixeira o treinador e também o diretor de seleções, o folclórico ex-presidente corintiano Andres Sanchez. Sobrou para este último, inclusive, a ingrata tarefa de explicar a demissão. Justo ele, que era contra a demissão do treinador, tendo o convencido a não pedir o boné logo após  a perda da Olimpíada. Desta vez, Andres foi voto vencido.

O ex-jogador e agora deputado Romário sempre quis dar um cartão vermelho a Mano Menezes. Foto: Márcio Viana

Bom, enfim: talvez tenha havido mesmo esta falta de timing no desenrolar dos fatos. O certo é que – a um ano e meio da Copa do Mundo no Brasil – estamos sem treinador. E já começa-se a especular a respeito do substituto. O nome mais comentado, até antes da queda de Mano, Luiz Felipe Scolari, sem clube desde sua demissão do Palmeiras, foi avistado por este colunista caminhando tranquilo com a esposa pelas ruas do bairro de Perdizes esta semana. Ao que parece, é o candidato com menos empecilhos para assumir a Seleção. É o nome preferido de Marco Polo Del Nero, vice-presidente, segundo dizem.

O momento da filosofia “aqui é trabalho” na Seleção?

Igualmente falado, Muricy Ramalho segue no Santos. Talvez o timing também não seja o mesmo, dada a impossibilidade de assumir a seleção anteriormente, quando comandava o Fluminense.

A hora e a vez do bigode voltar?

Nome forte é o do nosso bravo Adenor Leonardo Bacchi, o popular Tite, prestes a disputar o Mundial pelo Corinthians. Como a CBF só deve oficializar a escolha do seu novo treinador em janeiro, pode ser uma opção considerável. De antemão, já digo que não gostaria de perder nosso vencedor comandante, seja qual for o resultado do Mundial. Tampouco acho que seria vantajosa uma volta de Mano Menezes ao Timão. O que passou, passou. Talvez seja a hora de Mano experimentar novos ares, numa seleção ou clube de outro país.

Adenor e sua treinabilidade na mira da CBF?

Falando em outro país, o jornal Lance noticiou – por meio de seu fundador, Walter de Mattos Junior – que, consultado a respeito, Pep Guardiola aceitaria treinar a Seleção.

Mais um confissão: sempre achei uma bobagem enorme e que seria uma medida populista pensar em trazer Guardiola pra treinar o Brasil. Sobretudo num momento em que o país será sede da Copa das Confederações e da Copa do Mundo de 2014. No entanto, posso dizer que mudei de opinião. Não me parece ideia tão absurda assim. Talvez  – paradoxo dos paradoxos – com um estrangeiro, a seleção do país finalmente recupere sua identificação. Ademais, serve como inovação e quebra um pouco do marasmo das figuras carimbadas e a ausência de novidades em escalações e esquemas. Pep sempre declarou se espelhar no Brasil do passado para fazer o time do Barcelona jogar com aquela classe que todos presenciaram no último Mundial de Clubes. Ainda é prematuro apostar todas as fichas nele, mas quem sabe? Pode ser a chance de Marin acrescentar mais algumas medalhas à sua coleção particular.

Seria o momento oportuno para ter Guardiola na Seleção? Ao que parece, ele aceitaria…

A SELEÇÃO DO BRASIL

O técnico Mano “Velho da CBF” Menezes convocou os jogadores que irão participar do “Super Hiper Ultra Mega Blaster” Clássico das Américas”, que como todo mundo sabe, o Brasil sil sil disputa contra o seu maior adversário no continente, a Argentina.

Só me pergunto a razão da Argentina não disputar algo semelhante contra o Uruguai, já que este sim é o maior rival dos hermanos. E falo de rivalidade, compreendam.

Podendo contar somente com jogadores que atuam dentro dos países envolvidos, Mano até que usou de certa coerência nas convocações, conseguiu atender os apelos por Luis Fabiano, mas não deixou de cometer um deslize histórico. Afinal, para os anais da amarelinha, Fábio Santos torna-se de agora em diante um jogador de seleção.

Dormindo-se com um barulho desses ou não, sejamos leves com o técnico MM, afinal ele não poderá levar dessa vez seu amado Huck, o que deve ter lhe tirado o sono.

Vamos então analisar os setores com seus respectivos representantes:

Goleiros:
Cássio (Corinthians)
Jefferson (Botafogo)

No gol nada, nem menção honrosa ao que hoje é sim o melhor goleiro atuando no país: Diego Cavalieri. Também não vou mais ficar levantando minhas (do mundo) suspeitas sobre nada. E tecnicamente, ainda que não concorde com nosso “chefe”, Cássio já vinha sendo convocado. Bem como Jefferson, que volta e meia aparece nas listagens. Estão disponíveis por atuar no Brasil, então nada mais coerente. E olha que eu consegui encaixar na mesma frase “Mano Menezes” e “coerência”. Mereço aplausos.

 

Laterais:
Carlinhos (Fluminense)
Lucas (Botafogo)
Fábio Santos (Corinthians)
Marcos Rocha (Atlético-MG)

Mano pode não ganhar a Copa, como não ganhou as Olimpíadas. Mas nos almanaques das próximas gerações ele será lembrado como o técnico que tornou Fábio Santos um lateral de seleção brasileira. Parabéns, Mano!

De resto, acho que é por aí mesmo.

 

Zagueiros:
Dedé (Vasco)
Rever (Atlético-MG)
Rhodolfo (São Paulo)

Todos ótimos, inclusive o Rodolpho, que atua sozinho em uma zaga tricolor de nível duvidoso. É sobrecarregado e injustamente cornetado por torcedores e parte dos analisas. Acho que já merecia convocação mesmo pra seleção principal.

Dedé e Rever são ótimos, então quase tudo certo aqui. “Quase” tudo certo, pois não há argumento que me sirva como justificativa para a ausência de Henrique. Nem na seleção principal, muito menos em uma seleção caseira. E que pese contra o zagueiraço o atual momento do Palmeiras no BR12, são nas partidas em que conta com Henrique que o time menos sofre com investidas adversárias. Contra o Galo ele não jogou, contra o Sport sim. E se a justificativa for a que ele atua hoje muito mais como volante do que como zagueiro, então já transfiro essa explanação toda para o próximo setor do selecionado.

Afinal de contas, quando ainda jogava como legítimo zagueiro, Mano o levou para o Super Clássico anterior.

Meias:
Arouca (Santos)
Lucas (São Paulo)
Paulinho (Corinthians)
Ralf (Corinthians)
Bernard (Atlético-MG)
Thiago Neves (Fluminense)
Jadson (São Paulo)
Fernando (Grêmio)

Exceto a ausência de Henrique, como já frisei acima, perfeito. Inclusive com o Jadson. Que de vaiado nos primeiros jogos, hoje virou, para mim, o principal jogador do tricolor nessa busca pelo G4 no BR12. Mais até do que Lucas.

 

Atacantes:
Neymar (Santos)
Leandro Damião (Internacional)
Wellington Nem (Fluminense)
Luis Fabiano (São Paulo)

Dava para olhar com bons olhos para o Elkeson do Botafogo. Pra que testar novamente Leandro Damião? Que aliás, não vem jogando nada e mesmo assim é figurinha carimbada em todo selecionado.

 

Enfim, dentro de todo o entojo e da falta de brilhantismo do time do Mano e do próprio Mano, com algumas ressalvas pesadas, houve sim certa coerência na escalação. Coerência que vem muito mais na esteira da impossibilidade de contar com todos os seus “queridinhos” do que de uma maior ponderação do treinador da CBF.

E vejam que consegui encaixar “coerência” e “Mano” mais duas vezes no mesmo pensamento.

O Mano é um estouro!

ALÉM DE ATLETAS, HERÓIS!

Ainda no inicio dos jogos olímpicos não me incomodo com a quantidade de medalhas conquistas pelo Brasil até agora, três: uma de ouro, uma de prata e uma bronze. Números esses que irão aumentar sim, mas ainda deixarão o nosso Pais nas proximidades da colocação que tivemos em Pequim em 2008. 23º lugar.

E isso continuará acontecendo até o dia em que todas as modalidades esportivas sejam tratadas de uma maneira séria por aqui. O que de fato não acontece.

Apesar de todas as propagandas cheias de ufanismo, principalmente na época das competições, o governo pouco faz, se é que faz, pelo desenvolvimento esportivo dos jovens no nosso imenso território.

Tais como nossos políticos que são as mesmas caras em todas as eleições, são os nossos atletas, sempre os mesmos, com todas as pompas e circunstancias e quando chega na hora do vamos ver, fracassam e vem com seus pedidos de desculpas.

E quando aparecem algumas caras novas e conseguem um feito heroico, o mesmo governo que em nada ajuda, quer dividir os louros da fama.

A mídia por sua vez dá uma falsa sensação de ajudar o chamado esporte olímpico, a detentora de sinal aberto dos direitos de transmissão dos jogos realizados em Londres, só adquiriu por capricho próprio, por uma questão de audiência, pois todos sabemos que esporte não é o forte da emissora.

Só possui um programa esportivo de duas horas no sábado e teve que contratar as pressas profissionais para trabalharem no evento, que quando terminar serão dispensados.

A rede que perdeu os direitos, apesar de toda a sua programação esportiva, não é de hoje que omite os sacrificados patrocínios das equipes, sejam elas de vôlei, basquete ou atletismo, fazendo que muitas delas não durem mais que uma temporada.

E não podemos esquecer dos dirigentes, falavam com razão do nefasto Ricardo Teixeira que quis se perpetuar na CBF, mas se esquecem do senhor Carlos Arthur Nuzman, que preside o COB desde 1995 e é candidato único para a reeleição que será realizada no final desse ano.

E com certeza tentará se manter no cargo até o final das Olimpíadas que será realizada no Rio em 2016.

Atacar os atletas que não são os queridinhos da mídia pelas redes sociais, porque eles não foram bem em suas modalidades é o que não pode, já que existem inúmeras pessoas e entidades que podem e devem ser cobradas.

Ou começamos a nos movimentar para que esse panorama mude, ou aceitamos de uma vez por todas que não somos essa potencia esportiva que sempre quiseram nos passar.

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ANDREW JENNINGS: “AGORA O TEIXEIRA TEM QUE RENUNCIAR À FIFA”

Em entrevista à Pública o jornalista britânico Andrew Jennings, responsável por denúncias de propinas milionárias pagas a Ricardo Teixeira, comemora a renúncia do ex-presidente da CBF

Por: Natalia Viana

Ao atender o telefone, do Reino Unido, Andrew Jennings responde entusiasmadamente: “Nós pegamos ele, não pegamos?”.

Jennings, parceiro da Pública, foi o autor da reportagem da BBC que denunciou as propinas de US$ 9,5 milhões de dólares dadas a Ricardo Teixeira e US$ 1 milhão ao ex-presidente da FIFA, e seu ex-sogro, João Havelange, para garantir à empresa de marketing esportivo ISL contratos de exclusividade em patrocínios da Copa do Mundo. O caso foi investigado pela Justiça suíça e se tornou um escândalo mundial.

Autor do livro “Jogo Sujo – o Mundo Secreto da Fifa“, ele chegou a prestar depoimento no Senado brasileiro explicando a história em outubro do ano passado – e apresentou documentos sobre a investigação da corte suíça.

Jennings, que se dedica há mais de 20 anos a denunciar corrupção na FIFA, à qual chama de “máfia”, profetiza: “Hoje é Teixeira, amanhã será Blatter”.

O que você acha do Ricardo Teixeira?

O Ricardo Teixeira não tem interesse em futebol, nunca ouvi falar que ele se interessasse pelo jogo. Bom, ele foi sortudo: conseguiu casar com a filha do chefe: foi colocado como presidente da CBF, um empregão. E ele construiu uma longa história de corrupção na CBF. Como ele conseguiu ficar sem punição cometendo crimes por tanto tempo? Porque ele era protegido por pessoas. Cabe aos jornalistas brasileiros denunciar quem eram os políticos que protegiam o Teixeira no Congresso, quem barrava as investigações contra ele.

Você o conheceu?

Sim, claro. Eu o conheci 16 meses atrás, quando fiz plantão diante da sua porta quando ele estava na Suíça. Quando ele apareceu, perguntei: “Senhor Teixeira, o senhor recebeu propinas da ISL?” Ele me empurrou e não respondeu nada.

No ano passado o Teixeira ameaçou te processar, certo?

Sim. Em junho ele enviou dois advogados na FIFA até a BBC para me entregar uma intimação, mas a BBC se recusou a receber. Eles tentaram, não sabiam que eu não morava em Londres e que a BBC iria se recusar a receber documentos do tribunal no Rio. Quando eu fui ao Brasil em outubro, eles tentaram de novo me entregar essa intimação no Senado, mas eu me escondi atrás de uns guarda-costas do Senado, eu apreciei a ajuda deles.

O Teixeira queria me processar por uma entrevista que eu dei para o Romário e saiu no site dele. O Teixeira ficou muito nervoso porque Romário é uma grande estrela no Brasil, ele não podia mais falar que sou apenas um inglês louco.

Aliás, o Romário disse a coisa certa: é como se um câncer tivesse sido tirado da CBF. O Romário tem sido excelente há meses, tem atacado o Teixeira, enquanto o Ronaldo está beijando a sua bunda e ficando mais gordo.

A saída do Ricardo Teixeira vai mesmo fazer alguma diferença, ou vai ficar na mesma?

Temos que esperar para ver. O Brasil não precisa da gangue do Teixeira. Vocês têm pessoas eficientes para fazer a Copa do Mundo, tecnocratas bons, pessoas que podem organizar tudo muito bem. Não precisam desses oficiais da CBF roubando dinheiro. Mas ainda não sabemos se vai melhorar a CBF sem o Teixeira. Acho que isso só vai ser uma mudança real se a Dilma e o Aldo Rebelo disserem: não é só o Teixeira, fora com todos os outros ladrões.

A Dilma tem esse poder?

Claro. Na sexta-feira, quando o Blatter voar para Brasília para encontrá-la, os oficiais da imigração brasileira deveriam mandá-lo de volta.

Já houve um enorme atrito após o Jerome Valcke dizer que o Brasil deveria levar um chute no traseiro…   

Sim. E a Dilma estava certa em pedir para ele ser retirado das negociações. Ele não pode pedir desculpas agora que já falou. E não há razões para o Brasil aceitar essas desculpas, acreditar que ele não quis ofender. Ele é um bastardo arrogante e pensou que poderia ofender o Brasil. Então o Brasil deveria dizer: “não venham aqui, nós vamos rasgar o seu visto”.  Vocês podem organizar uma bela Copa do Mundo, não precisam desses crápulas.

E quanto à sucessão na CBF, o governo deveria intervir mais?  

A Dilma ou o Aldo Rebelo deveriam estabelecer uma comissão para reavaliar todos os contratos da Copa – com patrocinadores, empreiteiras, venda de ingressos. Tudo isso deveria ser revisto porque Teixeira é um ladrão, e eu estou dizendo isso como o jornalista que o expôs como o ladrão que ele é, e neste caso, como chefe do comitê da Copa, todos os contratos assinados por ele estão sob suspeita. Lembre-se de que houve uma denúncia no ano passado de que o Teixeira iria obter lucro, pessoalmente, com alguns contratos. Eu gostaria de ver o Aldo Rebelo chamar uma conferência de imprensa e diante das câmeras dizer: “vejam esses contratos. Agora eu vou rasgar os contratos”. E então ele deveria rasgá-los. Vocês têm que mostrar ao mundo que pessoas como ele não vão mais fazer parte da sua Copa do Mundo.

Alguns comentaristas afirmaram, depois da declaração de Valcke, que a FIFA poderia voltar atrás e tirar a Copa do Brasil, mudando a sede para a Inglaterra. Você concorda?   

Não. A Copa do Mundo não será retirada do Brasil de jeito nenhum. Quem vai tirar a Copa do Brasil? Quem vai fazer uma Copa do Mundo sem o time brasileiro? E além disso, tudo isso é um grande negócio, os contratos já foram assinados, tem estádios sendo construídos, não dá pra voltar atrás agora. Olha, eles ferraram com a África do Sul porque os políticos de lá não se levantaram contra isso. Blatter e Jerôme se acham tão importantes que acham que qualquer político vai beijar a bunda deles. São tão arrogantes! Mas essa é a lição que eles podem aprender, e eu te digo: o resto do mundo vai aplaudir se o Brasil disser, na imigração, que o comitê executivo da FIFA não pode entrar, que o Brasil não vai aceitar isso, pois é um país soberano e orgulhoso, parte dos BRIC!

Quem derrubou o Teixeira agora, 23 anos depois?

A minha sensação é que foi a sua presidente. Quando estive no Senado em outubro do ano passado, o gabinete da presidência ligou depois do meu depoimento pedindo uma cópia do que eu falei.

Não foi pressão de dentro da FIFA?

Com a FIFA é mais sofisticado. Eles tentam suprimir documentos do processo judicial na Suíça que apontam o  Teixeira e o Havelange, então eles ainda estão dormindo na mesma cama. Agora, será muito interessante ver se o Teixeira vai renunciar ao seu cargo na FIFA. O comitê executivo tem 24 homens – só homens, nenhuma mulher – e três representantes da América Latina. Se ele renunciou à CBF, porque ele vai continuar representando o Brasil na FIFA?

Os outros dois representantes são o Júlio Grondona, um bastardo corrupto da Argentina, e o Nicolás Leoz, presidente da Conmebol, que eu denunciei como outro corrupto, mostrando que ele roubou cerca de meio milhão de dólares em três propinas diferentes. É horrível ver esses três corruptos nojentos representando toda a América Latina na FIFA.

Então o Brasil deveria mandar o Teixeira para fora da FIFA também. É muito ruim para a reputação do Brasil que o Teixeira tenha sido acusado de tantas coisas e nada tenha acontecido. Veja o caso do jogo de futebol com Portugal, todo o dinheiro que foi roubado ali – e depois o Sandro Rosel, presidente do Barcelona depositou 3,8 milhões de dólares na conta da filha do Teixeira, que tem 11 anos! O que você faria se um homem depositasse 3 milhões de dólares na conta da sua filha pequena? Isso é abuso de menores! Um escândalo!

O Teixeira era cotado para a presidência da FIFA. Ele ainda tem apoio na FIFA?

Não há nenhum apoio. Veja, a FIFA é formada por duas classes de pessoas: tecnocratas, que são só trabalhadores, e no topo estão 24 homens – metade é corrupta, e a outra metade não, mas eles mantêm a boca fechada porque ganham muito dinheiro.

Não tem apoio. Essa história de que ele estava cotado para a presidência é mentira, e os jornalistas brasileiros acreditaram. A América Latina tem apenas 10 votos no comitê, de 200 países. Mas a FIFA já convive com ele, e o Blatter não vai tirá-lo do comitê porque eles estão dormindo na mesma cama. Somente os latinoamericanos podem pressionar para que ele saia da FIFA. Afinal, ele é um representante do see futebol! Mas veja, nós pegamos o Havelange em dezembro, agora pegamos o Teixeira. O próximo será Blatter.

Como será o fim de Blatter?

Olha, a FIFA sabe que no final as autoridades suíças vão acabar trazendo o caso à tona e publicando os nomes de Teixeira como receptor de US$ 10 milhões em propinas. O Teixeira está tentando protelar a publicação do seu nome, mas é um escândalo que está apenas esperando para acontecer. Agora, o Blatter também será exposto. Deve demorar no máximo um ano. Não tenho a menor dúvida de que vamos pegá-los. Estou absolutamente confiante. Ou seja: não reservem uma cadeira para o Blatter na Copa do Mundo do Brasil. Agora, para acabar com o Blatter, o Brasil pode ajudar. Na sexta-feira, quando ele for a Brasília, a Dilma não deveria encontrá-lo. Devia mandar um burocrata sem qualquer importância, “fale com ele, estou muito ocupada para perder tempo com você”.  Esse gesto vai ser visto no mundo todo, e dar força para aqueles que querem derrubá-lo. Vamos lá Brasil, vocês ganharam todas essas Copas do Mundo, agora é hora de dar algo em troca.

http://apublica.org/2012/03/andrew-jennings-agora-teixeira-tem-renunciar-a-fifa/