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O PARADOXO DORTMUND

Ao derrotar o Galatasaray turco por 4×1 no Signal Iduna Park nesta terça-feira, o Borussia Dortmund torna-se a primeira equipe a qualificar-se para a fase eliminatória da atual edição da UEFA Champions League ao lado do Real Madrid. Não à toa, já que a campanha de ambos é perfeita com quatro vitórias em quatro jogos na fase de grupos do torneio europeu. Em contraste absoluto, o time do técnico Jürgen Klopp amarga a penúltima posição na Bundesliga com apenas duas vitórias em dez jogos. Afinal, o que se passa com o Dortmund?

bvb paradoxQuando o árbitro Manuel Gräf encerrou a partida entre Bayern e Borussia Dortmund no último sábado, os 2×1 finais marcavam a sétima derrota em dez jogos da equipe dirigida por Jürgen Klopp na Bundesliga.

Não, o resultado não foi absurdo. Pelo contrário, o Dortmund havia inaugurado o placar com gol de Marco Reus ainda no 1º tempo e, daí em diante, resistiu bravamente à pressão dos anfitriões com grande atuação do goleiro Roman Weindenfeller.

Resistência que durou até o 72º minutos de peleja quando Robert Lewandowski empatou para os bávaros e, dolorosamente, quando Arjen Robben finalizou o placar aos 85 minutos.

Derrota doída, porém não foi o pior do Dortmund no campeonato. O mais deprimente é o conjunto da obra doméstica até o momento.

Até pouco tempo considerado já um grande europeu chegando ao vice-campeonato da UCL na temporada 2012-2013, o Borussia Dortmund amargou inesperadas derrotas para equipes como Hannover 96 e Hamburgo em casa, além de reveses contra Mainz 05 e FC Koln.

Resultado do gigantesco descuido: a equipe amarga a 17ª e penúltima colocação da atual edição da Bundesliga após dez rodadas disputadas. Sim, o Borussia Dortmund está na zona de rebaixamento do Campeonato Alemão.

Pior. Parece que o time entrou naquela famosa espiral negativa da qual fica mais e mais difícil livrar-se com o passar do tempo. É aquela velha situação, o time perde uma partida relativamente fácil e todos creem ter sido descuido, zebra, etc. Aí, na rodada seguinte acontece o mesmo. E de novo, de novo e de novo.

Evidentemente, foram-se apenas dez rodadas. Restam mais 24. Há tempo para sair do sufoco. Mas, cautela nunca fez mal a ninguém.

Em situação absolutamente oposta, os comandados de Jürgen Klopp vão “muito bem obrigado” na UEFA Champions League.

bvb 4-1 gskJogando no Grupo D, já foram quatro jogos de um total de seis nesta fase com quatro vitórias importantes sobre equipes tradicionais do Velho Continente (2×0 em casa contra o Arsenal, 0x3 fora contra o Anderlecht e duas vitórias colecionadas contra o Galatasaray tanto como visitante quanto como anfitrião, 0x4 e 4×1 respectivamente).

Vitórias que, conforme já mencionado, garantem 12 pontos à equipe alemã no grupo e já a credenciam para a fase seguinte da UCL. Posição confortável que pode proporcionar maior concentração no âmbito doméstico por ora.

Sim, há desfalques na equipe. Hoje, por exemplo, não jogaram Mats Hummels, Nuri Sahin, Marian Sarr e Ji Dong-won, todos lesionados. Além deles, Oliver Kirch e Jakub Blaszczykowski estavam fora por falta de condições físicas ideais para o confronto.

Contudo, desfalques são problemas inerentes a todos. Nunca podem servir de desculpa, sobretudo na Europa onde planeja-se ou, pelo menos, onde há melhores condições de planejamento para as equipes.

Parece haver um misto de excesso de descontração e despreocupação na equipe do Dortmund nos jogos domésticos. Klopp enumera também outros fatores tais como o grande número de gols perdidos, a queda de produção na etapa final de cada jogo e, por vezes, o não funcionamento tático do time. Como disse o treinador após o jogo desta terça-feira: “se as medidas táticas não funcionaram, temos compensado com paixão.”

Tática eficiente e paixão: eis o que o Borussia Dortmund necessitará contra o Borussia Mönchengladbach no próximo domingo no Signal Iduna Park para começar a sair do lamaçal no qual se meteu na Bundesliga. Aguardemos.

Confira as classificações do Campeonato Alemão e do Grupo D da Champions:

CLASSIFICAÇÃO PG J V E D GP GC SG %
Bayern de Munique 24 10 7 3 0 23 3 20 80
Wolfsburg 20 10 6 2 2 20 9 11 67
Borussia Mgladbach 20 10 5 5 0 15 5 10 67
Hoffenheim 17 10 4 5 1 14 10 4 57
Bayer Leverkusen 16 10 4 4 2 17 15 2 53
Hannover 96 16 10 5 1 4 7 11 -4 53
Paderborn 15 10 4 3 3 16 13 3 50
Schalke 04 14 10 4 2 4 14 13 1 47
Mainz 05 14 10 3 5 2 13 12 1 47
10° Augsburg 12 10 4 0 6 11 12 -1 40
11° Colônia 12 10 3 3 4 7 8 -1 40
12° Eintracht Frankfurt 12 10 3 3 4 17 19 -2 40
13° Hertha 11 10 3 2 5 15 19 -4 37
14° Hamburgo 9 10 2 3 5 4 12 -8 30
15° Stuttgart 9 10 2 3 5 14 23 -9 30
16° Freiburg 8 10 1 5 4 9 14 -5 27
17° Borussia Dortmund 7 10 2 1 7 11 17 -6 23
18° Werder Bremen 7 10 1 4 5 12 24 -12 23

 

Grupo D

Clubes J V E D GM GS DG Pts
Borussia Dortmund Borussia Dortmund 4 4 0 0 13 1 12 12
Arsenal FC Arsenal FC 4 2 1 1 9 7 2 7
RSC Anderlecht RSC Anderlecht 4 0 2 2 5 9 -4 2
Galatasaray AŞ Galatasaray AŞ 4 0 1 3 3 13 -10 1

QUANDO BRILHA A ESTRELA DE JOSÉ MOURINHO

Com gol tardio de Demba Ba, o Chelsea conquista classificação dramática para as semifinais da UEFA Champions League frente ao Paris Saint-Germain em Stamford Bridge e José Mourinho mostra à Europa toda sua competência e toda sua estrela graças aos gols anotados por jogadores provenientes do banco de reservas e promovidos à partida pelo treinador português.

 

jm2Chelsea FC 2×0 Paris Saint-Germain FC

Londres, Inglaterra

 

Sim, ele pode ser, para muitos, detentor de ar blasé, esnobe, superior, como queiram seus críticos, mas fato é que José Mário dos Santos Mourinho Félix, natural de Setúbal, conhecido pela alcunha The Special One (“O Especial”), faz a diferença no banco de reservas de qualquer equipe, até mesmo no Real Madrid onde o clima no vestiário esteve em verdadeiro pé de guerra, afinal o Madrid de Mourinho teve a indigesta missão de encarar o avassalador Barcelona de Josep Guardiola no auge e era a equipe que melhor o enfrentava entre todos os adversários.

jm1E, na última terça-feira, não foi diferente em Londres.

Sim, o Chelsea lutava contra todas as possibilidades em casa. O placar agregado indicava 1×3 para o Paris Saint-Germain construído com justiça em Paris, o elenco do time francês era melhor para muitos analistas e, de quebra, o principal jogador da equipe na temporada, o belga (sim, mais um belga bom de bola na conta) Eden Hazard, sairia da peleja lesionado.

Mas, eis que a solução surge do banco de reservas.

Primeiramente, o alemão André Schurrle. Contratado junto ao Bayer Leverkusen, Schurrle, substituto de Hazard, aproveitou bola da direita para bater e marcar aos 32 minutos. Funcionava, assim, o primeiro improviso de Mourinho.

Andre Schurrle
Andre Schurrle

Faltava um gol para os Blues alcançarem a classificação e José Mourinho arriscou tudo ao sacar o ícone meio campista Frank Lampard, que saiu com cara de poucos amigos, e promover a entrada do pouco aproveitado atacante senegalês Demba Ba.

Caras feias à parte, a recompensa para o treinador português viria aos 87 minutos de jogo quando, após chute mascado do espanhol César Azpilicuelta, Demba Ba empurra, desajeitado, para o gol de Salvatore Sirigu.

baEra a classificação que chegava em Stamford Bridge de forma dramática.

Contudo, a partida ainda deveria prosseguir e José Mourinho aproveitou a comoção dos jogadores próximos ao córner para dar verdadeiro pique e começar a passar instruções finais, afinal, dali em diante, o time deveria se defender e, com a saída de Lampard e a entrada de Ba, o meio de campo estava totalmente despovoado.

Vitória e classificação parcialmente inesperadas em Londres para os anfitriões.

Pelos lados do PSG, eis o tipo de derrota de feridas profundas que levam tempo para cicatrizar. O lado francês teve como atenuante pela eliminação a ausência de Zlatan Ibrahimovic, contundido, verdadeiro desfalque de peso. Bom somente para o brasileiro Lucas Moura que voltou a ter oportunidade com Laurent Blanc. Mas, se a dor é forte, é através dela que o jovem clube francês, nascido apenas em 1970, terá mais tarimba e sabedoria para enfrentar futuros desafios semelhantes. Resta saber se os acionistas catarianos do clube terão paciência.

 

 

BVB Borussia Dortmund 2×0 Real Madrid CF

Dortmund, Alemanha

 

Se o PSG não teve Ibra, o Real Madrid não teve Cristiano Ronaldo, pelo menos em campo, já que o técnico merengue Carlo Ancelotti fez questão de deixar o astro português no banco de reservas apesar de lesionado.

bvb 2-0 rmcfMas, o Madrid teve melhor sorte que o PSG e, apesar de 1º tempo ruim, garantiu-se na semifinal da UCL com derrota por 2×0 e vitória no placar agregado por 3×2.

Na verdade, os visitantes poderiam já ter definido a classificação aos 17 minutos de jogo quando Angel di Maria perdeu penalidade ao escorregar no arranque e bater mal para defesa de Roman Weidenfeller.

Em seguida, o festival de erros madridistas continuou com péssimos passes de Asier Illarramendi e Kléper Pepe que resultaram em dois gols de Marco Reus.

Por bons momentos da partida, o enfraquecido Dortmund tentou reeditar aquela equipe da temporada passada que atropelou o próprio Real Madrid e consagrou o técnico Jürgen Klopp, hoje tendo seu nome vinculado a especulações para dirigir outras equipes europeias na próxima temporada.

No final, classificação do Real Madrid que continua a sonhar com a décima Champions League.