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La Mano de Díos – A Libertadores e o Imponderável

A Libertadores e o Imponderável

Pois é, camaradinhas, mais uma rodada da Libertadores passou e mais uma vez a emoção tomou conta de torcedores, tão dopados nos campeonatos estaduais cada vez mais previsíveis.

Conto aqui o que eu vi:

Flamengo 2 x 0 Nacional

No Maracanã, o Fla fez a lição de casa e tentou apagar o vexame (futebolístico e humano) dado no Uruguai. Não foi uma partida brilhante, o adversário não era tudo isso que foi insinuado em Montevidéu e o Flamengo resolveu jogar bola e esquecer o vale-tudo. Talvez porque Toró não estava em campo?

Souza mais uma vez não marcou os gols que a torcida rubro-negra esperava, mas o tio do churrasco, Joel Santana, fez bem liberar Marcinho na lateral, pois foram de jogadas dele que saíram os gols, um em bela jogada e outro em rebote de uma cabeçada de Juan.

E se o jogo não termina enquanto Obina não marca, talvez estivéssemos vendo essa partida até hoje. Minha avó manca faria aquele gol que Obina – melhor que Eto’o – perdeu aos 33 do segundo tempo.

O Flamengo não jogou bem, mas com a ajuda do camisa 12 – a grande torcida rubro-negra – e muita raça, venceu a peleja contra um adversário que não convenceu. Olho vivo no goleiro Bruno, com duas excelentes defesas, evitando outro vexame rubro-negro.

San José 2 x 1 Santos

Por pouco a epopéia santista não acaba bem. Com um gol logo no primeiro tempo de Kléber Pereira, parecia que a coisa podia andar. Mas a zaga santista é uma peneira e toda vez que o fraco time do San José ia para cima, alguma coisa acontecia. Quando não era o gol, era uma boa defesa de Fábio Costa. Aliás, é mérito dele a fatura não ter saído mais cara para o time do litoral.

Se Fábio Costa é o grande responsável pela derrota não ter sido tão grande, o juiz foi o grande culpado pelo Santos não ter saído com o empate. No finzinho do segundo tempo ele manda seguir um lance em que Kléber Pereira é atropelado dentro da área, lance que poderia compensar o cansaço do time no segundo tempo, visivelmente abalado pela altitude de mais de 3 mil metros de Oruro. Vai ver a falta de oxigênio também atrapalhou o juiz, que confundiu futebol com rúgbi. Coisas do futebol. Ou não.

Deportivo Luqueño 1 x 1 São Paulo

O Imponderável atua no futebol, como dizia Nelson Rodrigues. Em um jogo feio contra um adversário fraco, o Tricolor paulista por pouco não sai vitorioso. Miranda na zaga fez toda a diferença até sair de campo grogue depois de uma cabeçada, Hernanes aos poucos recupera o futebol de 2007 – embora seja ainda uma pálida sombra do craque que foi ano passado -, Rogério Ceni mais uma vez fecha o gol com uma linda defesa, Jorge Wagner atua bem tanto como meia quanto como ala, inclusive arriscando bons chutes de fora da área e Adriano vem melhorando a cada partida. Mais uma vez foi por muito pouco que ele não marcou.

Mas então o Imponderável entrou em campo. Aloísio, no banco há muitos jogos por conta de lesões e suspensões, entrou no lugar de Borges – que muito tentou e pouco produziu – para fazer o gol que definiria o placar. Estrela de goleador, marcou um lindo gol de cabeça logo no primeiro lance de ataque com ele em campo. O atacante que estava no banco, “bichado” como andam dizendo por aí, entrou e fez. O Imponderável.

Depois do gol o São Paulo passou a administrar o jogo contra um adversário que tentava compensar a falta de criatividade com incansáveis e ineficazes cruzamentos na área. Mas foi numa das poucas jogadas construídas pelo Luqueño que veio o gol, aos 47 do segundo tempo. Depois de uma troca de passes realizada mais no susto do que na técnica, um chute de fora da área selou o placar da peleja. O Imponderável.

O São Paulo jogou bem, mas desperdiçou infinitas chances de gol em contra-ataques mal-resolvidos, e ainda não há um meia que ligue a defesa ao ataque – Éder Luis por enquanto não é esse homem. O adversário, que não era forte, não parou de tentar, pois jogava em casa. Visto dessa forma, o empate até que foi bom resultado, pois deixou o time brasileiro na liderança do Grupo 7. Mas ainda é muito pouco para um time que quer ser campeão, apesar dos comentários de Marco Aurélio Cunha.

Colo – Colo 2 x 0 Boca Juniors

Antes de mais nada, Riquelme é um jogador diferenciado. É brincadeira o sangue-frio, o olhar atento e a precisão de seus passes. ESSE É CRAQUE e jogaria no meu time (e creio que no de vocês também). Mas Riquelme não é Deus, e ontem só Deus salvaria o Boca, jogando mal fora de casa contra um adversário rápido e com bons jogadores. Com o resultado em Santiago, o Boca está em terceiro no Grupo, dois pontos atrás dos líderes Atlas e Colo-Colo. Também é pouco para um bom time – o melhor do campeonato na minha opinião – que vem como campeão da Libertadores 2007.

Dois jogos que não vi, mas que merecem ser mencionados: Fluminense 2 x 1 Libertad e Cruzeiro 1 x 1 Caracas, os dois fora do Brasil. Bons resultados brasileiros!

É isso aí, camaradinhas, desculpem a sinceridade, mas a Libertadores me deixa muito mais animado que os Estaduais. Essa rodada foi uma beleza e vejo coisa muito melhor vindo por aí.
Me despeço ao som de Cock Sparrer – We’re Coming Back, porque como diz a canção da torcida do Liverpool, You’ll Never Walk Alone.