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Dois lados da mesma moeda

Emerson marcou o segundo gol no jogo contra o Atlético Paranaense. Foto: Terra

É pra ficar impressionado. O Corinthians que atuou contra o Atlético Paranaense no Domingo assumiu comportamentos distintos nos dois tempos de jogo. No primeiro tempo, parecia ter superado toda a apatia com que atuou no jogo anterior, contra o América-MG (que por sinal acabou ajudando o Timão nesta rodada, ao tirar do Fluminense a chance de assumir a liderança). Foram dois gols logo no início do jogo, um de Paulinho e outro de Emerson. Daí em diante, o time jogou bem, e o cenário que parecia se desenhar era de uma goleada. Mas não foi o que aconteceu. Com um bom resultado, o Timão voltou ao segundo tempo aparentemente sem a menor vontade. O castigo veio rapidamente, com o gol do mais que veterano Paulo Baier, após um vacilo da zaga. Estava de volta o time apático da rodada anterior, e cheguei a pensar que o Atlético Paranaense fosse empatar o jogo.

Adenor não foi bem nas alterações.

Sobre as substituições promovidas por Tite, achei que ele tentou mudar o esquema do jogo em momento inapropriado, primeiro tirando o único atacante de área, Liedson, pra promover a entrada de Morais no meio de campo, o que não melhorou em nada o time. Logo depois, recompôs o ataque promovendo a entrada de Adriano no lugar de Willian, voltando ao esquema de dois atacantes. Adriano, visivelmente mais magro (embora tarde demais, digamos) se movimentou bem e procurou o gol, mas não adianta, ainda lhe falta muito ritmo de jogo, que não será alcançado nesta temporada. Wallace, que entrou no lugar de Welder no finalzinho, não teve tempo de fazer alguma diferença.

Bem, de resto, não há novidades: o Corinthians continua líder, com o Vasco (que ganhou do Botafogo com direito a espetáculo de Dedé) em sua cola, e vai contando com muita sorte neste campeonato nivelado por baixo. O mínimo que podemos esperar é que o Timão vença os próximos jogos, para conquistar este título com um pouco mais de emoção. Vamos torcendo.

Pra finalizar, fiquem com a banda que anunciou seu retorno com a formação clássica, o Black Sabbath, aqui tocando a faixa-título de seu disco de 1978, “Never say die”:

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=FnMoLwmGaBE[/youtube]

A falsa impressão de equilíbrio

É muito comum ler no noticiário esportivo afirmações de que o Corinthians tem um grupo coeso, unido, que a harmonia impera, que está sempre tudo bem pelos lados do Parque São Jorge. Isso na verdade não corresponde inteiramente com a verdade, se formos prestar atenção. Fala-se muito das boas peças de reposição dentro do elenco, mas a verdade é que temos certo desequilíbrio, principalmente na parte defensiva. Ralf não tem reserva (não adianta, Moradei e Bruno Octávio não têm condições de substituí-lo), Fábio Santos e Ramon são limitados, Alessandro não tem o mesmo fôlego e Welder é uma incógnita. O mesmo vale para Edenilson, que joga mais como segundo-volante, mas às vezes é improvisado na lateral direita. A zaga reserva, Chicão e Wallace faz o básico, sendo que o primeiro não é nem sombra do capitão de outrora.

No jogo contra o América-MG, Tite apostou alto. Alex, que já vinha com problemas físicos, saiu logo no início. Liedson há muito tempo vem deixando a desejar, talvez até pela maratona de jogos que enfrentou. A única opção para sua posição seria Adriano, que veja bem, não é opção.

Julio César falhou contra o América-MG, mas não é o caso de promover mudanças em seu setor

Mas no que diz respeito ao confronto com o lanterna do campeonato, não dá muito pra avaliar individualmente. Pelo que pude ver, a equipe toda esteve apática, sem demonstrar aquele espírito apresentado na virada contra o Avaí. Aliás, isso é uma coisa que precisa ser revista pelo nobre Adenor. Vale mesmo a pena confiar sempre em uma tática que priorize somente a motivação, a superação, a ideia de que vamos virar a qualquer momento?

E pensemos: será que era o caso para entrar com o meio de campo e ataque titulares? Afinal, se os jogadores estão “jogando no sacrifício” (casos de Alex e Liedson), não seria melhor dar a eles uma folga, para voltarem melhores nas últimas rodadas? “Ah, mas correria o risco de perder o jogo”, diria alguém. Bom, perdeu o jogo com eles em campo, e ainda é provável que tenha o desfalque de pelo menos um deles – Alex – por algum tempo. Talvez até o final do campeonato. Jorge Henrique também ainda é dúvida, e pode ser que Tite utilize o trio Emerson, Willian e Liedson como titulares.

Este jogador assinou contrato com o Corinthians já faz algum tempo.

Quanto à falha do goleiro Julio César, sim, é notória. Mas a única opção que temos no momento é acreditar nele, já que Renan não demonstrou segurança quando foi utilizado, e Danilo Fernandes é apenas um bom reserva. Fala-se na contratação de Fábio, goleiro do Cruzeiro, para o próximo ano. Sinceramente? Não considero uma boa opção.

Agora, a esperança é que os adversários continuem tropeçando, e que o Fluminense não dê sequência em sua repentina ascensão. Além disso, é preciso que o time volte a jogar com vontade. Mas tem que dominar o tempo inteiro, não ficar confiando em sorte ou superação. É isso.

Fiquem com os parceiros Lou Reed e Metallica fazendo “White Light/White Heat” do Velvet Underground.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=PSQAvA64mss[/youtube]

Superação!

Prezados amigos, hoje vou me dar ao luxo de falar um pouco sobre administração de empresas, psicologia e até de física, tudo isso para contextualizar a rodada deste último final de semana.

Prometeu e cumpriu: Sheik entrou em campo dizendo que o Timão viraria o jogo.

Existe um termo chamado resiliência, oriundo da física, que se refere à capacidade de alguns materiais de armazenarem energia quando submetidos a situações de estresse sem ruptura, sendo possível voltarem a seu estado original após cessar a tensão. Este mesmo termo é usado na administração de empresas e na psicologia, onde se diz que o ser humano resiliente é aquele capaz de superar situações estressantes sem se deixar abalar, prosseguindo com seu trabalho, contornando as adversidades.

No jogo contra o Avaí, havia muitos motivos para jogar a toalha. Ao tomar o gol de Robson, o time parecia ter sentido o golpe. Não se imaginava que o resultado pudesse ser revertido (neste momento, eu assistia Vasco x São Paulo, e tentava acompanhar o jogo do Pacaembu pelo celular). Ainda no primeiro tempo, Tite teve que substituir Jorge Henrique, lesionado, por Emerson Sheik, que entrou com muita vontade e foi, junto com Willian e Liedson, o protagonista da virada.

Logo no início do segundo tempo, aconteceu a expulsão de Leandro Castán, deixando a defesa do Corinthians vulnerável. Foi aí que se deu a concretização do que eu chamo de resiliência. A equipe foi capaz de se adaptar e acreditar que a virada era possível. E ela aconteceu. Primeiro com o grande esforço de Willian e Sheik, que empatou o jogo. Com a Fiel empurrando o time, o Timão chegou à virada, com um gol que muito classificaram como “chorado”, o que eu não concordo. Simplesmente porque Felipe foi buscar a bola dentro do gol. Bem, se a bola ultrapassou a linha, não foi gol chorado, foi apenas gol. E definiu o resultado. Pra melhorar, o Vasco não saiu do empate com o São Paulo, muito disso graças à atuação do goleiro Denis, que merecia receber o salário dos zagueiros do São Paulo, pelo tanto que trabalhou ontem.

Agora, resta ao Timão manter a atitude vencedora, pois por mais que não dê para se fazer previsões, tem um caminho muito mais tranquilo do que o adversário direto, o Vasco, a ser percorrido. Para o próximo confronto, contra o desesperado América-MG, Chicão pode voltar à equipe, já que Paulo André tomou o terceiro cartão amarelo e Castán foi expulso. Vamos ver como irá se comportar o ex-capitão.

E aqui fica meu reconhecimento ao trabalho do treinador Tite, a quem tanto critiquei neste mesmo espaço. Neste momento, com um bom elenco e boas peças de reposição, o técnico tem conseguido engajar seu grupo. Se o título vier, grande mérito dele. Acho que a hora é de dar crédito. Vamos torcer.

Fiquem com uma música da trilha do filme “Backbeat – Os cinco rapazes de Liverpool”, executada pelo supergrupo Backbeat, formado por Greg Dulli (The Afghan Wighs), Dave Pirner (Soul Asylum), Thurston Moore (Sonic Youth), Don Fleming (Gumball), Mike Mills (REM) e Dave Grohl (Nirvana, Foo Fighters e uma pá de bandas que você conhece). Aqui, “Money (That´s what i want)”.

[youtube]www.youtube.com/watch?v=UNRrJMXzpsU[/youtube]

FIASCO BRASILEIRO NA SULAMERICANA APONTA MEDIOCRIDADE DO BR11

Universidad de Chile 1X0 Flamengo

Libertad 2X0 São Paulo

Independiente Santa Fé 4X1 Botafogo

Vasco 8X3 Aurora

O que os resultados acima mostram ao leitor, além de obviamente indicar que Flamengo, São Paulo e Botafogo foram eliminados da Sulamericana, enquanto o Vasco se classificou?

Para mim serve como argumento contrário ao discurso dos que defendem que o futebol brasileiro é de altíssimo nível. Não é.

Ok, o Campeonato Brasileiro pode ser muito equilibrado. E de fato é. Mas analisem comigo.

Flamengo, São Paulo e Botafogo brigam diretamente pelo título do BR11 e ainda assim foram sumariamente eliminados da chamada “2ª divisão” do futebol sul-americano. Eliminados sumariamente pelos “poderosos” Universidad de Chile, Libertad do Paraguai e Independiente Santa fé da Colômbia. Representantes secundários de países secundários no cenário mundial da pelota. E não me venha dizer que o Libertad é o atual campeão paraguaio e o Universidad é mega tradicional no Chile. A competição é de fato a 2ª do calendário do futebol sul-americano e ponto final.

E esse referencial aponta diretamente para outros postulantes ao título do BR11 e que não disputaram a Sulamericana, como Corinthians e Fluminense. Oras, se mesmo tendo rivais comprovadamente frágeis, como explicar a incrível dificuldade em se distanciar deles?

Concordo que aí entram outras situações como a rivalidade que sempre equilibra os desiguais, o longo calendário, contusões, suspensões e por aí vai. Mas ainda assim o equilíbrio interno é enorme, como enorme foi o fisco brasileiro na Sulamericana diante de adversários de cenários menos bajulados do futebol. O que me leva a entender que o nivelamento existe, mas é rasteiro, é raso, não se faz mediante grandes times.

Alguns gostam de dizer que os grandes campeonatos europeus restringem suas disputas a no máximo 4 ou 5 equipes. Em contrapartida no Brasileirão a disputa gira sempre em torno de uns 10 times. O que é verdade.

É verdade também que os médios e pequenos europeus brigariam para não cair se hipoteticamente disputassem o Brasileirão. Mas é bem verdade também que o campeão brasileiro não chegaria nem perto de brigar por uma vaga na Champions League se também hipoteticamente fosse disputar uma edição da Premier League, por exemplo. Talvez conseguisse um 3º lugar no Campeonato Espanhol, mas este não nos serve como parâmetro.

Exceção feita a situações que fogem da atual normalidade brasileira, como o Santos de Neymar. O Santos do 1º semestre talvez encarasse bem o big Five inglês. Mas em uma competição longa teria sérios problemas para suplantar necessidades técnicas com o elenco reduzido que tem. Encarar em jogo único não me serve de parâmetro. Não confundam essa análise com a possibilidade, que existe sim, apesar de pequena, do Santos bater o Barcelona no mundial de clubes.

No Brasileirão a diferença entre o 1º e o 20º é razoável, enquanto na Inglaterra (que tomamos aqui como exemplo) é abissal. Em contrapartida a distância entre o nosso 1º colocado contra o líder da Premier League é bem grande. Temos então um campeonato equilibrado, com uma distribuição maior de possibilidade entre seus 20 participantes, mas jogos igualmente médios, disputados muito na vontade, pouco na qualidade.

O Vasco é a exceção. O massacre diante do pobre Aurora mostra que o Vasco está hoje como o melhor time do país. Campeão da Copa do Brasil, líder do BR11 e único brasileiro que segue na disputa continental. O Vasco está melhor, como o Santos esteve melhor no 1º semestre.

Times que fugiram pouca coisa da mediocridade (de médio mesmo) do futebol brasileiro, mas que bastou para serem os protagonistas do ano. Não por acaso podem terminar 2011 (o Santos já é) como os campeões continentais na temporada. E, no caso do Vasco, monopolizar as competições nacionais.

Cheers,